quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Guerreiro - por Anastasia Bulgakova (Arte digital - Coolvibe)

O Império da vaidade - por Paulo Moreira Leite (em sites diversos)

Em tempos de ditadura da beleza, o corpo é massacrado pela indústria e pelo comércio, que vivem da nossa insegurança, impotência e angústia.

Narciso: a vaidade desde tempos imemoriais
Você sabe por que a televisão, a publicidade, o cinema e os jornais defendem os músculos torneados, as vitaminas milagrosas, as modelos longilíneas e as academias de ginástica? Porque tudo isso dá dinheiro. Sabe por que ninguém fala do afeto e do respeito entre duas pessoas comuns, mesmo meio gordas, um pouco feias, que fazem piquenique na praia? Porque isso não dá dinheiro para os negociantes, mas dá prazer para os participantes.

O prazer é físico, independentemente do físico que se tenha: namorar, tomar milk-shake, sentir o sol na pele, carregar o filho no colo, andar descalço, ficar em casa sem fazer nada. Os melhores prazeres são de graça - a conversa com o amigo, o cheiro do jasmim, a rua vazia de madrugada -, e a humanidade sempre gostou de conviver com eles. Comer uma feijoada com amigos, tomar caipirinha no sábado também é uma grande pedida. Ter um momento de prazer é compensar muitos momentos de desprazer. Relaxar, descansar, despreocupar-se, desligar-se da competição, da áspera luta pela vida - isso é prazer.

Mas vivemos num mundo onde relaxar e desligar-se se tornou um problema. O prazer gratuito, espontâneo, está cada vez mais difícil. O que importa, o que vale, é o prazer que se compra e se exibe, o que não deixa de ser um aspecto da competição. Estamos submetidos a uma cultura atroz, que quer fazer-nos infelizes, ansiosos, neuróticos. As filhas precisam ser Xuxas, as namoradas precisam ser modelos que desfilam em Paris, os homens não podem assumir sua idade.

Não vivemos a ditadura do corpo, mas seu contrário: um massacre da indústria e do comércio. Querem que sintamos culpa quando nossa silhueta fica um pouco mais gorda, não porque querem que sejamos mais saudáveis - mas porque, senão ficarmos angustiados, não faremos mais regimes, não compraremos mais produtos dietéticos, nem produtos de beleza, nem roupas e mais roupas. Precisam da nossa impotência, da nossa insegurança, da nossa angústia.

O único valor coerente que essa cultura apresenta é o narcisismo. Vivemos voltados para dentro, à procura de mundos interiores (ou mesmo vidas anteriores). O esoterismo não acaba nunca - só muda de papa a cada Bienal do Livro -, assim como os cursos de autoconhecimento, auto-realização e, especialmente, autopromoção. O nascisismo explica nossa ânsia pela fama e pela posição social. É hipocrisia dizer que entramos numa academia de ginástica porque estamos preocupados com a saúde. Se fosse assim, já teríamos arrumado uma solução para questões mais graves, como a poluição que arrebenta os pulmões, o barulho das grandes cidades, a falta de saneamento.

Estamos preocupados em marcar a diferença, em afirmar uma hierarquia social, em ser distintos da massa. O cidadão que passa o dia à frente do espelho, medindo o bíceps e comparando o tórax com o vizinho do lado, é uma pessoa movida por uma necessidade desesperada - precisa ser admirado para conseguir gostar de si próprio. A mulher que faz da luta contra os cabelos brancos e as rugas seu maior projeto de vida tornou-se a vítima preferencial de um massacre perpetrado pela indústria de cosméticos. Como foi demonstrado pela feminista americana Naomi Wolf, o segredo da indústria da boa forma é que as pessoas nunca ficam em boa forma: os métodos de rejuvenescimento não impedem o envelhecimento. 90% das pessoas que fazem regime voltam a engordar, e assim por diante. O que se vende não é um sonho, mas um fracasso, uma angústia, uma derrota.

Estamos atrás de uma beleza frenética, de um padrão externo, fabricado, que não é neutro nem inocente. Ao longo dos séculos, a beleza sempre esteve associada ao ócio. As mulheres do renascimento tinham aquelas formas porque isso mostrava que elas não trabalhavam. As belas personagens femininas do romantismo brasileiro sempre tinham a pele branca, alabastrina - qualquer tom mais moreno, como se sabe, já significava escravidão e trabalho. Beleza é luta de classes. Estamos na fase da beleza ostentatória, que faz questão de mostrar o dinheiro, o tempo livre para passar tardes em academias e mostra, afinal, quem nós somos: bonitos, ricos e dignos de ser admirados.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Passos largos em direção ao fascismo

Se você não for cuidadoso, os jornais farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas, e amar as pessoas que estão oprimindo”. (Malcolm X)

Começo com uma frase que se aplicará melhor no final do texto, na verdade.

 Acampamento Nova Canudos (1999)
Foto: João Zinclar
O movimento dos trabalhadores rurais sem terra, como é consabido, é o mais importante movimento social da América Latina. As dezenas de milhares de pessoas que compõem suas fileiras são oriundas do estrato mais desfavorecido da sociedade, trabalhadores que lutam por um pedaço de terra fértil onde possam trabalhar.
É extensa a história do movimento e eu não conseguiria em parcas linhas resumi-la, mas devo destacar duas coisas. Primeiro, o quão desfavorável é a condição social dos membros do MST: vivem em barracos cobertos por lonas, enfrentando ora muito frio, ora muito calor, em beira de estradas, tomando chuva e sol no lombo, em precaríssimas condições sociais, sendo muitas vezes agredidos, tanto pelos capangas dos latifundiários quanto pelas forças públicas que deveriam protegê-los. São trabalhadores que, feito Atlas, tem um mundo a carregar nas costas e recebem toda a sorte de ataques que se possa imaginar da sociedade que deveria resguardá-los.

Outro ponto, é sobre a legalidade das ações do MST. Normalmente acusado de “baderneiros”, é bom que, sem filtros ideológicos, leia-se diretamente o que diz a constituição sobre o tema para que possamos avaliar as ações do movimento.
De acordo com o art. 5º, XXIII, da constituição federal de 1988:

A propriedade atenderá à sua função social”.

Especificamente no que tange a propriedade rural, o art. 186 da constituição federal complementa:

Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

Ou seja, de acordo com a lei, é necessário que se atendam simultaneamente alguns critérios (produtividade, legislação trabalhista e ambiental e o bem-estar dos proprietários e trabalhadores) para que se faça jus a propriedade.
Nada mais justo, já que a terra é um bem finito e uma necessidade do próprio país. Se uma pessoa tem um milhão de reais e ao invés de aplicar o dinheiro para gerar emprego e renda ele prefere deixar na poupança, tudo bem, é um direito da pessoa. Agora não se pode fazer isto com uma grande quantidade de terra, um proprietário não pode dizer “ah, a terra é minha eu faço dela o que eu quiser”, deixando-a abandonada ao relento. Terra é um bem finito, é necessário ao país que seu proprietário a utilize para produção de alimentos. Caso não seja do seu interesse trabalhar na terra, que se desfaça da propriedade, então. É uma obviedade e é o que preconiza a constituição, a terra deve ter aproveitamento racional e adequado. Um latifúndio improdutivo não se enquadra de nenhuma maneira nesta condição. Porém, nos grandes veículos de comunicação, esta parte da lei sempre será seletivamente esquecida quando se for tratar de qualquer assunto que tange ao MST.

É como quando há um protesto: a imprensa marrom de sempre vai perguntar para as pessoas prejudicadas pelo atraso que ele esta gerando no trânsito sobre o que elas acham do mesmo. Evidentemente, as pessoas temporariamente prejudicadas vão reclamar. Muitas ainda vão dizer, tolamente, que o protesto esta impedindo “o direito de ir e vir” – mais uma vez, portanto, dirão que os que os que protestam estão infringindo a lei.
Os trabalhadores reclamam seus direitos
Quem diz isto não consegue analisar que, quando são obrigados a pararem em um sinal de trânsito vermelho, o semáforo esta impedindo seu direito de ir e vir. Ora, o sinal de trânsito impede seu direito individual de ir e vir porque o direito coletivo de organizar o trânsito prepondera sobre o seu individual de ir e vir. Do mesmo modo, um protesto coletivo que defende um avanço para a toda a sociedade prepondera sobre o seu individual de trafegar. É simples.
Mas há uma seletividade na interpretação da lei e, os donos do poder arrumarão, se necessário for, todos os especialistas em direito para dizer que dois mais dois é igual a cinco, com vistas a influenciar a sociedade e o judiciário – e  normalmente conseguem seu objetivo, infelizmente.

Como não poderia deixar de ser, a imensa maioria das pessoas que são críticas do MST, não sabem, de fato, nada a respeito do movimento. Nunca foram a um acampamento ou assentamento pra ver a real situação deles (recomendo imensamente que o façam, pra ver a situação a que estes bravos trabalhadores são submetidos), tampouco conhecem o que dizem a constituição a respeito do uso da terra.

Na verdade, a oposição que muitas pessoas possuem contra o MST é oriunda da derrota do movimento (e da esquerda em geral) na batalha pela informação. Pegue-se o exemplo da invasão na plantação da Cutrale. Mostraram os trabalhadores rurais como os próprios demônios invasores de uma propriedade produtiva. Em nenhum momento os grandes veículos de comunicação, a imprensa marrom, disse o porquê de o MST ter invadido aquele lugar (como se houvesse doidos no movimento). O MST invadiu – muito bem invadido – porque aquela terra que a Cutrale estava usando era terra grilada, terra da união, que esta empresa simplesmente ocupou e tomou pra ela; invadiu porque a Cutrale “usa em larga escala, sem o devido controle, toda espécie de venenos, pesticidas e agrotóxicos, causando poluição das águas, rios, e especialmente poluindo o lençol freático que abastece o Aquífero Guarani”, utilizando inclusive o fungicida carbendazim, proibido em outros países, degradando nosso solo e nossa água para aumentar sua lucratividade; invadiu porque a Cutrale mantém trabalhadores em condições de superexploração, dentre tantos outros motivos mais (clique aqui para conhecer mais sobre a Cutrale). Mas ninguém ficou sabendo de nada – a não ser, claro, a opinião da Cutrale.

Bandeira do movimento
Neste quadrante, os críticos do movimento – os que ainda possuem alguma ética e respeito ao ser humano – dirão que a causa do MST é justa, mas que eles não sabem como defendê-la. Esquecem de avaliar, entretanto, que se não fossem as ocupações, os protestos, os enfrentamentos, os trabalhadores do MST jamais teriam ganhado um palmo de terra. Esquecem de tentar se informar sobre as causas, propósitos, meios e ações do MST. Já, por outro lado, há os completos lobotomizados, os derrotados da direita, os que não valem nem o ar que respiram. Estes dirão que o MST é um movimento terrorista, composto de ladrões, pilantras, etc. Estes são, propriamente, aqueles muito bem retratados na primeira frase com que começa este texto.

Atravesso este longo preâmbulo para tratar de uma tragédia ocorrida no dia 26/01 último em Campos dos Goytacazes. Um dos principais coordenadores do MST da região, morador do Assentamento Zumbi dos Palmares e um dos coordenadores do Assentamento Oziel Alves, o trabalhador rural Cícero Guedes dos Santos, foi assassinado a tiros.
Com sua militância política, sua liderança na luta pelos desvalidos, teve o mesmo fim destinado a tantos outros líderes de movimentos sociais. A grande jornalista Natalia Viana, no livro “Plantados no chão” (um título que é uma triste e bela metáfora sobre como as lideranças morrem, antes do tempo natural), fez uma coletânea dos assassinatos políticos no primeiro mandato do governo Lula – um governo dito progressista. O resultado é aterrador. Agora, no governo de uma ex-revolucionária, a tragédia segue se repetindo.
Natalia escreve:

“Um país que deixa matar seus líderes populares está se ferindo, se mutilando. Cada assassinato representa uma vitória para o atraso, a barbaridade, a raiva, a estupidez. Essa sangria permanente das mulheres e dos homens mais corajosos e dinâmicos, mais idealistas e generosos, tem um custo alto. A morte de um líder não é simplesmente a eliminação de uma pessoa inconveniente, mas um golpe contra a esperança. Contra o futuro.

Diz ainda:

O MST vive
A grande maioria dos assassinados por defesa de direitos no Brasil é composta de pessoas ligadas a algum movimento social, cuja atuação é diferente da dos profissionais geralmente considerados “defensores” pela ONU. São vítimas de violações que se organizam para pleitear o que lhes cabe por lei. Quando os sem-terra ocupam uma fazenda improdutiva, estão exigindo o cumprimento do artigo 184 da Constituição, que estabelece a função social da propriedade. Quando um grupo de estudantes bloqueia um terminal de ônibus, está realizando um ato político para reivindicar o que está expresso nas leis municipais – que a tarifa deve ser condizente com o poder aquisitivo da população.

E mais:

De certa forma, existe um elemento ideológico que entremeia todo esse processo. Para o advogado Darci Frigo (e para todos os outros entrevistados), o pano de fundo para o verdadeiro ciclo vicioso do crime político no Brasil é a criminalização dos movimentos sociais – ou seja, a associação entre militantes e criminosos perante a opinião pública.
“A criminalização tem vários estágios”, explica Frigo. Negar que os militantes lutam pelo que lhes é devido seria o primeiro passo para deslegitimar o movimento – algo que ocorreu inúmeras vezes na história recente do país. No entanto, o processo evolui de maneiras variadas. É comum, por exemplo, que autoridades procurem deslegitimar as lideranças como representantes de um anseio coletivo. A socióloga Silvia Viana Rodrigues aponta para o fato de que é cada vez mais comum ouvir governantes afirmarem que tal ou tal movimento “tem fins políticos”. “Qualquer liderança é acusada de ter aspirações político-partidárias. E o termo ‘político’ acaba ganhando uma conotação pejorativa”, explica.
Outras estratégias, adotadas por diferentes atores em diferentes âmbitos do Estado, colaboram para a criminalização. Por exemplo, a negação da legitimidade dos meios de pressão utilizados pelos movimentos – como a ocupação de um terreno ou o bloqueio do trânsito – sob o argumento de que tal atitude é “ilegal”. “Pode-se desmoralizar as pessoas publicamente, acusar de crimes que não cometeram, transformar uma situação de ato político em um ato criminoso, prender sem provas formais”, relata Darci Frigo.
Afinal de contas, se entrar sem permissão em uma propriedade privada é contra a lei, não seria correto chamar aqueles que o fazem de criminosos? Segundo Hélio Bicudo, não. “Esse embate é também político, mas é fundamentalmente jurídico. É uma questão interpretativa. Tomar posse de uma terra é uma ação formalmente ilegal, mas que defende o direito das pessoas sobre o direito da propriedade. Como o direito à terra é um direito social, nos usos e costumes a interpretação é absolutamente favorável a que o movimento tome terras que estão inaproveitadas para que elas sejam realmente utilizadas em benefício das pessoas. O que o MST está fazendo é, através de ocupações de terras que aparentemente são inaproveitadas, forçar uma definição do Estado sobre essas terras porque, se não estão sendo aproveitadas, o Estado tem que usar o dispositivo constitucional e desapropriá-las.” Ou seja: em vez de violar a lei, o movimento está forçando o cumprimento dela. A mesma regra pode ser aplicada aos demais casos: os estudantes que paralisam o trânsito da cidade, os sindicalistas que realizam protestos diante das fábricas, os indígenas que expulsam invasores de suas terras.
Os trabalhadores rurais, em foto clássica de Sebastião Salgado
No entanto, esse debate geralmente não faz parte do cotidiano daqueles que lidam diretamente com os movimentos – os defensores da “lei e da ordem”. Artur Henrique da Silva Santos, presidente da CUT, é testemunha da violência com que as polícias militares e civis tratam trabalhadores durante as manifestações sindicais, tradição que parece não perder terreno com o passar do tempo. Há ainda outras formas de coerção adotadas por policiais e investigadores, segundo Sandra Carvalho, da ONG Justiça Global: violação de domicílio ou instalações de organizações de direitos humanos, ingerências arbitrárias ou abusivas em correspondência ou comunicações telefônicas ou eletrônicas, atividades de inteligência e espionagem dirigidas contra defensores, e restrições de acesso a informações em poder do Estado.

Esta é a situação que os membros e as lideranças de movimentos sociais enfrentam no Brasil.
É bom destacar que especificamente no que tange a área de Campos - local historicamente dominado pelos oligarcas usineiros - os trabalhadores esperam a regularização do terreno há mais de 14 anos. Cícero tinha sua plantação no assentamento Zumbi dos Palmares, mas auxiliava, como liderança do MST, no assentamento Oziel Alves. Em nota, o MST explica que:

No lote, Cícero desenvolvia técnicas da agroecologia, com uma diversidade de plantas, respeitando a natureza e aproveitando de tudo que ela poderia dar. Começou com o plantio de sua cerca viva de sabiá, que viu sua propriedade melhorar visualmente e também obter uma boa fonte de renda.
Cícero também era conhecido pelas suas bananas, presentes em muitas partes do lote, consorciadas com leguminosas, milho e espécies frutíferas. Os filhos cresceram vendo a experiência se desenvolver e aprenderam com o pai que os alimentos produzidos na agroecologia têm qualidade superior aos do supermercado.
O agricultor assentado Cícero Guedes dos Santos, desde o inicio da ocupação do seu lote em 2002, já possuía o desejo de ter em sua área diversidade de plantas, respeitando a natureza e aproveitando de tudo que ela poderia dar. A natureza , inclusive, foi a fonte de inspiração para esse tipo de consciência e o entendimento da mesma fez com que esse sentimento de preservação e convívio fosse dia-a-dia aumentando.” (...)

O MST compreende que esta tragédia é “resultado da violência do latifúndio, da impunidade das mortes dos sem-terra e da lentidão do Incra para assentar as famílias e fazer a Reforma Agrária. O MST exige que os culpados sejam julgados, condenados e presos”.
Três dias depois de ocuparem o latifúndio, o MST denunciou à polícia a ameaça de morte sofrida pela sua liderança (não disse a imprensa seu nome, para protegê-lo). Como esta visto, de nada adiantou ter feito a denúncia.
Cícero Guedes dos Santos
O trabalhador foi covardemente assassinado, perfurado por múltiplos tiros na cabeça e no tórax, porém, apenas uma cápsula foi encontrada (e isto só porque ela estava em baixo de onde o corpo se encontrava), o que demonstra que o(s) assassino(s) queria(m) (e sabiam como) encobrir o assassínio, já que levaram as cápsulas deflagradas embora. Além disto, o dinheiro que o trabalhador portava em sua carteira não foi levado – não há dúvida, portanto, quanto ao fato de ser um assassinato político.

Evidentemente triste com o ocorrido, leio em um portal de notícias anódino (o Yahoo!) matéria sobre o assassinato de Cícero Guedes dos Santos. Quando vou ver os comentários, o que leio insulta qualquer pessoa de bem.
Uma pessoa, um trabalhador honesto é assassinado, toma vários tiros na cabeça e, ele, a vítima, é chamado de ladrão, assassino, terrorista, e tudo o mais que se possa imaginar. Os que o mataram, não, os que o mataram é que são as pessoas de bem. É de dar engulhos.
Poderia até dizer que são apenas trolls despejando sua ira pela internet, mas é pior do que isto, é mais grave do que isto. Como pode alguém, que cegueira ideológica é essa de fazer com que a vítima seja o algoz? Que o assassinado seja o terrorista? Que um pai de família, lavrador, trabalhador, seja chamado de pilantra, vagabundo desocupado, filho da puta e outras tantas coisas? Como é isto?

Já de muito tenho avaliado que a sociedade brasileira – guiada por uma imprensa marrom que possui as piores intenções possíveis – caminha a passos largos para o fascismo.
Se alguém tiver alguma dúvida disto que falo, é só ler os comentários abaixo que compilei – isto, que fique claro, porque entrei apenas em um site, sendo que este site nem é o repositório normal da net para este tipo de pessoas, há outros sites fascistas bem conhecidos que devem ter quantidade muito pior de canalhices deste tipo.
Eu não sei o que o ministério público poderia fazer com comentários como estes. Em caso similar, a estudante de direito (!) Mayara Petruso, ao término das eleições de 2010 postou em seu twitter: “Nordestisto [sic] não é gente. Faça um favor a SP: mate um nordestino afogado”. Isto por conta da vitória da Dilma, que teria ocorrido por causa dos nordestinos (o que sequer é verdade, já que a Dilma teve maioria dos votos no Sudeste). Por conta desta publicação preconceituosa, Mayara foi julgada e condenada a um ano e 5 meses de prisão, sendo sua condenação convertida em serviços comunitários. O que compilei aqui (dei print screen na tela - e destaco aqui na postagem inclusive os perfis) consegue ser ainda pior do que o comentário preconceituoso de Mayara. Espero que o MP ou qualquer outra autoridade possa fazer uso deste material que compilei – e do tanto a mais que há na internet.

Para terminar o texto, cito a famosa frase de Joseph Pulitzer, que complementa a de Malcolm X:
Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma.”
Leiam os comentários abaixo e vejam se não é verdade.


John Who (http://profile.yahoo.com/DWAZMUQUCI2D4FTXQQGVRQWZIE)

Deve ter "mexido" mulher de algum membro da gangue e levou "azeitonas".

Zemane (http://profile.yahoo.com/T6T4JEH6UU4FBZFNO6O2KMJPQM)
menos um.

Tânia (http://profile.yahoo.com/TMI2BCWKUF46IJWAE6HHFUM7SM)
BANDIDO MATANDO BANDIDO!!!!!!!!

(resposta)
Armando Pinto/Bauru-SP  (http://profile.yahoo.com/XSRTTKSW2VMIVYMNYZ3W6TSNCM)

ISSO MESMO TANIA!

Ricardo (http://profile.yahoo.com/2T4L335VBM27FCFSJMALRSNUYA)
O PT FALIU O BRASIL... CULPAVAM A OPOSIÇÃO POR TUDO, MAS EM 10 ANOS NÃO CONSERTARAM NADA, E AINDA ESTRAGARAM O QUE FUNCIONAVA... LEVAREMOS MAIS 50 ANOS PARA CONSERTAR A LAMBANÇA... PARA PIORAR, APÓIAM AS AÇÕES CRIMINOSAS DESTE BANDO DESTRUIDOR DE LAVOURAS...

Gilberto (http://profile.yahoo.com/FUV6XLIBLMH7M5NWNF4FMANXO4) (em vários comentários)
QUEREM O QUE, INVADEM, DESTROEM, MATAM, ROUBAM ETC.........

QUEREM CARINHO. VÃO TRABALHAR TERRORISTAS !!

partidos metidos a esquerda e que investem em parasitas do mst são projetos de terrorismo puro contra a sociedade. VÃO TRABALHAR SEUS VAGABUNDOS !!

Odair - (http://profile.yahoo.com/5ISJSZBPYH3Q2ETPWSEXSF76UE)
TRABALHAR E LUTAR PARA CONQUISTAR NINGUEM QUER, É MAIS FACIL INVADIR O QUE É DOS OUTROS

Julio (http://profile.yahoo.com/TLFQEEJRBSVCOPCK6PZ567G7H4) (em vários comentários)
Pelo menos agora vai ADUBAR a terra !!!

São estes URUBUS que elegem os PTralhas !!!

Nenhum deles soube o que é pegar no cabo do guatambu e carpir o mato !!!

Falou tudo CAÇA TERRORISTAS, pois o PT/PMDB são aqueles que promovem o TERRORISMO no CAMPO, usando o famigerado MST do Bandido e aliado Stedeli

Aqui se faz, aqui se paga !!! Plantou tanto TERROR que colheu a própria MORTE !!!

MST é sinônimo de TERRORISMO no CAMPO !!! Invadem propriedades privadas e públicas, destroem casas, agridem moradores e agricultores, matam gado, arrasam plantacões e ASSASSINAM pessoas !!! MST só PLANTA o TERRORISMO no CAMPO e agora está colhendo !!!

A estratégia dos Sem-Terra é arrendar o lote que receberam para um TRABALHADOR do CAMPO de VERDADE e viver torrando o dinheiro em botecos de beira de estrada !!!

TERRORISTA não quer saber de pegar no cabo do guatambu, só quer saber de moleza !!!

corruPTos assassinos queimando arquivo !

PT ASSASSINA E ROUBA !!!

Quem PLANTA o TERROR só pode COLHER a MORTE !!!!!

E o GOVERNO federal repassa R$ 123 Milhões de REAIS por ANO para o MST poder invadir propriedades, destruir plantacões e matar rebanhos !!!

O PT montou esta quadrilha do MST, para poderem promover o TERRORISMO no CAMPO !!!

Vendem e vão invadir outras propriedades !!!!

Quem apoia BANDIDO e assassino são sempre estes PTerastas !!!

Este TERRORISTA morto nunca foi agricultor na vida! Quem sabe na morte ajuda a adubar a terra !!!!!

O PT montou esta quadrilha do MST, para poderem promover o TERRORISMO no CAMPO !!!

Vendem e vão invadir outras propriedades !!!!

Um TERRORISTA à menos !!! O POVO do CAMPO ficará mais tranquilo !!!

Parece que tem um monte de PTralhas tristinhos! São as viúvas do TERRORISTA !!!

Moisés (http://profile.yahoo.com/FKU75KGYTNLYUQMBDO27KYV6MU)
Os "Direitos Humanos" são rápidos nesta hora. Para os outros humanos não há direitos.

Rosana (http://profile.yahoo.com/2ZO3HJGENH5SSPUBL3RDO2B4MM) (resposta)
São pessoas que não tendo coragem para ser bandido passam então a apoiá-los.

Marcus  (http://profile.yahoo.com/4PM5EX7WTCXCU4UMDV6WUJMGAY)
Os "sem terra" não passam de terroristas, não querem terra para plantar, pois plantar cansa. São bandidos profissionais sustentados pela quadrilha petralha.

Mota (http://profile.yahoo.com/H2ZKITJZXUCBCXKW4WJBCOOH7A)
É verdade, age muito rapido, se fosse algum trabalado serio/honesto, nem pareciam.

Antonio (http://profile.yahoo.com/HVMVI6AJWVEY4XHILR2USCBENY)
Era um daqueles que só vivia mamando na vaca-pública. Nunca vi esse pessoal trabalhar ou estudar. Só querem comer de graça e invadir o alheio. Que no além tenha que trabalhar

ALDO  (http://profile.yahoo.com/FPVG5PQSUAAS5XYBIJ6GCI4GPQ)
INQUERITO PHORRA NENHUMA.
ENTERRA EM COVA RASA PRA DAR MENOS TRABALHO PRA QUEM REALMENTE TRABALHA.
E SE ACHAREM O EXTERMINADOR DE DESOCUPADO DEEM UMA MEDALHA DE OURO PRA ELE.

ESTA ABERTA A OLIMPÍADA DE CAÇA AOS VAGABUNDOS PROFISSIONAIS

Caça PTralha  (http://profile.yahoo.com/M6YO74DWLLOC365NRIH4B7XLJQ)
INVADIU O QUE NÃO DEVIA.......MENOS UM INVASOR PROFISSIONAL, BANCADO PELA QUADRILHA PETRALHA

Carlos Ayrton Dos (http://profile.yahoo.com/GNMADFYUQMP3DVJR7BWIXXTB34)
ALGUÉM JÁ COMPROU ALGUMA COISA PRODUZIDA POR UM"EX-SEM TERRA" ASSENTADO??????

Armando Pinto/Bauru-SP  (http://profile.yahoo.com/XSRTTKSW2VMIVYMNYZ3W6TSNCM)
EU NÃO,NEM SEI SE PRODUZEM ALGUMA COISA POIS TEM O BOLSA FAMÍLIA NÉ?

É FÁCIL RECONHECER UM AGRICULTOR MENDES:ELE TEM AS MÃOS CALEJADAS! SERÁ QUE ESSE TINHA?

ENTÃO CHUMBO NELE!

Eu  (http://profile.yahoo.com/C4SBOL57T53XELXVTVZAZF7KHQ)
Menos um invasor no Brasil!

EU  (http://profile.yahoo.com/UXVHXAOXP25MTDLA5DXW3OYOYA)
COITADO NEM DEU TEMPO DELE FICAR RICO IGUAL AO FILHO DO MOLUSCO LARÁPIO! MANDA ELE INVADIR AS TERRAS DE ONDE ELE VAI AGORA!

FOI O PODEROSO LULARÁPIO, PORQUE INVADIRAM O TERREIRO DELE EM SP, BANDIDO MATANDO BANDIDO, ESSA É A LEI NO PARTIDO DOS corruPTos!

Pc (http://profile.yahoo.com/BB7OJ3DTDB4KYVKMZE5ZRV565Y)
Eles mesmos se matam. É tudo b4nd1do.

Rosana  (http://profile.yahoo.com/2ZO3HJGENH5SSPUBL3RDO2B4MM)
Colheu o que plantou em terras roubadas.

Jumento  (http://profile.yahoo.com/44JKYNX7RGJSEX4Z2FBJWWVWEQ) (em vários comentários)
Vai trabalhar pro kapeta

Vai fazer reforma pro kapeta

Querterra sem trabalhar, agora conseguiu

Mara  (http://profile.yahoo.com/K2FAHVK7VW77EXTSMI7WEJKBJI)
ESTES ANARQUISTAS , RECEBEM AS TERRAS DO GOVERNO PARA DEPOIS VENDE-LAS, SÃO UM BANDO DE DESOCUPADOS, VAGABUNDOS! TEVE A MORTE QUE MERECE! VÃO TRABALHAR SEUS PREGUIÇOSOS!

BENTO CARNEIRO (em vários comentários)
 (http://profile.yahoo.com/YZX5A7JMZD5DIPYXXCNPJ544LE)
SR. COLUNISTA ENTRE AGRICULTORES E SEM-TERRAS HÁ ENOOORME DIFERENÇA. AGRICULTOR TRABALHA E OS SEM TERRA SUGAM E FAZEM BADERNA. ESSA É DESTINÇÃO OK.

PAREÇE QUE ANARQUIA ESTÁ CHEGANDO AO FIM. SERÁ QUE POSSO ACREDITAR EM UMA MUDANÇA NAS LEIS DESSE PAÍS.

Luis (http://profile.yahoo.com/2ZUQVB7YFBKSQ3ANKNDHYQYF3A)
MORREU??? Ô DÓ!!! PHODA-CE!!!!! UM V.A.G.A.B.U.N.D.O. F.I.L.H.O. D.A. P.U.T.A. A MENOS!!!!!!!!!

LICINIO  (http://profile.yahoo.com/LJNVMIH4ZZGSS2YH6ACLXJMONY)
já foi tarde

ALFBR (http://profile.yahoo.com/FNMGCNJNHWY6DERCXJNWDWAUZE)
vai virar herói, historia de mini serie, mártir. Porque aqui é assim: pilhador, invasor, facista.. é que tem status midiático.

Geraldo (http://profile.yahoo.com/WXDJUCRUGELH4L7PAPLTPMSXHU)
Terra na cara.

Ricardo D (http://profile.yahoo.com/FMFBJQCD6V5DB64VKFGXWWGKQ4)
João, os integrantes do MST nunca pegaram em uma enxada. Eles querem e preferem dinheiro.

Edivaldo  (http://profile.yahoo.com/THIZNXEX3JNRAOSHNSUCO5HZVU)
Só um? que pena...poderiam ser mais uns quinhentos.

Victor  (http://profile.yahoo.com/ZZJ57VCGGVKRRP5NRV5YSCI6AY)
vai reinvidicar reforma agrária ao capeta

Ribamar  (http://profile.yahoo.com/CYNM3BT2O54P2XNGUVB5NQMUVY)
Na minha opinião todos os que fazem parte do MST são um vagabundos.Infelizmente existe alguns políticos que apoiam essa turma a troco de votos.Deveriam ser tratados como TERRORISTAS.

(resposta)
Patriota  (http://profile.yahoo.com/WVQNN5HOVFJT2FGP7UXJWTQYJM)
mas se os governantes são ex-terroristas, claro que bandido tem proteçao nessas paragens

Sidney (http://profile.yahoo.com/4T4WRU72JFUTFNUZV77HSHI2ZI)
Gozado, policiais morrerm a toda hora vitimas de marginais inescrupulosos e assassinos e ninguém faz nada !!!! Nehuma comissao dos direitos humanos vai a té a famila pra saber como estao passando!! Um verme nojento msabgue suga ,safado pilantra desse tal MST MORRE aprece logo uma corja de demagogos safados oportunistas pra saber e investigar o porque .Quem fez esse serviço devia ganhar uma medalha de HONRA AO MÉRITO POR BOA PRETAÇAO DE SERVIÇO A SOCIEDADE!! Já vai tarde VERME NOJENTO ,SANGUE SUGA .VAI INVADIR AGORA A CASA DO #$%$ FDP!!! YAHOO VAO TOMAR NO CÚUU!!!

(resposta)
Patriota  (http://profile.yahoo.com/WVQNN5HOVFJT2FGP7UXJWTQYJM)
Parabéns pela lucidez, Sidney, que anda quase extinta no setor público

Einstein  (http://profile.yahoo.com/WK5DXSWZJHGH3QTRURNQCFO66I)
Terroristas, bandidos, vagabundos e aproveitadores.

Drausio  (http://profile.yahoo.com/XTDXSRATKEMSHKBVYLIGD435BM)
JÁ FOI TARDE, INVASOR DE TERRAS ALHEIAS, VÃO TRABALHAR VAGABUNDOS DO MST.

Esdras  (http://profile.yahoo.com/RNHP27F6MOEU67I4OHOBH53KNE)
Lamentável, tem gente que gosta e apoia pilantras invasores como esse aí que foi pro meio dos infernos....E se a casa dela fosse invadida por esses bandidos ?O que será que ela faria ?

Sandra (http://profile.yahoo.com/YPHJML75J42I332AO5SL4CBMG4)
Que maravilha, já foi tarde.

José (http://profile.yahoo.com/HSIDKCTH5AU6OOTA3GOETZJL6A)
bandido bom este...

SORAIA  (http://profile.yahoo.com/5NFX7NJOQCDC7QY4MYMZHYIODA)
colheu o q plantou,se tivessemos que tomar a força o q não temos eu poderia ter uma casa, um carro etc.

Wesley  (http://profile.yahoo.com/N266MRQT2SHO2FXK7PH7C7XJOY)
Dias após a invasão do MST ao Instituto LULA, o líder do movimento é assassinado..... interessante... É bandido matando bandido

André Felippe  (http://profile.yahoo.com/AXE2L4I6RHREIRKPGJGXRVXXBQ)
Ele queria tanto tomar terra dos outros, que acabou ficando embaixo de 7 palmos de terra...

Ricardo  (http://profile.yahoo.com/N22L6CEIMIFSMY25QJWXKBNKZI)
Só mataram um?!!!

(resposta)
Julio  (http://profile.yahoo.com/TLFQEEJRBSVCOPCK6PZ567G7H4)
Pena !!!

Marcus  (http://profile.yahoo.com/4PM5EX7WTCXCU4UMDV6WUJMGAY)
Onde está escrito "agricultor", leia-se "invasor". Mas é uma boa notícia assim mesmo.

Sueli  (http://profile.yahoo.com/FJXUU7KDDC6N7QAKUFUXJVILVE)
ué ...agora esse invasor já tem seu pedaço de terra

Rodrigo (http://profile.yahoo.com/LQXFI52SVACQWDDGNW5J3UEZEQ)
Bando de ladroes. Se querem terra vao comprar. Nos que pagamos impostos nao somos obrigados a pagar por terra de primeira para esse bando de vagabundos e petistas

Dionete (http://profile.yahoo.com/BTWVAV35KHXWXPLATLTAXCJVDI)
Ja morreu tarde. O pessoal do MST deviam ser abortados.

Isaac (http://profile.yahoo.com/BIMFS4AYPSQFHM4AHPWNPLAF24)
Morreu tarde.

Mara  (http://profile.yahoo.com/K2FAHVK7VW77EXTSMI7WEJKBJI)
ESTES ANARQUISTAS , RECEBEM AS TERRAS DO GOVERNO PARA DEPOIS VENDE-LAS, SÃO UM BANDO DE DESOCUPADOS, VAGABUNDOS! TEVE A MORTE QUE MERECE! VÃO TRABALHAR SEUS PREGUIÇOSOS!

EU  (http://profile.yahoo.com/UXVHXAOXP25MTDLA5DXW3OYOYA)
QUEM PROCURA ACHA! QUEM PLANTA VENTO COLHE TEMPESTADE! ESSES BADERNEIROS QUANDO INVADEM UMA FAZENDA NÃO QUEREM SABER DE QUEM É, CORTAM CERCAS, MATAM O GADO QUE TIVER NO CERCADO, E SE ALGUÉM APARECER PRA IMPEDIR ELES MATAM TAMBÉM; PORTANDO NÃO SÃO COITADINHOS, SÃO BANDIDOS DISFARÇADOS DE SEM TERRAS, QUEM SABE NÃO FOI O MESMO QUE MANDOU MATAR O PREFEITO DO INTERIOR DE SP!

Edgar Neto (http://profile.yahoo.com/EY6HXSAI6NZNXXQ27K42VSWY3A)
.....menos um.....invasor

Bob (http://profile.yahoo.com/GSQUCJI24WSQJ7HGNX77QDMWBM)
EXCELENTE NOTI'CIA,,,VAGABUNDO TEM QUE SER MORTO MESMO

Emerson DM (http://profile.yahoo.com/HEHEJDVTPGTKJLFCHLMGP6DBRI)
Menos um . . .

F. A. B. (http://profile.yahoo.com/MJXKMD5MOVYOBRMYUMGUUWXJNI)
Graças a Deus, menos um terrorista aliado do sapo barbudo

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

O amante das pombas - por Yulia Brodskaya (Trabalho em lâminas de papel compondo quadros - Art Yulia)

Brasil é o país dos 30 Berlusconis, diz ONG Repórteres Sem Fronteiras - por Terra


A ONG Repórteres Sem Fronteiras publicou nesta quinta-feira (24) um relatório sobre o cenário da imprensa brasileira, em que diz que o país é a terra dos “30 Berlusconis”, em referência ao magnata italiano que domina a mídia e boa parte da política no seu país.

“A topografia da mídia do país que vai hospedar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 quase não mudou nas três décadas desde o fim da ditadura militar de 1964-85″, diz o texto.


Segundo a ONG, cerca de dez companhias dominam a mídia nacional, quase todas com base em São Paulo e no Rio de Janeiro.

O relatório denuncia ainda a violência contra jornalistas no Brasil, mencionando que dois repórteres especializados em notícias de polícia tiveram que deixar o país no ano passado por conta de ameaças.

A agência de notícias France Presse distribuiu em todo o Brasil um pequeno resumo do relatório. ”O Brasil apresenta um nível de concentração de mídia que contrasta totalmente com o potencial de seu território e a extrema diversidade de sua sociedade civil”, explica a ONG de defesa da liberdade de imprensa. “O colosso parece ter permanecido impávido no que diz respeito ao pluralismo, um quarto de século depois da volta da democracia”, assinala a RSF, recordando que em 2012 houve 11 jornalistas assassinados no país.

Segundo a ONG, um dos problemas endêmicos do setor da informação no Brasil é a figura do magnata da imprensa, que “está na origem da grande dependência da mídia em relação aos centros de poder”. “Dez principais grupos econômicos, de origem familiar, continuam repartindo o mercado da comunicação de massas”, lamenta a RSF.

Comentário:
Como diz a música do Gabriel, o pensador: "Eu to morrendo de vergonha".

As mulheres do Mali - por Jerome Delay (The Globe and Mail - blog do Nassif)

A inquestionável partidarização da imprensa - por Venício A. Lima (Teoria e Debate)

Se o leitor (a) ainda precisa de alguma comprovação sobre o comportamento partidário dos jornalões brasileiros, sobretudo nos períodos eleitorais, recomendo a leitura do excelente A Ditadura Continuada – Fatos, Factoides e Partidarismo da Imprensa na Eleição de Dilma Rousseff, resultado de uma cuidadosa pesquisa realizada por Jakson Ferreira de Alencar, recentemente publicado pela editora Paulus.

O livro se concentra na cobertura política oferecida pelo jornal Folha de S.Paulo e parte da divulgação da falsa ficha “criminal” dos arquivos do Dops da militante da VAR-Palmares Dilma Rousseff, em 4 de abril de 2009, então pré-candidata à Presidência da República.

Jakson Alencar faz um acompanhamento minucioso de todo o caso, ao longo dos três meses seguintes, registrando a “semirretratação” do jornal, em matéria antológica para o estudo da ética jornalística, na qual se reconhece como erro “tratar como autêntica uma ficha cuja autenticidade, pelas informações hoje disponíveis, não pode ser assegurada – bem como não pode ser descartada” (p. 67).

Chama a atenção no episódio a “condução”, pela repórter da Folha, da entrevista – que mais parece um interrogatório – realizada com Dilma. Há uma indisfarçável tentativa de comprovar a hipótese do jornal de envolvimento da entrevistada não só com o sequestro (não realizado) do então ministro Delfim Netto, mas também com a luta armada. A entrevista de outro militante, Antonio Espinosa, usada como suporte à tese do jornal, jamais foi publicada na íntegra, apesar de os trechos publicados haverem sido reiteradamente desmentidos pelo entrevistado.

Jakson Alencar mostra, com riqueza de detalhes, o comportamento arrogante do jornal, ao tempo em que a própria Dilma tratava de comprovar a falsidade da ficha, além do descumprimento sistemático de seu próprio Manual de Redação. Fica clara a “tese central de toda a reportagem, segundo a qual a resistência à ditadura é criminosa, e não o regime totalitário e violento, implantado de maneira ilegal” (p. 95) e, mais ainda, que essa tese “continuou sendo difundida em muitos veículos da imprensa brasileira durante todo o período da campanha eleitoral de 2010”.

A segunda parte do livro trata do período da campanha eleitoral, de abril a agosto de 2010. Aqui o ponto de partida é o 1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão, promovido pelo Instituto Millenium, em março. Como se sabe, essa ONG é um dos think tanks da direita conservadora brasileira, financiado, entre outros, pelos principais grupos da grande mídia. Segundo Jakson Alencar, teria surgido nesse fórum a “Operação Tempestade no Cerrado”, que orientaria a cobertura política dos jornalões e teria como objetivo impedir a eleição de Dilma Rousseff (p.105).

Concentrado na Folha de S.Paulo, o livro mostra o então esforço cotidiano para ressuscitar escândalos passados e a busca de novos escândalos do governo do PT, além de tropeços e temas negativos relativos a Dilma. Paralelamente, o tratamento leniente e omisso dispensado ao candidato do PSDB.

Na terceira e última parte, o livro aborda a Operação segundo turno e cobre o período que vai de 26 de agosto a 3 de outubro. A partir do momento em que as pesquisas de intenção de voto confirmam a tendência de eleição de Dilma, tem início “uma maciça ação da imprensa contra a candidata às vésperas da eleição e uma chamada ‘bala de prata’, com o intuito de alterar os rumos da campanha” (p. 145).

Destacam-se nesse período “acusações, ilações e insinuações que viraram condenações sumárias” (p. 147), sobretudo o caso do suposto “dossiê” preparado pelo PT sobre dirigentes tucanos, com dados fiscais sigilosos, e o “escândalo” envolvendo a então substituta de Dilma na Casa Civil (registro: o Tribunal Regional Federal da 1ª Região arquivou o processo contra Erenice Guerra por suposto tráfico de influência, depois de acatar recomendação do Ministério Público Federal e por decisão do juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal, em 20 de julho de 2012).

Nas suas conclusões, Jakson Alencar afirma que “a cobertura (da Folha de S. Paulo) (...) misturou frequentemente fatos com opiniões e boatos, somando-se a isso outros elementos, como torcida, manifestação de desejos travestidos de informação, argumentação frágil e com pouca lógica, estratégias óbvias e já desgastadas pelo uso repetitivo em diversas eleições, incapacidade de analisar processos econômico-sociais para construir posicionamentos e críticas com um mínimo de sofisticação; teses e hipóteses furadas; narrativas e entrevistas enviesadas; fontes de baixíssima credibilidade” (p. 252).

Curiosamente (ou não?), na mesma época em que a Paulus publicava o livro de Jakson Alencar, a PubliFolha lançava na Coleção “Folha Explica” o livro sobre a própria Folha, escrito por Ana Estela de Souza Pinto, ela mesma jornalista da casa desde 1988. Neste, o “erro” do episódio da ficha falsa de Dilma no Dops merece registro em função do “fato de a Folha ter voltado sua bateria investigativa para todos os governantes, de diferentes partidos”. Segue-se um parágrafo que reproduz a “retratação” que a Folha ofereceu, já citada, na qual, apesar de todas as evidências em contrário, se afirma que a autenticidade da ficha do Dops “não pode ser assegurada – bem como não pode ser descartada”. Nem uma única observação sobre a cobertura partidária das eleições de 2010.

O resultado de tudo isso, como se sabe, é que Dilma Rousseff – apesar da grande mídia e do seu partidarismo – foi eleita presidenta da República.

A Ditadura Continuada – Fatos, Factoides e Partidarismo da Imprensa na Eleição de Dilma Rousseff, de Jakson Alencar, demonstra e confirma o que já sabemos: os jornalões brasileiros, além de partidarizados, não têm compromisso nem mesmo com seus manuais de redação.

Venício A. de Lima é jornalista e sociólogo, pesquisador visitante no Departamento de Ciência Política da UFMG (2012-2013), professor de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado) e autor de Política de Comunicações: um Balanço dos Governos Lula (2003-2010), Editora Publisher Brasil, 2012, entre outros livros

Curvas glaciais - por Godplayer (Blog do Nassif)

Aplausos, que eles merecem - por Jânio de Freitas (Folha)

Onde estão as 'pessoas de bem' dotadas de poderes para reagir à entrega do Legislativo ao aviltamento?

Segue a série de revelações diárias sobre os desvios de conduta do favorito à presidência do Senado, Renan Calheiros, seguido de perto na série pelo candidato à presidência da Câmara, Henrique Eduardo Alves. Mas não é nas obras incompletas desses dois líderes políticos que se encontra o motivo mais forte de espanto e indignação. É no seu oposto. É nas outrora chamadas "pessoas de bem", hoje sem uma expressão que as designe.

Onde estão as "pessoas de bem" dotadas de poderes para reagir à esperada entrega do Poder Legislativo do país ao aviltamento escancarado? Onde estão a OAB nacional e suas seções regionais, que não movem sua autoridade histórica e seu patrimônio de conhecimento para ativar e liderar a defesa da sociedade civil? Acomodar-se no imobilismo e no silêncio permissivos é associar-se ao que merece reação. Os intelectuais, os artistas, os estudantes, onde pararam?

Antes daqueles todos, e até pelo nome que ostenta, deveria estar o Ministério Público fazendo a representação ativa da população desprovida de conhecimento e de meios para reagir às traições dos seus eleitos. Mas Renan Calheiros e Henrique Alves estão pendurados há anos em processos criminais que o Ministério Público, pela Procuradoria-Geral da República, guarda com zelo, para evitar que se movam até de uma gaveta a outra. Tal como fez em benefício de Carlos Cachoeira e seus companheiros do PSDB e do DEM.

Em um só dia, ontem, soube-se que Renan Calheiros já negociou a comissão de meio ambiente para o senador Blairo Maggi, o imperador da soja sempre citado quando o assunto é desmatamento ou agronegócio; e a importante Comissão de Constituição e Justiça para o senador Vital do Rego, até há pouco presidente da anti-CPI do Cachoeira, aquela que se dissolveu ao esbarrar em indícios de crimes a serem apurados -entre eles, além dos envolvimentos de políticos do PSDB e do PMDB, os de ligação de Carlos Cachoeira, a empreiteira Delta e o empreiteiro Fernando Cavendish.

E outra: é de Renan Calheiros, pedinte oficial das bocas-ricas em nome do PMDB, a carta indicando para alto cargo no governo o negocista Paulo Vieira, da turma orientada pela tal Rose do escritório da Presidência da República em São Paulo.

Logo serão outras as novidades. Também com duração de 24 horas, porque a indiferença não é terreno propício a que produzam consequências.

Não é preciso refletir muito para admitir que os renans de todos os calibres têm razão. Se fazem o que fazem, são o que são, e têm êxito, aí está a evidência de contarem com consentimento amplo, geral e irrestrito. A indiferença e o silêncio que os acompanham são formas de aprovação. Ou de aplauso, mesmo.

sábado, 19 de janeiro de 2013

As Oposições e suas Batalhas - por Marcos Coimbra (CartaCapital)

2013 mal começou e a nova batalha das oposições, partidárias e extraparlamentares, já está em pleno andamento. Se a primeira quinzena de janeiro transcorreu assim, imagine-se o restante do ano.

É fácil perceber o que as move e aonde pretendem chegar.

A espetacularização do julgamento do “mensalão” foi feita com o único objetivo de desconstruir a imagem do PT no plano moral. O que buscavam era marcar o partido e suas principais lideranças com o estigma da corrupção, a fim de erodir suas bases na sociedade.

Só quem acredita em histórias da carochinha levou a sério a versão de que a imprensa oposicionista tinha o desejo sincero de renovar nossos costumes políticos e promovera “limpeza das instituições”. Seus bons propósitos são tão  verdadeiros quanto os de Pedro Malasartes, personagem de nosso folclore famoso pelo cinismo e a falta de escrúpulos.

Por maiores que tenham sido seus esforços, obtiveram, no entanto, sucesso apenas parcial na empreitada, como vimos quando as urnas da eleição municipal foram abertas. Os resultados nacionais e algumas vitórias, como a de Fernando Haddad, em São Paulo, mostraram que os prejuízos sofridos pelo PT em decorrência do julgamento ficaram bem aquém do que calculavam.

Essa frustração as levou ao ponto em que estão hoje. De um lado, a insistir no moralismo e na tentativa de transformar o “mensalão” em assunto permanente da agenda nacional. Querem forçar o País a continuar a debatê-lo indefinidamente, como se tivesse a importância de temas como a democracia, o desenvolvimento econômico, o meio ambiente e a educação.

De outro, a diversificar os ataques, assestando as baterias em direção a novos alvos, procurando atingir a imagem administrativa da presidenta e do governo Dilma. Por extensão, de todo o PT.

Não chega a ser um projeto original. Nas disputas politicas, nenhuma novidade há em acusar os adversários, simultaneamente, de corrupção e incompetência. Em dizer que, além de se apropriar de recursos públicos, não sabem governar, e que não há, portanto, qualquer razão para apoiá-los, sequer o argumento do “rouba, mas faz”. Neste início de ano, o discurso das oposições, em especial da armada midiática, é afirmar que o PT rouba e não faz.

Atravessamos os primeiros quinze dias de 2013 como se vivêssemos uma crise gravíssima e difusa, como se o Brasil estivesse na iminência da paralisia total. Quem acompanhou o noticiário só ouviu falar em problemas, gargalos e decepções.

É o inverso do que ela costuma fazer em janeiro, quando a maioria de seus leitores está de férias e pensa em outras coisas. Ao invés das habituais reportagens amenas sobre a Musa do Verão e os preparativos para o Carnaval, tudo que publicam tem tom catastrófico. Os mais radicais não escondem a satisfação com o fraco desempenho do PIB em 2012 e os problemas de abastecimento elétrico em diversas regiões. Ficaram algo tristes com a modestas tragédias naturais do começo do ano. Por enquanto, o que lhes resta é torcer por calamidades espetaculares.

“Pibinho”, crise de gestão, apagão, desindustrialização, inflação, desemprego, falta de ar refrigerado no Santos Dumont, a disparada no preço do tomate, tudo vai mal no Brasil, segundo a mídia oposicionista. Por culpa de Lula, que “não soube aproveitar a sorte” e “desperdiçou a herança de FHC”, e de Dilma, que é “centralizadora”, “estatista” e “antiquada”. Batem em tudo que veem e, se não veem, inventam. Nos últimos dias, até o Bolsa-Família entrou na linha de mira dos “grandes jornais”. Sem falar na raiva contra Hugo Chávez, a quem parecem detestar somente por ser amigo dos petistas - visto que nunca dedicaram aversão igual aos governantes de direita do continente.

São como os lutadores de boxe que não possuem em seu repertório um soco capaz nocautear o adversário. Lembram os pesos-moscas enfezados do Oriente, que brigam desferindo a esmo diretos, cruzados, jabs e uppercuts - além de, vez por outra, golpes baixos.

Funciona?

Até agora, pode-se dizer que não. Apesar do coro negativista, as pessoas comuns continuam satisfeitas com o País e o governo, e esperançosas em relação ao futuro.

Em recente pesquisa da Vox Populi, 68% dos entrevistados disseram esperar que a situação de suas famílias venha a melhorar nos próximos seis meses, contra 2% que temem que piore. E o mais provável é que os otimistas é que tenham razão.

Esta semana, outro patético esforço de mobilizar os “indignados” conseguiu colocar dez cidadãos na Avenida Paulista. Portavam cartazes pedindo “Basta!”. Ficaram falando sozinhos.

Uma coisa é conseguir a adesão de meia dúzia de ministros do Supremo, a maioria já alinhada com a oposição. Outra é encher as ruas. Isso, ela nunca soube fazer. E não consegue aprender.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Rio Yamuna, Nova Délhi, Índia - por Kevin Frayer (Fotografia - AP/ Yahoo!)

Não houve empenho de Kassab, diz criador do plano de metas - por Vanessa Correa (Folha)

Para o empresário Oded Grajew, coordenador-geral da Rede Nossa São Paulo e um dos idealizadores do plano de metas de São Paulo, o balanço apresentado ontem pelo prefeito Gilberto Kassab (PSD) tem problemas.

Em entrevista à Folha, ele afirmou que algumas metas receberam o carimbo do cumprimento, mas não estão claros os critérios usados.

Ontem, Kassab voltou a "[criticar]": a entidade, sem citá-la nominalmente, ao dizer que os idealizadores do plano agem de que Grajew acompanhava o plano "de uma maneira muito desleal e irresponsável".

"Se ele tivesse cumprido as metas, ficaria radiante, não falaria isso. Mas, como não cumpriu, diz que é uso político", afirmou Grajew.

*
Folha - Você considera que o prefeito Gilberto Kassab (PSD) teve eficácia de 81% no cumprimento de metas?
Oded Grajew - Como não conseguiu cumprir as metas, ele está sofismando. Não levou a sério no começo e não se preocupou a fazer, por exemplo, os hospitais. Não houve empenho. Pensou que as metas seriam esquecidas pela sociedade. O balanço tem vários problemas. Mesmo as metas que diz que foram cumpridas, não foram. E o índice de eficácia que ele está considerando para metas não cumpridas é uma enganação. É uma desculpa. Se ele tivesse 81% de eficácia mesmo, não faria a divulgação um dia depois do Natal. Faria, antes para aproveitar quando todo mundo ainda estava na cidade. Ele e o Serra teriam ostentado isso em toda a campanha, e o Serra teria sido eleito e ele sairia com a popularidade alta. A população sabe que se ele tivesse cumprido 81% das metas, a cidade não estaria desse jeito. Apresentou agora exatamente para que não houvesse ninguém para contestar. O principal problema da cidade, de leitos hospitalares, não estaria tão mal avaliado. É muito sintomático fazer isso um dia depois do Natal. Isso foi calculado.

Quais metas aparecem como cumpridas e não foram?
Na meta "São Paulo preparada para a Copa", ele cumpriu 0%. Se a abertura da Copa fosse hoje, o que ia acontecer? Não ia ter transporte, estádio, aeroporto pronto.

Em relação à meta "compras sustentáveis", que seria de compras com condicionantes ambientais e sociais, a única coisa que o secretário (do Verde e Meio Ambiente) Eduardo Jorge fez foi mandar uma carta para os outros secretários. Mas teria que ter mudado o sistema de compras. A meta de colocar na creche todas as crianças cadastradas não foi cumprida. Ele usou o número de crianças cadastradas no começo da gestão, mas essa não era a meta. Hoje há 170 mil crianças cadastradas na fila. E tem a meta de ciclovias. Ciclovia é exclusiva todos os dias, 24 horas, só para bicicleta. Ciclofaixa é outra coisa, é lazer, não tem a ver com mobilidade. Aí quando a gente pediu na secretaria quantos km eram de ciclofaixa e quantos de ciclovia, não forneceram. Dá pra notar que não é uma coisa feita de boa-fé.

Vocês tiveram dificuldade de obter informações?
O Kassab dificultou bastante o acesso. Tem uma lei sobre a qualidade dos serviços públicos, regulamentada há seis anos, que obriga a dar informações, por exemplo, sobre tempo de espera para consulta nos hospitais, tempo de espera no ponto de ônibus. Nós pedimos então com base na lei, e não deram. Não queríamos judicializar. Essa é uma lei importante a ser cumprida. Agora o Haddad, como qualquer prefeito, tem obrigação de fornecer esses dados.

O prefeito Gilberto Kassab diz que houve uso político do plano de metas. Você concorda?
Quando ele apresentou o Plano de Metas, ele estava todo sorridente com o Movimento Nossa São Paulo. Montamos um processo de acompanhamento, porque era muito importante que essa lei fosse absorvida pela sociedade. Uma coisa é aprová-la. Outra coisa é ela ser conhecido pela população. Divulgamos o cumprimento das metas no site, nos nossos encontros, e o Kassab começou a não gostar. E aí foi formado um conselho de acompanhamento das metas. Sabe como ele fez a eleição? Colocou a convocação no Diário Oficial do município em um sábado. O prazo para apresentar a candidatura era na segunda. Quem está no conselho? Só amigos. Ele deu várias entrevistas dizendo que "essas pessoas" (nós) agem de má fé, porque usam as metas politicamente. Se ele tivesse cumprido as metas, ficaria radiante, não falaria isso. Mas como não cumpriu, diz que é uso político. O melhor indicador de que ele falhou nas metas é ele ter escondido na campanha. Ele divulgou o balanço escondido, envergonhado.

Promessas de campanha precisam estar no Plano de Metas?
O Haddad prometeu 150 km de corredores de ônibus, três hospitais, tudo isso vai ter que estar no plano de metas. Tudo que foi colocado no programa eleitoral vai te vai ter que constar.

O fato de o Kassab ter cumprido cerca de metade das metas apenas não pode fazer com que os próximos prefeitos passem a se comprometer com metas pouco ambiciosas?

Se o Haddad for pouco ousado vai ser ruim. Quando ele fizer um balanço ao final da gestão, mesmo que cumpra tudo, vão dizer: mas também ele não foi ousado. Não adianta fazer metas medíocres, porque vai ser muito criticado. Mas na campanha já colocou coisas que não são muitos fáceis, como os 150 km de corredores de ônibus. O Kassab não fez nenhum.

Como foi criado o projeto de lei do plano de metas?
Quando começou a ideia da Rede Nossa São Paulo, fomos ver como a sociedade age em muitos lugares do mundo. Uma coisa que fizemos foi viajar para Bogotá, no começo de 2007. Lá tem uma legislação nacional que obriga, já no processo eleitoral, os candidatos a apresentar um programa com metas. É o voto programático. O candidato é o portador de um programa. Se ele sair do programa, ele está sujeito a impeachment porque enganou o eleitor. Quando voltamos ao Brasil, percebemos que seria difícil fazer uma legislação eleitoral. Então reunimos um grupo de advogados e juristas e fizemos o projeto de lei e fomos apresentar na Câmara Municipal. Falei com todas as lideranças. Fizemos um lançamento na Câmara, chamamos empresários, foi uma pressão razoável. Tentamos mostrar para o Kassab que ele podia capitalizar politicamente.

O prefeito tem autonomia para definir suas metas?
Ele tem que apresentar metas para todas as áreas e regiões e incluir o que apresentou na campanha, até 31 março. Aí são feitas audiências em cada uma das 31 subprefeituras. Mas ele não mudou nada, as audiências foram proforma. Nenhuma sugestão da população foi incorporada.

Qual é a importância das metas?
Essa história das metas é uma grande mudança na cultura política. Entrou muito nessa campanha eleitoral e vai entrar nas outras. A sociedade passa a acompanhar. Há várias organizações da sociedade civil que montaram suas metas e entregaram para os candidatos. Você passa a avaliar de forma mais objetiva. A campanha fica mais concreta, porque o candidato sabe que as promessas vão para o plano de metas. E nós, da Rede Nossa São Paulo, vamos aperfeiçoar o acompanhamento.

Comentário

Julgo bastante salutar que as candidaturas estabeleçam metas e, depois, estas metas sejam acompanhadas. Você só pode ser aferido se algo é bem feito se você puder medir, diz o slogan de qualidade bem batido.

É evidente que, estando no Brasil, fatalmente os candidatos vão se adaptar a estas metas e conspurcá-las. Por exemplo, estabelecendo 200 metas – 180 irrelevantes e fáceis de serem executadas, e 20 relevantes e difíceis de serem cumpridas. Estas 20, claro, são as que vão para o horário eleitoral. Chega o mandato, as 180, irrelevantes e fáceis de serem cumpridas são evidentemente executadas durante sua gestão, as 20 ou não são executadas, ou só são executadas parcialmente. Quando chegar o período eleitoral, ele pode falar, sem mentir, que 90% de suas metas foram atingidas, não é mesmo?

Outra coisa a se considerar é o fato de grupos específicos que compõem a sociedade estabelecerem suas próprias metas e pedirem que os candidatos se comprometam com elas durante a campanha. Este é um evento recorrente em plataformas eleitorais de outros países (como nos EUA) e, se a priori parece ser uma evolução das campanhas, no meu ponto de vista é um retrocesso, posto que de antemão já se abre espaço para todo tipo de lobby. É bom ter muito, muito cuidado com isto.

Imagina um grupo religioso judeu vincule o seu voto a um compromisso escrito do candidato a presidente a se abster de condenar as atrocidades cometidas por Israel? Ou um grupo cristão exigir do candidato que não tenha em seu mandato nenhum tipo de ação destinada a cobrar impostos das igrejas (o negócio mais rentável dos dias atuais)? Ou empresários pedindo isenção de impostos (ou aumento de impostos de importação) para setor específico? E assim vai...

Para se evitar equívocos, creio que alguns pontos deveriam ser respeitados. As entidades deveriam estabelecer pré-condições, por exemplo, metas para o transporte público. Os programas dos candidatos são comparados e, dali é extraído o que de fato é relevante e, sempre vinculado a metas específicas, com números. Então, não cabe, por exemplo, “aumentar o número de ciclovias”: deve-se estabelecer número exato de quilômetros a se aumentar de ciclovias. E não adianta prometer: vou pintar 100 quilômetros de vias públicas, pois é fácil demais de ser atingido e não passa de uma obrigação.

Creio que as entidades poderiam até estimular os candidatos a estabelecerem metas com relação aos assuntos, “macro-metas” por assim dizer (segurança pública, saúde, educação, trânsito, etc.), mas não exigir concessões específicas (lobby de cada entidade).

Porém, tal feito é difícil, muito difícil. Na última campanha eleitoral, por exemplo, o candidato que diz que se “preparou a vida toda para ser presidente” sequer tinha um plano de governo (!). Aliás, até tinha: como é obrigatório sua apresentação para a justiça eleitoral, o PSDB compilou a fala de dois discursos do José Serra e disse que aquilo era seu programa de governo. Mas, como vi em uma entrevista, anódina entrevista (como sempre ocorrem com candidatos conservadores), quando perguntado sobre seu programa de governo, Serra respondeu que ele era baseado em dois “consistentes” discursos que ele havia feito. Claro, não houve questionamento maior ante um absurdo destes – de fato, Serra quer o poder, quer ser presidente, o que vai fazer quando lá chegar, ninguém sabe – para sorte do Brasil, ele não vai chegar lá.

Agora, o candidato oficial da oposição, que todo mundo sabe (inclusive ele) que será candidato a presidente em 2014, Aécio Never, esta por aí, tem todo tempo do mundo (já que seu desempenho como senador é pífio, sendo recriminado até por seus asseclas), mas esta muito mais preocupado com as noitadas do Rio de Janeiro do que em se preparar para governar o Brasil. Não tem ideias, não tem cultura, não tem um plano de governo, não tem nada: esta muito mais preocupado em curtir a vida do que em se preparar para governar o Brasil.

¿É ou não é uma lástima?

Sobre crianças e fotos - por blog do Nassif

Nunca houve tanto ódio na mídia conservadora do Brasil - por Jaime Amparo Alves (Pragmatismo Político)

Os textos de Demétrio Magnoli, Ricardo Noblat, Merval Pereira, Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes, Eliane Catanhede, entre outros, são fontes preciosas para as futuras gerações de jornalistas e estudiosos da comunicação entenderem o que Perseu Abramo chamou apropriadamente de “padrões de manipulação” na mídia brasileira.

Os brasileiros no exterior que acompanham o noticiário brasileiro pela internet têm a impressão de que o país nunca esteve tão mal. Explodem os casos de corrupção, a crise ronda a economia, a inflação está de volta, e o país vive imerso no caos moral. Isso é o que querem nos fazer crer as redações jornalísticas do eixo Rio – São Paulo. Com seus gatekeepers escolhidos a dedo, Folha de S. Paulo, Estadão, Veja e O Globo investem pesadamente no caos com duas intenções: inviabilizar o governo da presidenta Dilma Rousseff e destruir a imagem pública do ex-presidente Lula da Silva. Até aí nada novo.

Tanto Lula quanto Dilma sabem que a mídia não lhes dará trégua, embora não tenham – nem terão – a coragem de uma Cristina Kirchner de levar a cabo uma nova legislação que democratize os meios de comunicação e redistribua as verbas para o setor. Pelo contrário, a Polícia Federal segue perseguindo as rádios comunitárias e os conglomerados de mídia Globo/Veja celebram os recordes de cotas de publicidade governamentais. O PT sofre da síndrome de Estocolmo (aquela na qual o sequestrado se apaixona pelo sequestrador) e o exemplo mais emblemático disso é a posição de Marta Suplicy como colunista de um jornal cuja marca tem sido o linchamento e a inviabilização política das duas administrações petistas em São Paulo.

O que chama a atenção na nova onda conservadora é o time de intelectuais e artistas com uma retórica que amedronta. Que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso use a gramática sociológica para confundir os menos atentos já era de se esperar, como é o caso das análises de Demétrio Magnoli, especialista sênior da imprensa em todas as áreas do conhecimento. Nunca alguém assumiu com tanta maestria e com tanta desenvoltura papel tão medíocre quanto Magnoli: especialista em políticas públicas, cotas raciais, sindicalismo, movimentos sociais, comunicação, direitos humanos, política internacional… Demétrio Magnoli é o porta-voz maior do que a direita brasileira tem de pior, ainda que seus artigos não resistam a uma análise crítica.

Agora, a nova cruzada moral recebe, além dos já conhecidos defensores dos “valores civilizatórios”, nomes como Ferreira Gullar e João Ubaldo Ribeiro. A raiva com que escrevem poderia ser canalizada para causas bem mais nobres se ambos não se deixassem cativar pelo canto da sereia. Eles assumiram a construção midiática do escândalo, e do que chamam de degenerescência moral, com o fato. E, porque estão convencidos de que o país está em perigo, de que o ex-presidente Lula é a encarnação do mal, e de que o PT deve ser extinguido para que o país sobreviva, reproduzem a retórica dos conglomerados de mídia com uma ingenuidade inconcebível para quem tanto nos inspirou com sua imaginação literária.

Ferreira Gullar e João Ubaldo Ribeiro fazem parte agora daquela intelligentsia nacional que dá legitimidade científica a uma insidiosa prática jornalística que tem na Veja sua maior expressão. Para além das divergências ideológicas com o projeto político do PT – as quais eu também tenho -, o discurso político que emana dos colunistas dos jornalões paulistanos/cariocas impressiona pela brutalidade. Os mais sofisticados sugerem que a exemplo de Getúlio Vargas, o ex-presidente Lula cometa suicídio; os menos cínicos celebraram o “câncer” como a única forma de imobilizá-lo. Os leitores de tais jornais, claro, celebram seus argumentos com comentários irreproduzíveis aqui.

Quais os limites da retórica de ódio contra o ex-presidente metalúrgico? Seria o ódio contra o seu papel político, a sua condição nordestina, o lugar que ocupa no imaginário das elites? Como figuras públicas tão preparadas para a leitura social do mundo se juntam ao coro de um discurso tão cruel e tão covarde já fartamente reproduzido pelos colunistas de sempre? Se a morte biológica do inimigo político já é celebrada abertamente – e a morte simbólica ritualizada cotidianamente nos discursos desumanizadores – estaríamos inaugurando uma nova etapa no jornalismo lombrosiano?

Para além da nossa condenação aos crimes cometidos por dirigentes dos partidos políticos na era Lula, os textos de Demétrio Magnoli , Marco Antonio Villa, Ricardo Noblat , Merval Pereira, Dora Kramer, Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes, Eliane Catanhede, além dos que agora se somam a eles, são fontes preciosas para as futuras gerações de jornalistas e estudiosos da comunicação entenderem o que Perseu Abramo chamou apropriadamente de “padrões de manipulação” na mídia brasileira. Seus textos serão utilizados nas disciplinas de ontologia jornalística não apenas com o exemplos concretos da falência ética do jornalismo tal qual entendíamos até aqui, mas também como sintoma dos novos desafios para uma profissão cada vez mais dominada por uma economia da moralidade que confere legitimidade a práticas corporativas inquisitoriais vendidas como de interesse público.

O chamado “mensalão” tem recebido a projeção de uma bomba de Hiroshima não porque os barões da mídia e os seus gatekeepers estejam ultrajados em sua sensibilidade humana. Bobagem! Tamanha diligência não se viu em relação à série de assaltos à nação empreendidos no governo do presidente sociólogo! A verdade é que o “mensalão” surge como a oportunidade histórica para que se faça o que a oposição – que nas palavras de um dos colunistas da Veja “se recusa a fazer o seu papel” – não conseguiu até aqui: destruir a biografia do presidente metalúrgico, inviabilizar o governo da presidenta Dilma Rousseff e reconduzir o projeto da elite “sudestina” ao Palácio do Planalto.

Minha esperança ingênua e utópica é que o Partido dos Trabalhadores aprenda a lição e leve adiante as propostas de refundação do país abandonadas com o acordo tácito para uma trégua da mídia. Não haverá trégua, ainda que a nova ministra da Cultura se sinta tentada a corroborar com o lobby da Folha de S. Paulo pela lei dos direitos autorais, ou que o governo Dilma continue derramando milhões de reais nos cofres das organizações Globo e Abril via publicidade oficial. Não é o PT, o Congresso Nacional ou o governo federal que estão nas mãos da mídia.

Somos todos reféns da meia dúzia de jornais que definem o que é notícia, as práticas de corrupção que merecem ser condenadas, e, incrivelmente, quais e como devem ser julgadas pela mais alta corte de Justiça do país. Na última sessão do julgamento da ação penal 470, por exemplo, um furioso ministro-relator exigia a distribuição antecipada do voto do ministro-revisor para agilizar o trabalho da imprensa (!). O STF se transformou na nova arena midiática onde o enredo jornalístico do espetáculo da punição exemplar vai sendo sancionado.

Depois de cinco anos morando fora do país, estou menos convencido por que diabos tenho um diploma de jornalismo em minhas mãos. Por outro lado, estou mais convencido de que estou melhor informado sobre o Brasil assistindo à imprensa internacional. Foi pelas agências de notícias internacionais que informei aos meus amigos no Brasil de que a política externa do ex-presidente metalúrgico se transformou em tema padrão na cobertura jornalística por aqui. Informei-lhes que o protagonismo político do Brasil na mediação de um acordo nuclear entre Irã e Turquia recebeu atenção muito mais generosa da mídia estadunidense, ainda que boicotado na mídia nacional. Informei-lhes que acompanhei daqui o presidente analfabeto receber o título de doutor honoris causa em instituições européias, e avisei-lhes que por causa da política soberana do governo do presidente metalúrgico, ser brasileiro no exterior passou a ter outra conotação. O Brasil finalmente recebeu um status de respeitabilidade e o presidente nordestino projetou para o mundo nossa estratégia de uma America Latina soberana.

Meus amigos no Brasil são privados do direito à informação e continuarão a ser porque nem o governo federal nem o Congresso Nacional estão dispostos a pagar o preço por uma “reforma” em área tão estratégica e tão fundamental para o exercício da cidadania. Com 70% de aprovação popular, e com os movimentos sociais nas ruas, Lula da Silva não teve coragem de enfrentar o monstro e agora paga caro por sua covardia.Terá a Dilma coragem com aprovação semelhante, ou nossa meia dúzia de Murdochs seguirão intocáveis sob o manto da liberdade de e(i)mprensa?

Jaime Amparo Alves é jornalista, doutor em Antropologia Social, Universidade do Texas em Austin – amparoalves@gmail.com

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Passion fire - por Jayan (PSD Dude)

O imperialismo cultural no finado século XX - por James Petras (Resistir.info)

INTRODUÇÃO 

O imperialismo cultural americano tem dois grandes objetivos, um econômico e o outro político: capturar mercados para as suas mercadorias culturais e estabelecer hegemonia pela modelação da consciência popular. A exportação do entretenimento é uma das mais importantes fontes de acumulação de capital e de lucros globais, deslocando as exportações manufatureiras. Na esfera política, o imperialismo cultural desempenha uma grande papel na dissociação das pessoas das suas raízes culturais e tradições de solidariedade, substituindo-as com necessidades criadas pelos media, as quais mudam a cada campanha publicitária. O efeito político é alienar pessoas dos vínculos tradicionais de classe e de comunidade, atomizando e separando os indivíduos um do outro. O imperialismo cultural enfatiza a segmentação da classe trabalhadora: os trabalhadores estáveis são estimulados a dissociarem-se dos trabalhadores temporários, o quais por sua vez separam-se dos desempregados, os quais são mais uma vez segmentados entre eles próprios dentro da “economia subterrânea”. O imperialismo cultural estimula o povo trabalhador a pensar de si próprio como parte de uma hierarquia, enfatizando diminutas diferenças de estilo de vida, de raça e de gênero com as que estão abaixo deles, ao invés de estimular as enormes desigualdades que as separam daqueles que estão acima delas.

O alvo principal do imperialismo cultural é a exploração política e econômica da juventude. O entretenimento imperial e a publicidade alvejam pessoas jovens, que são mais vulneráveis à propaganda comercial americana. A mensagem é simples e direta: “modernidade” é associada com o consumir de produtos dos media americanos. A juventude representa um grande mercado para a exportação cultural americana e são eles os mais susceptíveis à propaganda consumista-individualista. Os mass media manipulam a rebeldia adolescente pela apropriação da linguagem da esquerda e a canalização do descontentamento para extravagâncias culturais.

O imperialismo cultural enfoca a juventude não só como um mercado mas também por razões políticas: para cortar pela base uma ameaça política em que a rebelião pessoal poderia tornar-se revolta política contra formas de controle econômico e cultural.

Ao longo da última década os movimentos progressistas confrontaram um paradoxo: enquanto a grande maioria do povo no Terceiro Mundo experimenta padrões de vida em deterioração, crescente insegurança social e pessoal e decadência dos serviços públicos (enquanto as minorias abastadas prosperaram como nunca antes) a resposta subjetiva a estas condições tem sido revoltas esporádicas, sustentadas, exceto atividades locais e protestos em grande de curta duração. Numa palavra, há um fosso profundo entre as crescentes desigualdades e as condições socioeconômicas por um lado e a fraqueza das respostas revolucionárias ou radicais subjetivas. A maturação das “condições objetivas” no Terceiro Mundo não tem sido acompanhada pelo crescimento das forças subjetivas capazes de transformar o Estado ou a sociedade. É claro que não há relacionamento automático entre regressão socioeconômica e transformação sócio-política. A intervenção cultural (no mais vasto sentido da expressão, incluindo ideologia, consciência, ação social) é a ligação crucial que converte condições objetivos em intervenção política consciente. Paradoxalmente, os elaboradores políticos imperiais parecem ter entendido a importância das dimensões culturais da prática política muito melhor do que os seus adversários.

DOMINAÇÃO CULTURAL E EXPLORAÇÃO GLOBAL 

O imperialismo não pode ser entendido meramente como um sistema econômico-militar de controle e exploração. A dominação cultural é uma dimensão integrante de qualquer sistema sustentável de exploração global.

Em relação ao Terceiro Mundo, o imperialismo cultural pode ser definido como a penetração sistemática e a dominação da vida cultural das classes populares pela classe dirigente do Ocidente a fim de reordenar os valores, o comportamento, as instituições e a identidade dos povos oprimidos para que se conformem aos interesses das classes imperiais. O imperialismo cultural tem assumido tanto formas “tradicionais” como modernas. Nos séculos passados, a Igreja, o sistema educacional e as autoridades públicas desempenharam um grande papel ao inculcar os povos nativos com ideias de submissão e lealdade em nome de princípios divinos ou absolutistas. Se bem que estes mecanismos “tradicionais” de imperialismo cultura ainda operem, novas instrumentalidades modernas enraizadas em instituições contemporâneas tornaram-se cada vez mais centrais para a dominação imperial. Os mass media, a propaganda, a publicidade, os humoristas e os intelectuais desempenham um grande papel hoje. No mundo contemporâneo, Hollywood, CNN e Disneylândia são mais influentes do que o Vaticano, a Bíblia ou a retórica de relações públicas das figuras políticas. A penetração cultura está estreitamente ligada à dominação político-militar e à exploração econômica. As intervenções militares americanas em apoio dos regimes genocidas na América Central, que protege os seus interesses econômicos, são acompanhadas por intensa penetração cultural. Evangélicos americanos financiados invadem aldeias indianas para inculcarem mensagens de submissão entre as vítimas do campesinato indiano. Conferências internacionais são patrocinadas por intelectuais domesticados a fim de discutir “democracia e mercado”. Programas escapistas de televisão semeiam ilusões de “um outro mundo”. A penetração cultural é a extensão da guerra de contra-insurgência por meios não-militares.

NOVOS DISPOSITIVOS DE COLONIALISMO CULTURAL 

O colonialismo cultural contemporâneo (CCC) é diferente das práticas do passado em vários sentidos:
1) Está orientado para a captura de audiências de massa, não apenas para converter elites.

2) Os mass media, particularmente a televisão, invadem os lares funcionam a partir de “dentro” e de “baixo” bem como de “fora” e de “cima”.

3) O CCC é de âmbito global e homogeneizador no seu impacto: a pretensão de universalismo serve para mistificar os símbolos, os objetivos e os interesses da potência imperial.

4) Os mass media como instrumentos do imperialismo cultural hoje são “privados” apenas num sentido formal: a ausência de ligações formais com o Estado proporciona uma cobertura legítima para os media privados projetarem os interesses do Estado imperial como”“notícias” ou “entretenimento”“

5) Sob o imperialismo contemporâneo, os interesses políticos são projetados através de assuntos não-imperiais: foco de reportagens com notícias de biografias pessoais de camponeses-soldados mercenários na América Central e sorridentes trabalhadores negros americanos na Guerra do Golfo.

6) Devido ao fosso crescente entre a promessa de paz e prosperidade sob o capital desregulamentado e a realidade do aumento da miséria e da violência, os mass media estreitaram ainda mais as possibilidade de perspectivas alternativas nos seus programas. O controle cultura total é a contrapartida da separação total entre a brutalidade do capitalismo realmente existente e as promessas ilusórias do mercado livre.
7) Para paralisar respostas coletivas, o colonialismo cultural procura destruir identidades nacionais ou esvaziá-las de conteúdo socioeconômico substantivo. Para romper a solidariedade de comunidades, o imperialismo cultural promove o culto da “modernidade” como conformidade com símbolos externos. Em nome da “individualidade”, laços sociais são atacados e personalidades são remoldadas em conformidade com os ditados das mensagens dos media. Enquanto as armas imperiais desarticulam a sociedade civil, e os bancos pilham a economia, os media imperiais suprem os indivíduos com identidades escapistas.

O imperialismo cultura fornece devastadoras caricaturas demonológicas dos seus adversários revolucionários, ao mesmo tempo que estimulam a amnésia coletiva da violência maciça dos países pró-ocidentais. Os mass media ocidentais nunca relembram a sua audiência do assassínio pelos regimes anti-comunistas pró-EUA de 100 mil índios na Guatemala, de 75 mil trabalhadores em El Salvador, das 50 mil vítimas na Nicarágua. Os mass media encobrem os grandes desastres resultantes da introdução do mercado na Europa do Leste na ex-URSS, que deixaram centenas de milhões de pessoas empobrecidas.

 MASS MEDIA: PROPAGANDA E ACUMULAÇÃO DE CAPITAL

Os mass media são uma das principais fontes de riqueza e poder para o capital americanos à medida que estende as suas redes de comunicações através do mundo. Uma porcentagem crescente dos norte-americanos mais ricos extraem a sua riqueza dos mass media. Dentre os 400 americanos mais ricos a porcentagem que deriva a sua riqueza dos mass media aumentou de 9,5 por cento em 1982 para 18 por cento em 1989. Hoje, quase um em cada cinco entre os norte-americanos mais ricos obtêm a sua riqueza dos mass media. O capitalismo cultural deslocou o manufatureiro como fonte de riqueza e influência nos EUA.

Os mass media tornaram-se uma parte integral do sistema de controle político e social global americano, bem como uma grande fonte de super-lucros. À medida que os níveis de exploração, desigualdade e pobreza aumentam no Terceiro Mundo, as comunicações de massa controladas pelo ocidente operam no sentido de converter um público crítico numa massa passiva. As celebridades dos medias e do entretenimento em massa ocidentais tornaram-se ingredientes importantes no desvio da potencial inquietação política. A presidência Reagan destacou a centralidade da manipulação dos media através de altamente visíveis mas politicamente reacionários apresentadores (entertainers) , um fenômeno que se espalhou pela América Latina e na Ásia.

Há uma relação direta entre o aumento do número de receptores de televisão na América Latina, o declínio do rendimento e a diminuição da luta de massa. Entre 1980 e 1990 o número de televisores na América Latina por habitante aumentou 40 por cento, enquanto o rendimento médio real diminuiu 40 por cento, e um conjunto de candidatos políticos neoliberais dependentes decisivamente de imagens de televisão ganhou a presidência.

O aumento da penetração dos mass media entre os pobres, os crescentes investimentos e lucros das corporações americanas com a venda de mercadorias culturais e a saturação de audiências de massa com mensagens que fornecem aos pobres experiências de segunda mão de consumo individual e aventura define o atual desafio do colonialismo cultural.

As mensagens dos media americanos são alienantes para o povo do Terceiro Mundo num duplo sentido. Elas criam ilusões acerca de obrigações “internacionais” e “trans-classistas”. Através de imagens de televisão são estabelecidas falsas intimidades e ligações imaginárias entre as pessoas bem sucedidas dos media e os espectadores empobrecidos nos “barrios”. Esta ligação proporciona um canal através do qual o discurso de soluções individuais para problemas privados é propagado. A mensagem é clara. As vítimas são culpadas pela sua própria pobreza, o êxito depende de esforços individuais. As grandes TV por satélite, as saídas dos mass media americanos e europeus na América Latina, evitam qualquer crítica às origens político-econômicas e às consequências do novo imperialismo cultural que temporariamente desorientaram e imobilizaram milhões de empobrecidos latino-americanos.

O IMPERIALISMO E A POLÍTICA DA LINGUAGEM

O imperialismo cultural desenvolveu uma estratégia dual para conter a esquerda e estabelecer hegemonia. Por um lado, procura corromper a linguagem política da esquerda; por outro, atua no sentido de dessensibilizar o público geral para as atrocidades cometidas pelas potências ocidentais. Durante os anos 80 os mass media ocidentais apropriaram-se sistematicamente de ideias básicas da esquerda, esvaziando-as do seu conteúdo original e reenchendo-o com uma mensagem reacionária. Exemplo: os mass media descreviam os políticos que tentavam restaurar o capitalismo e estimular desigualdades como “reformadores” ou “revolucionários”, ao passo que os seus oponentes eram etiquetados como “conservadores”. O imperialismo cultural procura promover a confusão ideológica e a desorientação política revertendo o significado da linguagem política. Muitos indivíduos progressistas ficaram desorientados por esta manipulação ideológica. Em consequência, ficaram vulneráveis às afirmações daqueles ideólogos imperiais que argumentam que os termos “direita” e “esquerda” são destituídos de qualquer significado, que as distinções perderam significância, que as ideologias nada mais representam. Pela corrupção da linguagem da esquerda e distorção do conteúdo da esquerda e direita, os imperialistas culturais têm esperança de minar os apelos políticos e práticas políticas dos movimentos anti-imperialistas.

A segunda estratégia do imperialismo cultural foi dessensibilizar o público; tornar o assassínio em massa pelos Estados ocidentais coisa rotineira, atividades aceitáveis. Os bombardeamentos em massa no Iraque foram apresentados na forma de vídeo games. Ao trivializar crimes contra a humanidade, o público é dessensibilizado da sua crenças tradicional de que provocar o sofrimento humano é errado. Ao enfatizar a modernidade das novas técnicas de travar a guerra, os mass media glorificam a elite do poder existente — as tecno-guerras do ocidente. O imperialismo cultural hoje inclui relatos de “notícias” em que as armas de destruição em massa são apresentadas com atributos humanos ao passo que as vítimas no Terceiro Mundo são “agressores-terroristas” sem rosto.

A manipulação cultural global é sustentada pela corrupção da linguagem política. Na Europa do Leste, especuladores e mafiosos que se apossaram de terra, empresas e riqueza são descritos como “reformadores”. Contrabandistas são descritos como “empresários inovadores”. No ocidente, a concentração de poder absoluto para contratar e despedir nas mãos da administração e a acrescida vulnerabilidade e insegurança do trabalho é chamada “flexibilidade laboral”. No Terceiro Mundo, a venda de empresas públicas nacionais a monopólios multinacionais gigantes é descrita como “ruptura de monopólios”. “Reconversão” é o eufemismo para o retorno às condição do século XIX de trabalho despojado de todos os benefícios sociais. “Reestruturação” é o retorno à especialização em matérias-primas ou a transferência de rendimento da produção para a especulação. “Desregulação” é a mudança no poder para regular a economia do Estado Previdência nacional para a banca internacional, a elite do poder multinacional. “Ajustamento estrutural” na América Latina significa transferir recursos para investidores e rebaixar pagamento ao trabalho. Os conceitos de esquerda (reforma, reforma agrária, mudanças estruturais) eram originalmente orientados para a distribuição do rendimento. Estes conceitos foram cooptados e tornados símbolos para a reconcentração da riqueza, do rendimento e do poder nas mãos das elites ocidentais. E naturalmente todas as instituições culturais privadas do imperialismo amplificam e propagam esta desinformação orwelliana. O imperialismo cultural contemporâneo degradou a linguagem da libertação, convertendo-as em símbolos da reação.

TERRORISMO CULTURAL: A TIRANIA DO LIBERALISMO

Assim como o terrorismo de Estado ocidental tenta destruir movimentos sociais, governos revolucionários e desarticular a sociedade civil, o terrorismo econômico, tal como praticado pelo FMI e consórcios de bancos privados, destrói indústrias locais, desgasta a propriedade pública e ataca brutalmente famílias assalariadas. O terrorismo cultural é responsável pela deslocação física de locais de atividades culturais e artistas. O terrorismo cultural, aproveitando-se das fraquezas psicológicas e profundas ansiedades das pessoas vulneráveis do Terceiro Mundo, particularmente do seu senso de ser “atrasado”, “tradicional” e oprimido, projeta novas imagens de “mobilidade” e “livre expressão”, destruindo antigos vínculos com a família e a comunidade, enquanto ata novas cadeias de autoridade arbitrária ligadas ao poder corporativo e a mercados comerciais. Os ataques à moderação e obrigações tradicionais é um mecanismo pelo qual o mercado capitalista e o Estado tornam-se o centro final de poder exclusivo. O imperialismo cultural em nome da “auto expressão” tiraniza as pessoas do Terceiro Mundo temerosas de serem etiquetadas como “tradicionais”, seduzindo-as e manipulando-as através de falsas imagens de “modernidade” sem classe. O imperialismo cultura questiona todas as relações preexistentes que são obstáculos a uma e única moderna deidade sagrada: o mercado. Os povos do Terceiro Mundo são entretidos, coagidos, excitados para serem “modernos”, para se submeterem às exigências do mercado capitalista, para abandonarem o vestuário confortável tradicional por mal ajustados e inadequados blue jeans apertados.

O imperialismo cultura funciona melhor através de intermediários colonizados, colaboradores culturais. O protótipo dos colaboradores culturais são os profissionais em ascensão sociais do Terceiro Mundo que imitam o estilo dos seus patrões. Estes colaboradores são servis para com o ocidente e arrogantes para com o seu povo, personalidades autoritárias prototípicas. Apoiados pelos bancos e multinacionais, eles exercem imenso poder através do Estado e dos mass media locais. Imitadores do ocidente, eles são rígidos na sua conformidade com as regras da competição desigual, abrindo o seu país e os seus povos à exploração selvagem em nome do livre comércio. Entre os colaboradores culturais proeminentes destacam-se os intelectuais institucionais que negam a dominação de classe e a guerra de classe imperial por trás do jargão da ciência social objetiva. Eles fetichizam o mercado como o árbitro absoluto do bem e do mal. Por trás da retórica da “cooperação regional”, os intelectuais conformistas atacam a classe trabalhadora e as instituições nacionais que constrangem os movimentos do capital – seus apoiantes são isolados e marginalizados. Hoje, por todo o Terceiro Mundo, o ocidente financia intelectuais locais que abraçaram a ideologia da concertação (colaboração de classe). A noção de interdependência substituiu a de imperialismo. E o mercado mundial desregulado é apresentado como a única alternativa para o desenvolvimento. A ironia é que hoje mais do que nunca o “mercado” tem sido menos favorável ao Terceiro Mundo. Nunca os EUA, a Europa e o Japão foram tão agressivos na exploração do Terceiro Mundo. A alienação cultural dos intelectuais institucionais em relação às realidades globais é um subproduto da ascendência do imperialismo cultura ocidental. Para aqueles intelectuais críticos que recusam juntar-se à celebração do mercado, que estão do lado de fora dos circuitos oficiais de conferências, o desafio é mais uma vez retornar à luta de classe e anti-imperialista.

A NORTE-AMERICANIZAÇÃO E O MITO DE UMA CULTURA INTERNACIONAL

Uma das grandes decepções do nosso tempo é a noção de “internacionalização” de ideias, mercados e movimentos. Tornou-se moda evocar termos como “globalização” ou “internacionalização” para justificar ataques a qualquer ou todas as formas de solidariedade, comunidade, e/ou valores sociais. Sob o disfarce de “internacionalismo”, a Europa e os EUA tornaram-se exportadores dominantes de formas culturais que na maior parte conduzem à despolitização e trivialização da existência de todos os dias. As imagens de mobilidade individual, a pessoa “self-made”, a ênfase sobre a “existência egoísta” (produzida em massa e distribuída pela indústria americana dos mass media) tornaram-se agora instrumentos importantes na dominação do Terceiro Mundo.

O neoliberalismo continua a prosperar não porque ele resolva problemas, mas porque ele serve aos interesses dos ricos e poderosos e vibra entre alguns setores dos empobrecidos empregados por conta própria que pululam nas ruas do Terceiro Mundo. A norte-americanização das culturas do Terceiro Mundo tem lugar com a benção e o apoio das classes dominantes nacionais porque ela contribui para estabilizar o seu domínio. As novas normas culturais –  o privado sobre o público, o individual sobre o social, o sensacional e violento sobre as lutas quotidianas e as realidades sociais – tudo contribui para inculcar precisamente os valores egocêntricos que minam a ação coletiva. A cultura de imagens, de experiências transitórias, de conquista sexual, trabalha contra a reflexão, compromisso e sentimentos partilhados de afeição e solidariedade. A norte-americanização da cultura significa focar a atenção popular sobre celebridades, personalidades e mexericos privados – não sobre a profundidade social, substância econômica e a condição humana. O imperialismo cultural distrai da relação de poder e desgasta as formas coletivas de ação social.

A cultura dos media que glorifica os reflexos “provisórios” do capitalismo americano sem raízes – seu poder para contratar e despedir, para movimentar o capital sem respeito para com comunidades. O mito da “libertação da mobilidade” reflete a incapacidade do povo para estabelecer e consolidar raízes comunitárias em face das cambiantes exigências do capital. A cultura norte-americana glorifica o transitório, as relações impessoais como “liberdade” quando de fato estas condições refletem a anomia e a subordinação burocrática de uma massa de indivíduos ao poder do capital corporativo. A norte-americanização envolve um assalto maciço às tradições de solidariedade em nome da modernidade, ataques às lealdades de classe em nome do individualismo, a degradação da democracia através campanhas maciças dos media que enfocam personalidades.

A nova tiraria cultura tem raiz no onipresente e repetitivo discurso do mercado, da cultura homogeneizada do consumo, de um sistema eleitoral degradado. A nova tiraria dos media mantém-se de pé lado a lado com o Estado hierárquico e as instituições econômicas que vão desde os gabinetes dos bancos internacionais às aldeias nos Andes. O segredo do êxito da penetração cultural norte-americana no Terceiro Mundo é sua capacidade para modelar fantasias a fim de escapar à miséria gerado pelo próprio sistema de dominação econômica e militar. Os ingredientes essenciais do novo imperialismo cultural são a fusão do comercialismo-sexualidade-conservadorismo, cada um deles apresentado como expressões idealizadas de necessidades privadas, de auto-realização individual. Para algumas pessoas do Terceiro Mundo imersas em tarefas quotidianas sem perspectivas, lutas pela sobrevivência diária, no meio da sujeira e da degradação, as fantasias dos media norte-americanos, tal como o evangelista, retratam “alguma coisa melhor”, uma esperança numa melhor vida futura – ou pelo menos o prazer indireto de observar outros a desfrutá-la.

IMPACTO DO IMPERIALISMO CULTURAL


Se quisermos entender a ausência de transformação revolucionária, apesar da maturação de condições revolucionárias, devemos reconsiderar o profundo impacto psicológico do Estado de violência, terror político e a profunda penetração dos valores cultural/ideológicos propagados pelos países imperiais e internalizados pelos povos oprimidos. O Estado de violência dos anos 70 e princípios de 80 criaram danos psíquicos a longo prazo e em larga escala – medo de iniciativas radicais, desconfiança de coletividades, um sentimento de impotência perante autoridades estabelecidas – mesmo quando as mesmas autoridades são odiadas. O terror virou o povo “para dentro de si próprio”, em direção a domínios privados.

Posteriormente, políticas neoliberais, uma forma de “terrorismo econômico”, resultaram no encerramento de fábricas, na abolição da proteção legal do trabalho, no crescimento do trabalho temporário, na multiplicação de empresas individuais mal pagas. Estas políticas mais uma vez fragmentaram a classe trabalhadora e as comunidades urbanas. Neste contexto de fragmentação, desconfiança e privatização, a mensagem cultural do imperialismo encontrou campos férteis para explorar as sensibilidades de pessoas vulneráveis, encorajando e aprofundando a alienação pessoal, objetivos auto-centrados e a competição individual sobre recursos cada vez mais escassos.

O imperialismo cultural e os valores que ele promove tem desempenhado um papel importante para impedir indivíduos explorados de responderem coletivamente às suas condições em deterioração. Os símbolos, imagens e ideologias que se difundiram no Terceiro Mundo são obstáculos maiores para a conversão da exploração de classe e crescente miserabilismo em consciência de classe, base para a ação coletiva. A grande vitória do imperialismo é não apenas os lucros materiais, mas sua conquista do espaço íntimo da consciência dos oprimidos, diretamente através dos mass media e indiretamente através da captura (ou rendição) dos seus intelectuais e políticos. Se bem que um renascimento da política revolucionária de massa seja possível, ela deve começar com a guerra não só às condições de exploração como também à cultura que sujeita suas vítimas.

LIMITES DO IMPERIALISMO CULTURAL

Contrariando as pressões do colonialismo cultural está o princípio da realidade: a experiência pessoal de miséria e exploração imposta pelos bancos multinacionais ocidentais, a repressão policial/militar reforçada pelo fornecimento de armas americanas. As realidades diárias, às quais os media escapistas jamais poderão mudar. Dentro da consciência dos povos do Terceiro Mundo há uma luta constante entre o demônio da escapatória individual (cultivada pelos massa media) e o conhecimento intuitivo de que a ação e responsabilidade coletivas são a única resposta prática. Em tempos de mobilizações sociais crescentes, a virtude da solidariedade ganha prioridade; em tempos de derrota e declínio, aos demônios da rapacidade individual é dado livre trânsito.

Há limites absolutos na capacidade do imperialismo cultural para distrair e mistificar pessoas para além do qual inicia-se a rejeição popular. A “mesa da fartura” na TV contrasta com a experiência da cozinha vazia, as escapadelas amorosas de personalidades dos media chocam-se contra uma casa cheia de crianças a engatinharem, chorosas e famélicas. Nas confrontações de rua, a Coca Cola torna-se um coquetel Molotov. A promessa de riqueza torna-se uma afronta àqueles a quem é perpetuamente negada. O empobrecimento prolongado e a decadência generalizada corroem o encanto e o apelo das fantasias dos mass media.

As falsas promessas do imperialismo cultural tornam-se objeto de anedotas amargas, relegadas para outro tempo e outro lugar.

Os apelos do imperialismo cultural são limitados pelos laços duradouros das coletividades – locais e regionais – as quais têm os seus próprios valores e práticas. Onde os laços de classe, de raça, de gênero e de etnia persistem e as práticas de ação coletiva são fortes, a influência dos mass media é limitada ou rejeitada.

Na medida em que as culturas e tradições preexistentes se mantenham, elas formam um “círculo fechado” que integra práticas sociais e culturais voltadas para dentro de si mesmas, não para fora. Em muitas comunidades há uma rejeição clara do discurso “modernista” de desenvolvimento individualista associado com a supremacia do mercado. As raízes históricas para a solidariedade sustentada e para os movimentos anti-imperiais são encontradas em comunidades étnicas e ocupacionais coesas; cidades mineiras, aldeias de pescadores e florestais, concentrações industriais em centros urbanos. Onde trabalho, comunidade e classe convergem com tradições culturais e práticas coletivas, o imperialismo cultural recua.

A efetividade do imperialismo cultural não depende simplesmente das suas qualificações técnicas de manipulação, mas sim da capacidade do Estado de brutalizar a atomizar a massa do povo, privá-la das suas esperanças e da fé coletiva em sociedades igualitárias.

A libertação cultural não significa simplesmente “dar poder” a indivíduos ou classes, mas depende sim do desenvolvimento de uma força sócio-política capaz de confrontar o estado de terror que antecede a conquista cultural. A autonomia cultural depende da força social e a força social é percebida pelas classes dominantes como uma ameaça ao poder econômico e do Estado. Assim como a luta cultural está enraizada em valores de autonomia, comunidade e solidariedade que são necessários para criar a condição de consciência por transformações sociais, é necessária a força política e militar para apoiar as bases culturais das identidades de classe e de nação.

O mais importante: a esquerda deve recriar uma fé e uma visão de uma nova sociedade construída em torno de valores tanto espirituais como materiais: valores de beleza e não apenas de trabalho. A solidariedade ligada à generosidade e à dignidade. Onde os modos de produção estejam subordinados a esforços para fortalecer e aprofundar antigos vínculos pessoais e de amizade.

O socialismo deve reconhecer as aspirações de estar sozinho, de estar na intimidade, assim como de ser social e coletivo. Acima de tudo, a nova visão deve inspirar o povo porque isto vibra com o seu desejo não apenas de ser livre da dominação como de ser livre para criar uma vida pessoal significativa informada por relações afetivas não-instrumentais que tanto transcendam o trabalho quotidiano como inspirem as pessoas a continuarem a lutar. O imperialismo cultural tem êxito quanto à novidade, às relações transitórias e à manipulação pessoal, mas nunca sobre uma visão de laços autênticos, íntimos, baseados sobre a honestidade pessoal, a igualdade de gênero e a solidariedade social.

As imagens pessoais mascaram os assassínios em massa do Estado, assim como a retórica tecnocrática racionaliza as armas de destruição em massa (“bombas inteligentes”). O imperialismo cultural na era da “democracia” deve falsificar a realidade no país imperial a fim de justificar a agressão – através da conversão das vítimas em agressores e dos agressores em vítimas.