terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Fotografia - por Joe McDonald (The Atlantic)

Depoimento sobre Aurora Maria Nascimento Furtado - por Meu professor de história


     Algumas pessoas aparecem na caixa de entrada da página nos perguntando: tenho amigos que defendem a Ditadura Militar e justificam as torturas (dizendo que os torturados mereciam, que homem de bem não sofreu e bla bla bla) , o que fazer ?

     Aurora Maria Nascimento Furtado foi torturada por vários dias, teve os bicos dos peitos arrancados e foi submetida ao famoso "torniquete" onde o cranio de Aurora foi tão apertado que seu olho saltou para fora.

     No vídeo o depoimento da advogada de Aurora.

     Acho que a melhor resposta para a pergunta acima é :se mesmo depois de conhecer histórias assim esses amigos ainda continuarem defendendo tal regime afaste-se deles, tenho certeza absoluta que você NÃO perderá nada se afastando de pessoas assim.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Moinho de vento no Japão - por freefbpictures (Fotografia)

Os últimos dias de Eduardo Cunha - por João Renato Paulon (O Globo)

     É um homem que vive momentos de desgraça pessoal. É um doente em estado terminal. Um prisioneiro na cela esperando o enforcamento

     Após uma estrela nascer, se estabilizar e queimar fusionando por dez bilhões de anos, um processo irrefreável de morte acomete o astro. Dependendo do tamanho, a estrela termina lentamente, enquanto as maiores viram buracos negros.

     A frase do cientista Dr. Eldon Tyrell, da Tyrell Corporation, criadora de replicantes do filme “Blade Runner, o caçador de androides” (do diretor Ridley Scott) é ontológica: “Uma luz que brilha o dobro, vai também brilhar a metade do tempo... e você brilhou com muito, muito brilho, Roy”. Com essa frase, o Dr. Tyrell dá consciência ao replicante Roy, fugitivo de Deckard (Harrison Ford), dos poucos momentos de vida que ainda lhe restam. Roy, ao descobrir que irá morrer imediatamente, retribui seu criador com a morte.

     Cunha é também uma pessoa que brilhou com muito brilho na ótica de um nazifascista. O filho pródigo do financiamento eleitoral, o elo perdido dos valores corporativos e escravo dos seus senhores. O que não se sabia é que represava tanta energia destrutiva.

     Como um sol que expande em até cem vezes o seu tamanho e se contrai até virar um ponto de gravidade pura, um buraco negro, tão denso que nem a luz consegue escapar, e como as reações de um império em decadência são mais perigosas que em apoteose, Cunha, no seu desespero pela sobrevivência, dá também seus espasmos finais: arrasta toda a matéria para seu buraco negro.

     Não penso em tentar prever os próximos movimentos, até porque são inesgotáveis as hipóteses de manipulação das normas produzidas pelo inconsciente maquínico de Eduardo Cunha. Está provado que Cunha está disposto a fazer qualquer coisa para preservar sua imputabilidade, até mesmo colocar um inocente no banco dos réus.

     Não penso em desumanizar o inimigo, pois assim supriria o elemento ético que me diferencia; pretendo investigar seu sofrimento. Cunha é um homem que vive momentos de desgraça pessoal. É um doente em estado terminal. Um prisioneiro na cela esperando o enforcamento. A consciência de seus últimos momentos como presidente da Câmara dos Deputados, como deputado, como homem livre, como cidadão elegível, está sendo substituída por uma imagem insuportável: cassado pelos seus pares, destituído de tudo o que suas tramas financeiras pode comprar e, finalmente, sem o direito à liberdade. Essa nova realidade deve ser muito perturbadora. No filme, outro androide disse: “Quanto tempo eu tenho? É doloroso viver com medo, não é?”

     Os momentos finais de “Blade Runner” são épicos. Após perseguir incessantemente Roy, Deckard cai e fica pendurado com a única mão em uma viga, impossibilitado de subir novamente. A reação do replicante Roy é surpreendente: ao invés de se livrar do seu algoz, salva Deckard da queda e, em suas últimas palavras dá, a impressão que sabia o que era sentir emoções e estar vivendo. Com voz pausada e calma, diz: “Eu vi coisas que vocês não acreditariam. Naves de ataque em chamas nas bordas de Órion. Vi a luz do farol cintilar no escuro na Comporta Tannhauser. Todos estes momentos se perderão no tempo... como lágrimas, na chuva”.

     Imagino como deve ser difícil para Eduardo Cunha dormir pensando qual será o último dia que dormirá em sua cama, que gozará de seu patrimônio e que celebrará a última ceia com seus familiares e correligionários.

     A obra “Os últimos dias da humanidade”, de Karl Kraus, prognostica as vantagens do enfrentamento pelo PT: “As guerras são uma benção, não apenas pelos ideais que defendem, mas também pela purificação que trazem ao povo que as trava em nome dos mais preciosos bens. Os tempos de paz são tempos perigosos. Ocasionam com demasiada facilidade relaxamento e alienação”.

     A sociedade encontra-se atônita ao desenlace das conspurcações na Câmara dos Deputados, e temporariamente imóvel, porém ansiosa para reação nas ruas. Enquanto a República não se livra do mal supremo, regozijaremos os últimos dias de Eduardo Cunha.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Fotografia - por David McLain (National Geographic)

Ressaca - por Leandro Fortes (Facebook)

     Para quem decidiu simpatizar com Kátia Abreu por ela ter enfiado uma taça de vinho na cara de José Serra, um minuto de memória:

     Em 2002, o agricultor Juarez Vieira Reis foi despejado das terras onde vivia, havia 50 anos, no município tocantinense de Campos Lindos, por 15 policiais militares, por conta de uma ação de manutenção de posse acionada por Kátia Abreu.

     Juarez desfilou, sob a mira das armas dos militares, com a mulher e dez filhos, em direção à periferia da cidade, onde ficaram, ao relento, debaixo de um temporal amazônico.

     As terras de Juarez foram retiradas como parte de uma desapropriação criminosa feita pelo então governador Siqueira Campos, do PSDB, para doá-las, em seguida, para amigos e aliados - Kátia Abreu entre eles.

     Por ter tido a coragem de escrever sobre o assunto, baseado em uma matéria minha publicada na CartaCapital, Dom Tomás Balduíno, um gigante moral da igreja católica brasileira, acabou interpelado judicialmente pela agora ministra da Agricultura, na tentativa - vã - de calá-lo, coisa que nem os generais da ditadura conseguiram, diga-se de passagem.

     Dom Balduíno morreu, aos 92 anos, felizmente, sem ver Kátia Abreu tomar posse como ministra em um governo do PT.

     Juarez e a família ainda vivem na miséria.

     Não se enganem: Kátia Abreu e José Serra se merecem.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Darth Vader em Dubai - por Cédric Delsaux (Fotografia manipulada - site homônimo)

PSDB negociando com os estudantes

     "Queridas, o governador resolveu negociar. Trago uma proposta irrecusável pra vocês...". 

     Um personagem muito mais bonzinho certa vez disse: "Eu vou fazer-lhe uma oferta que você não pode recusar".

P.S.: Isto não é 1964 ou 1968. É 2015. 
Só pra lembrar.