sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Fechado pra balanço

Priorize as prioridades

     Como diz o BNegão (http://letras.mus.br/bnegao/133029), priorize as prioridades.
     Estou dando um tempo aqui do blog de política para sair do vórtice.
     Fecho para balanço, e volto quem sabe em junho do ano que vem, quem sabe em 2016, sabe-se lá pra onde o vento há de soprar.
     Foi bom enquanto durou, ¡Hasta la vista, Baby!

Fotografia do Alasca - por Acacia Johnson (site homônimo)

Picadinhas

Pensei que era amor – até que vi que usava crocs...
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Vamos marcar um dia pra gente sair e ficar mexendo no celular.
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Se a Portuguesa recebeu dinheiro pra ser rebaixada, já podemos excluir o Botafogo da lista de suspeitos.
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Só se vive uma vez. E, da maneira como vivo, uma vez basta. (Frank Sinatra)
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Feriado em fim de semana é igual a olhos claros em gente feia: não serve pra nada.
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Diga a verdade e saia correndo. (Provérbio Iugoslavo)
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Algumas pessoas são tão inúteis quanto o Homem-aranha no deserto.
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Se um cavalheiro que foi infeliz no casamento casa-se de novo após ter ficado viúvo, este é um triunfo da esperança sobre a experiência. (Samuel Johnson)
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Bom halloween pra você que não precisa de fantasia pq já é um exu caveira em pessoa!
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Você não sabe nada sobre uma mulher até encontrá-la num tribunal. (Norman Mailer)
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Sabesp têm funcionários que provam a água que vai para as torneiras. É a Divisão Kamikase da empresa.
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Quando alguém lhe contar o que andam dizendo de você, conta a essa pessoa o que falam dela. Isso resolve a questão. (Edgar Howe)
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Acho que preciso fazer terapia para aprender a lidar com pessoas que deveriam fazer terapia.
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Quando a realidade econômica muda, minha convicção acadêmica também muda. (John Maynard Keynes)
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São duas coisas verdadeiramente diferentes: saber e crer que se sabe. A ciência consiste em saber; em crer que se sabe esta a ignorância. (Hipócrates)
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Se me virem na cadeia foi porque tentei roubar um banco para comprar um Iphone 6.
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Os primeiros 40 anos da infância são os mais difíceis.
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Os culpados pensam que todas as conversas são sobre eles. (Geoffrey Chaucer)
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Eu leio umas opiniões no face e realmente sinto vontade de comentar: falta sexo no mundo.
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PSDB e DEM, partidos de velhos brancos e ricos, tentaram impedir na Justiça que jovens negros e pobres cursassem faculdade através de cotas. Simples assim.
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E eu que quando era criança achava que xenofobia era gente que não gostava de assistir Xena.
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Toda vez que vejo uma barata, antes de pisar nela, pergunto "Gregor Samsa, é você?" só pra não ficar com a consciência pesada.
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Sobre o direitoso CQC sendo expulso da manifestação dos fascistas: você alimenta corvos e corre o risco de que eles comam seus próprios olhos.
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Acordando cada vez mais cedo pra fazer papel de trouxa durante mais tempo.
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Quem sofreu mais neste ano?
A - (  ) Brasil na copa
B - (  ) fãs do Pablo
C - (  ) eleitores do Aécio
D - (  ) torcedores do Botafogo
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Não confie em pessoas que conseguem fazer dieta. Uma pessoa que é capaz de fazer isto, é capaz de fazer tudo.
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Embaixadora americana no Paraguai exposta em documento confidencial: “Nossa influência é maior do que nossas pegadas”.
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Dia da consciência negra é um feriado que não pode passar em branco.
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Não há nada mais temível do que um homem inteligente o dia inteiro. (Marquesa de Sévigné)
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Gata, o café dos seus olhos é a causa da minha insônia.
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Quem não gosta de estar consigo, a sós, em geral está certo. (Gabrielle Chanel)
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Pro Brasil vingar os 7x1, só se jogar Futsal com a Alemanha.
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As mulheres percebem facilmente quando a alma de um homem já foi tomada; elas desejam ser amadas sem rivais, e censuram nele os objetos de sua ambição, suas atividades políticas, suas ciências e artes, se tiver paixão por tais coisas. A menos que ele brilhe por essas coisas – então elas esperam que uma união amorosa com ele realce também seu próprio brilho; neste caso elas incentivam aquele que amam. (Friedrich Nietzsche)
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No mundo inteiro as pessoas vão as ruas pedirem por democracia. No Brasil, energúmenos pedem ditadura. Caso de intervenção... psiquiátrica.
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Os parentes são, simplesmente, uma porção de gente aborrecida que não tem a mais remota noção de como se deve viver, nem o mais ligeiro instinto de quando se deve morrer. (Oscar Wilde)
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Vazar o tema da redação do ENEM é fácil. Quero ver é vazar mais fotos da Carolina Dieckmann.
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Ópera é o evento em que um sujeito é apunhalado pelas costas e, em vez de sangrar, canta. (Ed Gardner)
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É grave a crise: completamos 48 horas sem pelados em Porto Alegre.
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O crítico é um camarada que contorna uma tapeçaria e vai olhá-la pelo lado avesso. (Mário Quintana)
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Esperança brasileira de medalha: Tirar meleca parado no sinal vai virar esporte olímpico na Rio 2016.
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Todo mundo é uma lua, com um lado oculto que nunca mostra para ninguém. (Mark Twain)
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Mudança a ser aprovada no congresso: Colocar amigo em grupo do FB sem perguntar será crime inafiançável.
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A competição desperta o que há de melhor nos produtos e o que há de pior nas pessoas. (David Sarnoff)
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Tricolor hoje e sempre: Thiago Silva perde a braçadeira de capitão antes de perder a virgindade.
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Muitos, antes de se casarem, procuram a pessoa certa, mas se esquecem de ser a pessoa certa. (Héber Salvador de Lima)
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Ninguém escreve para ganhar fama que, de qualquer maneira, é coisa transitória, ou para atingir a imortalidade. Seguramente, escrevemos em primeiro lugar para satisfazer alguma coisa que se acha dentro de nós, não para as pessoas. É claro que, quando os outros reconhecem os nossos esforços, a satisfação interior aumenta, mas, mesmo assim, escrevemos primeiramente para nós mesmos, seguindo um impulso que vem de dentro. (Sigmund Freud)
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Separatistas prometem que feriado da nova república jamais cairá num sábado.
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Nossos filhos precisam mais do nosso carinho que do conforto a mais que lhes damos roubando-lhes o tempo de nossa companhia. (J. Borrás)
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Manifestantes coxinhas pedem a volta dos militares, da internet discada, e do Nokia com jogo da cobrinha.
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Se você persistir em dizer que as coisas vão piorar, terá chance de ser profeta. (Isaac Ashevis)
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Pastor que fala baixo é demitido da igreja por não acordar vizinhos no domingo.
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Não é porque fez calar uma pessoa que alguém a convenceu. (John Morley)
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Pesquisa revela: casal que se chama de “filho” e “filha” só faz sexo a cada 6 meses.
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Tudo é engraçado, desde que esteja acontecendo a outra pessoa. (Will Rogers)
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Lady Gaga é multada por vestir roupa normal.
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Ser livre é querer ir e ter um rumo. (Armindo Rodrigues)
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Parada gay enrustida acontece hoje em milhares de armários do país.
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A verdade nos leva a todos os lugares, até mesmo à prisão. (Provérbio Polonês)
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Casal se conheceu, casou e teve dois filhos na fila do Outback.
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O charme é uma espécie de floração numa mulher. Se o tem não precisa ter outra coisa; se não o tem, não adianta muito ter tudo o mais. (James Matthien Barrie)
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Brasil vive ameaça de apagão da luz no fim do túnel.
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Quando os escritores morrem, eles se transformam nos seus livros. O que, pensando bem, não deixa de ser uma forma interessante de reencarnação. (Jorge Luís Borges)
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Pesquisadores encontraram homem que mudou de vida após ler post de autoajuda no Facebook.
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Quantas vezes junto a um jazigo alguém murmura de leve: - Adeus para sempre, amigo! E diz-lhe o morto: - Até breve. (Belmiro Braga)
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Consumidor vira pianista clássico depois de 83 horas ouvindo música de espera da NET.
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O bom do juízo final é que será sem advogados. (Sofocleto)
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Sem maquiagem, Lindsay Lohan é barrada ao tentar entrar em sua própria mansão.
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O amor é o que fica de um relacionamento depois que foi retirado todo o egoísmo. (Cullen Hightower)
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Mega Sena acumulada aumenta a esperança do iPhone 6 próprio.
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Congresso estuda transformar spoiler em crime hediondo.
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Miss Bumbum 2014: Lobão é eleito o bundão do ano.
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Ingressos do Rock In Rio acabam mais rápido do que o décimo terceiro.
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Vênus favorece os ousados. (Ovídio)
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Em homenagem ao Dia de Zumbi, Fox passará Festival Walking Dead.
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Um pouco de sinceridade é perigoso. Muita sinceridade é fatal. (Oscar Wilde)
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Galo estupra urubu todas as quartas e intriga cientistas.
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A monogamia é a arte de sonhar com todas as mulheres menos uma. (Sofocleto)
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Sociólogo propõe a criação do Dia da Consciência Pesada.
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Deve-se explicar as coisas franca e claramente a um advogado. É a ele que compete embrulhá-las depois. (Manzoni)
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A marcha nupcial sempre me lembra as marchas que são tocadas quando os soldados vão para a guerra. (Heinrich Heine)
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“Eike vai investir em remédio para impotência”. Mas ele já não tá duro?
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A arte do amor é, em boa parte, a da persistência. (Albert Ellis)
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Ex diretor da Petrobras: "Se me derem 3%, dou o nome de todo mundo!".
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Sou contra noivados muito longos. Dão tempo às pessoas de conhecer o caráter uma da outra, o que não me parece aconselhável antes do casamento. (Oscar Wilde)
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Onde vão acomodar todos esses presos do Lava Jato? No estádio Mané Garrincha?
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Costuma-se dizer que o tempo é um grande mestre. O mal é que ele vai matando seus discípulos. (Hector Berlioz)
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Paranáonline: "Presa dentista armada até os dentes". Traficante de drogas, a dentista tinha boca de fumo!
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O advogado é um cavalheiro que salva nossos bens e os preserva para ele. (Henry Brougham)
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A estupidez (Aloysio Nunes Ferreira) tem encontro marcado com a boçalidade (Danilo Gentili) no SBT. Você não pode deixar de perder.
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Conheço numerosas mulheres, e não parei de constatar que cada uma delas, muito além de ser um mundo à parte, é um universo inteiro. (Yul Brynner)
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Os que ameaçaram ir embora do Brasil bem que podiam ir mesmo... no mínimo melhoraria o trânsito.
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“Morro desamparado por Deus e pelos homens”. (Voltaire)
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O Estadão está promovendo viagem em trem-fantasma rumo a 1932.
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Antes, se alguém começava a ouvir vozes, era adorado como um santo ou queimado como um bruxo. Agora, é simplesmente encaminhado ao psiquiatra. (Mário Quintana)
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Franklin Roosevelt era aquele que conseguia manter todas as bolas no ar sem perder as próprias. (Henry Wallace)
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Vou ali consolar minha vizinha botafoguense que anda com o fogo meio baixo. Volto – mas não esperem por mim.
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By Zombozo Kropotkin, Palmério Dória, José Simão, Sensacionalista.com e adicionais.

Autorretrato surreal - por Laura Williams (Fotografia - mymodernmet)


Coisa a se destacar, a talentosa artista possui apenas 18 anos!

Os donos do Brasil em cana. E depois? - por Guilherme Boulos (Folha)

     "O universo está derretendo", disse um deputado do PMDB após a operação da Polícia Federal, no último dia 14. O dramalhão é justificado. A operação prendeu mais de 20 executivos e envolveu nove das maiores empreiteiras do país. Quatro delas –Camargo Correia, UTC, OAS e Ies– tiveram os próprios presidentes presos. A casa caiu!

     Não nos iludamos porém. Não é a primeira vez que os donos do Brasil são expostos a nu nos últimos anos. O banqueiro Daniel Dantas foi preso em 2008 após a Operação Satiagraha. Executivos da reincidente Camargo Correia também foram presos em 2009 pela Operação Castelo de Areia. E a Delta Construtora foi desmascarada em operações de 2012 e 2013.

     Os resultados após as prisões foram um tanto desanimadores. Dias depois, a turma foi invariavelmente solta. As empresas continuaram com seus negócios, inclusive com os contratos com o poder público. Em alguns casos, chegou-se ao extremo de os acusadores tornarem-se réus, como o delegado Protogenes Queiroz e o juiz Fausto de Sanctis, ambos da Satiagraha.

     Ser honesto é algo perigoso, já disseram certa vez. Mexer com os donos do Brasil não é coisa que se faça impunemente. Os tentáculos dos grandes grupos econômicos no governo, no Congresso, no Judiciário e na mídia não devem ser subestimados. Isso nos autoriza a um certo ceticismo em relação ao que virá.

     De toda forma, o escândalo atual, envolvendo contratos bilionários com a Petrobrás, tem circunstâncias muito particulares. A operação foi desencadeada num momento de grande polarização política e tem evidentes intenções de colocar em xeque a legitimidade do governo Dilma.

     Delegados envolvidos na operação foram flagrados nas redes sociais exaltando Aécio Neves e proferindo ataques a Dilma e Lula. O escândalo tem sido o principal combustível do PSDB e dos golpistas dos Jardins em seus desfiles de sábado à tarde na avenida Paulista.

     A posição do PSDB no caso é de uma grotesca hipocrisia. O senador Aloysio Nunes deu as caras no chá das cinco da Paulista e bradou altivo contra a corrupção. Faltou alguém que subisse ao carro de som para lembrá-lo de que sua campanha para o Senado recebeu mais de R$ 1 milhão em doações diretas de quatro das empreiteiras envolvidas no escândalo: UTC, Mendes Jr., OAS e Camargo Correia. Peroba nele!

     A campanha presidencial de Aécio, por sua vez, recebeu cerca de R$ 20 milhões de seis das nove empreiteiras envolvidas. Assim como o PT e todos os outros partidos de sua base receberam. Quatro dessas empresas estão entre as dez maiores doadoras eleitorais de 2014. Digno de nota, o PSOL foi o único partido com parlamentares eleitos que não recebeu doação da quadrilha da vez.

     Lamentável também foi a declaração de Dilma de que não devemos "demonizar as empreiteiras". Ora, coitadinhas! Essas pobres empreiteiras, sempre injustiçadas neste país, não é mesmo?

     Se queremos tirar uma consequência prática deste escândalo, se queremos deixar de enxugar gelo com operações de Sísifo, temos que dar nome e solução ao problema.

     O nome do problema é o sistema político brasileiro e seu estímulo à apropriação de fatias do Estado pelos grandes interesses econômicos através do financiamento de campanha. A forma de enfrentá-lo efetivamente chama-se reforma política.

     As nove empreiteiras investigadas, envolvidas em três megaprojetos da Petrobrás, somaram mais de R$ 207 milhões em doações eleitorais neste ano. E não vem de hoje. O esquema da Petrobrás opera há pelo menos 15 anos, segundo o Ministério Público Federal.

     Até mentecaptos como Lobão e as madames do chá das cinco sabem como as coisas funcionam. Doações de campanha abrem as portas para favorecimento em contratos —especialmente nas estatais, que conseguem escapar de licitações— e, em seguida, para aditivos bilionários aos mesmos. Esta tem sido a gramática de quase todos os escândalos de corrupção por aqui nos últimos 30 anos.

     Assim os donos do Brasil mantêm seu poder. Dar fim ao financiamento privado das campanhas eleitorais é a primeira e mais óbvia medida para interromper o ciclo. Evidentemente, não acabará com a corrupção, mas diminuirá a margem da captura do Estado pelos grandes interesses privados.

     A hora é esta. A prisão dos empreiteiros e de diretores da Petrobrás coloca na ordem do dia a necessidade de uma reforma política profunda no país.

     Vejamos agora quem tem compromisso com a coerência. Indignar-se com a corrupção, muito bem. Vamos então defender uma reforma política, com ampla participação popular. Quem vem?

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Fotografia em paisagem romena - por Boredpanda

Comédia divina – a Operação Lava Jato chegará ao PSDB - por Sérgio Saraiva (Blog do Nassif / Jornal GGN)


     Vejo pelas terras do reino da esquerda a esperança de que, a partir da Lava Jato, o republicanismo tome conta do nosso sistema judiciário e que passemos o país a limpo, punindo todos os envolvidos, sejam de que partidos forem.

     Não são em outro sentido as declarações da presidente Dilma neste domingo, 16/11/2014.

     “[A Operação Lava Jato da Polícia Federal] mudará para sempre a relação entre a sociedade brasileira, o Estado brasileiro e a iniciativa privada. O Brasil mudará para sempre porque acabará a impunidade”.

     O passado recente não me permite nutrir tais esperanças.

     Ao PT será cobrado que desça ao nono ciclo do inferno. Para os outros, os corruptores, creio que tudo não passará de uma estada dura, ainda que breve, pelo Vale dos Ventos. Sem dúvida, neste instante, a vida deles foi colhida em um vendaval, mas eles têm nas suas contabilidades paralelas o passaporte para o purgatório e, de lá, a passagem para um dos sete céus.

     Agora, e para alguém do PSDB pego em caso de fogo amigo? Para esse, haverá sempre o limbo. Junto aos pagãos virtuosos.

     Não existe, por certo, corruptor ideológico ou doleiro de esquerda. PT e PSDB dividem o poder há duas décadas utilizando-se dos mesmos métodos. Mas não são tratados, de modo algum, da mesma maneira pela imprensa e pela Justiça. Sobre o segundo, recai o protetor manto da invisibilidade midiática que retarda a cobrança de ação do letárgico braço judiciário sempre para tempos ainda vindouros.

     Vejamos.

     No que este escândalo da Petrobras é diferente do escândalo envolvendo a Alston-Siemens em São Paulo? As propinas milionárias do trensalão, chamadas eufemisticamente pela nossa imprensa de "cartel". 

     Há a delação premiada da Siemens, informações suficientes vindas da Suíça, sabe-se quem pagou, quanto pagou e para quem pagou. Um presidente do TCE – Tribunal de Contas do Estado, apontado como beneficiário do esquema, tinha, ou ainda tem, uma ilha em Paraty-RJ e uma mansão no Morumbi, o bairro dos milionários de São Paulo.

     Um envolvido no esquema, filho da nossa alta burguesia, foi indiciado pela PF, mas isso não o impediu de ser coordenador da campanha de Aécio, nem lhe trouxe maiores problemas na Câmara dos Vereadores de São Paulo.

     Um procurador que cuidava do caso literalmente engavetou-o por dois anos. Declarou que havia, pasmem, colocado o pedido de informações da justiça suíça na “pasta errada”.

     A que levou tudo isso? Como está o caso do trensalão?

     Já ouço que o Caso Petrobras-Lava Jato é o “maior escândalo da história” do Brasil. Ora, esse não era o mensalão do PT?

     Afundar a P-36, na época, a maior plataforma de petróleo do mundo, ao custo de 11 trabalhadores mortos não é escandaloso, por certo. Quem fim deu esse caso? E o da Petrobrax, dos asfaltamentos da Baía de Guanabara e dos rios Birigui e Iguaçu no Paraná?

     E FHC diz que está envergonhado com o que o PT fez com a Petrobras.

     Pois bem, os petistas foram condenados na AP470 e estão cumprindo pena.

     Mas e o mensalão do PSDB?

     Os PSDBista não serão julgados.

     Eduardo Azeredo renunciou ao mandato na ultimíssima hora para escapar do julgamento no STF. E, embora já houvesse consenso de que isso não o livraria – ver caso Donadon e desdobramentos do caso Cunha Lima, livrou-se. Seu caso foi enviado à primeira estância mineira onde aguarda a prescrição. Pimenta da Veiga, que levou R$ 300 mil de Marcos Valério por “serviços internos” está soltíssimo. Foi até candidato a governador de Minas Gerais.

     José Roberto Arruda, do mensalão do DEM, foi “atrevido” ao se candidatar a governador do DF. Acabou, para desgosto de FHC, seu benfeitor, tendo a candidatura impugnada, mas chegou a liderar a campanha e está por aí, livre, leve e solto. A impugnação revoltou de tal maneira ao ministro Gilmar Mendes que este chegou a classificar a Corte que assim decidiu como um "tribunal nazista". 

     Alguém se recorda de como foi a atuação do ministro Gilmar Mendes no caso do mensalão do PT?

     Soltos também estão Cachoeira e Demóstenes Torres. Falar de Policarpo Jr. seria um ataque contra a liberdade de imprensa.

     Sem maiores cuidados está o pessoal da “Castelo de Areia”.

     Assim como José Serra e a “privataria tucana” feita no “limite da irresponsabilidade”. E seu envolvimento no "cartel" do metrô paulistano – sobre o qual só deu depoimento à PF depois de eleito senador? E o Paulo Preto?

     Assim como Alckmin e o buraco do metrô – mais sete mortos. Fora alguns massacres. Quem se lembra do Pinheirinho ou da Castelinho? Quem não reagiu está vivo. E a eminente crise humanitária por falta de água, mas com alguns bilhões de reais pagos aos acionistas da SABESP, aqui e em Nova York? Ninguém se interessa em saber quem são eles, os acionistas?

     A FHC, nada o perturba. Nem os R$ 200 mil por cabeça para comprar a emenda da reeleição, nem os seus apartamentos. Um, em Higienópolis-SP, comprado do mesmo banqueiro envolvido na lavagem de dinheiro do trensalão, o outro, em Paris, não sei se já foi declarado à Receita Federal. Nem sua fazenda em Burutis-MG.

     Não, FHC não é o dono da Friboi, essa é do filho do Lula. Mas quando FHC começou a carreira política, que eu saiba, de terras, só possuía um pequeno sítio em Ibiúna-SP. Ninguém parece ter estranhado tal aumento de patrimônio, fora da política, FHC era um professor aposentado da USP. Nem ele parece estar preocupado em explicar nada.

     É pouco?

     E o aeroporto construído pela Camargo Correia na fazenda vizinha a de FHC e gentilmente cedido para seu uso? Que coincidência feliz.

     PSDBista gosta de aeroporto particular, quem gosta de miséria é intelectual.

     Veja Aécio Neves e seus dois aeroportos em Minas. Um em Claudio – fazenda do tio, outro em Montezuma – empreendimentos do pai já falecido. Aécio está se empenhando em conseguir um terceiro turno para as eleições de 2014 e não em dar explicações sobre essas duas “obras públicas”.

     E tome Lista de Furnas, pasta Rosa e caso SIVAM.

     Assunto nunca faltou, mas o PSDB ser responsabilizado, algo respingar-lhes as penas?


     Não, de tapioca à Lava Jato, passando pela AP 470, é o PT o partido mais corrupto da história brasileira. E só.

     Todo o mais que poderia acrescentar aqui fica por conta da ironia sábia e desesperançada de Stanislaw Ponte Preta:

     “Que se restaure a moralidade, ou que nos locupletemos todos”.

     Fora disso, é comédia.

Fotografia - por Alicja Zmyslowska (site homônimo)

Bolsa Dondoca, consome R$ 4 Bi por ano dos cofres públicos - por Ed (Mobilização BR)

     Alguns de vocês devem se lembrar da famosa entrevista da atriz Maitê Proença para o Estadão na época das eleições de 2010, na qual ela afirmou, com todas as letras, que gostaria que o machismo "salvasse" o país da então candidata petista Dilma Rousseff. 

     Enquanto isso, Maitê foi no jantar promovido pelo PSDB e posou de "engajada" tirando a roupa na ridícula campanha contra a usina de Belo Monte. O tempo, claro, foi implacável com a global e a História provou, mais uma vez, que o elitismo e o machismo de pessoas como a atriz perderam espaço no Brasil, com a vitória de Dilma nas urnas.

     Até aí, nada de novo. O que pouca gente sabe (ou lembra) é que Maitê recebe desde 1989 uma pensão mensal vitalícia de "míseros" 13 mil reais. Motivo? Ser filha solteira de procurador de justiça falecido. Só isso mesmo: sem derramar uma gota de suor, sem produzir NADA para a sociedade brasileira, essa cavalgadura anencéfala chupinha uns vinte salários mínimos na altura de seus 55 anos de idade! Dá gosto saber que estamos do lado oposto a gente assim na política, não é mesmo? Diga-me com quem NÃO andas e te direi quem és...

     Mas o pior, meus caros, ainda está por vir: Maitê é só a ponta do iceberg. Um sem fim de dondocas elitistas parasitam dos cofres públicos mais de quatro bilhões de reais todos os anos pelo simples fato de, à exemplo da atriz, permanecerem na condição de solteiras (ao menos "de fachada") e serem filhas de funcionários públicos falecidos do alto escalão. Bilhões. Todos os anos. Dondocas na maioridade, com plena capacidade de labutar, que sempre tiveram do bom e do melhor na infância e adolescência. Quanta gente, no Brasil, deixaria de passar fome se essa quantia exorbitante fosse distribuída entre quem ganha menos?

     O mais engraçado é que aquele seu amigo coxinha, que vive enchendo o saco com aquela falácia da "meritocracia", repetindo ad nauseam que o governo precisa "ensinar a pescar" ao invés de investir em programas de redistribuição de renda para pobres, mas não dá UM PIO sobre essas filhinhas de papai (morto) que, em muitos casos, já eram ricas e ficaram ainda mais com essa mamata que não produz absolutamente nada de útil para o país. Bem diferente do Bolsa Família, que tira dezenas de milhões da miséria, aquece a economia e ajuda a aumentar o consumo de bens de primeira necessidade, como geladeira, fogão, etc.

sábado, 15 de novembro de 2014

Cidade arco-íris - por Coolvibe (Arte digital)

Gilmar Mendes e o bolivarianismo - por Guilherme Boulos (Folha de S. Paulo)

     O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, saiu "às falas" mais uma vez. Na semana passada, o ministro deu uma entrevista à Folha alardeando o risco de "bolivarianismo" no Judiciário brasileiro.

     Afinado, como sempre, com o PSDB e ecoando as vergonhosas marchas de Jair Bolsonaro (PP) e companhia, apontou a iminente construção de um projeto ditatorial do PT, que passaria pela cooptação das cortes superiores. Não poderia deixar de recorrer ao jargão da moda.

     Gilmar Mendes, todos sabem, é um bravateiro de notória ousadia. Certa vez, chamou o presidente Lula "às falas" por conta de um suposto grampo em seu gabinete, cujo áudio até hoje não apareceu. Lula cedeu e demitiu o diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).

     Mais recentemente, o ministro comparou o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a um "tribunal nazista" por ter barrado a candidatura de José Roberto Arruda (PR) ao governo do Distrito Federal. O único voto contrário foi o dele.

     O próprio Arruda afirmou que FHC – que indicou Mendes ao STF – trabalhou em favor de sua absolvição. Para quem não se recorda, Arruda saiu do palácio do governo direto para a prisão após ser filmado recebendo propina.

     Quem vê o ministro Gilmar Mendes em suas afirmações taxativas e bradando contra o "bolivarianismo" pensa estar diante do guardião da República. Parece ser o arauto da moralidade, magistrado impermeável a influências de ordem política ou econômica e defensor da autonomia dos poderes.

     Mas na prática a teoria é outra. Reportagem da revista "Carta Capital", em 2008, mostrou condutas nada republicanas de Mendes em sua cidade natal, Diamantino (MT), onde sua família é proprietária de terras e seu irmão foi prefeito duas vezes.

     Lobbies, favorecimentos e outras suspeitas mais. Mendes, que questionou o PT por entrar com ação contra a revista "Veja", processou a revista "Carta Capital" por danos morais.

     Já o livro "Operação Banqueiro", de Rubens Valente, mostra as relações de Mendes com advogados de Daniel Dantas, que após ser preso pela Polícia Federal na Operação Satiagraha, foi solto duas vezes pelo ministro em circunstâncias bastante curiosas. Na época, ele também acusou uma ditadura da PF, mostrando o que parece ser seu estratagema predileto.

     Mais recentemente, seu nome foi envolvido na investigação da Operação Monte Carlo, sob a suspeita de ter pego carona no jatinho do bicheiro Carlinhos Cachoeira, na ilustre companhia do senador Demóstenes Torres, cassado depois por seu envolvimento no escândalo. Em julho deste ano, Mendes deu uma liminar que permitiu a Demóstenes voltar ao trabalho como procurador de Justiça.

     São denúncias públicas, nenhuma delas inventada pelo bolivariano que aqui escreve. Assim como é público que o ministro mantém parada há 7 meses a ação da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) que propõe a inconstitucionalidade do financiamento empresarial de campanhas e que já obteve a maioria dos votos no Supremo, antes de seu pedido de vistas.

     Ou seja, a trajetória de Gilmar Mendes está repleta de ligações políticas e partidárias, aquelas que ele acusa nos outros magistrados, os bolivarianos. Afinal, o que seria uma "corte bolivariana"? Se tomarmos os três países sul-americanos que assim são identificados – Venezuela, Bolívia e Equador – veremos que todos passaram por processos de reformas no Judiciário.

     No caso da Bolívia, a reforma incluiu o voto popular direto para juízes, estabelecendo um controle social inédito sobre o Poder Judiciário. O mesmo controle que já existe sobre o Executivo e o Legislativo. Por que o Judiciário fica de fora? Por que não presta contas para a sociedade? Não, aí é bolivarianismo!

     Na Venezuela e no Equador o foco das reformas foi o combate das máfias de toga e dos privilégios de juízes. Privilégios do tipo do auxílio-moradia que os juízes brasileiros ganharam de presente do STF neste ano. Mais de R$ 4.000 por mês para cada juiz. A maioria deles tem casa própria, mas mesmo assim poderá receber o auxílio. Cada auxílio de um juiz poderia atender a oito famílias em situação de risco.

     O Judiciário é o único poder da República que, no Brasil, não tem nenhum controle social. Regula a si próprio e estabelece seus próprios privilégios. Mas questionar isso, dizem, é questionar a democracia. É bolivarianismo.

     Este tal bolivarianismo produziu reformas estruturais e populares por onde passou. Os indicadores mostram redução da desigualdade social, da pobreza, dos privilégios oligárquicos e avanços consideráveis nos direitos sociais. Basta ter olhos para ver e iniciativa para pesquisar. Os dados naturalmente são de organismos bolivarianos como a ONU e a Unesco.

     Pena que nessas terras o bolivarianismo seja apenas um fantasma. Fantasma que a oposição usa para acuar o governo e o governo repele como se fosse praga. Afinal, Gilmar Mendes pode chamá-lo "às falas".

Guilherme Boulos, 32, é formado em filosofia pela USP, professor de psicanálise e membro da coordenação nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto). Também atua na Frente de Resistência Urbana e é autor do livro "Por que Ocupamos: uma Introdução à Luta dos Sem-Teto".