terça-feira, 21 de julho de 2009

Araguaia: como se explica Jobim ser Ministro de Lula? - por PHA

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O último suspiro de Serra - por Luis Nassif

Entenda melhor o que está por trás dessa escalada de CPIs, escândalos e tapiocas da mídia.
A candidatura José Serra naufragou. Seus eleitores ainda não sabem, seus aliados desconfiam, Serra está quase convencido, mas naufragou.
Política e economia têm pontos em comum. Algumas forças determinam o rumo do processo, que ganha uma dinâmica que a maioria das pessoas demora em perceber. Depois, torna-se quase impossível reverter, a não ser por alguma hecatombe – um grande escândalo.

O início da derrocada
O início da derrocada de Serra ocorreu simultaneamente com sua posse como novo governador de São Paulo. Oportunamente abordarei as razões desse fracasso.
Basicamente:
1. O estilo autoritário-centralizador e a falta de punch para a gestão. O Serra do Ministério da Saúde cedeu lugar a um político vazio, obcecado com a política rasteira. Seu tempo é utilizado para planejar maldades, utilizar a mão-de-gato para atingir adversários, jornalistas atacando colegas e adversários e sua tropa de choque atuando permanentemente para desestabilizar o governo.
2. Fechou-se a qualquer demanda da sociedade, de empresários, trabalhadores ou movimentos sociais.
3. Trocou programas e ideias pelo modo tradicional de fazer política: grandes gastos publicitários, obras viárias, intervenções suspeitíssimas no zoneamento municipal (comandado por Andrea Matarazzo), personalismo absurdo, a ponto de esconder o trabalho individual de cada secretário, uso de verbas da educação para agradar jornais. Ao contrário de Franco Montoro, apesar de ter alguns pesos-pesados em seu secretariado, só Serra aparece. Em vez de um estado-maior, passou a comandar um exército de cabos e sargentos em que só o general pode se pronunciar.
4. Abandonando qualquer veleidade de inovar na gestão, qual a marca de Serra? Perdeu a de bom gestor, perdeu a do sujeito aberto ao contato com linhas de pensamento diversas (que consolidou na Saúde), firmou a de um autoritário ameaçador (vide as pressões constantes sobre qualquer jornalista que ouse lhe fazer uma crítica).
5. No meio empresarial (indústria, construção civil), perdeu boa parte da base de apoio. O mercado o encara com um pé atrás. Setores industriais conseguem portas abertas para dialogar no governo federal, mas não são sequer recebidos no estadual. Há uma expectativa latente de guerra permanente com os movimentos sociais. Sobraram, para sua base de apoio, a mídia velha e alguns grandes grupos empresariais de São Paulo – mas que também (os grupos) vêem a candidatura Dilma Rousseff com bons olhos.

A rede de interesses
O PSDB já sabe que o único candidato capaz de surpreender na campanha é Aécio Neves. Deixou marca de boa gestão, mostrou espírito conciliador, tem-se apresentado como continuidade aprimorada do governo Lula – não como um governo de ruptura, imagem que pegou em Serra.
Será bem sucedido? Provavelmente não. Entre a herança autêntica de Lula – Dilma – e o genérico – Aécio – o eleitor ficará com o autêntico. Além disso, se Serra se tornou uma incógnita em relação ao financismo da economia, Aécio é uma certeza: com ele, voltaria com tudo o estilo Malan-Armínio de política econômica, momentaneamente derrotado pela crise global. Mas, em caso de qualquer desgaste maior da candidatura oficial, quem tem muito mais probabilidade de se beneficiar é Aécio, que representa o novo, não Serra, que passou a encarnar o velho.
Acontece que Serra tem três trunfos que estão amarrando o PSDB ao abraço de afogado com ele.
O primeiro, caixa fornida para bancar campanhas de aliados. O segundo, o controle da Executiva do partido. O terceiro, o apoio (até agora irrestrito) da mídia, que sonha com o salvador que, eleito, barrará a entrada de novos competidores no mercado.
Se desiste da candidatura, todos os que passaram a orbitar em torno dele terão trabalho redobrado para se recolocarem ante outro candidato. Os que deram apoio de primeira hora sempre terão a preferência.
Fica-se, então, nessa, de apelar para os escândalos como último recurso capaz de inverter a dinâmica descendente de sua candidatura. E aí sobressai o pior de Serra.
Ressuscitando o caso Lunus
Em 2002, por exemplo, a candidatura Roseana Sarney estava ganhando essa dinâmica de crescimento. Ganhara a simpatia da mídia, o mercado ainda não confiava em Serra. Mas não tinha consistência. Não havia uma base orgânica garantindo-a junto à mídia e ao eleitorado do centro-sul. E havia a herança Sarney.
Serra acionou, então, o Delegado Federal Marcelo Itagiba, procuradores de sua confiança no episódio que ficou conhecido como Caso Lunus – um flagrante sobre contribuições de campanha, fartamente divulgado pelo Jornal Nacional. Matou a candidatura Roseana. Ficou com a imagem de um chefe de KGB.
A dinâmica atual da candidatura Dilma Rousseff é muito mais sólida que a de Roseana.
1. É apoiada pelo mais popular presidente da história moderna do país.
2. Fixou imagem de boa gestora. Conquistou diversos setores empresariais colocando-se à disposição para conversas e soluções. O Plano Habitacional saiu dessas conversas.
3. Dilma avança sobre as bases empresariais de Serra, e Serra se indispôs com todos os movimentos sociais por seu estilo autoritário.
4. Grande parte dessa loucura midiática de pretender desestabilizar o governo se deve ao receio de que Dilma não tenha o mesmo comportamento pacífico de Lula quando atacada. Mas ela tem acenado para a mídia, mostrando-se disposta a uma convivência pacífica. Não se sabe até que ponto será bem sucedida, mas mostrou jogo de cintura. Já Serra, embora tenha fechado com os proprietários de grupos de mídia, tem assustado cada vez mais com sua obsessão em pedir a cabeça de jornalistas, retaliar, responder agressivamente a qualquer crítica, por mais amena que seja. Se já tinha pendores autoritários, o exercício da governança de São Paulo mexeu definitivamente com sua cabeça. No poder, não terá a bonomia de FHC ou de Lula para encarar qualquer crítica da mídia ou de outros setores da economia.
5. A grande aposta de Serra – o agravamento da crise – não se confirmou. 2010 promete ser um ano de crescimento razoável.
Com esse quadro desfavorável, decidiu-se apertar o botão vermelho da CPI da Petrobrás.

O caso Petrobras
Com a CPI da Petrobras todos perderão, especialmente a empresa. Há um vasto acervo de escândalos escondidos do governo FHC, da passagem de Joel Rennó na presidência, aos gastos de marketing especialmente no período final do governo FHC.
Todos esses fatos foram escondidos devido ao acordo celebrado entre FHC e José Dirceu, visando garantir a governabilidade para Lula no início de seu governo. A um escândalo, real ou imaginário, aqui se devolverá um escândalo lá. A mídia perdeu o monopólio da escandalização. Até que grau de fervura ambos os lados suportarão? Lá sei eu.
O que dá para prever é que essa guerra poderá impor perdas para o governo; mas não haverá a menor possibilidade de Serra se beneficiar. Apenas consolidará a convicção de que, com ele presidente, se terá um país conflagrado.
Dependendo da CPI da Petrobras, aguarde nos próximos meses uma virada gradual da mídia e de seus aliados em direção a Aécio.

domingo, 12 de julho de 2009

Quem disse “queremos tirar do Estado todos os seus poderes econômicos” ? - por PHA

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Carta: Dantas finalmente no alvo - porque o governo quer mudar o alvo - por PHA

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O blog da mídia - por Luis Nassif

Sarney é Sarney desde que entrou na política. O que armou e aprontou depois de deixar a presidência é de conhecimento amplo da mídia e estava ao alcance desde as primeiras aventuras, ainda mais se tratando de um ex-presidente - o que justificaria o interesse jornalístico.
Nada se fez durante vinte anos. Permitiram-se abusos no Amapá, no Maranhão, permitiram que sua influência abatesse governadores eleitos, derrubados por motivos menores. Os ecos de suas aventuras rodavam todas as redações, desde as estripulias de Jorge Murad e Saulo Ramos, no seu governo, à ligação permanente com Edemar Cid Ferreira ou o escândalo da Cemar.
Mesmo assim, durante décadas mereceu todo o cuidado por parte da imprensa, e um carinho e proteção especial da Folha. O Otavinho sabe a razão.
Agora, esse tiroteio infindável contra ele não tem razões nobres. A mídia fez o mesmo em todos os momentos anteriores da vida nacional. Cria o clima, levanta a bola de quem quiser se apresentar como o vingador e vai gerando fatos, tirando os escândalos que lhe interessam da gôndola do supermercado e mandando bala.
Os verdugos de Collor apareceram na CPI das Empreiteiras. O Catão de hoje é o mandrião de amanhã. E, em todos os momentos, são meramente peças que servem ao jogo de poder da mídia. Para se ter uma ideia desse jogo limpo e asséptico, o Catão do momento é Arthur Virgílio, ator tão completo que é capaz de se escandalizar com aquilo que ele mesmo pratica.
Esse é o ponto central.
Hoje em dia o maior poder do país, aquele sem o menor limite, sem os contrapesos fundamentais da prática democrática, se chama mídia. Ela é a única capaz de intimidar o Judiciário, o Executivo, assassinar reputações. O caso da Veja foi apenas uma amostra desse jogo. Juízes que se colocam contra, desembargadores, ministros, políticos, são fuzilados inapelavelmente. Bastava uma fonte não se mostrar de boa vontade para ser fuzilada com adjetivos ou com factóides. Nem se fale dos interesses maiores, expostos agora nesse lamaçal em que se tornou o gasto com Educação de diversos estados - que passaram a adquirir maciçamente material de editoras jornalísticas como compra de proteção.
O caso Satiagraha acabou sendo o retrato acabado da impunidade no grande jogo de informações acoplado a negócios.
Não havia limites para esse poder até o florescimento de novas mídias, da era da informação, criando um paradoxo curioso: se o Senado se tornar transparente, se se moralizar, se abrir suas contas, o país ganha e a mídia perde. Seu poder reside na falta de transparência da sociedade. É o que permite a ela se tornar “dona” da informação, selecionando as que melhor lhe convem ou editando de acordo com suas conveniências. É por isso que todas as campanhas midiáticas visam pessoas e escândalos pontuais - levantados de acordo com as conveniências do momento - e não mudanças capazes de impedir a perpetuação do erro.
Qual seria o poder da mídia em ambientes transparentes, onde não desse para armazenar escândalos e utilizá-los em benefício do seu jogo político particular? Qual seria o poder se, de repente, instituições assumissem seus erros, mas enfrentassem a mídia sem medo?
O caso Petrobras é emblemático e cria uma dinâmica fantástica, no bojo da Internet.
Com seu Blog, a Petrobras se amarrou a um compromisso: o de não mais deixar perguntas sem respostas. Internamente, significará o fim dos feudos, a obrigação de todos os departamentos de fornecer a informação solicitada.
Esse modelo vai se expandir, se expandir até chegar na mídia. É inexorável. Quando chegar, alguns grupos jornalísticos terão condições de abrir o jogo, de responder às dúvidas dos leitores?
Hoje em dia, o conjunto de conhecimento acumulado na Internet é maior do que aquele controlado pela mídia. O mundo mudou. A mídia terá que mudar.
Aí cada jornal terá que criar seu Blog, não apenas para discutir suas matérias, mas seus interesses empresariais ou políticos por trás de cada campanha.