sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Impressões

Lembro-me que nos três primeiros debates de 2002, para mim, o vencedor era sempre o Ciro Gomes, mais loquaz, articulado, falava bonito e de maneira precisa. O perdedor era sempre o Serra, bombardeado pelos três outros candidatos, Lula, Garotinho e Ciro, arcando com o grande desastre do governo FHC.
Já no segundo turno, o debate entre Lula e Serra foi bem equilibrado, com ligeira vantagem para José Serra.
Em 2006, quando achei que o Alckmin tinha ido melhor, quando ele partiu pra cima do presidente, vi no noticiário que ele tinha pecado pelo excesso de agressividade, o que não era bem avaliado pelos eleitores.
Em outro debate achei o Lula superior (justamente quando as análises então feitas disseram que o Alckmin venceu). No terceiro, achei equivalentes, com leve superioridade do tucano.

Pois bem, digo isto porque pelo que entendi, minha opinião não bateu com a maioria das análises então realizadas, de qualquer modo, aí vão minhas singelas impressões.

Ontem eu achei que a Dilma se atrapalhou, não falou bem, não concluiu seus raciocínios por falha no aproveitamento do tempo, balançava demasiadamente o corpo quando respondia (afastando-se, inclusive do microfone), gaguejou várias vezes, respondia virando-se para o candidato, além de estar obviamente nervosa. Como pontos positivos, ela foi muito perguntada, de modo que pôde aparecer mais, e postulou perguntas profícuas.
O Serra teve como pontos negativos, assim como a Dilma, diversas falas cortadas sem conclusão. Além disso, falava dos mutirões da saúde como se fosse o elixir mágico da resolução de todos os problemas deste setor no Brasil, voltando a este ponto repetidamente (no que foi brilhantemente admoestado pelo Plínio como “hipocondríaco”); destacou demasiadamente três cirurgias que diminuíram durante o governo Lula, o que demonstrava que procurou todas, selecionou as que diminuíram e resolveu bombardeá-las. Também perguntou mal, pois só escolhia a Dilma para responder, o que dava mais espaço para ela. Como pontos positivos, articulou bem as respostas, e referiu-se diversas vezes a pontos claros, de fácil compreensão, como as APAE’s.
A Marina parece viver num mundo de ilusão, onde o amor, a boa vontade e a concórdia imperam. É uma pena que o mundo real não seja assim, que as boas ideias também sofram forte oposição, que interesses escusos e/ou conflitantes se digladiem diariamente. Se a realidade humana não fosse esta, ela teria vencido o debate. Como pontos positivos, foi que distribuiu bem as perguntas, além de ter respondido com propriedade, clareza e tranqüilidade.
Já o Plínio de Arruda Sampaio, este, com boa distância, foi o vencedor do debate. Irônico, provocativo, com excelentes perguntas, contrariando o “bom mocismo” como ele mesmo alcunhou dos outros três, foi o diferente, a novidade. Além de ter sido o mais propositivo, das melhores respostas e, em minha opinião particular, ideias. Ele fugiu do moralismo direitista da Heloísa Helena, vinculando-se a ideologia, aos fatos, a novas proposições, novos modos de pensar e agir.
Como ponto negativo o fato dele não ter sido muito questionado, de modo que pouco pôde responder (se os outros debatedores soubessem quão afiado ele estava, aí mesmo é que não perguntariam nada).
De qualquer modo, foi o vencedor do debate, com larga distância. Seguido (já com desempenho bastante similar entre si) por Marina, depois Serra, e em último lugar a Dilma.

Ah! Não assisti ao último bloco. Às 7h da manhã o chicote já está comendo no serviço.


P.S: se as eleições fossem um concurso de feiúra, o Brasil teria os melhores candidatos do mundo.

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