quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Anarquismo e Violência: as tarefas e limites da tática “Black Bloc” - por União Popular Anarquista

Os militantes identificados como Black Bloc tem sido alvo de perseguições. A polícia, o Governo Dilma e Cabral tentam colocá-los na prisão como criminosos. Por outro lado, partidos como o PT, PSOL e o PSTU e as direções sindicais pelegas fazem o mesmo. Tentam fazer a crítica de que os Black Bloc “atrapalham” as ações de massa. Eles criam uma falsa polêmica.

O que é o Black Bloc? Quais seus limites e qual seu potencial transformador? É preciso em primeiro lugar observar a história. O Black Bloc é uma forma de luta que surgiu na Europa dos anos 1970 e 1980. Essa tática visava defender as “ocupações” (prédios abandonados que trabalhadores tinham transformados em centros comunitários). A polícia usava de extrema violência. Então os ativistas passaram a usar capacetes de moto e improvisar escudos para tentar impedir os despejos. Ou seja, o Blac Bloc era um meio. O fim era a defesa de uma organização social contra à violência policial e estatal. Mas foi nos movimentos contra à globalização nos anos 1990 que o Black Bloc se tornou conhecido no mundo. Agora, depois da crise de 2008, a tática Black Bloc tem sido difundida em vários países da periferia da Europa (Grécia, Espanha, Itália), África (Egito) e no Brasil.

Mas na realidade, essa não é a primeira forma de autodefesa dos trabalhadores e povos oprimidos. Na realidade, no Brasil e no mundo já existiram várias formas e táticas de autodefesa e violência de massas. As principais formas eram a do sindicalismo revolucionário, que considerava a sabotagem, a resistência à polícia e a insurreição como o centro do seu repertório. Estes resistiam tanto nas manifestações de rua, quanto com formas clandestinas de organização. Muitos realizaram ações de guerrilha e ficaram conhecidos como expropriadores, porque expropriavam bancos para financiar a luta revolucionária.
Foto: Guerra Civil Espanhola, 1936.
Mas essas táticas não são exclusivas do levante popular de junho. Em várias situações, camponeses e trabalhadores rurais incendeiam canaviais e sedes de fazenda. Os operários destruíram o alojamento da empresa como protesto contra as péssimas condições de trabalho e destruíram a burocracia sindical. Logo, táticas de autodefesa e violência de massas não são nem novas, nem exclusivas do Black Bloc.

Então como podemos entender a crítica aos Black Bloc? Existe uma crítica burguesa. Essa acha que todos que lutam são criminosos. Mas existe também a crítica da esquerda oportunista que diz que os Black Blocks, por usarem da violência, afastam as massas da luta. Seu argumento se torna mentiroso por dois motivos: o surgimento da tática Black Bloc no Brasil acompanha a massificação do movimento. Massificação que os burocratas partidários e sindicais nunca tinham conseguido.

Por que a esquerda oportunista ataca o Black Bloc e toda a forma de violência de massa? Porque ela precisa mostrar que respeita os limites da ordem burguesa, que jamais irão criar formas de organização que ameacem de forma real esse poder. Ou seja, a esquerda oportunista e os ricos e poderosos temem o povo, que o povo tente tomar o poder. Essa é a raiz do problema.

Nesse sentido, a tática Black Bloc é apenas uma dentro da história da luta dos trabalhadores. 1º: o Black Block é uma tática, sem essa tática, sem incorporar e defender essa tática não existe movimento revolucionário. A tática do Black Bloc e sua dimensão defensiva e ofensiva, devem ser integrados por uma estratégia revolucionária. A massa de trabalhadores marginalizados está nos ensinando e criando condições para mudanças sociais efetivas no Brasil. Sem o uso dessa tática, da violência de massas, não existe revolução nem ninguém pode se proclamar revolucionário.

Quais os limites da tática Black Bloc? Apesar do uso em países como Alemanha, EUA, Europa, em todo o Movimento Antiglobalização, não se conseguiu criar um movimento de derrubada do capitalismo. Somente a violência de massas, sem uma organização e um programa não é suficiente. Corre-se o risco de transformar o “meio em fim”. Ou ainda, como aconteceu com certos setores do Black Bloc nos EUA, considerar as ações de violência de massas como uma encenação, para satisfazer o desejo individual de expressão.

Mas também as organizações sindicais que não colocam o problema da violência de massas não conseguem ser um fator revolucionário sério. Grandes levantes populares como o do Equador em 1998, Argentina em 2001, Bolívia em 2005-2006 não assumiram essa estratégia e tática, foram integradas no capitalismo e não conseguiram realizar mudanças sociais.

Por isso é preciso e devemos evitar dois erros: o pacifismo contrarrevolucionário, que condena a violência de massas; e o mito da violência como um fim em si. Por isso a tarefa é de uma organização de massas de tipo sindicalista revolucionário, que eduque, politize. Ao mesmo tempo em que apoia as formas de autodefesa e luta nas ruas. E também que lute contra a burocracia sindical e dos partidos políticos. A tática Black Bloc precisa se integrar na Estratégia do Sindicalismo Revolucionário. Fora dele ela tende ao isolamento e enfraquecimento. Dentro dele ela se potencializa e potencializa a organização classista e combativa.

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