terça-feira, 11 de março de 2008

Alea jacta est - por Luis Nassif

É o mesmo erro cometido no segundo semestre de 1994, a mesma falta de curiosidade mínima para entender como se dá a dinâmica de aumento das importações (clique aqui).

O dólar começa a cair. Em um primeiro momento, as empresas esperam para entende onde vai parar. Ao mesmo tempo, começam a prospectar o mercado internacional para selecionar fornecedores. No ano passado surgiram centenas de pequenas empresas, tradings ou agentes comerciais se mandando para a China.

À media que se consolida a queda do dólar e que se estabelecem as relações comerciais com fornecedores externos, vem a avalanche. Ou seja, não é um processo gradativo de aumento das importações: é uma etapa inicial de preparação das importações; depois, um crescimento exponencial.

Desde fins do ano passado venho alertando que a deterioração da balança comercial seria muito mais profunda do que previa o mercado. Simplesmente porque as planilhas não conseguiam captar esse movimento subterrâneo, esses preparativos. Por que planilha é elemento auxiliar. Séries históricas mostram o passado. Quando ocorrem inflexões bruscas em algum indicador, só o conhecimento da dinâmica, conversas com setores, informações colhidas na boca do forno permitem intuir o que será o novo momento.

Agora o que se vê é isso. Governo pensando em adotar uma série de medidas para conter a desvalorização do dólar, saindo correndo atrás do prejuízo, sabendo que esses movimentos de inflexão são lentos.

PS - É do "Valor" a melhor cobertura sobre as novas medidas do governo, para conter a apreciação cambial. Não posso fazer chamada por que seu site deu algum pau e está com as matérias de ontem. Quem tiver o jornal, leia Luiz Sérgio Guimarães e Cláudia Safatle.

Bife a cavalo

A proposta dos Bancos Centrais, de articulação contra a crise, lembra a parceria proposta pela galinha à vaca, de montarem um bife a cavalo: a galinha entrando com o ovo e a vaca com a carne.

O Brasil está sendo muito bem visto na reunião porque tem aumentado suas importações e reduzido suas exportações. Segundo autoridades internacionais, será fundamental para ajudar os Estados Unidos a equilibrar suas contas.

Na hora em que o déficit se aprofundar mais, seremos taxados internacionalmente como irresponsáveis.

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