terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Hospício nativo

"Já não há indignação espontânea, que é a boa, a verdadeira indignação. Existe uma doença do espírito: o mal da indiferença dos cidadãos. Estamos todos moralmente doentes" - afirmou José Saramago em uma entrevista

Bem, o Banco Central divulgou hoje aquela que deveria ser a notícia mais bombástica se não estivéssemos numa terra de loucos chamada Brasil.

Nosso depauperado país teve um gasto com juros no ano de 2010 de R$ 195, 369 bilhões de reais – ou, 5,34% do PIB. É tanto dinheiro que, ao dizer este número, não conseguimos mensurar o que ele representa.
Para fazer uma conta básica: tal montante daria para construir dois milhões de “casas populares” ao custo de R$ 97.684 reais cada uma.
Ou seja, daria pra fazer construir uma boa casa pra mais de oito milhões de brasileiros em apenas um ano, por exemplo.

Como o governo “só” conseguiu pagar R$ 101,696 bilhões – para enxugar gelo –, ainda somamos à dívida mais 93,673 bilhões de reais – ou 2,53% do PIB, para ser paga Deus lá sabe quando.

Estes quase 200 bilhões de reais de juros, como sabemos, é dinheiro jogado fora, dinheiro para alimentar rentistas, dinheiro expatriado, dinheiro retirado do povo (ô palavra abandonada) para nutrir a sanha dos abastados.

Mas querem nos fazer crer que o problema do Brasil, claro, são os gastos públicos.
Não estes, com a dívida (¡Deus me livre, estes são sagrados!).
O problema é gastar com saúde, segurança, meio-ambiente, etc.

Querem nos fazer crer ainda, que gastar com infra-estrutura até pode.
Esperando que, claro, mais a frente algum demo-tucano assuma o governo e privatize aquilo que foi arduamente construído e pago.

Depois, estes que nos querem fazer crer, ainda vão reclamar que pagamos muitos impostos.

É evidente que pagamos e deste jeito só tendemos a pagar mais. Basta olhar pra onde o dinheiro esta indo, para reconhecer que este é um saco sem fundo. Por mais que se pague, por mais que se esforce, por mais que se prive o país, nada será suficiente para acalmar a voragem dos rentistas.

Deixou de valer a máxima que a dívida é externa ou interna.
Na verdade, a nossa dívida é eterna.

Durma-se com um barulho desses.

Nenhum comentário: