domingo, 21 de abril de 2013

Por que mais uma vez os Estados Unidos são alvo de um atentado? - por Paulo Nogueira (Diário do Centro do Mundo)

Essa é uma pergunta que os americanos terão um dia que enfrentar.

Por que eles?
Só não vi, em todo o copioso material que traguei, uma pergunta.

E é a mãe de todas as perguntas. É a questão essencial.

Por que nós?

Por que, mais uma vez, os Estados Unidos são atingidos por um atentado?

Se e quando esta pergunta um dia for enfrentada, os americanos terão chances de viver com um pouco mais de tranquilidade.

São eles – os americanos – porque a política externa de Washington é absurdamente destrutiva, egoísta e desonesta.

Dadas as ações americanas, seria espantoso que eles não fossem fruto de um ódio universal.

No passado, as coisas ficavam razoavelmente camufladas por trás da embalagem de “campeões do mundo livre”.

Mas hoje, com a internet, as informações se democratizaram, e correm o mundo. Uma bomba americana numa aldeia do Paquistão que mata crianças se torna conhecida rapidamente em todas as partes, num simples tuíte ou o que valha.

Isso – aliado à desclassificação de documentos secretos — mostra quem são, de fato, os Estados Unidos.

O economista americano Thomas Naylor, professor emérito aposentado da Universidade Duke, escreveu um pequeno grande livro que conta muito sobre o caso americano, Manifesto de Vermont.

No livro, Naylor defende a independência de Vermont, o estado em que mora. Um dos argumentos é que, se o estado estiver dissociado do império americano, não será alvo de retaliações de terroristas.

Os vermontianos, consequentemente, poderão viver mais tranquilos. Não precisarão pensar algumas vezes antes de fazer um programa banal como ver uma maratona.

Economista brilhante, autor de 30 livros, Naylor sabe que o custo de manter a segurança interna quando você cria inimigos em escala industrial uma hora fica maior que a capacidade financeira dos Estados Unidos.

Por isso a causa da vida dele é desligar a pacata Vermont dos Estados Unidos. (Cuja desagregação ele compara, com propriedade, à da União Soviética: superpotências que, num determinado momento, foram dominadas por uma desmedido militarismo.)

Imaginava-se que Obama, depois de Bush, trouxesse ao mundo alguma coisa de novo.

Não trouxe.

Obama não foi capaz sequer de criar as condições mínimas para que os americanos se perguntassem: por que nós?

Comentário
De fato, fazer esta pergunta chega a ser cômico. 
Só para citar um exemplo, na mesma semana do atentado em Boston, John Kerry (candidato derrotado a presidência dos EUA em 2006, frise-se), secretário de estado dos EUA (o segundo cargo em importância na administração estadunidense) se referiu a América Latina como "quintal" dos EUA. É com este tipo de postura, prepotente, belicista, insidiosa, que os EUA arrumam tantos inimigos. Eles colhem o que plantam.
E no meio do caminho, sofrendo as consequências nefastas do imperialismo, muitos inocentes têm suas vidas ceifadas, tanto lá quanto no resto do mundo - no último caso, em escala ainda maior.

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