sexta-feira, 26 de junho de 2009

Escândalo da Era FHC - Proer - por PHA

http://quemtemmedodolula.wordpress.com/2009/06/22/escandalos-da-era-fhc-proer/

Major Curió desmonta a Lei da Anistia - por PHA

http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=12677

Como funciona a imprensa brasileira - por blog Quanto Tempo Dura

http://quantotempodura.files.wordpress.com/2009/06/como_funciona_a_imprensa_brasileira.jpg

O Judiciário, pós-Gilmar - por Luis Nassif

O Judiciário nunca mais será o mesmo depois de Gilmar Mendes. E não propriamente por suas virtudes.
Gilmar Mendes está expondo as vísceras do Judiciário de uma maneira nunca vista. Não como o magistrado acima das paixões, que quer clarear o jogo de poder interno, mas como parte integrante de um jogo de poder, que pretende se valer de sua posição para impor o seu grupo.
Clique aqui para duas matérias do Estadão - favoráveis a Ali Mazloum - mas informando que ele está prestes a ser afastado de suas funções por atos cometidos em 2002. Cinco votos contra, levando a desembargadora Suzana Camargo - ligada a Gilmar Mendes - a pedir vistas, enquanto Masloum apelava para o Conselho Nacional de Justiça, presidido por Gilmar Mendes. Existe material pedagógico melhor para entender o Judiciário do que Gilmar Mendes?
O caso de Mazloum tem duas vertentes. Sua posição na investigação do delegado Protógenes chegou às raias de uma imprudência sem tamanho, o exercício do abuso reiterado.
1. Viu suspeição na troca de telefonemas entre procuradores, juiz e delegado.
2. Usou uma informação falsa - a falsa lista de telefonemas da Nexxys para o delegado - para endossar uma das teses mais caras a Daniel Dantas: a de que havia interesses empresariais por trás da operação.
3. Tentou criminalizar telefonemas de jornalistas ao delegado.
4. Quebrou partes sigilosas do inquérito da Satiagraha, permitindo que Dantas e seus advogados entrassem com um sem-número de recursos.
5. O Consultor Jurídico vazou sua posição antes de ela ser divulgada, simultaneamente com informações do tal relatório italiano - que os advogados de Dantas transformaram na peça chave da sua defesa.
No entanto, o TRF3 de São Paulo levanta um caso de 2002 para avançar contra Mazloun. Fausto Macedo - jornalista ligado ao juiz e que vazou por muito tempo notícias do inquérito - divulga a suspeita de que o caso estaria ligado às últimas decisões de Mazloum, de pedir a quebra do sigilo telefônico de Paulo Lacerda. Mas na mesma matéria informa que o caso já vinha rolando desde 9 de agosto de 2007 e o julgamento já tinha sido adiado quatro vezes por falta de quorum.
O processo administrativo contra Mazloum foi aberto em 9 agosto de 2007, quase cinco anos depois do fato que lhe é imputado. Em 13 de setembro de 2002, às 19h10, ele concedeu liminar em habeas corpus para adiar julgamento de um médico pelo Conselho Regional de Medicina, que ocorreria no dia seguinte, um sábado, às 8h30.
Baptista Pereira, o relator, aponta “indícios de irregularidades” na conduta de Mazloum, por isso pede sua punição. Para ele, o juiz suspendeu julgamento de um procedimento administrativo disciplinar “quando inexistente qualquer risco à liberdade de locomoção do paciente”.
O relator da ação acusa Mazloum de “violação à regra de competência” porque entende que o juiz não poderia ter despachado o feito depois das 19 horas, quando o fórum federal fecha as portas, mas ordenado sua distribuição. Mazloum alega que era o único magistrado no fórum, naquele instante. “A liminar não acarretou prejuízo ou dano à administração, nem ensejou qualquer tipo de vantagem a quem quer que seja, conforme verificou o relator”, diz Mazloum.
Três vezes o Órgão Especial adiou o julgamento, por falta de quórum - nos dias 29 de abril, 13 de maio e 27 de maio. No dia 10 de junho, o juiz começou a ser julgado. Havia 12 desembargadores na sala. Foram convocados mais quatro juízes.
A velha República
O quadro que Gilmar expõe do Judiciário, mostra um poder muito semelhante ao jogo político da Velha República. Há uma política interna complexa, que atrapalha a ação individual de juízes. Há tantas possibilidades de sanções, de retaliações, que só resta a um juiz abrigar-se sobre o manto protetor de um grupo de influência. Ou ser um cabeça-dura como Fausto De Sanctis.
Dia desses conversei com um ex-desembargador, simpático a Mazloum, que traçou o quadro para mim:
1. Mazloun não é diretamente ligado a Gilmar Mendes, mas à desembargadora Suzana Camargo - que é umbilicalmente ligada a Gilmar Mendes.
2. O grupo contrário ao de Suzana é o de Baptista Pereira.
3. De Sanctis é independente, não pertence a grupo algum.
Mazloum foi alvo de condenações no TRF3; e beneficiário de decisões de Gilmar Mendes no STF. Depois de salvo por Gilmar Mendes, meteu-se até o pescoço com suas decisões controvertidíssimas nesse inquérito contra o Protógenes. Sem o apoio de Suzana Camargo e de Gilmar Mendes, estará liquidado. É possível que essa situação explique sua atuação nesse inquérito contra o delegado.
Todo esse quadro de guerras internas do Judiciário está sendo desnudado por Gilmar Mendes. Não por sua sabedoria, por seu espírito reformador, mas por ter explicitado o que de pior existe: o deslumbramento com o cargo, a superexposição, as demonstrações de poder, o jogo explícito de grupos, a indiferença em relação às críticas à sua empresa.
O Direito de Resposta para a Abril
Clique aqui para artigo de Gilmar Mendes sobre a modernização do Judiciário. Pela primeira vez. Mendes foge do seu padrão “o Judiciário sou eu” e mostra os avanços ocorridos com os mutirões da Justiça.
E, abaixo, minhas desventuras com o Direito de Resposta solicitado à revista Veja.
Como sempre acontece nos casos envolvendo a Editora Abril e a Globo, o processo cai na Vara de Pinheiro. É uma vara que conhece profundamente o tema, já que trata de questões envolvendo duas das maiores editoras nacionais.
É um tema com implicações profundas nos balanços das editoras. No balanço do ano passado, auditoria, composta por advogados especializados, constatou que a Abril deveria reservar mais de R$ 50 milhões para prevenir perdas em ações em andamento. Os advogados da Abril disseram que, pelo andamento dos processos, R$ 5 milhões seriam suficientes. Os auditores analisam as ações pelos padrões do Judiciário; os advogados da Abril pelos padrões das suas próprias causas - que são julgadas na Vara de Pinheiros. Só por aí dá para se ter uma pálida ideia da diferença de entendimento para ações similares na Justiça em geral; e as ações contra a Editora Abril.
Paulo Henrique Amorim entrou com uma ação de perdas e danos contra artigos escritos por Diogo Mainardi na Veja. A ação foi julgada em Primeira Instância pela Dra Aparecida Angélica Correia Nagão, da Vara de Pinheiros, que concluiu que aquele estilo (de ofender e injuriar) fazia parte do show, Mainardi era assim mesmo. Em Segunda Instância, o tribunal deu ganho de causa a Paulo Henrique e considerou as acusações tão graves que impôs multa substancial à Abril. Uma mudança radical de entendimento. No período em que vigorou a sentença da Juíza, Paulo Henrique foi alvo de uma bateria adicional de ataques, com o mesmo teor de baixaria, pelo fato de ter sido derrotado em Primeira Instância.
No ano passado sofri ataque da mesma pessoa, que tem sido reiteradamente condenada em instâncias superiores por crimes contra a honra. Meu advogado Marcel Leonardi entrou com um pedido de direito de resposta - que nada tem a ver com ação criminal. Dra Angélica negou o pedido sem analisar o mérito. Disse que faltava especificar o crime. O Marcel - que é um brilhante e estudioso jovem advogado - apelou, mostrou que em casos de direito de resposta não cabe especificação de crime pela singela razão de que não se está solicitando (ainda) punição, mas… direito de resposta. Em vão. A juíza negou e o processo 011.08.001815-8 subiu para a Segunda Instância.
No Tribunal, os desembargadores concluíram o consagrado em toda jurisprudência do setor, de que o argumento de Marcel era correto. Agora o caso volta para a Dra. Angélica julgar o mérito.Mas bastou um entendimento da Juiza sobre um detalhe processual - mesmo indo contra a jurisprudência - para a eficácia do Direito de Resposta (a rapidez na resposta) ir por água abaixo.
Já se passaram muitos e muitos meses, acho que mais de um ano. E não sei quantos meses mais levará para ela julgar o mérito. E não sei se, antes de julgar o mérito, haverá espaço para novas exigências processuais. E não sei se acusar alguém de “achacador”e outras baixarias será interpretado como parte do estilo jocoso do parajornalista. E também não sei se com o fim da Lei de Imprensa, Dra. Aparecida Angélica não irá declarar que a ação está extinta, porque extinta a lei que a fundamentou. E, mesmo analisando o mérito e me dando ganho de causa, o tempo decorrido será tão extenso que a sentença perderá grande parte da eficácia. Ou seja, com uma mera interpretação - e incorreta (posto que reformada pela Segunda Instância) da parte da Juíza - a Abril reduziu substancialmente o custo de imagem com mais um assassinato de reputação. Reduzindo seu custo, levará mais tempo para mudar seu estilo. E se a intenção das punições é prevenir novos ataques contra a honra de terceiros, mais uma vez essa intenção foi minimizada.
O Direito de Resposta é, processualmente, um dos procedimentos mais rápidos do Judiciário.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

O Globo comemora seu factóide - por Luis Nassif

http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/06/18/o-globo-comemora-seu-factoide/

As operações compromissadas do BC - por Luis Nassif

A maneira como se criam falsos escândalos – como nessa operação fiscal da Petrobras – e se deixam de lado escândalos concretos, é típica de um país que ainda não ascendeu à condição de desenvolvido
Confira o que o Banco Central está fazendo com as operações compromissadas da dívida pública interna.
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Antes da eclosão da crise, alertei aqui para os riscos embutidos nas operações de “swap reverso” praticadas pelo banco. A operação permitia ganhos substanciais aos investidores – e prejuízos monumentais ao Tesouro – enquanto o real continuasse se valorizando. Foi a forma torta encontrada pelo BC para compensar os grandes exportadores pela perda de competitividade do câmbio.
Com o real se apreciando, perdia o Tesouro. Com o real se desvalorizando, houve quase uma crise sistêmica, com grandes empresas levando prejuízos monumentais. Essa crise dos derivativos – induzida pelo BC – foi a principal responsável pela demora na normalização do crédito e no aprofundamento da crise.
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Agora, o BC voltou a brincar com as operações compromissadas – aquelas feitas no overnight, em que o BC vende um título com o compromisso de recomprar no dia seguinte ou alguns dias depois. Estudos dos economistas José Roberto Afonso e Geraldo Biasoto traçaram um quadro preocupante.
No segundo semestre de 2008, a desvalorização do real permitiu um lucro bruto de R$ 185 bilhões ao BC. Esse valor foi transferido, cash, para o Tesouro. Simultaneamente, o Ministro Guido Mantega, da Fazenda, e o presidente do Banco Central Henrique Meirelles, assinaram medida provisória – convertida em lei em novembro – vinculando o resultado do BC ao resgate de títulos da dívida mobiliária, começando por aqueles que estão na própria carteira do BC.
Acontece que o próprio BC passou a ignorar solenemente a medida, diz José Roberto. Hoje em dia, o total de operações compromissadas do BC é de R$ 396 bilhões. Esse valores correspondem a 84% de sua carteira de títulos – em 2005 era de apenas 8%. Desse total, 68% são de operações de prazos menores que duas semanas.
Se juntar com a dívida mobiliária, em abril chegou a 56% do PIB, alta de 3,1 pontos do PIB apenas este ano.
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Além de aumentar o endividamento público, permite aos bancos deixar de emprestar às famílias e às empresas – porque tem um tomador imenso que se dispõe a pagar caro pelo dinheiro captado. Nunca na história esse montante foi tão elevado, alerta José Roberto.
Agora que o real está se valorizando novamente, o endividamento público aumentará sem que tivesse sido reduzido no momento em que o câmbio remava a favor da redução da dívida.
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Assim como no episódio do “swap reverso”, é uma operação escandalosa. Quando houve a crise de liquidez no sistema, o BC injetou – via redução do compulsõrio – R$ 99,8 bilhões nos bancos. Agora, indo contra sua própria política, injetou R$ 82,8 bilhões em operações compromissadas, fazendo com que praticamente todo dinheiro injetado no sistema servisse apenas para os bancos aplicarem nos juros ainda elevadíssimos dos títulos públicos.

Algumas ótimas de PHA

FHC impede crise no Irã e salva o mundo
http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=12600
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O PiG (*) descobriu que o Sarney é o Sarney
http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=12574
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Estadão quer que o Brasil seja do tamanho dele: pequeno, irrelevante
http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=12545
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Lei dos genéricos: Outra mentira dos tucanos
http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=12487

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Os bolsistas do Prouni - Por JB Costa (Blog do Nassif)

Da Folha Online
BOLSISTA TEM NOTA IGUAL OU MAIOR QUE PAGANTE
Que manchete gostosa! É de lavar a alma! Deve(ria) ser motivo de alegria e orgulho para todos nós brasileiros.
Mas aí vem um tal de Simon Schwartzman, sociólogo, presidente do Instituto de Estudos de Sociedade e Trabalho, para sugerir duas HIPÓTESES para explicar o inaceitável para alguns: Primeira: INDICARIA que os bolsistas tem nível sócioeconômico superior ao de seus colegas, o que mostraria que a focalização do programa não está sendo eficiente. Segunda: como há uma nota mínima no ENEM para pleitear a bolsa, ficam de fora os alunos de nível menor que ingressariam, sem ProUNI, em cursos menos disputados.
Ora meu caro professor: as suas duas hipóteses, com o devido respeito, são uma porcaria. Nota-se um esforço danado do sr. para desqualificar a proeza. Essas ilações exalam um cheirinho de preconceito, de elitismo,de falsidade intelectual/ideológica das brabas!
Comentário
Simon Schwartzman foi presidente do IBGE e é um pesquisador respeitado. Mas suas hipóteses são de cabo-de-esquadra, vítimas do mau uso da focalização (a escola que propõe que as verbas públicas sejam focalizadas nos mais necessitados).
Tem-se uma massa de candidatos ao Prouni. Os candidatos à Bolsa sofrem uma restrição: não podem ter renda acima de determinado limite.
O que é mais crível:
1. A maioria dos candidatos do Prouni burlou as restrições. Ou seja, não apenas os de melhor nível econômico foram maioria como os fraudadores foram maioria.
2. A maioria dos candidatos, por necessitados, valoriza muito mais a oportunidade do que aqueles com menos problema financeiro.
Simon quis sofisticar uma conclusão óbvia e falou tolice. Não precisa ter doutorado em sociologia para constatar o óbvio: quem precisa mais, valoriza mais o estudo.
A própria Unicamp pesquisou as notas dos alunos egressos de escola pública e constatou que, passado o período em que tiravam o atraso em relação aos demais colegas, na média tiravam melhores notas.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Lula condena xenofobia européia e ONU o aplaude de pé - por PHA

http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=12384 - por Paulo Henrique Amorim.

Quem é quem na lista dos “especialistas” do PiG(*): Disk… - por PHA

http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=12392 - por Paulo Henrique Amorim.

O preconceito por trás da idéia de que os tucanos não se “comunicam” - por PHA

http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=12322 - por Paulo Henrique Amorim.

Prédio da Polícia de São Paulo escondeu sequestrado. Bye bye Serra 2010 - por PHA

http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=12353 - por Paulo Henrique Amorim.

Economistas não-neoliberais concluem: crise é estrutural - por PHA

A reportagem que se segue é uma colaboração deLeonardo Nunes para o Conversa Afiada:
A Sociedade Brasileira de Economia Política (SEP) e a Sociedade Latino-Americana de Economia Política (SEPLA) organizaram, entre os dias 9 e 12 de junho, o XIV Encontro Nacional de Economia Política e o V Colóquio Internacional da SEPLA em São Paulo. Trata-se de um dos congressos acadêmicos mais importantes em teoria crítica. No centro do debate, como não poderia deixar de ser, a crise econômica mundial.
A mesa de abertura reuniu os professores Wilson Cano (Unicamp), Marcio Pochmann (Unicamp e IPEA) e Antônio Correa de Lacerda (PUC-SP). Apesar das inúmeras divergências, um consenso emergiu. A crise econômica, desencadeada pelo colapso do mercado imobiliário norte-americano, é estrutural e não conjuntural. Isto significa dizer que os fundamentos da crise foram gestados durante as últimas três décadas, sendo conseqüência do arranjo monetário baseado em regimes cambiais flexíveis e liberdade no movimento de capitais. Estes fatos, associados à estagnação dos salários reais, num contexto de aumento da produtividade e ampliação do consumo, sobretudo nos EUA, através do endividamento, resultou no colapso do sistema financeiro mundial, a partir do crash do mercado imobiliário norte-americano.
A importância dos déficits gêmeos como possíveis indicadores da crise também foi abordada no evento. Além disso, ressaltou-se que a falta de um arcabouço institucional capaz de regular o sistema monetário internacional, aliado a falta de instrumentos de controle de capitais, serviram como combustíveis para o caos econômico. Apesar das dificuldades em encontrar soluções definitivas, foi destacada a importância do estabelecimento de políticas anticíclicas coordenadas, tais como pacotes fiscais e diminuição das taxas de juros. Já o Brasil, segundo os debatedores, não sofrerá um forte impacto, apesar do seu elevado passivo externo líquido.
O presidente do IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), por sua vez, centrou sua análise nos possíveis efeitos da crise no Brasil. Numa corajosa exposição, Pochmann criticou duramente a política monetária empreendida pelo Banco Central, sobretudo a lentidão da autoridade monetária para diminuir a taxa de juros desde o início da crise. Além disso, foi mencionado o fato de que o problema em questão não é conjuntural, mas estrutural do modo de produção capitalista. O Brasil, segundo o economista, deve aproveitar o contexto para promover uma refundação do Estado, de forma a adequá-lo às necessidades da população. Uma medida importante seria a adoção de uma reforma tributária que estabelecesse um sistema progressivo, que onere os mais abastados. Entretanto, Pochmann alertou para as dificuldades de tal projeto. Segundo ele, o mesmo só poderá ser levado a cabo a partir do enfraquecimento das bases políticas majoritárias, que poderá apenas ocorrer através do agravamento da crise.
O economista Costas Lapavitsas (SOAS/University of London) destacou a importância do endividamento individual nos EUA como componente singular da atual crise econômica. Já Win Dierckxsens lembrou a importância do impacto ambiental que tal modo de produção, sustentado pelo padrão de consumo norte-americano, pode produzir. Neste sentido, seria indispensável repensar as estruturas produtivas, bem como suas respectivas matrizes energéticas, e a estrutura de bens produzidos. Por fim, o presidente da SEP, Paulo Nakatani (UFES), mencionou o fato de que as crises são inerentes ao capitalismo, ou seja, estão na gênese do capital. Portanto, ela é o momento de exacerbação destas contradições, que se repõem de outras formas – normalmente mais agudas - depois de sua superação.
Divergências, debates e inúmeras dúvidas marcaram o congresso. Certeza, apenas uma. A crise é estrutural – e grave. O Brasil, por enquanto, reúne condições privilegiadas para enfrentá-la. Cabe ao governo ter coragem política para adotar as medidas necessárias, tais como política fiscal anticíclica, redução consistente da taxa de juros, reforma tributária, dentre outras, para que possamos superá-la sem grandes perturbações.

Leonardo Nunes é mestre em economia pela Unicamp e doutorando em economia pela Université Paris I Panthéon-Sorbonne.

Falta alguém na CPI da Petrobrás: Shigeaki Ueki - por PHA

http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=12329 - por Paulo Henrique Amorim.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Historiador marxista faz uma avaliação das origens, efeitos e desdobramentos da crise mundial - por revista Sem Terra

Entrevista com Eric Hobsbawm,

Em entrevista à jornalista Verena Glass, da Revista Sem Terra, o historiador Eric Hobsbawm apresenta sua avaliação das origens, efeitos e desdobramentos da crise mundial.

Desde que sua magnitude se fez sentir, com seus capítulos ambiental, climático, energético, alimentar e, por fim, econômico, acadêmicos, sociólogos, economistas, políticos e lideranças sociais procuram entender e explicar suas causas, e analisar e prever suas conseqüências. Muitos têm buscado respostas e soluções apenas no próprio universo econômico. Outros concluíram que vivemos uma crise civilizatória, e que o capitalismo implodiu por seus próprios desmandos. Mas ninguém parece ter respostas definitivas sobre o que nos prepara o futuro.

Assim também Hobsbawm, o maior historiador marxista da atualidade. Aos 92 anos, o autor de algumas das mais importantes obras acerca da história recente da humanidade, como “A Era das Revoluções” (sobre o período de 1789 a 1848), “A Era do Capital” (1848-1875) , “A Era dos Impérios” (1875-1914) e “A Era dos Extremos – O Breve Século 20”, lançado em 1994, não arrisca previsões sobre como será o mundo pós-crise.

Nesta entrevista, concedida por e-mail de Paris, porém, Hobsbawm apresenta suas opiniões como contribuição ao debate. De certezas, apenas a de que, se a humanidade não mudar os rumos da sua convivência mútua e com o planeta, o futuro nos preserva maus agouros. Cético e ao mesmo tempo esperançoso, não acredita que uma nova ordem mundial surgirá das cinzas do pós-crise, mas acha que ainda existem forças capazes de propor novas formas de organização e cultura políticas e sociais, como o MST.

O planeta vive hoje uma crise que abalou as estruturas do capitalismo mundial, atinge indiscriminadamente atores em nada responsáveis pela sua eclosão, e que talvez seja um dos mais importantes “feitos” da moderna globalização. Na sua avaliação, quais foram os fatores e mecanismos que levaram a esta situação?

Nos últimos quarenta anos, a globalização, viabilizada pela extraordinária revolução nos transportes e, sobretudo, nas comunicações, esteve combinada com a hegemonia de políticas de Estado neoliberais, favorecendo um mercado global irrestrito para o capital em busca de lucros. No setor financeiro, isto ocorreu de forma absoluta, o que explica porque a crise do desenvolvimento capitalista ocorreu ali. Apesar do fato de que o capitalismo sempre — e por natureza — opera por meio de uma sucessão de expansões geradoras de crises, isto criou uma crise maior e potencialmente ameaçadora para o sistema, comparável à Grande Depressão que se seguiu a 1929, mesmo que seja cedo para avaliarmos todo o seu impacto. Um problema maior tem sido que a tendência de declínio das margens de lucro, típico do capitalismo, tem sido particularmente dramática porque os operadores financeiros, acostumados a enormes ganhos com investimentos especulativos em épocas de crescimento econômico, têm buscado mantê-los a níveis insustentáveis, atirando-se em investimentos inseguros e de alto risco, a exemplo dos financiamentos imobiliários “subprime” nos EUA. Uma enorme dívida, pelo menos quarenta vezes maior do que a sua base econômica atual foi assim criada, e o destino disso era mesmo o colapso.

Como resposta à crise econômica, governos e instituições financeiras estão concentrados em salvar os sistemas bancário e financeiro, opção que tem sido considerada uma tentativa de cura do próprio vetor causador do mal. No que deve resultar este movimento?

Um sistema de crédito operante é essencial para qualquer país desenvolvido, e a crise atual demonstra que isso não é possível se o sistema bancário deixa de funcionar.
Nesse sentido, as medidas nacionais para restaurá-lo são necessárias. Mas o que é preciso também é uma reestruturação do Estado por exemplo, através das nacionalizações, a “desfinanceirização” do sistema e a restauração de uma relação realista entre ativos e passivos econômicos. Isso não pode ser feito simplesmente combinando vastos subsídios para os bancos com uma regulação futura mais restrita. De toda forma, a depressão econômica não pode ser resolvida apenas via restauração do crédito. São essenciais medidas concretas para gerar emprego e renda para a população, de quem depende, em última instância, a prosperidade da economia global.

Antes de se agudizar o caos econômico, o mundo começou a sofrer uma sucessão de abalos sociais e ambientais, como a falta global de alimentos, as mudanças climáticas, a crise energética, as crises humanitárias decorrentes das guerras, entre outros. Como você avalia estes fatores na perspectiva do paradigma civilizatório e de desenvolvimento do capitalismo moderno?
Vivemos meio século de um crescimento exponencial da população global, e os impactos da tecnologia e do crescimento econômico no ambiente planetário estão colocando em risco o futuro da humanidade, assim como ela existe hoje. Este é o desafio central que enfrentamos no século 21. Vamos ter que abandonar a velha crença — imposta não apenas pelos capitalistas — em um futuro de crescimento econômico ilimitado na base da exaustão dos recursos do planeta. Isto significa que a fórmula da organização econômica mundial não pode ser determinada pelo capitalismo de mercado que, repito, é um sistema impulsionado pelo crescimento ilimitado. Como esta transição ocorrerá ainda não está claro, mas se não ocorrer, haverá uma catástrofe.

O capitalismo tem adquirido, cada vez mais, uma força hegemônica na agricultura com o crescimento do agronegócio. Muitos defendem que a Reforma Agrária não cabe mais na agenda mundial. Como vê este debate e a luta pela terra de movimentos sociais como o MST e a Via Campesina?
A produção agrícola necessária para alimentar os seis bilhões de seres humanos do planeta pode ser fornecida por uma pequena fração da população mundial, se compararmos com o que era no passado. Isso levou tanto a um declínio dramático das populações rurais desde 1950, quanto a uma vasta migração do campo para as cidades. Também levou a um crescente domínio da agricultura por parte não tanto do grande agronegócio, mas principalmente de empreendimentos capitalistas que hoje controlam o mercado desta produção. Da mesma forma, têm aumentado os conflitos entre agricultores e iniciativas empresariais na disputa pela terra para propósitos não agrícolas (indústrias, mineração, especulação imobiliária, transporte etc.), bem como pela sua posse e pela exploração dos recursos naturais. A Reforma Agrária sem duvida não é mais tão importante para a política como foi há 40 anos, pelo menosna América Latina, mas claramente permanece uma questão central em muitos outros países. Na minha opinião, a crise atual reforça a importância da luta de movimentos como o MST, que é mais social do que econômica. Em tempos de vacas gordas é muito mais fácil ganhar a vida na cidade. Em tempos de depressão, a terra, a propriedade familiar e a comunidade garantem a segurança social e a solidariedade que o capitalismo neoliberal de mercado tão claramente nega aos migrantes rurais desempregados.

Na virada do século, um novo movimento global de resistência social tomou corpo através do que ficou conhecido como altermundialismo. Surgiu o Fórum Social Mundial, e grandes manifestações contra a guerra e instituições multilaterais, como a OMC, o G8 e a ALCA, na América Latina, ganharam as ruas. Na sua avaliação, o que resultou destes movimentos? E hoje, como vê estas iniciativas?
O movimento global de resistência altermundialista merece o crédito de duas grandes conquistas: na política, ressuscitou a rejeição sistemática e a crítica ao capitalismo que os velhos partidos de esquerda deixaram atrofiar. Também foi pioneiro na criação de um modo de ação política global sem precedentes, que superou fronteiras nacionais nas manifestações de Seattle e nas que se seguiram. Grosso modo, logrou formular e mobilizar uma poderosa opinião pública que seriamente pôs em cheque a ordem mundial neoliberal, mesmo antes da implosão econômica. Seu programa propositivo, porém, tem sido menos efetivo, em função, talvez, do grande número de componentes ideologicamente e emocionalmente diversos dos movimentos, unificados apenas em aspirações muito generalistas ou ações pontuais em ocasiões específicas.

Principalmente na América Latina, os anos 2000 trouxeram uma série de mudanças políticas para a região com a eleição de governadores mais progressistas. A sociedade civil organizada ganhou espaço nos debates políticos, mas os avanços na garantia dos direitos sociais ainda esperam por uma maior concretização. Como analisa este fenômeno?
O fator mais positivo para a América Latina é a diminuição efetiva da influência política e ideológica — e, na América do Sul, também econômica — dos EUA. Um segundo fator muito importante é o surgimento de governos progressistas — novamente mais fortes na América do Sul — , inspirados pela grande tradição da igualdade, fraternidade e liberdade, que comprovadamente está mais viva aí do que em outras regiões do mundo neste momento. Estes novos regimes têm se beneficiado de um período de altos preços de seus bens de exportação. Quão profundamente serão afetados pela crise econômica, principalmente o Brasil e a Venezuela,ainda não está claro. Suas políticas têm logrado algumas melhorias sociais genuínas, mas até agora não reduziram significativamente as enormes desigualdades econômicas e sociais de seus países. Esta redução deve permanecer a maior prioridade de governos e movimentos progressistas.

Diante da crise civilizatória, do fracasso do capitalismo e da inoperância dos sistemas multilaterais, que não foram aptos a enfrentar as grandes questões mundiais, as esquerdas têm se debatido na busca de alternativas; mas nem consensos nem respostas parecem despontar no horizonte. Haveria, em sua opinião, a possibilidade real da construção de um novo socialismo, uma nova forma de lidar com o planeta e sua gente, capaz de enfrentar a hegemonia bélica, econômica e política do neoliberalismo?
Eu não acredito que exista uma oposição binária simples entre “um novo socialismo” e a “hegemonia do capitalismo”. Não existe apenas uma forma de capitalismo. A tentativa de aplicar um modelo único, o “fundamentalismo de mercado” global anglo-americano, é uma aberração histórica, que potencialmente colapsou agora e não pode ser reconstruída. Por outro lado, o mesmo ocorre com a tentativa de identificar o socialismo unicamente com a economia centralizada planejada pelo Estado dos períodos soviético e maoísta. Esta também já era (exceto talvez se nosso século for reviver os períodos temporários de guerra total do século 20). Depois da atual crise, o capitalismo não vai desaparecer. Vai se ajustar a uma nova era de economias que combinarão atividades econômicas públicas e privadas. Mas o novo tipo de sistemas mistos tem que ir além das várias formas de “capitalismo de bem estar” que dominou as economias desenvolvidas nos trinta anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial. Deve ser uma economia que priorize a justiça social, uma vida digna para todos e a realização do que Amaratya Sen chama de potencialidades inerentes aos seres humanos. Deve estar organizada para realizar o que está além das habilidades do mercado dos caçadores- de-lucro, principalmente para confrontar o grande desafio da humanidade neste século 21: a crise ambiental global. Se este novo sistema se comprometer com os dois objetivos, poderá ser aceitável para os socialistas, independente do nome que lhe dermos. O maior obstáculo no caminho não é a falta de clareza e concordância entre as esquerdas, mas o fato de que a crise econômica global coincide com uma situação internacional muito perigosa, instável e incerta, que provavelmente não estabelecerá uma nova estabilidade por algum tempo. Entrementes, não há consenso ou ações comuns entre os Estados, cujas políticas são dominadas por interesses nacionais possivelmente incompatíveis com os interesses globais.

Conceitos como solidariedade, cooperação, tolerância, justiça social, sustentabilidade ambiental, responsabilidade do consumidor, desenvolvimento sustentável, entre outros, têm encontrado eco, mesmo de forma ainda frágil, na opinião pública. Acredita que estes princípios poderão, no futuro, ganhar força e influenciar a ordem mundial? Vê algum caminho que possa aproximar a humanidade a uma coabitação harmoniosa?
Os conceitos listados estão mais para slogans do que para programas. Eles ou ainda precisam ser transformados em ações e agendas (como a redução de gases de efeito estufa, encorajada ou imposta pelos governos, por exemplo), ou são subprodutos de situações sociais mais complexas (como “tolerância”, que existe efetivamente apenas em sociedades que a aceitam ou que estão impedidas de manter a intolerância). Eu preferiria pensar na “cooperação” não apenas como um ideal generalista, mas como uma forma de conduzir as questões humanas, como as atividades econômicas e de bem estar social. Me entristece que a cooperação e a organização mútua, que eram um ele- mento tão importante no socialismo do século 19, desapareceram quase
que completamente do horizonte socialista do século 20 – mas felizmente não da agenda do MST. Espero que esta lista de conceitos continue conquistando o apoio e mobilize a opinião pública para pressionar efetivamente os governos. Não acredito que a humanidade alcançará um estado de “coabitação harmoniosa” num futuro próximo. Mas mesmo se nossos ideais atualmente são apenas utopias, é essencial que homens e mulheres lutem por elas.

O senhor, que estudou com profundidade a história do mundo e as relações humanas nos últimos séculos, o que espera do futuro?
Se a crise ambiental global não for controlada, e o crescimento populacional estabilizado, as perspectivas são sombrias. Mesmo se os efeitos das mudanças climáticas possam ser estabilizados, produzirão enormes problemas que já são sentidos, como a crescente competição por recursos hídricos, a desertificação nas zonas tropicais e subtropicais, e a necessidade de projetos caros de controle de inundações em regiões costeiras. Também mudarão o equilíbrio internacional em favor do hemisfério Norte, que tem largas extensões de terras árticas e subárticas passíveis de serem cultivadas e industrializadas. Do ponto de vista econômico, o centro de gravidade do mundo continuará a se mover do Oeste (América do Norte e Europa) para o Sul e o Leste asiático, mas o acúmulo de riquezas ainda possibilitará às populações das velhas regiões capitalistas um padrão de vida muito superior às dos emergentes gigantes asiáticos. A atual crise econômica global vai terminar, mas tenho dúvidas se terminará em termos sustentáveis para além de algumas décadas. Politicamente, o mundo vive uma transição desde o fim da Guerra Fria. Se tornou mais instável e perigoso, especialmente na região entre Marrocos e Índia. Um novo equilíbrio internacional entre as potências — os EUA, China, a União Européia, Índia e Brasil — resumivelmente ocorrerá, o que poderá garantir um período de relativa estabilidade econômica e política, mas isto não é para já. O que não pode ser previsto é a natureza social e política dos regimes que emergirão depois da crise. Aqui as experiências do passado não podem ser aplicadas. O historiador pode falar apenas das circunstâncias herdadas do passado. Como diz Karl Marx: a humanidade faz a sua própria história. Como a fará e com que resultados, muitas vezes inesperados, são questões que ultrapassam o poder de previsão do historiador.

A invasão da USP - por Luis Nassif

http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/06/09/a-invasao-da-usp/#more-31025

terça-feira, 9 de junho de 2009

Eufemismos da MP 458 - por Bruno Lima Rocha

A noite de quarta-feira, dia 3 de junho, o Senado da república deu uma aula de análise política. Não foi uma lição de atitude republicana, tampouco defesa da cidadania e nem do interesse nacional. O que se viu foi a materialização de dois conceitos: o de sobre-representação e o do eufemismo como arma do discurso. O primeiro conceito se encontra na “sinceridade” da senadora Kátia Abreu (DEM-TO) que acumula o mandato pelo novo estado e também é presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA). O segundo, o eufemismo, se encontra nas palavras da nobre e ilibada senadora, ao afirmar que uma Medida Provisória de sua autoria, a MP 458, vai “dar segurança jurídica” para a Amazônia Legal. Para quem tem como lida e labuta a análise do grande jogo do poder no Brasil, ter um conceito materializado é uma chance de demonstrar de modo didático as teias de relações reais e não formais da política brasileira. Ou “conceito com carne” descortina para um público ampliado as tensões do exercício do mando sem as barreiras de uma linguagem rebuscada. Neste quesito, sou obrigado a ser justo. Três bancadas atuam de modo “sincero” com bastante freqüência, e não por acaso, exercem a sobre-representação na defesa de seus interesses diretos. São elas, a da bola (com a cartolagem à frente), a dos concessionários de radiodifusão (sendo que um em cada três congressistas são donos ou sócios de rádio e/ou TV) e a ruralista. Este termo, “ruralismo”, por si só já é um eufemismo, pois remonta a sigla da extrema direita agrária dos anos 80. Para quem não se recorda, a luta pelo exercício do direito constitucional do acesso à terra como fator de produção com destinação social, confrontava com a União Democrática Ruralista (UDR). Esta entidade “democrática”, que caíra em perfil baixo nos últimos anos, dá a marca da bancada de mesmo nome. Pois foi uma das líderes da bancada da agricultura em larga escala, aplicando o conceito que transforma o alimento em commodity, que escreveu o texto da nova medida legal. Na sua origem, esta MP serviria para assentar os pequenos posseiros nas terras utilizadas para subsistência e agricultura para comercializar localmente. Seguindo o modus operandi da política brasileira, o novo texto altera a intenção inicial, aumentando o tamanho da extensão de terras a ser regularizada e a forma de sua titularidade. Na redação da presidente da CNA, as terras griladas com extensão de 400 a 1500 hectares podem ser vendidas após três anos, e também podem ser propriedade de empresas e prepostos dos proprietários. Se não for vetada pelo presidente Luiz Inácio, a nova MP vai liberar tanto a grilagem de terras da União como o uso de laranjas como escudeiros legais dos latifundiários. A lista de absurdos não pára por aí. Se a regra autoriza o grileiro a vender sua terra após a legalização da mesma no prazo de três anos, o posseiro e o pequeno proprietário que for beneficiado com o título de extensões de 100 a 400 hectares, só poderá vendê-la após 10 anos. É a mesma injustiça distributiva dos impostos aplicados no Brasil. Desonera-se o capital, garante-se a livre circulação de títulos, papéis e carteiras e a carga impositiva despenca em cascata sobre o salário e o consumo. Na chamada “economia real” ocorre algo semelhante. De cada dez empregos diretos formais, sete são gerados pelos micro e pequenos empreendimentos. Ao mesmo tempo, estes são muito onerados pelo Estado que beneficia a fundo perdido as grandes corporações. Trata-se de mais eufemismo com o destino privado dos recursos coletivos. No setor primário já regularizado, quem planta para o consumo interno e direto tem piores condições de produzir do que a escala absurda do chamado agro-negócio. Com a MP 458, o senado da república manteve o padrão de contra sensos brasileiros. Não há desenvolvimento sem preservação Como se sabe, a medida é polêmica e provocou um racha na base do governo e na oposição. De sua parte, o presidente já assinala com uma manobra diversionista. Diz que a conta a ser paga pela preservação também é dos países ricos. Embora isso seja correto, se aplica em escala mundial e não na vida cotidiana da Amazônia Legal e da biodiversidade brasileira. Cobrar o cumprimento do Protocolo de Quioto e agir de forma incisiva contra a pesca da baleia pelos pesqueiros japoneses é legítimo. Já mandar a conta de uma política interna que atravessa as possibilidades de manutenção da soberania nacional na Amazônia, não é. Não há controle sem sustentação, e o Estado brasileiro tem de assegurar a cobertura vegetal e a biodiversidade em mais da metade de seu território. Ao contrário do senso comum e das idéias difundidas pela grande mídia, não há conflito entre preservação e desenvolvimento. Preservar não é atraso e nem custo, mas sim garantia de retorno de longo prazo. É óbvio que dentro do modelo de devastar para a agro-exportação, isto pareça uma barreira para o desenvolvimento do negócio. Na verdade, o contra senso é apostar em um modelo que não se sustenta e nem assegura os maiores valores futuros. A maior riqueza da humanidade no século que adentra é a diversidade genética e o patrimônio natural. Assim, não há nenhuma possibilidade de desenvolver a Amazônia sem a floresta em pé e o curso de seus rios. E o pior, com a destruição do meio, os povos amazônicos tendem a migrar, inchando as capitais da região e aumentando o desespero social. O mesmo se dá no Rio Grande do Sul. Não teremos desenvolvimento algum com o extermínio da pampa, a cobertura por eucaliptos vindos da Austrália, a poluição do Rio Uruguai e o assoreamento de rios antes navegáveis, como o Santa Maria e o Ibicuí. A questão-chave aqui é afirmar a preservação do meio ambiente, fixando o homem na terra e gerando novas cadeias de valor a partir das soberanias alimentar e ambiental. Mas, para isso, o país terá de confrontar suas escolhas de desenvolvimento e produção no setor primário. Do contrário, tudo não passará de um paliativo ornado com uma perigosa ilusão de que “se está fazendo alguma coisa”. Fazer algo é assegurar o futuro coletivo e não o imediatismo dos grupos de pressão sobre-representados no Congresso. Com a MP 458 os senadores forçam o país a caminhar através da mesma trilha que levou a aprovação das sementes transgênicas através do fato consumado. Oficializando a grilagem e permitindo o desmatamento, ficamos a mercê da insanidade do agente econômico devastador e inescrupuloso. O futuro coletivo e a soberania do país exigem o veto desta medida.

Bruno Lima Rocha é doutor e mestre em ciência política pela UFRGS; graduado em jornalismo pela UFRJ, docente de ciências da comunicação da Unisinos e pesquisador I vinculado ao Grupo Cepos, em artigo que publicamos a seguir.

Publicado originalmente no site do Instituto Humanitas Unisinos.
Bruno Lima Rocha

Comentário: toda vez que ser o nome da senadora Kátia Abreu, pode-se saber: há algo de muito ruim envolvido.

Os idiotas que apóiam Lula, ou por que FHC apoiou o 3º. mandato de Fujimori ? – por PHA

http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=11888 – por Paulo Henrique Amorim.

Serra gasta $ com Globo e Abril. E não paga os funcionários – por PHA

http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=11906 – por Paulo Henrique Amorim.

MP denuncia Serra por compra “estratosférica” de revistas da Abril - por PHA

http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=11838 – por Paulo Henrique Amorim.

Folha (*) da Chuíça (**): engarrafamento de SP faz bem à vida sexual – por PHA

http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=11880 – por Paulo Henrique Amorim.

Vale (*), o santinho do PiG (**), ameaça população do Pará – por PHA

http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=11896 – por Paulo Henrique Amorim

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Uma explicação para a crise financeira americana. Quando o capitalismo bate no ventilador - por PHA

http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=11650 - por Paulo Henrique Amorim.

Alguns motivos de ira

Notícias com leve coerência que demonstram determinado motivo de ira:

A queda na circulação dos jornais
Por Alex
Do site Comunique-se
Circulação de jornais cai 6,7% em abril
Sérgio Matsuura, do Rio de Janeiro - Comunique-se
Abril registrou a pior circulação média diária de jornais no ano. Foram vendidos 4.171.249 exemplares, número 6,7% menor que no mesmo mês de 2008. Na média acumulada de 2009, a queda é de 3,8%.
A Associação Nacional de Jornais avalia que os números do primeiro quadrimestre do ano são reflexos da crise que afeta a economia em geral. O diretor-executivo da entidade, Ricardo Pedreira, lembra ainda que o ano de 2008 foi excepcional para o setor, o que afeta a comparação.
“É muito diferente da situação dos Estados Unidos, onde existe uma crise na indústria. Aqui, é evidente que se trata de um reflexo da situação da economia. É uma situação passageira”, diz Pedreira.
Queda de dois dígitos
Em relação a abril de 2008, algumas publicações apresentaram índice de redução de dois dígitos. A Folha de S. Paulo, por exemplo, teve circulação 10,84% menor. No Extra a situação foi mais dramática: a queda foi de 25,69%.
A situação foi parecida no Estadão (-16,93%), Meia Hora (-15,4%) e Diário Gaúcho (-13,24%). Da lista dos dez jornais mais vendidos do País, em relação ao mês de abril de 2008, apenas o Lance! e o Zero Hora apresentaram crescimento, 4,55% e 3,58% respectivamente

As grandes profecias
Por Weden
As grandes profecias (1):
O governo Lula acabou!
Nunca antes neste país, um governo foi dado por “acabado” tantas vezes antes de completar seu ciclo. Vamos apenas lembrar algumas destas profecias bufas, para mostrar que, ao lado de políticos, com interesses óbvios de que a “previsão” fosse verdade, enfileiraram-se jornalistas e cientistas sociais, especialistas que tiveram muito pouco zelo pela própria credibilidade profissional.
A enumeração de “cientistas sociais” e jornalistas é importante porque ambos, os primeiros mais do que os segundos, evidentemente, não deveriam fazer análises no calor dos acontecimentos.
As previsões abaixo citadas, ao contrário do que pode parecer, não partiram somente de quem “indubitavelmente” estaria numa torcida contra o governo. Um nome do cientista social respeitável, claramente de tendência à esquerda, também consta na lista.
Possivelmente estes cientistas esqueceram do distanciamento necessário da forma como os fatos vinham sendo apresentados pela imprensa. O que é uma pauta muito interessante de discussões sobre os limites entre “acontecimento histórico” e o “acontecimento midiático”.
Quanto aos jornalistas, é óbvio que é difícil para eles conseguir ultrapassar a percepção de curto prazo, mas poderiam ter mais zelo pela credibilidade. Não foi por falta de aviso: à época, para muitos, esta previsão parecia ser exagerada, precipitada e pouco sustentável.
Mas as advertências pareciam vir de pessoas “que não enxergavam” o óbvio.
O problema é que em política o óbvio é da mesma categoria do nunca ou do seu irmão mais otimista: o sempre; nunca o pronuncie se não quiser colocar sua profissão de analista a prêmio.
1. O apagão dos apagões é o apagão de criatividade. O governo Lula acabou. Sua intuição sabe disso. Por isso, as vaias doeram tanto. O eleitor percebeu antes dos analistas. César Maia (DEM), 2007.
2. “O governo Lula acabou oficialmente hoje. Arthur Virgílio (PSDB), agosto de 2005.
3. “Não adianta os moderados tentaram evitar: estamos caminhando para o impeachment.” José Thomaz Nonô (DEM), agosto de 2005.
4. “Do ponto de realizações, o governo Lula acabou. É como a Inês de Castro, do Camões: aquela que foi sem nunca ter sido. O governo acabou sem começar”. José Serra (PSDB), na época prefeito de SP, julho de 2005.
5. “Lula está preservado, mas o governo acabou”. Marco Antônio Nogueira, cientista político da Unesp, julho de 2005.
6. “O governo Lula acabou sem começar. Só o presidente não percebe isso”. Laerte Braga, jornalista, junho de 2004.
7 “O governo Lula acabou”. Luis Gustavo Mello Grohmann, cientista político (UFRGS), setembro de 2005.
8. “O governo Lula acabou há muito tempo, e na porta de uma delegacia”. Nelson dos Santos Gomes, engenheiro e membro do PDT, abril de 2006.
9. “O governo Lula acabou”, Villas Boas Corrêa, jornalista do JB. s/m., 2005.
10. “Uma coisa é certa: o Brasil entra penosamente num novo período político, um período que podemos designar por pós-lulismo Boaventura de Souza Santos” (Univ. de Coimbra), cientista social, agosto de 2005.

A pesquisa CNT-Sensus
Por Roberto São Paulo
Índice de aprovação de Lula volta a subir1/6/2009CNT
A 97ª Pesquisa CNT/Sensus, divulgada hoje (1º de junho de 2009) pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) mostra que o Índice Avaliação situa-se em 45,84 e o Índice Expectativa, em 69,93.
Em março de 2009, o Índice Avaliação situava-se em 41,18 e o Índice Expectativa, em 65,90.
A Pesquisa CNT/Sensus ouviu duas mil pessoas, no período de 25 a 29 de maio, em 24 estados das cinco regiões brasileiras.
Confira aqui, o relatório da 97ª Pesquisa CNT/Sensus na íntegra.AVALIAÇÃO DO GOVERNO
A avaliação positiva do governo Luiz Inácio Lula da Silva situa-se em 69,8% e a negativa em 5,8%. Em março deste ano, a avaliação positiva era de 62,4%, e a negativa, 7,6%.
A aprovação do desempenho pessoal de Lula situa-se em 81,5% e a desaprovação em 15,7%. Em março de 2009 a aprovação registrava 76,2% e a desaprovação 19,9%. ELEIÇÕES 2010 – 1º TURNO
A Pesquisa CNT Sensus quis saber em quem o eleitor votaria (votação espontânea) para presidente da República em 2010: Lula, 26,2%; José Serra, 5,7%; Dilma Rousseff, 5,4%,; Aécio Neves, 3,0%; Ciro Gomes, 1,1%; sem candidato, 58,6%.
Foram aplicadas, também, cinco listas com os seguintes resultados:
Primeira lista: José Serra, 40,4%; Dilma Rousseff, 23,5%; Heloísa Helena, 10,7%; sem candidato, 25,6% . Os números em março eram 45,7%, 16,3%, 11,0% e 27,0% respectivamente.
Segunda lista: Dilma Rousseff, 27,8%; Aécio Neves, 18,8%; Heloísa Helena, 18,3%; sem candidato, 35,3%. Em março: 19,9%, 22,0%, 17,4% e 40,8% respectivamente.
Terceira lista: José Serra, 45,9%; Heloísa Helena, 13,3%; Patrus Ananias, 10,0%; sem candidato, 30,9%. Em janeiro de 2009: 46,6%, 12,5%, 7,0% e 34,1% respectivamente.
Quarta lista: José Serra, 44,2%; Ciro Gomes, 14,3%; Heloísa Helena, 13,5%, sem candidato, 28,2%. Em março: 43,1%, 14,9%, 12,8% e 29,4% respectivamente.
Quinta lista: Heloísa Helena, 22,4%; Ciro Gomes, 20,1%; Aécio Neves, 19,3%; sem candidato, 38,2%. Em março: 19,0%, 19,2%, 21,2% e 40,7% respectivamente.
Sexta lista: José Serra, 38,8%; Dilma Rousseff, 22,3%; Heloísa Helena, 10,3%; Ciro Gomes, 9,0%; sem candidato 19,8%. Em setembro de 2008: 38,1%, 8,4%, 9,9%, 17,4% e 26,3% respectivamente.ELEIÇÕES 2010 – 2º TURNO
A pesquisa CNT Sensus quis saber, ainda, em quem o eleitor votaria em caso de segundo turno, propondo quatro opções.
Primeira opção: José Serra, 49,7%; Dilma Rousseff, 28,7%; sem candidato, 21,7%. Em março: 53,5%, 21,3% e 25,3% respectivamente.
Segunda opção: Dilma Rousseff, 39,4%; Aécio Neves, 25,9%; sem candidato, 34,8%. Em março: 29,1%, 28,3% e 42,7% respectivamente.
Terceira opção: José Serra, 51,8%; Ciro Gomes, 19,9%; sem candidato, 28,4%. Em março: 49,9%, 20,3% e 29,9% respectivamente.
Quarta opção: Ciro Gomes, 34,1%; Aécio Neves, 27,9%; sem candidato, 38,0%. Em março: 31,2%, 26,8% e 42,2% respectivamente.JOSÉ SERRA
Quisemos saber o nível de conhecimento da população com relação a José Serra.
52,0% dos entrevistados conhecem Serra; 42,9% já ouviram falar e 3,7% não conhecem e nem ouviram falar.
Entre os entrevistados que conhecem ou já ouviram falar, para 19,4% é o único candidato em quem votariam, para 43,8% é um candidato em quem poderiam votar, 25,9% não votariam de jeito nenhum e 7,7% só conhecendo o candidato para decidir.


A regionalização da publicidade oficial
Da Folha
Propaganda de Lula chega a 5.297 veículos
Com PT no Planalto, o número de meios de comunicação que recebem verbas de publicidade federal aumentou 961%
Ao tomar posse, comerciais do petista atingiam 21 TVs e 270 rádios; no fim de 2008 já havia 297 TVs e 2.597 rádios veiculando anúncios oficiais
FERNANDO RODRIGUESDA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os comerciais do Palácio do Planalto atingiram no ano passado 5.297 veículos de comunicação no país. O número representa uma alta de 961% sobre os 499 meios que recebiam dinheiro para divulgar propaganda do governo de Luiz Inácio Lula da Silva em 2003, quando o petista tomou posse.
Esse padrão de pulverização na publicidade é incomum na iniciativa privada. Segundo dados do Ibope Monitor, a Fiat anunciou em 206 meios de comunicação diferentes no ano passado.
O banco Itaú, em 176. Trata-se de uma pesquisa por amostragem, mas mesmo com um desvio de 1.000% o número de veículos nos quais essas duas empresas anunciam não se aproximaria dos 5.297 escolhidos pelo governo federal.
A regionalização da propaganda federal é parte de uma estratégia de marketing do governo. Presidente mais bem avaliado no atual ciclo democrático, Lula viu sua alta popularidade se consolidar numa curva quase paralela ao avanço da distribuição de seus comerciais pelo interior do país.
“O fato de ter ampliado a presença do presidente na mídia regional pode ter ajudado [a elevar a popularidade do governo]“, admite Ottoni Fernandes, subchefe-executivo da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, que está sob o comando do ministro-chefe da Secom, Franklin Martins.
Comentário
Aí está a explicação para os tiros levados por Franklin Martins. A reportagem não analisa os problemas que afetam a publicidade privada. De um lado, os bônus de veiculação, pelos quais uma agência é remunerada pelo veículo se cumprir determinadas metas de veiculação. Cria-se um cartel e uma completa distorção no mercado.
De outro, dados abundantes mostrando que esse tipo de abuso acabou levando os grandes anunciantes a diversificarem suas verbas, destinando mais a eventos, patrocínios e outras formas de promoção.
Do lado político, esse movimento ajudou a romper com a influência dos grandes órgãos sobre a mídia regional. Quando o deputado gaúcho diz que está se “lixando para a opinião pública”, obviamente não incluiu o jornal da sua cidade nesse bolo.

O PSDB social x PSDB policial - Estadão

Para voltar ao poder, PSDB aposta até em neurociência
Na busca por uma agenda que neutralize a propaganda governista em 2010 e evite a terceira derrota consecutiva em eleição presidencial, o PSDB começou a calibrar seu discurso, baseado em análises de especialistas em “psique” eleitoral e em célebres estrategistas estrangeiros que defendem a emoção como fator determinante na política. A ideia é engavetar o lema da “gerência”, usado na campanha de 2006, e focar na defesa de projetos e iniciativas sociais.
Há cerca de três meses, os tucanos contrataram o cientista político Alberto Carlos Almeida, autor de A Cabeça do Brasileiro e Por que Lula?, para fazer pesquisas que deem um diagnóstico sobre o que o eleitor deseja na próxima disputa. Almeida já produziu duas análises para o PSDB, que foram submetidas à direção do partido e a seus parlamentares. Essas informações têm servido de ponto de partida para a formatação de um discurso que atinja grande parte do eleitor que aprova o governo Luiz Inácio Lula da Silva.

Comentário de Luis Nassif

Compare o post de baixo com este. Em nenhum momento o principal candidato do PSDB, José Serra, deu atenção às políticas sociais. Trabalhou com a ideia de que eleitor não tem memória, mandou às favas sua biografia e suas ideias históricas, trocou pelo figurino Maluf de truculência policial. E, agora? O principal candidato do PSDB passou a encarnar a direita do DEM - que sempre causou urticária nos melhores quadros tucanos? Como retomar o discurso social?
O cientista social a quem estão recorrendo é o mesmo cujo livro foi utilizado pela Veja para demonstrar que a elite é ética e o povo não, um monumento à segregação, quando a grande obra política consistiria em unir elite e povo em torno de um projeto comum.
A rigor, a única bandeira consistente do partido continua sendo o modelo de gestão em Minas.Melhor seria, em vez de neurocientistas, consultar um pai-de-santo.

O padrão Maluf na segurança paulista - por Luis Nassif

No espectro político, é evidente a necessidade de um partido conservador, assim como os de centro esquerda, centro direita. Mas a transição de José Serra rumo à direitização é chocante.
O “modelo PSDB” tinha a cara do ex-Secretário de Administração Penitenciária, Nagashi Furokawa. Consistia em união com a comunidade, em cidades menores, de maneira a criar um envolvimento no atendimento ao criminoso de pequena expressão. Depois, concentrar a força do Estado no combate ao crime organizado.
Esse modelo foi por água abaixo ainda no governo Alckmin, com a nomeação de um troglodita, Saulo de Castro Abreu, para Secretaria de Segurança. Saulo desmontou qualquer possibilidade de trabalho integrado entre sua Secretaria, a de Administração Penitenciária e a da Justiça. Esbanjou violência, prepotência e despreparo. A explosão do PCC em 2006 liquidou com ele. Mas trouxe de volta o padrão Maluf de segurança, agora assumido pelo governo de São Paulo.
Com Serra, o jogo continua. Não apenas foi totalmente omisso para segurar a corrupção que grassava na Polícia Civil, como permitiu a adoção da truculência ampla não contra marginais, mas contra população de áreas “sublevadas”. Talvez pela tendência de Serra de enxergar conspiração em qualquer manifestação que exponha seu governo.
Leia abaixo a matéria “82 dias de medo em Paraisópolis”, do repórter Bruno Paes Manso, do Estadão, um relato chocante do que se transformou José Serra. Percebendo que a centro-esquerda havia sido ocupada por Lula, orientado por FHC decidiu se transformar no líder da direita. Por falta de inteligência e imaginação políticas - e de escrúpulos -, mandou sua biografia às favas e foi se espelhar no que a direita havia produzido de mais estúpido, o figurino Paulo Maluf.

82 dias de medo em Paraisópolis - Estadão

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090531/not_imp379770,0.php

Comentário: se até o Estadão está comentando, imagine-se o nível da admoestação que os habitantes de Paraisópolis não estão sofrendo.