sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Entre dois modelos

Bem, como vocês sabem, eu trabalho na Petrobrás. Em diversos diálogos ao longo dos anos, com companheiros mais velhos de casa, todos, absolutamente todos são inequívocos em dizer que a gestão FHC foi a pior da história da Petrobrás.
Poderia me estender muito sobre o grau de degradação que o PSDB impôs a esta empresa (venda de ações a preço de banana, quebra do monopólio, esquartejamento para privatizar, ausência de investimento em refino, impedimento da Petrobrás de participar de leilões de campos de petróleo, etc.). Só para se ter uma ideia, no último ano em que FHC governou o país, foi quando ele realizou o maior investimento em busca de novos campos de petróleo, no valor de 500 milhões de reais. No primeiro ano de governo Lula, o valor quintuplicou, passando para 2,5 bilhões de reais. Como conseqüência de tal política de investimentos, descobriu-se o pré-sal, a maior descoberta de petróleo no mundo dos últimos 30 anos, que poderá – senão for entregue para as multinacionais como o assessor energético do senhor Serra pretende fazer – transformar o Brasil num país de primeiro mundo dentro de alguns anos.

Outras minúcias ocorreram com a empresa, é bom destacá-las. Durante o mandato do presidente Itamar Franco, ele assinou um acordo em que escalonava o aumento da categoria petroleira em algumas etapas. Quando FHC assumiu o poder, ele não cumpriu o acordo assinado pelo presidente da república (não foi o Itamar, pessoa, que o assinou, e sim o presidente). A categoria entrou em greve, e, no meio do movimento, quando o TST julgou a greve ilegal, já era quase meia-noite, mas o senhor ministro do planejamento José Serra estava na porta do TST, esperando o resultado da votação. A greve foi julgada ilegal (a justiça do trabalho só existe para o pequeno empregador, é claro), e, naquele momento, assim que o resultado da votação saiu, José Serra telefonou para o presidente da Petrobrás e deu a ordem: pode começar a demitir. Em sequência, diversos companheiros – que lutavam para que o presidente honrasse um acordo assinado com a categoria – foram despedidos sumariamente.
Passaram anos vivendo dificuldades, e só foram readmitidos na Petrobrás quando o governo Lula assumiu o poder.

Posso aqui ainda falar mais, o senhor Serra diz que irá revolucionar a educação do país. Em seu estado, São Paulo, o que conseguiu fazer foi acabar com o ensino integral que existia em algumas escolas, além de impor a aprovação automática (o aluno não pode ser reprovado, mesmo que não saiba nada). Além disso, ao invés de valorizar aqueles que de fato podem mudar a educação do país, os professores, ao contrário, os tratou na base do cassetete e das bombas de gás. Concomitantemente, assinou acordos milionários com a Globo, Estadão, Folha e Veja para comprar publicações deles para as escolas. O apoio sempre foi recíproco, claro.
Por fim, aquele que diz que revolucionará a educação, entrou na justiça, juntamente com a governadora Yeda Crusius Credo (RS) – outro grande exemplo moral dos tucanos – contra o projeto do governo federal de estabelecer um piso nacional para o salário de professores, no valor de 900 reais por 40 horas de trabalho. Ou seja, o senhor Serra não aceitou pagar ao menos de 900 reais por mês para aqueles que podem projetar um novo futuro das crianças brasileiras. Esta é a “revolução na educação” que ele pretende perpetrar para o resto do país. Durma-se com um barulho desses.
Não é incoerente com a política do seu papai intelectual FHC, já que em seus oitos anos de desgoverno, o Brasil perdeu 1/3 dos seus mestres e doutores de suas universidades federais devido ao desastroso mandato de Paulo Renato Gates Souza como ministro da educação (que, não por acaso, foi secretário de educação do senhor Serra).
Quando o presidente Lula – aquele que não estudou – assumiu o poder em 2003, existiam 141 escolas técnicas no país. Vai deixar 354, ou seja, mais do que dobrou o número destas instalações de ensino.
Também no ensino superior a diferença foi absurda, a quantidade de vagas nas universidades federais mais do que dobraram no atual governo do PT (devido ao Reuni, a construção de 13 novas universidades, e as extensões de campis), afora as bolsas do pró-uni.

O crescimento de Serra nas pesquisas é baseado numa campanha fascista de calúnias das mais diversas, especialmente religiosas, trazendo um ódio à política, comum em diversas regiões do mundo com resultados desastrosos (judeus X palestinos, por exemplo).

Poderia me estender muito mais falando, mas falta-me tempo e paciência.
O fato, é que até como candidato (¡que dirá como presidente!), o Serra faz mal ao Brasil.
Não é este o país que eu quero.
E eu não vou me mudar daqui.

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