quarta-feira, 7 de abril de 2010

O que pensam os estrategistas de Dilma - por Luis Nassif

No quartel-general da candidata Dilma Rousseff não foi possível identificar as supostas preocupações com a campanha de José Serra – que mereceram chamada de capa da Folha.
Embora procurem não supervalorizar as pesquisas, duvida-se do último Datafolha. Considera-se inexplicável o aumento registrado nas intenções de voto para Serra, assim como as explicações do diretor do Datafolha. O aumento dos votos de Serra no Rio Grande do Sul – também considerado inexplicável – explica menos de um ponto do resultado final. Logo, o a melhoria de Serra se deveu a uma inexplicável ampliação da votação em todo o país. Como entender, então, as explicações do diretor do Datafolha, de que a melhora ocorreu por conta de redução das chuvas e do aumento das intenções de voto no Rio Grande do Sul?
Mesmo tomando por correta a Pesquisa Datafolha, o que ela mostra, segundo esse analista:
1. Dilma perto dos 30 pontos, mais ou menos consolidados.
2. Serra com 30 e tantos pontos, mas numa situação volátil.
3. Se se chegar nessa posição no início da campanha da TV – diz o analista – a eleição estará ganha.
Essa conclusão se deve ao fato de que o povão – que é Lula, em grande maioria – ainda não estar participando da campanha.
A fonte menciona análise feita por um dos comentaristas do Blog, que dividiu os votos por faixa de ensino. No ensino superior, Dilma está emparelhada com Serra. No ensino fundamental – onde conta o “recall”, as lembranças de outras campanhas – perde de lavada.
Pois é justamente essa faixa que, quando entrar a campanha e ficar nítida a relação de Dilma com Lula, tenderá a mudar o voto para a candidata.

O discurso de Serra

Não há preocupação maior com o discurso de Serra – de mostrar-se como o pós-Lula, sem desmerecer a contribuição de Lula.
Acham que é o único discurso possível. Não daria para bater de frente com governo.
Serra quer uma campanha cosmética, mas há um problema nisso, diz ele. O PSDB passou sete anos e meio fazendo oposição raivosa, xingando tudo, se opondo a todas as políticas. Foi contra o aumento do salário mínimo, chamou a Bolsa Família de Bolsa Esmola, criticou a formação de reservas cambiais, a diversificação do comércio exterior. Foi contra todo tipo de planejamento, de recuperação do Estado, bateu de frente com Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica, mostrou-se contrário à redução das desigualdades regionais.
Se campanha fosse ele sozinho, teria chance, diz a fonte. Só que haverá, do outro lado, a campanha de Dilma mostrando a esquizofrenia do discurso.

Os fatores de sucesso

No QG de Dilma, considera-se que, dos sete fatores de sucesso em uma eleição, falta-lhes apenas um: o apoio da mídia.
Os demais fatores são os seguintes:
1. Programa: ter o que mostrar.
2. Economia: de um modo geral bastante satisfatória. Vais e chegar nas eleições com índices de desemprego de 7% e PIB crescendo a pleno valor.
3. A aliança com o PMDB, garantindo horário eleitoral.
4. As alianças regionais, garantindo palanques em todos os estados.
5. Recursos de campanha.
6. Militância
A velha mídia continua desfavorável. Mas, comparado com 2002 e 2006 – diz ele – a situação é muito melhor. Já existe uma percepção nítida na opinião pública de que a mídia tem uma atitude permanentemente hostil contra o governo. Boa parcela da sociedade já questiona a mídia, que entra nessa campanha com o mais baixo nível de credibilidade da história.
Nas TVs, já não existe mais o pensamento único, embora a maioria do noticiário ainda seja negativo.
A blogosfera ainda tem o papel de agitação política, diz ele. Não consegue ainda praticar o novo jornalismo, mas consegue mostrar que o atual tem muitos problemas.

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