sábado, 1 de março de 2008

Bíblia liberal do capitalismo diz que Obama soa como "demagogo que odeia o capitalismo" - por Azenha

A eleição americana está tomando ares de um plebiscito sobre o neoliberalismo, a globalização e o livre comércio. A edição mais recente da revista britânica Economist, de excelente qualidade e postura definida em favor do liberalismo econômico, soou o alarme contra Hillary Clinton e Barack Obama - por exemplo, dizendo que o discurso recente dele é o de um capitalist-hating demagogo.
Para a revista os democratas estão fazendo populismo para ganhar votos à esquerda. Como este site divulgou em primeira mão, no debate mais recente entre os dois Hillary e Obama prometeram que vão tirar os Estados Unidos do NAFTA se México e Canadá não aceitarem renegociar o acordo. Isso é de deixar a Miriam Leitão de cabelo em pé.
Diz a Economist que o risco é que Obama, eleito, seja obrigado a cumprir as promessas que faz - o que resultaria em um estado gastador, menos encantado com as virtudes das grandes corporações e assim por diante. Com a minha experiência de vida nos Estados Unidos, identifico em escala global o mesmo fenômeno que está acontecendo no Brasil. Folha, Estadão e Veja falam a uma pequena parcela dos brasileiros, a mais endinheirada. A Economist faz o mesmo em escala global.
A revista diz que, ao contrário do discurso negativista de Hillary e Obama, os americanos ainda vivem muito bem. Com certeza, se forem comparados aos brasileiros. Mas quando a comparação é com as gerações anteriores a classe média americana, sem qualquer dúvida, precisa trabalhar mais para manter o mesmo padrão de vida.
A economia americana deu uma forte guinada para o setor de serviços. A manufatura foi viajar atrás de mão-de-obra mais barata. E os novos empregos criados, no setor de serviços, pagam relativamente menos. Os sindicatos foram enfraquecidos. As corporações deitaram e rolaram nos dois mandatos de George W. Bush. Portanto, o discurso populista de Hillary e Obama - assim definido pela Economist - só tem pegada por causa do forte ressentimento de uma grande parcela dos eleitores americanos. Eles sabem que houve uma festa, que não foram convidados e que estão pagando a conta.
É da história dos Estados Unidos o movimento pendular, que vai do isolacionismo ao ativismo internacional - marca do governo Bush, um governo revolucionário na acepção da palavra. Com Obama, Hillary ou McCain o pêndulo vai empurrá-los a se concentrar em problemas domésticos e "arrumar a casa". Diga o que disser a Economist...
Abaixo, os últimos números da campanha eleitoral americana. Vencendo no Texas, na próxima terça-feira, Barack Obama liqüida a fatura e tem tudo para se tornar o primeiro candidato negro à Casa Branca. Nas pesquisas nacionais ele aparece sempre na frente do candidato republicano John McCain. E com a crise econômica pegando forte nos Estados Unidos, as chances do Partido Republicano manter o controle da Casa Branca diminuem.

National RCP Average= média das pesquisas nacionais acompanhadas pelo Real Clear Politics.



Comentário meu: Gosto cada vez mais de Obama.

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