sexta-feira, 30 de maio de 2014

Pintura fotográfica - por Yu Jiantao (cuadernoderetazos.wordpress)

A diplomacia da sabujice contra-ataca - por Roberto Amaral (Carta Capital)

Acordo firmado entre o governo FHC e os EUA para a cessão de parte do território de Alcântara só se assina de cócoras

Base de lançamento brasileira no estado do Maranhão
     Às vezes pequenos gestos, ou gestos aparentemente pequenos, são a medida de grandes políticas, em cujo rol incluo a política externa independente estabelecida a partir do primeiro dia do governo Lula. Ela remonta às formulações de Afonso Arinos e San Tiago Dantas, continuadas por Hermes Lima, Evandro Lins e Silva e Araújo Castro. Dela, uma de suas fundamentais iniciativas foi o defenestramento de Washington (é só um exemplo de outras remoções necessárias aos interesses nacionais) do embaixador brasileiro que lá se encontrou a serviço da subserviência. Serviço que prestava, ressalte-se, gratuitamente, por pura sabujice e satisfação interna, assim como age todo colonizado em frente ao seu senhor colonizador, máxime quando todo poderoso. Franz Fanon – leitura reatualizada como neocolonialismo– trabalhou muito bem  essa categoria de dominado que assume por prazer a ideologia (donde o discurso) do dominante, reproduzindo-o como passiva correia de transmissão. Aliás, esses pobres diabos não reconhecem seu próprio  papel ideológico, e, como se não soubessem o que é  ideologia, classificam como ideológico tudo aquilo que não segue o catecismo no qual aprenderam os mandamentos do servilismo. Para eles, por exemplo,  toda ação de defesa dos interesses do país – o nacionalismo, vá lá  é carregada por uma pulsão ideológica, e a única formulação ideológica que conhecem é a do esquerdismo. O entreguismo, não. Esse é puro sentimento ou ciência.

     Antigos embaixadores de carreira, particularmente os que andaram por Washington, Londres, Paris e Berlim,  que serviram com denodo à lastimável política externa de FHC, aproveitam-se  da aposentadoria merecida para, na imprensa que lhes abre espaços generosos, combater os interesses nacionais, a pretexto de fazerem oposição à atual política externa brasileira por eles estigmatizada como ideológica, e ideologia cai no dicionário dos adjetivos pejorativos. Como se a própria crítica não fosse uma ideologia a serviço de um interesse.

     Em espaço latifundiário num grande jornal paulista, o candidato a ministro das Relações Exteriores em eventual governo do ex-governador mineiro (o que é em si uma ameaça),  reclama da recusa do Congresso Nacional em ratificar o Acordo firmado entre o governo FHC e os EUA para a cessão de parte da soberania brasileira sobre o território de Alcântara, no Maranhão, para a instalação de uma base de lançamentos de foguetes. Acusa o governo Lula de haver agido por ‘razões ideológicas’. Ora, o ex-embaixador, convenientemente, esquece-se de dizer que a ratificação do Acordo fôra rejeitada por 23 dos 25 integrantes da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, em rara demonstração de convergência suprapartidária naquela Casa, fundamentada em primoroso voto do então deputado Waldir Pires.

     O ex-embaixador, que, aliás, e por coerência, preside a Câmara de Comércio Brasil-EUA, não se dá ao trabalho de explicar que sorte de acordo era este firmado por FHC. Para suprir sua omissão, informemos algumas de suas características, negadas aos seus leitores. Vejamos.

     O acordo leonino previa a possibilidade de veto político (sem necessidade de justificativa) dos EUA a lançamentos, brasileiros ou não, a partir do Centro de Lançamento de Alcântara, empreendimento brasileiro em território brasileiro, hoje uma base da Força Aérea Brasileira (art.III, A); proibia nosso país de cooperar (entenda-se como tal aceitar ingresso de equipamentos, tecnologias, mão-de-obra ou recursos financeiros) com países não membros do Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis – Missile Techonology Control Regime-MTCR (art. III, B); proibia o Brasil de incorporar ao seu patrimônio ‘quaisquer equipamento ou tecnologia que tenham sido importados para apoiar Atividades de Lançamento’ (art. III, C); proibia o Brasil de utilizar recursos decorrentes dos lançamentos no desenvolvimento de seus próprios lançadores (artigo III, E); obrigava o Brasil a assinar novos acordos de salvaguardas com outros países, de modo a obstaculizar a cooperação tecnológica (art.III, F); proibia os participantes norte-americanos de prestarem qualquer assistência aos representantes brasileiros no concernente ao projeto, desenvolvimento, produção, operação, manutenção, modificação, aprimoramento, modernização ou reparo de Veículos de Lançamento, Espaçonaves e/ou Equipamentos Afins (art. V, 1); concedia a pessoas indicadas pelo governo dos EUA  a exclusividade do controle, vinte e quatro horas por dia, do acesso a Veículos de Lançamento, Espaçonaves, Equipamentos Afins, dados Técnicos e ainda o acesso às áreas restritas referidas no artigo IV, parágrafo 3, bem como do transporte de equipamentos/componentes, construção/instalação, conexão/desconexão, teste e verificação, preparação para lançamento, lançamento de Veículos de Lançamento/Espaçonaves, e do retorno dos equipamentos e dos dados Técnicos (art.VI, 2);  negava aos brasileiros e fazia concessão exclusiva aos servidores dos EUA do  livre acesso, a qualquer tempo, ao Centro de Lançamento para inspecionar Veículos etc. (art.VI, 3); exigia do governo brasileiro a garantia de que todos os representantes brasileiros portariam, de forma visível, crachás de identificação enquanto estiverem cumprindo atribuições relacionadas com Atividades de Lançamento; referidos crachás, porém,  seriam emitidos unicamente pelo governo dos EUA, ou por Licenciados Norte-Americanos (art. VI, 5).

     Este é um típico acordo de lesa-pátria que só se assina de cócoras e só pode sentir-se bem em firmá-lo um governo cujo chanceler se dispôs a tirar os sapatos para ingressar no sagrado solo dos EUA.

     Tenho a honra de, como Ministro da Ciência e Tecnologia,  na digna companhia dos ministros Celso Amorim (Itamaraty) e José Viegas (Defesa), haver solicitado ao governo da República a retirada desse acordo do Congresso. O objetivo era cuidar da soberania nacional, nosso dever funcional que não alcança determinados embaixadores, e assegurar, no futuro, a possibilidade de o Brasil possuir um Programa Espacial Autônomo. Projeto ao qual, claramente, sem tergiversações, sempre se opuseram e se opõem os EUA. Assim, já no distante 1997 -- trata-se apenas de um exemplo, um em cem--, portanto nos primórdios do Projeto Cyclone-IV, decorrente do acordo Brasil-Ucrânia (que o embaixador malsina simplesmente porque ele inviabilizou ou atrasou o acordo com os EUA), a FIAT-Avio, que dele participava, desligou-se ao ser notificada de que os EUA não viam com bons olhos o programa espacial brasileiro. (‘Para que os brasileiros querem ter um programa espacial próprio se podem comprar nossos serviços de lançamento?’). Quando da homologação pelo Congresso brasileiro do Acordo com o Brasil, a Ucrânia foi informada de que os EUA, consultados, não ofereciam óbices à cooperação, ‘mas continuavam entendendo que o Brasil não deveria ter programa espacial próprio’. (Guardo cópia desse documento.) E enquanto não tem, depende dos lançadores e dos satélites dos EUA e da China. O Brasil despende, por lançamento realizado em sítio de terceiros, algo entre 25 e 50 milhões de dólares.

     Nosso atual programa compreende satélites lançados lá fora: dos EUA – um satélite pequeno, mas cujo lançamento nos custou 100 milhões de reais; a classe dos CBERS – satélites construídos por Brasil e China, mas lançados da China, com seu veículo Longa Marcha; e outros, fabricados para nós no Canadá, ainda nos EUA e na França, e lançados todos da base de Kourou, na Guiana Francesa.

     O acordo rejeitado era e é só e tão só um instrumento a mais, que se associava às pressões diplomáticas desde cedo levadas a cabo, pois, como todo mundo sabe, sabem até as esculturas de Bruno Giorgio que embelezam os jardins do Itamaraty, os EUA possuem vários centros de lançamentos e não carecem do nosso. Seu objetivo era e é simplesmente inviabilizar nosso projeto de desenvolvimento autônomo, ou fazer com que o Centro de Lançamentos de Alcântara, uma vez construído,  não fosse nosso, mas deles, ou que, na última das hipóteses, estivesse sob seu absoluto controle.

     Este é o cerne da questão. As distorções ideológicas ficam por conta do embaixador amuado pela perda do posto.

Retratos- por David Moratilla (Arte digital - site homônimo)

Ao contrário de alguns, não sinto nenhuma vergonha de meu país - por Marcelo Zero (IstoÉ)

     Ao contrário de alguns, não sinto nenhuma vergonha do meu país.

     Não sinto vergonha dos 36 milhões de brasileiros que conseguiram sair daquilo que Gandhi chamava de a "pior forma de violência", a miséria.

     Agora, eles podem sonhar mais e fazer mais. Tornaram-se cidadãos mais livres e críticos. Isso é muito bom para eles e muito melhor para o Brasil, que fica mais justo e fortalecido. E isso é também muito bom para mim, embora eu não me beneficie diretamente desses programas. Me agrada viver em um país que hoje é um pouco mais justo do que era no passado.

     Também não sinto vergonha dos 42 milhões de brasileiros que, nos últimos 10 anos, ascenderam à classe média, ou à nova classe trabalhadora, como queiram.

     Eles dinamizaram o mercado de consumo de massa brasileiro e fortaleceram bastante a nossa economia. Graças a eles, o Brasil enfrenta, em condições bem melhores que no passado, a pior crise mundial desde 1929. Graças a eles, o Brasil está mais próspero, mais sólido e menos desigual. Ao contrário de alguns, não me ressinto dessa extraordinária ascensão social. Sinto-me feliz em tê-los ao meu lado nos aeroportos e em outros lugares antes reservados a uma pequena minoria. Sei que, com eles, o Brasil pode voar mais alto.

     Não tenho vergonha nenhuma das obras da Copa, mesmo que algumas tenham atrasado. Em sua maioria, são obras que apenas foram aceleradas pela Copa. São, na realidade, obras de mobilidade urbana e de aperfeiçoamento geral da infraestrutura que melhorarão a vida de milhões de brasileiros. Estive no aeroporto de Brasília e fiquei muito bem impressionado com os novos terminais e com a nova facilidade de acesso ao local. Mesmo os novos estádios, que não consumiram um centavo sequer do orçamento, impressionam. Lembro-me de velhos estádios imundos, inseguros, desconfortáveis e caindo aos pedaços. Me agrada saber que, agora, os torcedores vão ter a sua disposição estádios decentes. Acho que eles merecem. Me agrada ainda mais saber que tido isso vem sendo construído com um gasto efetivo que representa somente uma pequena fração do que é investido em Saúde e Educação. Gostaria, é claro, que todas as obras do Brasil fossem muito bem planejadas e executadas. Que não houvesse aditivos, atrasos, superfaturamentos e goteiras. Prefiro, no entanto, ver o Brasil em obras que voltar ao passado do país que não tinha obras estruturantes, e tampouco perspectivas de melhorar.

     Tranquiliza-me saber que o Brasil tem um sistema de saúde público, ainda que falho e com grandes limitações. Já usei hospitais públicos e, mesmo com todas as deficiências do atendimento, sai de lá curado e sem ter gasto um centavo. Centenas de milhares de brasileiros fazem a mesma coisa todos os anos. Cerca de 50 milhões de norte-americanos, habitantes da maior economia do planeta e que não têm plano de saúde, não podem fazer a mesma coisa, pois lá não há saúde pública. Obama, a muito custo, está encontrando uma solução para essa vergonha. Gostaria, é óbvio, que o SUS fosse igual ao sistema de saúde pública da França ou de Cuba. Porém, sinto muito orgulho do Mais Médicos, um programa que vem levando atendimento básico à saúde a milhões de brasileiros que vivem em regiões pobres e muito isoladas. Sinto alívio em saber que, na hora da dor e da doença, agora eles vão ter a quem recorrer. Sinto orgulho, mas muito orgulho mesmo, desses médicos que colocam a solidariedade acima da mercantilização da medicina.

     Estou também muito orgulhoso de programas como o Prouni, o Reuni, o Fies, o Enem e os das cotas, que estão abrindo as portas das universidades para os mais pobres, os afrodescendentes e os egressos da escola pública.

     Tenho uma sobrinha extremamente talentosa que mora no EUA e que conseguiu a façanha de ser aceita, com facilidade, nas três melhores universidades daquele país. Mas ela vai ter de estudar numa universidade de segunda linha, pois a família, muito afetada pela recessão, não tem condição de pagar os custos escorchantes de uma universidade de ponta. Acho isso uma vergonha.

     Não quero isso para o meu país. Alfabetizei-me e fiz minha graduação e meu mestrado em instituições públicas brasileiras. Quero que todos os brasileiros possam ter as oportunidades que eu tive. Por isso, aplaudo a duplicação das vagas nas universidades federais, a triplicação do número de institutos e escolas técnicas, o Pronatec, o maior programa de ensino profissionalizante do país, o programa de creches e pré-escolas e o Ciência Sem Fronteiras. Gostaria, é claro, que a nossa educação pública já fosse igual à da Finlândia, mas reconheço que esses programas estão, aos poucos, construindo um sistema de educação universal e de qualidade.

     Tenho imenso orgulho da Petrobras, a maior e mais bem-sucedida empresa brasileira, que agora é vergonhosamente atacada por motivos eleitoreiros e pelos interesses daqueles que querem botar a mão no pré-sal. Nos últimos 10 anos, a Petrobras, que fora muito fragilizada e ameaçada de privatização, se fortaleceu bastante, passando de um valor de cerca de R$ 30 bilhões para R$ 184 bilhões. Não bastasse, descobriu o pré-sal, nosso passaporte para o futuro.

     Isso seria motivo de orgulho para qualquer empresa e para qualquer país. Orgulha ainda mais, porém, o fato de que agora, ao contrário do que acontecia no passado, a Petrobras dinamiza a indústria naval e toda a cadeia de petróleo, demandando bens e serviços no Brasil e gerando emprego e renda aqui; não em Cingapura. Vergonha era a Petrobrax. Pasadena pode ter sido um erro de cálculo, mas a Petrobrax era um crime premeditado.

     Vejo, com satisfação, que hoje a Polícia Federal, o Ministério Público, a CGU e outros órgãos de controle estão bastante fortalecidos e atuam com muita desenvoltura contra a corrupção e outros desmandos administrativos. Sei que hoje posso, com base na Lei da Transparência, demandar qualquer informação a todo órgão público. Isso me faz sentir mais cidadão. Estamos já muito longe da vergonha dos tempos do "engavetador-geral". Um tempo constrangedor e opaco em que se engavetavam milhares processos e não se investigava nada de significativo.

     Também já se foram os idos vergonhosos em que tínhamos que mendigar dinheiro ao FMI, o qual nos impunha um receituário indigesto que aumentava o desemprego e diminuía salários. Hoje, somos credores do FMI e um país muito respeitado e cortejado em nível mundial. E nenhum representante nosso se submete mais à humilhação de ficar tirando sapatos em aeroportos. Sinto orgulho desse país mais forte e soberano.

     Um país que, mesmo em meio à pior recessão mundial desde 1929, consegue alcançar as suas menores taxas de desemprego, aumentar o salário mínimo em 72% e prosseguir firme na redução de suas desigualdades e na eliminação da pobreza extrema.

     Sinto alegria com esse Brasil que não mais sacrifica seus trabalhadores para combater as crises econômicas.

     Acho que não dá para deixar de se orgulhar desse novo país mais justo igualitário e forte que está surgindo. Não é ainda o país dos meus sonhos, nem o país dos sonhos de ninguém. Mas já é um país que já nos permite sonhar com dias bem melhores para todos os brasileiros. Um país que está no rumo correto do desenvolvimento com distribuição de renda e eliminação da pobreza. Um país que não quer mais a volta dos pesadelos do passado.

     Esse novo país mal começou. Sei bem que ainda há muito porque se indignar no Brasil.

     E é bom manter essa chama da indignação acessa. Foi ela que nos trouxe até aqui e é ela que nos vai levar a tempos bem melhores. Enquanto houver um só brasileiro injustiçado e tolhido em seus direitos, todos temos de nos indignar.

     Mas sentir vergonha do próprio país, nunca. Isso é coisa de gente sem-vergonha.

Comentário
Acho que hoje eu to meio pelego.

Fotografia de Portugal - por O mundo e suas belas imagens (Facebook)

O inimigo é a velha direita e não o PT, diz candidato do PSOL em SP - por Renan Truffi (CartaCapital)

Gilberto Maringoni minimiza disputa interna no partido e promete não repetir ataques do PSOL ao PT na disputa em São Paulo. “O petismo pode não ser de esquerda, mas o anti-petismo geralmente é de direita”

     O historiador e cartunista Gilberto Maringoni, candidato a vereador pelo PSOL em São Paulo em 2012, teve de “atender a um chamado” do partido na última semana. O professor de filosofia da USP Vladimir Safatle [colunista de CartaCapital], que postulava a candidatura ao governo pelo PSOL, desistiu da disputa em meio a duras críticas contra o diretório estadual. As reclamações foram de que a legenda não tratou sua candidatura como prioridade e, consequentemente, não se engajou para levantar fundos. Maringoni, então, aceitou o desafio de assumir o posto de pré-candidato do PSOL no lugar do colega, a cinco meses das eleições. Professor na Universidade Federal do ABC, ele defende que não se trata de uma candidatura “tapa-buraco”. “Essa é uma forma menos elegante de falar suprir a demanda. Eu atendi um chamado. Não estou tapando buraco, não”.

     As condições para realizar a campanha ainda são as mesmas que foram decisivas para a desistência de Safatle. O PSOL não tem dinheiro em caixa e o historiador terá de sair “passando o chapéu” em busca de financiadores de campanha. Maringoni, entretanto, ameniza o conflito interno na sigla. “Essa questão [acusações de Safatle contra o PSOL] esquentou um pouco além da conta, mas nenhum fusível foi queimado. Não me parece que tenha inviabilizado a campanha”, afirma.

     Com 18 anos de militância pelo PT, Maringoni tem um perfil um pouco diferente de outros candidatos lançados recentemente pelo partido. Os eleitores não devem esperar dele uma postura parecida com a do então candidato à Presidência pelo PSOL em 2010, Plínio de Arruda Sampaio, que atacou constantemente a hoje presidenta Dilma Rousseff (PT) em entrevistas e debates durante o pleito. Maringoni não tem problema em reconhecer os avanços dos governos Lula e Dilma. Ao contrário. Ele rejeita o “anti-petismo”, mas também não gosta da fama de ser considerado o mais petista dos membros do PSOL.

     “Essa piada é genial”, ironiza, apesar de admitir que vai focar suas críticas nos tucanos. “O inimigo continua sendo a velha direita. Embora o PT concilie com isso, seja frouxo para combater isso, ainda é muito diferente da velha direita. Até porque sua base social é muito diferente. Aí que não critico o PT. O petismo pode não ser de esquerda, mas o anti-petismo geralmente é de direita”, defende. Confira a entrevista de Maringoni a CartaCapital.

CartaCapital: Como foi a decisão para sua candidatura? Você foi convocado depois da desistência do Safatle? 
Gilberto Maringoni: Eu sou filiado ao PSOL desde 2005. Fui da direção nacional. Coordenei a campanha do Plínio. O Safatle entrou no PSOL em setembro de 2013 e foi logo unanimidade no partido porque era uma chance de sinalizar para quem não é militante tradicional do partido. E o Safatle tem um detalhe interessante porque é um intelectual que faz um debate político mais amplo, um debate cultural da política. Não fica explicitamente na questão governo contra governo, PT contra PSDB, que em outros tempos nós chamaríamos de um debate ideológico. Ele escreve muito sobre os movimentos de junho. Aí ele propôs também uma coisa de muito interesse, que é um seminário com acadêmicos sobre ideias para o plano de governo. E, pelo que eu entendi, não acompanhei isso, não sou do diretório estadual, nacional, é que ele estava na dúvida de lançar a campanha. Não sei se por questões materiais. Não sei ao certo. E só aí me convidaram. Insistiram e eu falei: ‘tá bom’. Eu topei para fazer o debate. Foram vários dirigentes estaduais do PSOL que me chamaram. Fui candidato a vereador, fazer campanha é uma coisa muito boa. Você conhece a cidade, conhece um lado que geralmente não conhece. É uma vivência que eu não tinha tido [até 2012] e que é ótima. Você dá sua cara a tapa. Mas campanha a vereador é uma escala micro em relação a uma candidatura ao governo do Estado. O que me atraiu é saber que vou poder debater projeto, embora saiba que em campanhas como as nossas, com tempo mínimo de TV, as nossas únicas chances são nos debates televisivos. Mesmo assim é interessante você discutir um projeto maior. Aí que decidi aceitar. Depois de aceito é que teve esses problemas da semana passada [declarações do Safatle]. Não tenho vaidade. Estou com 55 anos. Milito desde os 19 anos. Militava na ditadura, participei de movimento estudantil, de partido. Então estou cumprindo uma tarefa cívica e democrática que qualquer cidadão pode cumprir.

CC: A impressão que ficou com a polêmica é que você foi convocado às pressas pelo partido. Sua candidatura é ‘tapa-buraco’?
GM: Tapa-buraco é um pouco menos elegante de falar suprir a demanda. Você pode dizer que a CartaCapital tapa um buraco de revistas politizadas. Sim, ela supre uma demanda. Eu atendi um chamado. Se você quiser chamar de tapa buraco, não é o mais elegante, mas eu não estou tapando buraco, não. Até porque tem muita gente no PSOL para suprir a demanda. Eu fui convencido, aceitei e agora estou achando que vale a pena. Sem ilusão nenhuma de resultado. Sem projeção de interesse pessoal. Eu vou me licenciar [da Universidade Federal do ABC] para cumprir essa tarefa. E é uma situação extremamente delicada que o País está passando agora que é uma ofensiva brutal da direita. E é uma ofensiva internacional. Eu não gosto de teoria da conspiração, mas os resultados das eleições europeias [mostram isso], principalmente na França, na Inglaterra, onde a extrema direita nunca teve tanta força. Isso além das eleições aqui na Colômbia, onde você teve um baixo comparecimento e polarização entre direita e extrema-direita. É uma situação que para nós coloca um quadro preocupante na América Latina.

CC: Uma das críticas que o Safatle fez, após o problema com o PSOL, é que a esquerda fica muito presa a “disputas internas”. Você acha que a esquerda não está madura no Brasil?
GM: Disputa interna tem dentro da direita e da esquerda. A disputa do Aécio e do Serra é histórica. Você organizar o seu time sempre gera uma disputa interna. O problema é que as disputas da direita são sempre abafadas pelo dinheiro ou por alguma liderança maior. É muito sintomático que o PSDB aqui em São Paulo há 20 anos só tenha dois candidatos. O Alckmin, quando terminar esse mandato, vai estar há 9 anos como testa do governo. Isso é sinal de competência? Não, isso é sinal de falta de renovação. O quadro secundário deles é formado por gente como Robson Marinho ou Bruno Covas, figuras secundárias. Se a disputa é fratricida é óbvio que ela é negativa. Agora a disputa em si, ela existe e é saudável. Eu acho que essa questão [acusações de Safatle contra o PSOL] esquentou um pouco além da conta, mas nenhum fusível foi queimado. Não me parece que tenha inviabilizado a campanha. Até porque o PSOL não tem aparelho, não tem máquina. Apesar de que, pelo tamanho, é um partido que tem uma presença além do que é o seu peso orgânico: três deputados federais, um senador, um deputado estadual, um vereador...

CC: O Safatle também criticou o partido por ser refratário em relação à necessidade de montar uma “aliança de frente de esquerda”. Como você avalia a esquerda pós-PT, como disse o Safatle?
GM: Primeiro, acho que não estamos numa era pós-PT. Eu acho que a época do PT não passou. Pós-PT é uma imprecisão. Você pode falar em pós-PCI (Partido Comunista Italiano), mas o PT está aí. Você também pode falar que há uma discordância em relação a algumas diretrizes. O que eu acho é o seguinte: o que nós tivemos com a ida do PT ao governo é que tivemos uma paulatina guinada de adequação ao status quo. O governo representa grandes avanços para a sociedade brasileira. Não sou daqueles que acha que você tem que ser anti-PT. Agora o PT, embora tenha feito grandes avanços, não tocou em nenhum interesse das classes dominantes. Não fez nenhuma reforma que penalizasse as grandes fortunas, não penalizou o capital financeiro, não fez reforma agrária, não fez reforma urbana para minimizar o efeito da bolha imobiliária que há em algumas grandes cidades. Então é uma ação muito aquém do que podia ser feito, mas é um avanço. O que colocamos é que essas reformas que foram postas de lado precisam ser feitas, e é o meu entendimento. Não sei se é o entendimento do PSOL. Agora o inimigo, o adversário mesmo, continua sendo a velha direita. Embora o PT concilie com isso, seja frouxo para combater isso, ainda é muito diferente da velha direita. Até porque sua base social é muito diferente. Aí que não critico o PT. O petismo pode não ser de esquerda, mas o anti-petismo geralmente é de direita.

CC: Você acha possível uma frente de esquerda? Por que os partidos de esquerda, como PSOL, PSTU e PCdoB são tão divergentes?
GM: Sobre o PSTU, nós disputamos uma base social muito semelhante. Seria de se estranhar se não tivessem rusgas, um falando mal do outro. São partidos que estão disputando o mesmo espectro. É o espectro do movimento sindical e do movimento social radicalizado, e você tem que chegar chegando. Tem que chegar disputando. Isso vai gerar cotovelada. Como nos anos 1950, tinha o PTB, que era uma esquerda getulista e o PCB que era uma esquerda comunista e os dois viviam às turras. Mas volto a dizer o quadro nosso não é um quadro autofágico da esquerda. A gente discute uma frente de esquerda. Talvez saia. Claro que é possível. A relação dos partidos é igual de irmão. Eu vivia de cotoveladas com meu irmão, mas a gente se entendia. É meu irmão.

CC: O senhor é visto com o mais petista dos integrantes do PSOL. Como uma pessoa com esse perfil pode liderar uma frente de esquerda depois que o PT chegou ao governo?
GM: Essa piada é genial. Ué, eu fiquei no PT 18 anos. Se eu quisesse ser petista, ia no PT com todo conforto. Seria bem tratado, não teria problema algum. O que eu acho é que temos que fazer uma política de disputar com o PT uma base popular. Eu não concordo com a política macroeconômica do PT. Não concordo com a aliança com o sistema financeiro, feita via taxa de juros. Não concordo com as privatizações que a Dilma está fazendo, com a aliança com o agronegócio, com o governo petista não ter aberto debate pela regulação da mídia, que é um escândalo. Eu não concordo com nada disso. Mas qual é a base social do PT? Os trabalhadores. A maioria dos sindicatos são simpáticos ao PT, os pobres brasileiros votam majoritariamente no PT. Você tem importantes setores do movimento popular organizado, uma série de ONGs progressistas que, mesmo achando que não dá mais com o PT, vão votar no PT para impedir o crescimento da extrema direita aqui no Brasil. O que eu tenho que fazer? Falar mal do PT ou fazer esse trabalho de disputar essa base social? Então vou disputar essa base social e dizer o seguinte: ‘olha quero conversar com vocês’. Não adianta espancar o PT, dizer que é o demônio na Terra porque aí eu brigo com a base social.

CC: Mas é possível ganhar essa base social com esse discurso, sem atacar o PT? Como tornar possível uma conjuntura de uma “nova esquerda” com esse discurso?
GM: Eu não consigo entender essa coisa de nova esquerda. O PT é o PT que é porque tem base social. Tenho que disputar essa base social, não ficar brigando. Eu tenho que saber ter diálogo, linguagem, abordagem com essa base social. Isso é muito mais radical do que ficar falando que o PT é isso, aquilo e tal. O que adianta eu xingar o Lula? Posso xingar, mas efetivamente isso é muito pouco. Senão você fica no denuncismo, ganha uns votinhos, mas não entra na disputa real.

CC: E é possível conseguir crescer e ganhar espaço só com essa ação política, sem se mostrar diferente do PT?
GM: Nós somos diferentes do PT. Nós não recebemos doação de empreiteiras, de bancos. Nós temos na política econômica questões essenciais para nos diferenciar do PT. A principal sangria é o pagamento da taxa de juros. O Brasil tem uma dívida interna de 2 trilhões de reais no total. Essa dívida faz com que o 40% orçamento público vá para o pagamento da dívida. Criança acima de 10 anos de idade sabe disso. O nosso problema não é o montante da dívida, que é baixa em relação à da Itália, da França. O nosso problema é o fluxo que sai do Tesouro. Esse fluxo é determinado pela taxa de juros que está em torno de 5% em termos reais. Se eu baixo essa taxa, eu piso na mangueira que drena dinheiro. Eu corto o fluxo, e o sistema financeiro pula. Baixar o juros é a medida mais radical que você pode ter na economia brasileira hoje.

CC: E no cenário estadual, o que o PSOL pretende trazer para o debate para se diferenciar do Alexandre Padilha [pré-candidato do PT ao governo do Estado]?
GM: São Paulo tem um terço do PIB brasileiro. Eu estava fazendo as contas. Pelo tamanho do PIB, somos [São Paulo] o 25º país do mundo. Então o peso que São Paulo tem nacional e internacionalmente é muito grande. Um quarto do lucro mundial da Telefônica vem daqui, da área da antiga Telesp. Nos últimos 20 anos, São Paulo foi o laboratório das grandes privatizações da era tucana, e o Estado perdeu capacidade de intervenção na economia e na sociedade. Então essa perda cria um problema sério na oferta de serviços públicos. Sobre a Sabesp, por exemplo, a melhor matéria foi do Fábio Serapião da CartaCapital. Ali fica claro que você destina 58 milhões de reais para os acionistas. Mas por que você destina isso? Porque você não privatizou a Sabesp. Você a transformou numa empresa mista com 40% das ações em mãos privadas. Quando você faz isso numa empresa de capital aberto, tudo bem. Numa empresa de serviços públicos implica você não investir o lucro para a empresa se renovar. Esse é um problema básico de São Paulo que de certa forma está em todo o Brasil. Precisamos recuperar o caráter decisório do Estado nas empresas estatais. E tem outras questões. O aparato de segurança em São Paulo está fora de controle. Não é só uma questão do governo Alckmin ser a favor da truculência. Você precisa desmilitarizar a polícia, rever as relações entre comando e base da polícia, fazer um processo de readequação do aparato policial. Geralmente em países com discrepância de renda muito acentuada os aparatos policiais são violentos. Então também precisamos atacar a disparidade de renda. Não é a pobreza que é violenta, é a diferença de renda. Nenhuma dessas tarefas você faz com um decreto de saída, mas, se você não abre essas picadas, você não atende as demandas de junho na sua raiz, que é a ineficiência dos serviços públicos.

CC: Você levantou duas bandeiras que também devem ser o foco da campanha petista em São Paulo contra os tucanos: água e segurança. Mas apontando para soluções mais radiciais. É isso o que quer dizer com conversar com a base social do PT?
GM: O que o PT vai propor? Eu fico aqui pensando. Vai pegar financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para a Sabesp? Mas injetar dinheiro na Sabesp não vai resolver. Essa é a medida tradicional que o PT tem feito. Essa medida bateu no teto. Então, ou você muda a característica da empresa ou retoma o controle para ampliar sua influência dentro da empresa para que você não fique refém da distribuição do lucro. Senão, não vai adiantar. Vão colocar dinheiro e vai ficar num saco sem fundo.

CC: Um dos motivos  que fez o Safatle desistir foi a falta de dinheiro no caixa do PSOL. Ele disse que levantou com a ajuda de apoiadores 300 mil reais mas falou que só com esse valor é pouco para uma campanha de governador. Você concorda? Como vai ser sua campanha se o partido não tem dinheiro?
GM: Ele está correto no que fala. Essa quantia de 300 mil reais é modesta para uma campanha para governador. Se você pensar que as candidaturas de PT, PSDB e PMDB vão ficar entre 50 e 80 milhões de reais numa conta modesta, 300 mil reais não é nem uma campanha para vereador em São Paulo. Em 2012 algumas campanhas a vereador do PSDB estavam orçadas entre três e seis milhões de reais. Isso na capital paulista. A questão é que o PSOL não tem esse dinheiro agora. E esse dinheiro no PSOL não é um dinheiro que se possa ter na mão, dinheiro vivo. E você tem uma pulverização de candidaturas a deputado estadual e federal, você tem Ivan Valente, Giannazi e uma série de candidatos que acabam potencializando a campanha. É como se você tivesse até mais do que 300 mil reais pulverizados na ação politica, em gente que trabalha voluntariamente. E o nome do governador sai em todo material de campanha de deputado. Em termos absolutos, eu acho que vamos ter por aí mesmo, mas não em dinheiro vivo. E claro que vamos passar nosso chapéu para os amigos. Mas vamos fazer essa campanha militante.  Estamos loucos, malucos? Não, não estamos. Esse é o caminho. Se a gente não sai candidato, perdemos nossos deputados e a gente fica com isso aí: com o PT cada vez mais semelhante ao PSDB nas politicas, embora tenham bases diferentes. E, em uma situação mais adiante, podemos ter um cenário como o da Colômbia. Não estou dizendo que o PT é de direita.

CC: Você falou da importância dos candidatos a deputado federal e estadual para a campanha de governador. Uma questão que o Safatle levantou é que, no PSOL, a candidatura a governador não parece ser prioridade. Você concorda?
GM: Não existe essa questão. Claro que temos mais chances nas proporcionais, mas sem uma candidatura com o mínimo de viabilidade, não daria [para lançar candidato]. Eu não sou nenhum sujeito conhecido, mas eu sei fazer campanha. Você tem que casar as duas coisas, tanto que o primeiro candidato nosso foi o Plinio de Arruda Sampaio, que era um candidato histórico. A gente sabe o tamanho do nosso chinelo, mas não tem esse negocio de prioridade, tapa-buraco. Claro que vão falar que eu sou o mais petista do PSOL. Ao contrário, acho que vamos fazer a campanha mais radical do PSOL, que é disputar a base social do PT.

CC: Você se considera mais radical que o Safatle ou que outros nomes dentro do PSOL?
GM: Eu não vou me comparar. Eu acho ele brilhante. Não tenho um 'radicalômetro'. Eu acho que vou mostrar os limites do PT, mas especialmente as diferenças com o PSDB. Vou mostrar aquilo o que o PT não pode falar, porque privatização não é mais uma diferença entre PT e PSDB. Vou ter que mostrar a questão trazida pelos movimentos de junho. Isso o PSOL faz sempre. Eu tenho dúvidas de que vamos ter movimentos como aquele de novo. Eu acho que os movimentos mudaram de qualidade, como no caso dessas greves dos garis e dos motoristas fora dos sindicatos. Você não pode fazer como o Haddad de dizer que é um movimento de guerrilha. Ele pode discordar do tipo de ação que os trabalhadores fizeram, mas acusar de terrorista é meio exagero. Isso é novo, essas estruturas institucionais, como a própria instituição sindical, estão sendo questionadas. Esse é fenômeno social novo, que é a saída desses canais existentes, conquistados há 30 anos. Todas que andavam em paralelo ao PT.

CC: O Safatle reclamou que o PSOL não pode se contentar com 2% dos votos nas runas. Segundo ele, o partido tem que colocar 6% dos votos como meta. Esse seria um dos desentendimentos com o diretório estadual que provocaram a desistência. Como o senhor vê essa questão? Quanto pretende conquistar de votos nas urnas?
GM: Claro eu queria que o PSOL tivesse até mais do que 6%. O PSOL teve em 2006 uma conjuntura especial, que foi 6% dos votos com a Heloísa Helena. A gente teve 5% em Fortaleza. Tivemos 33% com o Marcelo Freixo. Ganhamos no Macapá. Brasília teve 15%. Aqui a gente fica em torno de 1%. É o eleitorado mais difícil porque o poder econômico está aqui. Eu gosto de 1%? Não gosto. Se eu ficar pensando nisso, eu não faço campanha. Eu quero ganhar. Mas não vou colocar uma meta porque posso me frustrar ao ver que minha meta era muito modesta se eu ganhar as eleições.

Fotografia de Nova York - por jaclynsovern, via thebrunetteprep

Picadinhas

Se tá difícil pra você que vai passar o dia dos namorados sozinho, imagina pra quem vai comemorar e nem sabe que é corno.
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Meu todynho veio sem canudo. Este é o país que vai sediar a copa?
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Na boa? Eu namoraria a (pastora) Suzane Von Richtoffen. Acho ela gatinha. Só não a  apresentaria para os meus pais – porque aí já é demais.
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Um estudo feito pela Universidade de Columbia concluiu que Crocs são sapatos/sandálias para pessoas que já desistiram da vida.
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Melhor passar vergonha na Copa que passar vergonha na cópula.
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As declarações do Ronaldo dão a impressão de que aquela convulsão não foi a última.
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Quando te fazem uma pergunta, as mulheres não querem saber o que você pensa. Elas querem ouvir exatamente o que elas pensam, só que com uma voz diferente.
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Hoje passou um programa no NatGeo onde 3 gringos idiotas entram numa floresta do Pará a procura de extra-terrestres. E GANHAM PRA ISSO!
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Só invejo uma coisa do Joaquim Barbosa: a aposentadoria.
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Qual é a menor distância entre dois pontos G?
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Você apostaria que a Coréia eliminaria a Itália? Pois é, aconteceu em 2002! Penta que pariu!
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Não confundam a mulher dos sonhos com a atendente da confeitaria.
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Vida social? O que é isso? É de comer??
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Imprensa paulista tenta convencer população que sumiço da água é a 8ª praga do Egito que estava incubada.
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Coloco meu celular em modo avião dentro do ônibus só pra mostrar quem manda.
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Hei de vencer na vida – nem que seja por WO!!!
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Se a vida começa aos 40, por que nascemos bem antes?
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Da serie curiosidades: Enquanto estão falando ao celular, as pessoas tendem a ser mais rudes, egoístas e menos propensas a ajudar os outros.
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É muita vaca pra pouco brejo.
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Quem puxa saco puxa tudo – inclusive tapete.
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Gente, parem de falar que a Luciana Gimenez desmaiou porque levou um susto!! Quem já viu o Mick Jagger pelado jamais se assustará com algo.
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Rede social faz da vida um velório sem fim.
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Alô, Ronaldo Fenômeno! Você não está envergonhado meio tarde demais?
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Plantas que têm vida regada vivem mais.
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Acho que "Tremendão" não é um apelido muito adequado para quem tem mais de 80.
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Da serie curiosidades: Leonardo DaVinci comprava animais enjaulados no mercado apenas para libertá-los.
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Assim caminham as eleições:
1989: militantes
2010: cabos eleitorais pagos
2014: robôs
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Domingo na televisão: reformam casas, reformam carros, mas não reformam a programação.
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Essa é a última geração de mães que sabem descascar laranja.
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The alcohol triplica le capacité di parlare other languajes.
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"Faça o bem sem olhar a quem." (Stevie Wonder)
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Ninguém precisa nascer sabendo. Mas negar-se a estudar e a se informar é a marca dos medíocres.
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Da série curiosidades: As prostitutas na Espanha têm de usar colete refletor (como os trabalhadores de estrada) para reduzir acidentes.
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O pior é saber que há um mundo de pessoas OUVINDO o cara dizer que NÃO TEM liberdade de expressão e concordando sem perceber a contradição.
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O PSDB tentou comprar o perfil Dilma Bolada do facebook por 400 mil. Já é mais caro do que o preço que venderam as telefônicas.
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Datafolha: Em quem você votará para presidente?
(  ) Serra
(  ) Tem certeza que não é no Serra?
(  ) Aécio
(  ) Dudu Campos
(  ) Dilma terrorista
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Folha: levando em conta apenas a parte que ainda tem água, nível dos reservatórios do Sistema Cantareira esta em quase 100%.
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RR: após saber que presidenta do movimento negro tucano é loira, dirigente do PSDB em Boa Vista abre o jogo e confessa ser petista.
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SP: Itu, no interior do estado, não tem água nem para fazer racionamento, e prefeito da cidade decide racionar o racionamento.
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Brasil: Onde prostituta se apaixona, traficante cheira, pobre vota na direita e fake do Twitter divulga nota oficial.
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Folha: considerando apenas clientes do Fasano, pesquisa mostra que Aécio lidera corrida presidencial com 95% das intenções de voto.
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Irene Ravache, apoiadora do PSDB, 'traída pelo PT'. Igual eu, metaleiro, me dizer traído pela Ivete Sangalo.
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PARE:
(  ) de tomar a pílula.
(  ) pegue no bumbum.
(  ) até quando você quer mandar e mudar minha vida?
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Excelente atuação do Palmeiras. Em 1993.
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IPEA e Paulo Baier confirmam que esta é a pior seca nos últimos 3 mil anos.
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Contigo: Namore com alguém que seja o oposto de você, porque dois trouxas juntos não dá certo.
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“Não existe testemunha mais terrível – ou acusador mais poderoso – do que a consciência que habita em nós.” (Sófocles)
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Alguém devia sugerir à Folha que perguntasse a Alckmin por que só entrou na Justiça contra concessionárias de estradas após a criação da CPI.
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Podemos ter Carnaval e Réveillon todos os anos, mas não podemos sediar a Copa do Mundo de 64 em 64 anos...
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Folha: após o término do volume morto, governador de SP anuncia aproveitamento do volume de magma abaixo do sistema cantareira.
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Assim é o brasileiro: acha horrível o próprio pecado e horrendo o pecado alheio.
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Acho que vou oferecer meu volume Vivo pra minha vizinha.
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Quando um homem vê um pernilongo pousado em seus testículos ele compreende que pode resolver seus problemas sem utilizar a violência.
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Conheço gente que é contra a Copa, mas que vai torcer para a Argentina (e isso lá é ser contra a Copa?) e esta contando os dias pro feriado.
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Faz declaração de amor pra mãe no facebook – mas não ajuda ela a lavar uma louça em casa.
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Brigou com a mulher? Vingue-se: vá para a cozinha e aperte a tampa de todos os potes.
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Curioso: Em SP, fazem protestos contra a Copa, mas não fazem protestos contra a falta d'água. Talvez seja pq água não é lá muito importante, mesmo.
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Com a morte de Jair Rodrigues só nos restou o genoma de Sérgio Malandro para tentarmos isolar o gene da alegria duradoura.
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Tudo que precisamos é amor – e um cachorro.
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O essencial é invisível aos olhos tipo wi-fi.
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Calma: quando as agonias dormem profundamente dentro da gente.
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E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam ouvir a música. (Nietzsche)
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Vai me ver com outros olhos ou com os olhos dos outros? (Paulo Leminsky)
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Não me venham com conclusões! A única conclusão é morrer. (Fernando Pessoa)
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É proibido pisar na grama. O jeito é deitar e rolar.
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Gata, se você fosse um livro de biblioteca... eu nunca iria te devolver!
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- Qual é o seu tipo de mulher?
- Vivas.
- ...?!
- E livres.
- ...!?
- São as melhores. 
(Ricardo Aleixo)
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Um dia alguém vai te abraçar tão apertado que até os seus pedaços quebrados vão se juntar novamente. 
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Não trate como google chrome quem te vê como internet explorer.
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- Mãe, me traz mais bolo.
- Moleque, se você comer mais bolo você vai explodir.
- Então traga e saia de perto. 
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Crescer é aprender a dizer adeus para certas coisas.
*
Você disse some e eu somei. Eu disse some e você sumiu. (Marcos Caiado)
*
Onde não puderes amar, não te demores...
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Eu não mereço ser acordado.
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O mundo precisa de loucos. Loucos uns pelos outros.
*
- Você precisa perder peso.
- Nã ná ni ná não. Eu deveria perder peso. Eu preciso de bacon.
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Somos as coisas que moram dentro de nós. Por isso há pessoas que são bonitas. Não pela cara, mas pela exuberância de seu mundo interno.
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Matar não quer dizer pegar o revólver de Buck Jones e fazer Bum! Não é isso. A gente mata no coração. Vai deixando de querer bem. E um dia a pessoa morreu. (Meu pé de laranja lima)
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Olhei o rosto dela e pensei “merda, eu a amo”. O melhor que podia fazer era bancar o indiferente. A gente nunca deve deixá-las saber que esta ligando, senão elas nos matam. (Charles Bukowski)
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Deus é o Papai Noel dos adultos.
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"Paixão e caráter são indissociáveis, como alma e corpo." (Platão)
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Millôr escreveu a peça "Os Órfãos de Jânio". JB também deixa alguns. Um deles é o jornalista Elio Gaspari, que acalentou até outro dia a esperança de que ele fosse candidato a presidente da República.
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Eduardo Campos se diz contra a revisão da lei da anistia. Com um neto desses, um avô não precisa de inimigos.
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Pedro Bial fala dos equívocos que envenenam a mente na Trip deste mês. O apresentador é especialista na matéria.
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Kant com Alckmin: "A Canequinha do Mundo é nossa! Com os tucanos / não há quem possa!"
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Sou do tempo em que se chamava clipping de sinopse.
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E na semana que vem tem cerimônia do beija-mão de Aécio Neves no Roda Viva.
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Além da bancada do Roda Viva, Jorge Bornhausen, Heráclito Fortes e Severino Cavalcanti querem saber como Eduardo Campos vai renovar a "prática política".
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Sebastião Nery, que lança livro novo em SP na quarta-feira, dizia que ACM era o presidente noturno e FHC, o primeiro-ministro diurno.
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Tem gente que veste Ellus (empresa escravagista, é bom lembrar) da cabeça aos quatro pés.
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Nossos descendentes ainda vão rir muito do pessoal que entrou na onda do #NãoVaiTerCopa enquanto a sétima cidade mais populosa do planeta secava sem que eles dessem um pio.
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Veja. Não leia nem escondido.
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A propósito da Virada Cultural:
"Como pode um jornal dessa envergadura ignorar centenas de shows, como se nada tivesse acontecido além de um grande arrastão?", perguntou o engenheiro de produção João Luiz Manguino em carta publicada pela ombudsman da Folha, que se diverte na coluna deste domingo:
"O azedume é parte da alma da Folha. Costumo brincar dizendo que se fosse noticiar a ressurreição, o título do jornal seria 'Nazareno leva três dias para ressuscitar."
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Nem direita. Nem esquerda. Nem muito pelo contrário. Eduardo Campos é um radical de centro.
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"A música é a própria realização do silêncio." (Philip Roth)
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Na peça de Samuel Beckett, Godot é aquele sujeito que nunca chega. Mas o pessoal continua esperando, como o PSB espera o tal efeito Marina.
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PSDB espera que o Brasil alcance, logo que volte ao poder, taxas de desemprego padrão europeu: Itália, 12,7%; Portugal, 18,5%; Espanha, 25,93%.
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Alckmin é um fantasma do passado ou uma assombração do presente?
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Maconha não faz a cabeça de Aécio. Mas Armínio até que lhe dá um barato legal.
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Ao esconder que Dilma vence no primeiro turno, segundo o último Ibope, JN empata consigo mesmo em matéria de safadeza.
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Adeus marqueteiros! PSDB acha mais jogo contar apenas com o trabalho que a mídia já desempenha.
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Gostava mais quando Paulo Coelho fazia chover e ventar. Ele bem que podia dar uma mãozinha pro Alckmin, hein?
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Ninguém da Folha perguntou na entrevista publicada hoje quais as "medidas impopulares" que Aécio pretende adotar se for eleito. Gente fina é outra coisa.
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Qualquer dia da semana que leve a população ao desespero é um dia perfeito para a midiazona.
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Roberto Carlos defende a censura às biografias pra que ninguém lembre a Medalha do Pacificador que Médici lhe deu e a rádio concedida por Figueiredo. Ou o discurso lambe-botas de Pinochet.
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Sabesp promoverá ampla campanha de vacinação contra o uso de água.
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A midiazona lhe informou que o deputado Mendonça Filho, do DEM, porta-voz da oposição na CPI da Petrobras, é aquele que apresentou a emenda da reeleição de FHC?
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Na campanha de 2010, nenhum veículo da mídia lembrou que Verônica Serra quebrou o sigilo de 60 milhões de brasileiros. O que vão esconder nesta?
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Comitê Central da campanha de Aécio será instalado em São Paulo. De preferência na redação de Veja.
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A qualquer momento pode surgir na blogosfera uma "cadeia da legalidade" a enfrentar os Grandes Irmãos e a democratizar informações.
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Marina enfim decidiu a hora certa de Dudu tomar a papinha: 10 da noite.
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ENEM 2014 – O autor de Vidas Secas é:
A) (   ) Paulo Coelho
B) (   ) Jorge Amado
C) (   ) Geraldo Alckmin
D) (   ) Graciliano Ramos
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Quando Gilmar Mendes pede vista, pode contar com vista grossa.
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Imaginei o governador Geraldo Alckmin cortando a fita e dizendo "declaro vivo o volume morto". (JornalismoWando)
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"Baixa adesão" aos atos anti-Copa não mudam estado de espírito de Merval Pereira. Ele prossegue no baixo astral de sempre.
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"Quando um sujeito estúpido faz algo vergonhoso, sempre diz que cumpriu com seu dever" (George Bernard Shaw).
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Paulinho dá Força pro plano de pleno desemprego arquitetado por Armínio Fraga, o Rei do Passaralho.
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A família Marinho tem 28 bilhões, em dólares, para esconder a realidade brasileira.
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"Uma imagem vale por mil palavras; mas diga isso sem palavras." (Millör)
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Robson Marinho é tucano com bico de diamante, mas não é avis rara.
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FHC diz que "estamos valorizando um modelo distorcido de democracia": a venezuelana. Ele ainda prefere a peruana de Fujimori.
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A boa vida de Robson Marinho vem sendo resguardada pela mídia como o quarto segredo de Fátima.
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Cá pra nós, o propinoduto do Metrô não deixa de ser uma transposição de recursos para a molhar a mão Andrea Matarazzo e assemelhados.
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Qualquer criança do fundamental sabe. As enchentes e vazantes dos rios amazônicos são consequências das águas das chuvas. Tem gente na bancada do Roda Viva que não sabe: o apresentador.
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Não é bom que Alckmin entre pelo cano. Ele pode aparecer em nossas torneiras.
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Capa de Veja trata dos "superpoderes da leitura". Imagine os superpoderes que o cidadão adquire ao não ler tal revista.
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Armínio Fraga foi o nome sugerido a Barack Obama para presidir BC americano. É, sem dúvida, o "brasileiro" credenciado a promover a anexação do Brasil aos EUA num eventual governo Aécio Neves
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Não adianta chiar: com o smartphone, as pessoas só veem um palmo adiante do nariz.
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Coronéis que assinaram manifesto contra o aumento do salário-mínimo em 1954, que golpeou Jango do Ministério do Trabalho, reencarnaram na figura de Armínio Fraga.
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"Quer melhor lazer que estar vivo?" (Paulo Mendes da Rocha, arquiteto e urbanista brasileiro)
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Começou a contagem regressiva do choque de gestão no Cantareira: 9%, 8%, 7%, 6%, 5%, 4%, 3%, 2%, 1%, 0%.
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Sabino Indelicato depositou apenas US$ 950 mil (R$ 2,1 milhões) em uma conta do conselheiro do TCE, Robson Marinho. Que Indelicato.
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Vou ali, visitar a área de serviço da minha vizinha e, se ela deixar, dou uma entrada no quintal. Volto.
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By Palmério Dória e Zombozo Kropotkin, com adicionais.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Pesadelo de Syllia - por Diane Özdamar (Arte digital - Coolvibe)

“Eu faria de novo. Isso deveria ser o normal”: a estudante que impediu um linchamento - por Kiko Nogueira (Diário do Centro do Mundo)

Mikhaila
     Mikhaila Copello, de 22 anos, mora no bairro de Jacarepaguá, zona oeste do Rio de Janeiro, estuda arquitetura na UFRJ e toca guitarra (toca bem, como se pode atestar num vídeo do YouTube). Em sua rua, já testemunhou muitos acidentes de carro e, volta e meia, socorreu algumas vítimas. “Tenho um instinto de proteção forte”, ela me diz.

     Esse instinto foi posto à prova de maneira extrema na semana passada, quando Mikhaila impediu um linchamento sozinha.

     Ela mesma escreveu sobre a experiência no Facebook: “Estava realizando minha primeira entrevista para a pesquisa sobre intervenções temporárias, num papo incrível com a Fernada, quando ouvi do outro lado da rua: ‘Pega ladrão!’. Num ato instintivo aproximei meus pertences de mim, achando que tudo aquilo que ali acontecia, mesmo que atravessando a rua, estava longe de mim, quando cercaram o tal do sujeito, e ele, no desespero, voltou correndo na direção do bar que eu estava”.

     O sujeito, que havia roubado um celular, tomou uma rasteira, caiu e abriu o supercílio. “Ele estava desfigurado”, lembra ela.

     No chão, passou a tomar chutes na cabeça do jovem que lhe dera a rasteira. Mikhaila foi para cima dos dois, tirou o rapaz do chão e o encostou na parede. Pegou um pano do boteco, entregue por um garçom, e o utilizou para estancar o sangue. E então começou a juntar gente em torno deles.

     Durante o que ela acha que durou 45 minutos, Mikhaila conteve, em seus cálculos, pelo menos 20 pessoas que queriam espancar o assaltante. Gente que gritava “mata!”, “e se ele tivesse estuprado sua filha??” e quejandos.

     Mikhaila afirma que conseguiu tourear o grupo tentando apelar à razão. “Nós não somos Deus para decidir quem vive e quem morre”, dizia. “Quem acredita em ‘olho por olho’ acaba cego”.

     Um homem com um cachorro — “não me lembro da raça, talvez um buldogue” — falou que, se ela não estivesse lá, soltaria o animal em cima do rapaz. Uma senhora gritava, apoplética: “Esse homem espancou meu filho!”

     “Quando a polícia chegou, um policial marrento ainda me falou: ‘Tem que apanhar, mesmo. Gosta de bandido? Leva pra casa’. Todo mundo o aplaudiu”, lembra ela. “Me senti na ‘Revolução dos Bichos’. Não dava mais para distinguir quem era homem e quem era animal”.

     O homem que ela salvou passou a caminho da viatura e soltou um “obrigado”. “Chorei compulsivamente”, afirma Mikhaila. “Onde moro tem milícia e já vi muita confusão. Já fui assaltada várias vezes. Mas nunca presenciei uma histeria dessas”.

     O ato de Mikhaila foi heróico e civilizado. Mas, desde o ocorrido, as reações foram diversas. Mais de duzentas mensagens foram postadas no FB parabenizando-a pelo feito. “Fiz questão de contar o que houve para rebater esse lado negativo dos justiçamentos, que tanta gente da mídia estimula”, diz.

     Teve de suportar, também, ataques. Numa inversão absurda, foi chamada por um psicopata de “communist attention whore” na internet (numa tradução livre, “vadia comunista louca por atenção”). Voltou ao bar, esses dias, para dar uma entrevista para a TV. A senhora apoplética estava lá. Ela saiu batendo nas portas dos vizinhos para avisar que Mikhaila, a “defensora de bandidos”, estava no local.

     Ela não tem medo de briga. Esteve nas manifestações. Não tem ligação com nenhum partido. “Sempre discuti na faculdade”, diz. Alguém apontou que ela escapou de apanhar por ser mulher. Ela concorda. 

     “Tenho um tio que matou dois assaltantes que tentaram invadir a casa dele. Ficou abalado para o resto da vida”, conta. “Eu faria tudo de novo, com qualquer pessoa. Isso deveria ser o normal”.