quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Wálter, mensageiro de Provenzano (Blog do Mino)

Publico aqui a carta que acabo de receber do caríssimo amigo Wálter Fanganiello Maierovitch.

“Caro Mino,
Acabo de voltar da Itália e trago alguns recados do Bernardo Provenzano, aquele capo-mafia que ficou foragido durante 43 anos, sem precisar deixar a Sicília.

Ele, como “La Belve” (a Besta), ou melhor Riina, também está em cárcere de segurança máxima, blindado. Mas, com os anos de convivência com o Totó Riina, na famosa Comissão (órgão de governo da Cosa Nostra), eles desenvolveram uma técnica de telepatia-virtual e se comunicam. Não ficou bem explicado como é a técnica, mas acho que tem um tal Francesco Xavier na 'jogada'.

Bom, vou direto aos recados, colocando-os em tópicos e com tradução, pois o Provenzano misturou o dialeto com os jargões da Cosa Nostra.

1. Cumprimento-lhe pela competência, pois foi colocado, exatamente conforme o respondido pelo Riina. Não faltou uma palavra e nenhuma linha perdeu-se.

2. Endosso o entendimento de Riina, em 'gênero, número, caso e lupara' (arma símbolo da Máfia).

3. O Gilmar Mendes é um homem justo, como o ínclito magistrado italiano Corrado Carnevale, da suprema Corte de Cassação. Aquele que foi massacrado pela imprensa vendida e, desiludido, achou melhor se aposentar. Ambos são eternas vítimas de injustiças. Carnevale chegou a ser apelidado de "AMMAZZA SENTENZE" (assassina sentenças). Isto só porque tinha coragem de reformar decisões e absolver mafiosos. Pena não ter sido o juiz De Sanctis aluno do Carnevale. A propósito, Carnevale está disponível e poderia ministrar, à distância, ensinamentos e lições no Curso do ministro Gilmar Mendes.

4. Aviso-lhe, ainda, que Dantas é um 'uomo d´onore'. Daqueles que dá, em certas pessoas, beijos quando cumprimenta, fato ocorrido com um seu ex-sócio.

5. Gostaria muito que Dantas conhecesse o senador vitalício Giulio Andreotti e o ex-presidente Cossiga, igualmente senador vitalício (aquilo que o ex-presidente de vocês, um tal FHC, tanto queria).O Cossiga era ministro do Interior do Andreotti, quando o Aldo Moro foi seqüestrado e morto pelas Brigadas Vermelhas. Ele dava cobertura, quando era ministro do Interior, à Gládio. Uma organização indevidamente catalogada como terrorista de direita, que nós, da Cosa Nostra, demos ampla cobertura. A Gládio funcionava dentro do ministério do Interior, na agência de inteligência militar, dirigidas por BRILHANTE coronéis e generais. E não posso esquecer que o nosso Andreotti foi injustamente condenado por associação mafiosa: injusto porque nossa organização é classificada como criminosa no Código Penal (art.416-bis). Nós não somos criminosos, participamos de uma Onoratà Società e foi justo aquele comunista, deputado Pio La Torre, pagar com a vida por nos colocar na lei penal.Mas, com a proteção de nossa padroeira, Santa Anunzziata, o Andreotti teve reconhecida a prescrição e continua senador, com escritório para assuntos especiais, na aristocrática praça de San Lorenzo in Lucina.

6. Por último, o Protógenes é um 'sbirro', um beleguin de quinta. Não fosse o ínclito Gilmar Mendes, que de tão indignado concedeu liminar para Dantas sem ter competência jurisdicional, o 'Orelhudo' (adotamos o apelido) estaria preso, como eu.

7. Espero que esse tal de Wálter Fanganiello, que escreve calúnias, injúrias e difamações sobre nossa organização na revista CartaCapital, transmita-lhe o meu recado. Minhas recomendações.”

Nenhum comentário: