quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Ainda Honduras - Blog do Nassif

Honduras: mídia é surrada pela notícia
Esse jornalismo de hipóteses que caracteriza o neojornalismo tupininquim não tem receio da desmoralização, do fato de diariamente tentar passar a perna nos seus leitores – tendo como testemunhas toda a Internet.
Tome-se um caso. A diplomacia norte-americana se enrolou com o caso. A Secretaria de Estado Hillary Clinton adotou uma posição legalista no caso Honduras. Otto Reich, especialista americano da era Bush – influente, com participação na tentativa midiático-empresarial de tentar depor Hugo Chávez – conseguiu convencer parte do parlamento sobre o risco Zelaya. Houve um descompasso que levou o embaixador norte-americano na OEA a criticar Zelaya.
O que era um problema da diplomacia norte-americana – o de não ter uniformizado o discurso sobre o tema – foi colocado como uma crítica ao Brasil. Nem se cuidou de informar que a posição da Secretária de Estado era outra.
Agora, dia após dia vão surgindo sinais de que a posição diplomática brasileira – de firme condenação do golpe de Estado – era correta. Que a convocação do plebiscito serviu de álibi para um golpe de Estado, em que se tirou o presidente eleito sem sequer permitir o direito de defesa.
Desde o início o Itamarati alertava que Micheletti não era confiável, que não se podia fiar na sua palavra. Por efeito pavloviano, toda essa brilhante mídia preferia ficar com Micheletti a dar crédito ao Itamarati.
Agora, toda essa armação, toda esse inacreditável jornalismo de hipóteses – endossado por dez entre dez comentaristas da mídia, em uma homogeneidade admirável – vai ruindo.
Na Folha Online (clique aqui) a afirmação de Micheletti de que Zelaya foi deposto por suas novas inclinações esquerdistas.
Na Folha impressa, entrevista do Sérgio D’Avila com o Secretário-Geral da OEA, endossando plenamente a posição brasileira:
A OEA (Organização dos Estados Americanos) está disposta a aceitar uma nova proposta de conciliação vinda de Honduras, desde que ela use como base o Acordo de San José, elaborado pelo presidente da Costa Rica, Óscar Arias, que prevê a volta de Zelaya, a manutenção das eleições para eleger seu sucessor e o abandono pelo presidente deposto da tentativa de promover uma Assembleia Constituinte considerada ilegal por Congresso e Justiça hondurenhos. A revelação foi feita pelo secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, em entrevista na manhã de ontem por telefone à Folha. (clique aqui).
Ou seja, um marciano que chegasse à terra e lesse esses dias todos de jornalismo de hipóteses, concluiria que o Itamarati levou dez gols, não marcou nenhum e terminou vitorioso.

Notícias que saem por descuido
Por André Borges Lopes
A CRISE EM HONDURAS E A SURRA DOS FATOS

Roseann Kennedy é uma comentarista da rádio CBN que – como sabem todos os que ouvem diariamente sua “Crônica do Planalto” – pode ser acusada de qualquer coisa menos de “lulismo”. Ontem, 30/09 Roseann estava na Bélgica, cobrindo como convidada uma reunião do Parlamento Europeu. Entrou ao vivo com o Sardenberg no Jornal do Meio-Dia contando que na reunião só se falava de Honduras. E, vejam só que ironia, Roseann só ouviu elogios à posição brasileira e ao papel que o presidente Lula está assumindo na crise.
A moça foi tão enfática, que o Sardenberg encerrou logo a conversa, sem o ping-pong e a troca de ironias – que são usuais quando o comentário é negativo em relação ao governo. Deve ser porque ligação internacional custa muito caro…
Quem quiser escutar o áudio, basta acessar o link abaixo no site da CBN
Brasil precisa impulsionar diálogo para tentar resolver crise em Honduras: clique aqui.
Pelo visto, as críticas ácidas ao “grave erro da diplomacia brasileira” e à “nova gafe internacional” do presidente Lula estão restritas ao PIG tupiniquim e à direita hidrófoba da Fox News. E depois essa gente ainda fala que é o Lula quem nos envergonha no exterior…

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