quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Os momentos de catarse e a mídia - por Luis Nassif

O excepcional economista e jornalista Luis Nassif está desmontando com fatos e dados a farsa chamada veja.

Em uma série de crônicas ele demonstra a incomensurável safadeza que a revista se incumbiu nos últimos anos.

Segue para apreciação.

Não que a imoralidade da veja fosse desconhecida por qualquer homem de bem. Muito ao contrário. Qualquer pessoa com um mínimo de bom senso sabe que àquilo não é uma revista, mas um esgoto impresso.

Todavia, aí vão críticas mais concretas:
http://luis.nassif.googlepages.com/home

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Políticas sociais como pilar fundamental para o desenvolvimento de uma nação - por Patrus Ananias de Sousa

Ao definir a agenda social como prioridade em seu governo, o Presidente Lula estabelece um novo paradigma para o planejamento das políticas públicas e possibilita a discussão em torno de um plano de desenvolvimento integral e integrado, abrangendo suas diversas dimensões: econômicas, sociais, culturais, ambientais. A proposta de aliar essas diversas dimensões rompe com a falácia economicista de que o crescimento, por si só, promove a inclusão social, ressaltando a importância da justiça social como alavanca para o desenvolvimento.
Recentes pesquisas demonstram que essa orientação se traduz em ações concretas que já apresentam.resultados, fazendo a economia crescer de modo consistente e incorporando os mais pobres ao mercado. Como resultado da geração de empregos, da recuperação do poder de compra do salário mínimo e dos programas de transferência de renda, o número de pessoas em situação de pobreza e o grau de desigualdade na distribuição de renda no Brasil têm diminuído significativamente a cada ano desde 2003.
Essa linha de condução das políticas encontra eco também na agenda internacional contemporânea. Diversos autores têm apontado as conseqüências socialmente nefastas da agenda neoliberal e encontram na retomada de aspectos centrais do Estado de Bem Estar Social as bases para o desenvolvimento nacional. Ao contrário do que dizem os defensores do Estado Mínimo, a intervenção estatal para garantir o bem estar de sua população é vista como fator de ampliação da competitividade internacional. O desenvolvimento europeu nos últimos 15 anos, sobretudo na Escandinávia, demonstram que o modelo neoliberal, que restringe as políticas sociais a um papel residual e compensatório, está longe de ser o melhor – menos ainda o único – caminho.
A concepção de desenvolvimento, assumida em sua integralidade, apresenta-se como um projeto de nação. Parte da sua dimensão ética de formação de pátria, de noção de pertencimento, que implica a garantia dos direitos constitutivos da cidadania. Além dessa dimensão – que por si só seria uma justificativa suficiente para sua existência – as políticas sociais têm efeitos positivos sobre a economia. Essas políticas incorporam novas pessoas ao mercado interno e formam cidadãos que, ao consumirem e ao terem oportunidades de inclusão produtiva, dinamizam a economia. Existem diversas evidências de que o investimento no atendimento a necessidades humanas básicas melhora a produtividade e o crescimento econômico, ampliando o retorno dos investimentos. Para potencializar os efeitos desse investimento, temos de continuar avançando na integração das políticas e ações públicas.
A situação de pobreza não se resume à insuficiência de renda. Ter uma baixa renda é o resultado de diversos fatores inter-relacionados: baixa escolaridade, poucas oportunidades de qualificação, difícil inserção no mercado de trabalho, acesso a postos mal remunerados e sem perspectivas de progresso. Outra vertente cruel da pobreza é sua reprodução entre gerações: filhos de pais pobres não têm as mesmas oportunidades de desenvolvimento educacional e de inclusão social que os filhos das famílias mais abastadas.
O desenvolvimento social só será alcançado, efetivamente, a partir da integração de todas as suas dimensões. Envolve estratégias que articulem – respeitando as demandas de cada região e de cada segmento da população – políticas de educação, saúde, reforma agrária, moradia, transporte coletivo para massas, geração de trabalho e renda, economia solidária, assistência social, segurança alimentar e nutricional, transferência de renda, estímulo à agricultura familiar, saneamento, cultura.
As políticas sociais devem, assim, ser implementadas como políticas permanentes e integradas, que acompanhem as demandas da população à medida que a sociedade evolui, e não como medidas limitadas e paliativas direcionadas a soluções pontuais de problemas específicos. Nesse contexto, o Estado deve responder às demandas por direitos emergentes, decorrentes de um novo patamar civilizatório: à alimentação adequada, à convivência familiar e comunitária, a um meio-ambiente sadio e sustentável.
Em um primeiro momento, devido à nossa histórica dívida social, as políticas sociais podem – e devem – assumir como prioridade corrigir as mazelas decorrentes dessa dívida e promover o resgate das situações que atentam contra a dignidade humana, em caráter emergencial. Contudo, devem se articular na perspectiva estrutural de fortalecer um Estado de Bem Estar Social que garanta e promova a qualidade de vida de nossos cidadãos. O pleno desenvolvimento nacional somente se concretiza quando todos os membros de uma sociedade podem realizar plenamente suas capacidades e aspirações, a partir de um patamar igual de direitos e oportunidades.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Peru: civilização incra e seu massacre - por Emir Sader

A guia responde: - Não há mais incas, somos todos andinos.

Eu perguntava pelo destino dos 6 milhões de incas que habitavam Cusco, a capital do Império Inca - cujo nome quer dizer, literalmente, "umbigo do mundo", - quando chegaram os colonizadores espanhóis.

Eles eram cerca de 6 milhões, tinham uma das civilizações mais avançadas do mundo na época. Foram dizimados. Em 5 anos estavam reduzidos a 1,6 milhões, escravizados. Todos os que compunham a elite - política, religiosa, científica, cultural, militar -, uns 300 mil, foram liquidados em pouco tempo, cortando as possibilidades de sobrevivência daquela civilização.

Todos os conhecimentos acumulados em astronomia, em arqueologia, em culinária, em religião, em agricultura, foram liquidados.

Como se fica sabendo perto dali, em Machupicchu - “Montanha Velha“, - os incas sabiam da circulação da terra em torno do sol, antes de Galileu. Muitos viviam mais de 100 anos, a ponto de que a Universidade de Machupicchu tinha professores de 120 anos.

Em Machupicchu viviam uns 600 ou 700 indígenas, até que um antropólogo norte-americano, Hiram Bingham, “descobriu” a cidade em 1911, levado por um menino que vivia no local. Quando os espanhóis tomaram Cusco, o chefe inca retirou-se para Machupicchu, reuniu todo o ouro e a prata e, para não entregá-la para os colonizadores, fugiu na direção da Amazônia. Daí nasceu o mito de Eldorado, que seria a cidade fundada e construída só de ouro e prata. O chefe inca conseguiu matar ao chefe dos colonizadores, Francisco Pizarro, em um combate.

Como reação recente ao papel de Pizarro, sua estátua foi retirada da principal praça de Lima e deixada em um parque central. Quanto ao antropólogo dos EUA, sob acusações de que teria roubado lingotes de ouro remanescentes e de que não foi o “descobridor” de Machupicchu, como confirma livro de seu filho, baseado em seus próprios diários. A luta dos habitantes locais agora é tirar-lhe esse título falso e atribuí-lo aos indígenas que já viviam em Machupicchu quando ele chegou, especialmente a Agustin Lizárraga, que em 1900 já havia chegado a Macchupicchu, mas também a seus conterrâneos Melchior Arteaga, Justo Ochoa, Gabino Sanchez e Enrique Palma.

Pela destruição causada por aqueles de quem é descendente o rei da Espanha - que, talvez pelas tragédias que produziram entre nós, quer que nos calemos -, é difícil imaginar o que seria o Peru de hoje - assim como a Bolívia, o Equador, a Guatemala, o México, o Chile, a Colômbia, entre outros de nossos países, se os povos originários não tivessem sido destruídos e, com eles, suas civilizações, suas culturas, suas formas de vida. Teriamos uma América Latina ainda mais diversificada e relações de igualdade com os países europeus, caso estes não tivessem se enriquecido com os massacres que promoveram na colonização.

Aliás, como deveriamos chamar à destruição das civilizações originais e a escravidão desses povos e dos negros, trazidos à força da África, para ser escravos e produzir riquezas para as potências européias? Massacres? Limpezas étnicas? Crimes contra a humanidade? Foi com esses banhos de sangue que o capitalismo chegou às Américas, trazido pelos colonizadores europeus. Esses mesmos que gostaríamos que nos calássemos sobre as barbaridades que eles cometeram contra nossas civilizações.

Jango foi envenenado - por Rudolfo Lago

http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/1994/artigo70594-1.htm

Urge esclarecer a morte de João Goulart.
Para mim, diga-se de passagem, Jango foi o maior presidente da história do Brasil.

domingo, 27 de janeiro de 2008

Lula - por Fidel Castro Ruz

Lula decidiu visitar Cuba de forma espontânea pela segunda vez como presidente do Brasil, ainda que minha saúde não garantisse que pudéssemos nos encontrar.
Antes, como ele mesmo disse, costumava visitar a ilha quase todos os anos. Fomos apresentados por ocasião do primeiro aniversário da revolução sandinista, na casa de Sergio Ramírez, então vice-presidente da Nicarágua. Gostaria de acrescentar que Ramírez de certa forma me enganou. Quando li seu livro "Castigo Divino", uma excelente narrativa, cheguei a acreditar que se tratasse de um caso real acontecido na Nicarágua, com todas as complicações legais que são comuns nas antigas colônias espanholas; mas ele me contou certo dia que a história era pura ficção.
Também me encontrei lá com Frei Betto, hoje crítico mas não inimigo de Lula, e com o padre Ernesto Cardenal, militante sandinista de esquerda e atual adversário de Daniel (Ortega). Os dois escritores eram adeptos da Teologia da Libertação, uma corrente progressista na qual sempre vimos um grande passo para a união entre os revolucionários e os pobres, para além de suas filosofias e crenças, e ajustada às condições concretas de luta na América Latina e no Caribe.
Confesso, ainda assim, que via no padre Ernesto Cardenal, diferentemente de outros líderes da Nicarágua, uma estampa de sacrifício e privações semelhante à de um monge medieval. Ele era um verdadeiro protótipo de pureza. Deixo de lado outras pessoas menos conseqüentes que foram um dia revolucionários, até mesmo militantes de extrema esquerda na América Central e outras áreas, e depois se bandearam de armas e bagagem para as fileiras do império, à procura de bem-estar e dinheiro.
O que a história mencionada acima tem a ver com Lula? Muito. Ele nunca foi de extrema esquerda, e tampouco ascendeu à posição de revolucionário com base em posições filosóficas. Era um operário de origem humilde e fé cristã, que trabalhou com afinco na criação de mais-valia para os outros. Karl Marx via nos operários os coveiros do sistema capitalista: "Proletários do mundo, uni-vos", ele conclamava. Marx arrazoava e demonstrava a situação com lógica irrebatível; expunha com gosto e humor o cinismo das mentiras empregadas para acusar os comunistas. Se as idéias de Marx eram justas então, quando tudo parecia depender de da luta de classes e do desenvolvimento das forças produtivas, da ciência e da técnica, que daria sustentação à criação de bens indispensáveis à satisfação das necessidades humanas, hoje existem fatores absolutamente novos que confirmam que ele estava certo, e ao mesmo tempo se opõem aos seus nobres objetivos.
Surgiram novas necessidades que podem frustrar o objetivo de uma sociedade sem exploradores nem explorados. Entre essas novas necessidades está a sobrevivência humana. Ninguém sabia das alterações climáticas, na era de Marx. Engels e ele sabiam bem que um dia o sol se apagaria depois de consumir toda sua matéria. Poucos anos depois do Manifesto nasceram outros homens que se aprofundariam no campo da ciência e nos conhecimentos das leis químicas, físicas e biológicas que regem o universo, então desconhecidas. E em mãos de quem estariam esses conhecimentos? Ainda que eles continuem a ser desenvolvidos, e superem, e contradigam e neguem parcialmente as teorias vigentes, os novos conhecimentos não estão nas mãos dos povos pobres, que hoje respondem por três quartos da população mundial. Estão em mãos de um grupo privilegiado de potências capitalistas ricas e desenvolvidas, associadas ao mais poderoso império que já existiu, construído sobre a base de uma economia globalizada e regida pelas leis do capitalismo que Marx descreveu e analisou a fundo.
Hoje, porque a humanidade está sofrendo essas realidades em virtude da dialética dos acontecimentos, precisamos fazer frente a esses perigos.
Como se comportou o processo de revolução em Cuba? Nossa imprensa escreveu muito sobre diferentes episódios dessa etapa, nas últimas semanas. As datas históricas são celebradas a cada cinco ou 10 anos. Isso é justo, mas devemos evitar que, em meio à soma de tantos textos publicados por tantos veículos de acordo com seus critérios, se perca de vista o contexto do desenvolvimento histórico de nossa revolução, apesar dos magníficos esforços dos analistas de que dispomos.
Para mim, unidade significa compartilhar do combate, dos riscos, dos sacrifícios, objetivos idéias, conceitos e estratégias, aos quais chegamos por meio do debate e da análise. Unidade significa a luta comum contra os entreguistas, os vendedores da pátria, os corruptos, que nada têm a ver com um militante revolucionário. A essa unidade em torno da idéia de independência e de combate ao império que avança contra os povos da América é que sempre me referi. Alguns dias atrás voltei a ler a respeito quando o 'Granma' publicou, nas vésperas de nossas eleições, e o 'Juventud Rebelde' reproduziu em fac-símile, meu texto manuscrito sobre a idéia.
A velha idéia pré-revolucionária de unidade nada tem a ver com o conceito de que falo, pois em nosso país não existem hoje organizações políticas buscando o poder. Devemos evitar que, no enorme mar dos critérios táticos, as linhas estratégicas se diluam e imaginemos situações inexistentes.
Em um país sob intervenção dos Estados Unidos, em meio à sua luta pela independência como última colônia espanhola em companhia do irmão Porto Rico -'um pássaro de duas asas'-, os sentimentos nacionais eram muito profundos.
Os produtores reais de açúcar, que eram escravos recém-libertados e camponeses, muitos dos quais combatentes do exército de libertação convertidos em meeiros ou totalmente desprovidos de terras, se viam lançados ao corte da cana em grandes latifúndios criados por empresas norte-americanas ou proprietários rurais cubanos que herdavam, compravam ou roubavam terra. Esses trabalhadores eram matéria-prima propícia para as idéias revolucionárias.
Julio Antonio Mella, fundador do Partido Comunista em companhia de Balino -que conheceu José Martí e com ele criou o partido que conduziria à independência de Cuba- tomou a bandeira, somou a ela o entusiasmo que emergia da revolução soviética e deu por essa causa sua vida de jovem intelectual conquistado pelas idéias revolucionárias. O sangue comunista de Jesús Menéndez se somou ao de Mella, 18 anos mais tarde.
Nós, adolescentes e jovens alunos de colégios particulares, nunca ouvíramos falar de Mella. Nossa procedência de classe ou grupo social com maior renda que o restante da população nos condenava, como seres humanos, a sermos a parte egoísta e exploradora da sociedade.
Tive o privilégio de chegar à revolução pelas idéias, e de assim escapar ao tedioso destino ao qual a vida me estava conduzindo. Expliquei os motivos em outros momentos. Agora os recordo apenas no contexto daquilo que estou escrevendo.
O ódio a Batista por sua repressão e seus crimes era tão grande que ninguém reparou nas idéias que expressei em minha defesa diante do tribunal de Santiago de Cuba, entre as quais incluí um livro de Lênin impresso na União Soviética -proveniente dos créditos de que eu desfrutava na livraria do Partido Socialista Popular de Carlos III, em Havana. O livro foi encontrado entre os pertences confiscados aos combatentes. 'Quem não lê Lênin é ignorante', eu provoquei em meio ao interrogatório do julgamento, quando os promotores exibiram o livro como prova da acusação. Eu continuei sendo julgado em companhia dos demais prisioneiros sobreviventes.
Será difícil compreender o que afirmo sem levar em conta que, no momento que atacamos o quartel de Moncada, em 26 de julho de 1953, uma ação que surgiu depois de esforços de organização de mais de um ano para os quais contamos apenas com nossos recursos, prevalecia na União Soviética a política de Stálin, que havia morrido repentinamente alguns meses antes. Era um militante honesto e consagrado que mais tarde cometeu erros graves que o conduziram a posições sumamente conservadoras e cautelosas. Se uma revolução como a nossa tivesse obtido sucesso naquela era, a URSS não teria feito por Cuba o que viria a fazer uma direção soviética posterior, liberta dos métodos obscuros e tortuosos e entusiasmada com a revolução socialista que eclodiu em nosso país. Isso eu compreendi bem, apesar das críticas justas que fiz a Khruschev posteriormente, por motivos sobejamente conhecidos.
A URSS tinha o mais poderoso exército entre todos os combatentes na Segunda Guerra Mundial, mas sua liderança havia sido expurgada e as tropas estavam desmobilizadas. O líder do país subestimou as ameaças e as teorias belicosas de Hitler. Da capital japonesa, um importante e prestigioso agente soviético havia anunciado a iminência do ataque, em 22 de junho de 1941. Mas o país não estava em alerta de combate e foi apanhado de surpresa. Havia muitos oficiais de licença. Muitos dos líderes mais experientes haviam sido substituídos; se estivessem presentes, e alertas, os nazistas teriam confrontado forças poderosas desde o primeiro em instante e não teriam destruído em terra a maior parte da aviação de combate soviética. Mas pior que os expurgos foi a surpresa. Os soldados soviéticos não se rendiam quando informados de que havia tanques inimigos em sua retaguarda, como foi o caso com os exércitos da Europa capitalista. Nos momentos mais críticos, com temperaturas abaixo de zero, os patriotas siberianos faziam funcionar os tornos das fábricas de armas que o previdente Stálin havia transferido a regiões remotas do território soviético.
Segundo me contaram os dirigentes mesmos da URSS quando visitei aquele grande país em 1963, os combatentes revolucionários russos, experimentados em função da luta contra a intervenção estrangeira que enviou tropas ao país para combater a revolução bolchevique, deixando o país isolado e bloqueado posteriormente, haviam estabelecido relações e trocado experiências com oficiais alemães, de tradição militarista prussiana, humilhados pelo Tratado de Versalhes, que pôs fim à Primeira Guerra Mundial.
Os serviços de inteligência da SS produziram intrigas contra muitos oficiais que, em sua imensa maioria, eram leais à revolução. Movido por uma desconfiança que se tornou patológica, Stálin expurgou três dos cinco marechais, 13 dos 15 comandantes de exército, oito dos nove almirantes, 50 dos 57 comandantes de corpos de exército, 154 dos 186 generais de divisão, 100% dos comissários de exército e 25 dos 28 comissários de corpo de exército da União Soviética, nos anos que antecederam a Grande Guerra Patriótica.
Esses graves erros custaram à URSS imensa destruição e mais de 20 milhões de vidas -27 milhões, segundo alguns.
Em 1943, a última ofensiva de primavera dos nazistas foi lançada, com atraso, contra o famoso e tentador saliente de Kursk. Os alemães tinham 900 mil soldados, 2,7 mil tanques e dois mil aviões. Os soviéticos, conhecedores da psicologia inimiga, montaram uma armadilha para aguardar o ataque, empregando 1,2 milhão de soldados, 3,3 mil tanques. 2,4 mil aviões e 20 mil peças de artilharia. Comandados por Zhukov e por Stálin mesmo, eles destroçaram a última ofensiva de Hitler.
Em 1945, os soldados soviéticos avançaram sem que nada os pudesse deter e chegaram ao topo da sede do governo alemão em Berlim, onde içaram a bandeira vermelha, tinta do sangue de tantos mortos.
Observo por um momento a gravata vermelha de Lula e perguntou se foi presente de Chávez. Ele sorri e responde que vai enviar algumas camisas ao colega, porque ele se queixa de que o colarinho das suas é duro demais. 'Vou comprar camisas de presente para ele na Bahia', diz Lula.
Ele me pediu algumas das fotos que tirei.
Quando comentou que estava muito impressionado com minha saúde, eu respondi que me dedicava a pensar e escrever. Nunca pensei tanto, em minha vida. Contei que, depois de encerrar minha visita a Córdoba, Argentina, onde participei de uma reunião com numerosos líderes, entre os quais ele, havia regressado e participado de dois atos pelo aniversário do 26 de julho. Contei que estava revisando o livro de Ramonet, e respondido todas as suas perguntas, mas sem muito entusiasmo. Acreditei que fosse algo de bem rápido, como as entrevistas com Frei Betto e Tomás Borge. Mas logo fiquei escravizado ao livro do escritor francês, que estava a ponto de ser publicado sem revisão minha e com parte das respostas tomadas de maneira improvisada. Naqueles dias, quase não dormi.
Quando adoeci gravemente, na noite de 26 e madrugada de 27 de julho, pensei que o fim havia chegado, e enquanto os médicos lutavam por minha vida o chefe de gabinete do Conselho de Estado lia o texto, por exigência minha, e ditava as devidas correções.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

O Poder de Lula - por Eduardo Guimarães (MSM)

Uma discussão antiga e sempre inconclusa é sobre por que Lula não enfrenta a mídia. Eu mesmo confesso que, vira e mexe, estou cobrando do governo reações mais firmes em relação à mídia. Claro que o que peço não são medidas de retaliação usando o poder do Estado, porque considero que o governante de plantão, seja ele quem for, jamais terá o direito de usar o Estado para retaliar seus inimigos. Se Lula fizesse isso - e muitos pedem que faça -, ao seu sucessor, sendo ou não seu aliado, teria que ser dado o mesmo direito. Contudo, isso não significa que qualquer governo não possa responder os ataques que sofra.

Como se sabe, a visão de Lula é conciliadora nesse ponto. O presidente sabe que, com algumas palavras, pode levantar massas em seu favor, e não estou falando só de movimentos sociais, de partidos e de sindicatos.

Tomados pela paixão, muitas vezes não nos perguntamos quantos são os cidadãos independentes de partidos, corporações, sindicatos etc. que apóiam o governo de Lula de forma desorganizada, apenas por considerá-lo bom. E quantos são, por outro lado, os cidadãos que reprovam o presidente. Para responder a essa pergunta, decidi dar uma olhada na última pesquisa de avaliação do presidente. É uma dessas pesquisas consideradas "confiáveis". Analisemos, então, a última pesquisa do instituto Datafolha sobre a avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A seguinte pergunta foi respondida pelos pesquisados pelo Datafolha entre os dias 26 e 29 de novembro, em 390 municípios do país. Foram ouvidos 11.741 brasileiros e a margem de erro máxima, para os resultados que se referem ao total de entrevistados, é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

A pergunta é a seguinte:

"O presidente Lula vai completar 4 anos e 11 meses de governo. Na sua opinião, o presidente Lula está fazendo um bom governo?"

As respostas foram as seguintes:

Agora, então, temos que fazer contas. E, para fazê-las, vamos dar como válida a teoria que a mídia difunde de que quem tem curso superior é quem está preferencialmente mais habilitado para fazer escolhas políticas. Essas pessoas, segundo a mídia, são as mais informadas. Assim, sugiro que nos concentremos em saber quantos são os brasileiros com escolaridade universitária que apóiam ou rejeitam Lula.

Segundo a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD 2006), do IBGE, apenas 10,7% dos brasileiros têm nível superior de escolaridade. Isso numa população de mais de 180 milhões. Pode-se extrair desse dado o número aproximado de 18 milhões de brasileiros habilitados pela mídia a fazer escolhas políticas coerentes. Desses 18 milhões, os números acima mostram que aproximadamente 7 milhões acham Lula um bom ou ótimo presidente e mais de 3 milhões o consideram um presidente ruim ou péssimo.

Por outro lado, se somarmos o público pagante dos grandes jornais e revistas que se dedicam intensamente à política, chegar-se-á a um número menor do que 1 milhão de pessoas. No caso da tevê, sabendo-se que ela deve atingir a quase totalidade dos brasileiros com nível universitário, e sabendo-se que a Globo detém a parte do leão dessa audiência, vamos dar como barato que pelo menos uns 3 milhões de brasileiros são visceralmente contrários a Lula. Se usarmos o mesmo critério para os que pensam exatamente o contrário, constataremos que a tal a opinião pública (a tal "mais escolarizada e informada") apóia o atual presidente em maioria esmagadora.

A simples leitura dos grandes jornais do sul-sudeste, que são os grandes detentores da parte do leão do leitorado de jornais no Brasil, mostra que esses veículos apresentam uma realidade muito diferente. Por que é que essa maioria esmagadora de pessoas avalizadas pela mídia para terem opiniões políticas corretas não se reproduz na imprensa escrita? As cartas de leitores dos três maiores jornais do país (Folha, Globo e Estadão) insinuam que o leitorado "de luxe" desses veículos é anti-Lula até a alma. Isso sem falar das opiniões desses veículos, que são contra Lula até a raiz dos cabelos.

Esses veículos sustentam-se num setor amplamente minoritário da sociedade, é o que se depreende da análise que fiz aqui. E têm contra si um público imenso, informado e, conforme dizem, totalmente capacitado para interpretar a cena política. Essa consistente maioria de pessoas instruídas e informadas não acredita numa só palavra do que a mídia diz sobre política, pois continua considerando o presidente bom ou ótimo apesar de a mídia pintá-lo como um ignorante, alcoólatra, demagogo, incompetente e corrupto.

Essa é a razão da tranqüilidade de Lula diante dos ataques renitentes que recebe da grande mídia. Nem nos setores superiores da pirâmide social há apoio para a campanha midiática anti-Lula. E nos estratos inferiores, o apoio ao presidente é monumental.

Aliás, recentemente a mídia apoiou-se nos menos instruídos e informados para causar pânico. Sabendo-se, como se sabe agora, que a vacinação aleatória contra a febre amarela por pessoas que não iriam viajar a áreas de risco representou risco até de morte, e dando credibilidade à teoria sobre a superioridade intelectual de quem tem instrução superior, pode-se concordar com o que afirmo.

A tranquilidade do presidente diante dos ataques da mídia está explicada. E mostra que nosso inconformismo, apesar de ter razão de ser em razão do absurdo de manipulação do viés político da opinião pública pela mídia, poderia ser levado menos a sério. Contudo, há um fator que precisamos considerar. A mídia continua apostando na teoria tucana do "sangramento de Lula". Desde 2005 que essa estratégia vem sendo usada - porém, sem sucesso. Contudo, os grandes meios de comunicação, que de estúpidos não têm nada, continuam apostando no mesmo "cavalo". Por que?

Uma resposta simples: estão cumprindo a parte deles no "contrato" que têm com a oposição tucano-pefelista. O fato de suas ações não estarem sendo vitoriosas não exclui o de que sem os ataques midiáticos a popularidade do presidente Lula poderia ser próxima da unanimidade. Assim, não faz sentido, ao menos para a mídia, parar de atacar o presidente, mesmo que esses ataques visem apenas preservar a mobilização do setor anti-Lula da sociedade. E se considerarmos que os anti-Lula, apesar de amplamente minoritários, são um público fiel e disposto a financiar o golpismo midiático comprando seus produtos, fecharemos a equação.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Novo poder - por Marcelo Bitencourt

Como o Nassif disse, Há efetivamente, um novo poder difuso que impõe aos entes públicos determinadas políticas, sobretudo no âmbito econômico; esse poder possui um caráter supra estatal. Ao favorecer o monetarismo, a desregulação, o livre câmbio comercial, o fluxo de capitais sem travas e as privatizações em massa, os responsáveis políticos possibilitaram a transferência de decisões capitais da esfera pública à esfera privada. Esse Grupo de pressão, que hoje influencia não só o Estado americano, mas também o brasileiro, redefine e direciona a atuação dos mesmos.A força estatal é mitigada e refém dessas estruturas complexas e dinâmicas, esse ente, detém o poder econômico supra-nacional, e suas decisões podem a todo momento desestabilizar um país,e condiciona a atuação estatal.

O papel de Edwards - por Bruno Hoffmann

Edwards Continua na Corrida pela Casa Branca. Por quê?
Como disse Lilian, ontem no debate da CNN, Edwards venceu o debate.
Porém, ele precisaria muito mais do que "vencer debates", John Edwards não tem mais chance de ser nomeado.
Mas por que ele continua na corrida?
1. Porque ainda possui fundos para manter a campanha.
2. Ainda considera a sua mensagem - pelo fim da pobreza - de extrema importância. E várias lideranças do país reconhecem isso e apoiam a sua permanência.
3. Pesquisas demonstram que os votos que Edwards tem recebido potencialmente iriam para Hillary se ele decidir sair da corrida. Isso ocorre principalmente por causa de suas posições semelhantes em alguns assuntos como o de plano de saúde para todos por exemplo.
No entanto, a tendência de Edwards é de apoiar Obama, que assim como ele, acredita que a política de Washington precisa ser refeita. Uma política sem lobistas, sem grandes empresas ditando regras e sem essa falta de unidade entre os partidos. São os interesses privados e partidários contra os interesses públicos.
E a Hillary é a única entre eles que recebe dinheiro de lobistas e não aposta nesta grande mudança no jeito de se fazer política - mas sim trazer mudança jogando no mesmo velho sistema atual.
Edwards pode então permanecer na corrida com o intuito (que não seria admitido publicamente) de ajudar Obama.
Tudo indica que Hillary e Obama vão levar essa disputa até a convenção nacional do partido no final de Agosto deste ano.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

A volta da censura prévia ao país - por José Dirceu

Tomada ao pé da letra, principalmente se considerados o precedente que cria e os riscos que encerra, a Justiça Federal no Paraná, com sua decisão de tolher na televisão as manifestações do governador do Estado, Roberto Requião, decidiu reinstaurar a censura prévia no país.

A última vez em que a enfrentamos no Brasil, foi na vigência do AI-5 (1968-1975), o instrumento-mór da ditadura dentro da ditadura e, ao que parece, a Justiça no Paraná, está saudosa daqueles tempos.

Por ato da Justiça Federal e acolhendo ação da Procuradoria da República no Paraná, Requião está proibido de retransmitir o programa "Escola de Governo" em outras emissoras de televisão que não a TV Paraná Educativa, do governo estadual. A "Escola de Governo" é uma reunião semanal, apresentada na TV ao vivo, com anúncio de obras e projetos, retransmitida por outras emissoras paranaenses. No programa o governador criticava adversários.

O responsável pela censura prévia a Requião foi o juiz Edgard Lippmann Júnior, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (Curitiba). No começo deste ano, em medida liminar, ele já proibira o governador de criticar adversários no programa e, na semana passada, o multou em R$ 50 mil, por considerar que ele descumpriu a proibição.

No mesmo processo o juiz obrigou a TV Educativa do Paraná a divulgar, hoje, a cada 15 minutos, nota emitida pela Associação dos Juízes Federais do Brasil, na qual Requião é acusado de "debochar" de decisões judiciais e "maltratar o regime democrático".

Desde a primeira decisão - a liminar proibindo-o de criticar adversários - o governador tem se manifestado surpreso com a falta de reação da sociedade à medida e advertido sobre o perigo da abertura deste precedente. Infelizmente tinha razão.

Uma semana depois da primeira punição aplicada a Requião no Paraná, a Justiça no Rio proibiu a imprensa de divulgar os nomes e fotos de jovens que no ano passado espancaram uma mulher em ponto de ônibus no Rio, com o argumento de que ela era uma prostituta. E, na semana passada, em Cuiabá, um juiz expulsou da sala cinegrafistas e fotógrafos que faziam imagens de um processo que tramitara sob sua responsabilidade e estava em julgamento público.

Todos, principalmente a mídia, tem calado, o que é mais estranho porque ela, com freqüência, invoca a existência das leis e códigos a que os cidadãos podem recorrer contra deslizes por ela cometidos. Hoje foi com Requião, semanas atrás foi com jornais, na semana passada o arbítrio ocorreu em Cuiabá, mas amanhã pode ocorrer o mesmo com outras emissoras de TV ou outros veículos da mídia. Agora a Justiça pode suspender e depois proibir a retransmissão de programas de entrevistas, comentários de jornalistas, ou uma simples notícia que a desagrade.

A censura a Requião é política, ideológica, um absurdo, uma flagrante ilegalidade cometida pelo próprio Poder Judiciário. Quem deve decidir o que é ofensa ou mesmo crime é a Justiça, mas mediante processo instaurado por ação impetrada por quem se sentir atingido - se fosse o caso, pelos adversários criticados pelo governador Requião.

O PAC não empacou - por PHA

http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/475001-475500/475078/475078_1.html - Por Paulo Henrique Amorim

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Alerta amarelo: a globo nos tempos da dengue e do apagão elétrico - por Azenha

http://www.viomundo.com.br/opiniao/alerta-amarelo-a-globo-nos-tempos-da-dengue-e-do-apagao-eletrico/ - por Luiz Carlos Azenha.

Crescimento dos gastos públicos

Segundo o Instituto de pesquisas econômicas aplicadas, o IPEA, nos EUA existem 9,82 servidores públicos para cada mil habitantes. No Brasil, há 5,32.
¿Não há alguns jornais publicando exatamente o contrário? ¿A máquina pública brasileira não é inchada?
¿Qual é o apreço que estes jornalões têm pela verdade? ¿Os gastos públicos no Brasil não têm crescido assustadoramente segundo os jornais apreciadores da verdade?
¿Mas não é que o gasto federal brasileiro com o funcionalismo público caiu de 24,5% do PIB em 1995 para 17% em 2002 e para 13,4% em 2006? ¿Qual é o apreço que estes jornalões têm pela verdade?

Já os juros da dívida pública, estes nunca são problema. Ao contrário, é uma obrigação. ¡É assim que nosso dinheiro é bem gasto!
Estes juros e encargos com a dívida pública subiram de 10,8 em 1995 para 12,5% em 2002 e 18,9% em 2006. ¿Por que os jornalões não escancaram este absurdo?
¿Por que o fariam? ¿Afinal, qual é o apreço que estes jornalões têm pela verdade?

Antes de sair por aí repetindo o que determinados jornalões prosseguem vomitando, é bom se atentar para os fatos.
Eles não têm muito apreço pela verdade.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Vamos abafar

O doutor Miguel Nicolelis, um dos maiores neurocientistas do mundo, recentemente conseguiu um feito notável. Fazer com que um macaco movesse um braço de um robô. Mas o detalhe é que a transmissão ocorreu de um macaco num laboratório dos Estados Unidos, para mover um braço robótico que estava no Japão. Esta transmissão foi feita com a energia do pensamento (!).
Pois bem, este doutor, de um currículo absolutamente incontestável está executando um projeto com financiamento privado e apoio do governo federal, para levar a aprendizagem de ciência para 1 milhão de crianças do país a médio prazo. O projeto é tão interessante que até mesmo a revista Scientific American, a mais prestigiada revista de ciências no mundo, deu um editorial (!) para o presidente Lula e para o doutor falarem sobre o tema.
O editor da revista revelou surpresa com o interesse do presidente da república pelo assunto, já que isto não acontece nos EUA.

Mas não era o presidente Lula o que não gostava de estudar? Que não dava valor a educação? Não era ele?

Por que a folha, a globo, não repercutiram o projeto? Um projeto sério, honesto, que pode ajudar a tantas pessoas, destaque na maior revista de ciências do mundo e por aqui... é simplesmente abafado.

Eles não falam nada, porque seria admitir a seriedade com que o presidente Lula trata a educação e a forma como ele é visto no mundo.

E, eles não podem deixar o presidente Lula ser bem visto. Ser copnhecido pelo que faz. Que isso!!!!! Temos que esconder as qualidades e mostrar os defeitos, mesmo os que não existam.

Este é você querido PIG brasileiro...

Que lástima!

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

O IPEA entra na briga - por Luis Nassif

A reportagem do Nassif desmonta a repetida falácia dos que teimam em insistir no corte de gastos públicos.
Estão falando de algo que simplesmente já ocorreu.
Acordem!

"Até o ano passado, a ala carioca do IPEA (Instituto de Pesquisas Econômico Aplicadas) parecia uma sucursal de alguma instituição financeira. Prestava-se a trabalhos de análise de conjuntura, redundantes e fora de sua vocação de pensar o longo prazo. Nas análises, uma insistência mórbida em atacar qualquer forma de benefício social, e se calar vergonhosamente ao tratar da questão do impacto dos juros sobre as despesas correntes.
Com as mudanças ocorridas no segundo semestre do ano passado, o jogo começa a mudar. O “Texto para Discussão no. 1319” é um bom exemplo. O título do trabalho de Ronaldo Coutinho Garcia é “Despesas Correntes da União: Visões, Omissões e Opções”. Curiosamente, o trabalho tinha sido concluído em março de 2007, mas só agora entrou nos textos para discussão do órgão.

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O trabalho critica os que propõe meramente uma redução na relação despesas correntes/despesas totais, sem atentar para as questões políticas e as distorções trazidas pelo mero corte linear – uma proposta sempre reiterada por economistas e jornalistas de mercado, e desqualificada por qualquer manual de gestão.
Nos últimos anos, recorreu-se a contingenciamentos orçamentários e cortes lineares em projetos em andamento. De um lado, desorganizaram-se as despesas; de outro, ao reduzir sua eficácia, criaram álibis para sua redução linear.

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Depois, o trabalho mergulha na análise do orçamento, que é dividido em dois, de acordo com a destinação dos recursos: despesas de capital são todas aquelas que contribuem diretamente ou indiretamente para a aquisição de um bem de capital; as demais despesas são classificadas como correntes.
Por sua vez, ela é dividida em três grupos: despesas e encargos sociais; juros e encargos da dívida e outras despesas correntes – um enorme caldeirão que junta vários tipos de despesa.
O trabalho recorre então a uma tentativa da Secretaria de Assuntos Econômicos da Presidência do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) de organizar os dados.
Pelos dados apresentados, de 2000 a 2005, o “custo da máquina” foi reduzido em 6,8% como proporção do PIB. Os gastos correntes finalísticos (aqueles que chegam até o contribuinte)passaram de 9,26% para 10,48% do PIB. A participação desses recursos nas rendas dos 50% mais pobres saltou de 12,4% em 2000 para 15,1% em 2006.
Os números são expressivos.
Entre 1995 e 2006 as despesas correntes caíram de 86,10% para 79.04% do orçamento. A redução de “pessoal e encargos sociais” foi a mais expressiva: de 24,53% para 13,42%. Já juros e encargos da dívida saltaram de 10,86% para 18,94%.
Benefícios previdenciários ficaram praticamente estacionados – de 21,09% para 20,27% do PIB. Nas despesas de capital, a amortização da dívida pública saltou de 5,8% para 15,16% do PIB em 2006.

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“Muitas despesas de custeio – principalmente nas áreas em que há elevado peso na produção de bens e serviços, entregues à sociedade, e na manutenção dos órgãos – não são feitas com a eficiência possível. Mas alcançá-la exige não o simples corte de recursos, e sim a adoção de técnicas gerenciais mais sofisticadas, métodos de programação e avaliação mais elaborados e sistemas de tomada e prestação de contas”, conclui o trabalho".

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Opinar não dói

Se eu pudesse escolher entre os pré-candidatos estadunidenses, quem seria melhor para os próprios EUA, para o Brasil e para o mundo, escolheria primeiramente John Edwards pela sua coerente ideologia sobre a forma como a política é feita das e para as megacorporações.
Não podendo ser Edwards, que fosse a Hillary Clinton. Seu marido foi um governou os EUA naquele que foi o período de maior prosperidade do país. Governou para os ricos, infelizmente, não conseguiu que o país evoluísse como um todo, ao contrário, a classe media cresceu com as migalhas - mas cresceu. Com ela, julgo que teríamos o governo mais previsível de todos (o que não é necessariamente ruim).
Se não for nenhum dos dois, que seja Barack Obama. Não sei porque, ele não me convence... mas com certeza, já seria muito melhor do que qualquer republicano.

Basta comparar. De um lado, Jimmy Carter e Bill Clinton. Do outro lado, mas bem do outro lado, Ronald Reagan, George Bush Pai e o Jr.

Que diferença.

Reconhecimento

Hugo Chávez, apesar de toda a propaganda contrária, apesar do tanto que os “grandes” articulistas brasileiros e venezuelanos falaram, conseguiu a libertação de dois reféns das FARC.

Até o presidente da Colômbia, senhor Álvaro Uribe, poodle de George War Bush na América Latina, reconheceu. Em recente mensagem a Colômbia, disse:

“Devo reconhecer que foi eficaz o processo promovido pelo presidente Chávez, que obteve a libertação unilateral e incondicional de nossos compatriotas”.

Disse mais:
“Nossa gratidão ao presidente da irmã República Bolivariana da Venezuela, Hugo Chávez, por seu esforço e eficiência na libertação de nossas compatriotas Clara Rojas e Consuelo González”.

Bem, eu não argumentarei sobre quem estava certo. As pessoas foram resgatadas por causa de um presidente. Ele tem nome.
Este presidente é constantemente vilipendiado pela imprensa, tanto de lá, como de cá.
Esta imprensa tem nome.

Não importa. A imprensa, os Estados Unidos, o senhor George W. Bush. Todos têm os seus interesses, e, eu afirmo convictamente: estes interesses não contemplam o povo.

Parabéns ao presidente Chávez, por estar do lado certo.
Não são muitos os que estão deste lado, e eles têm de enfrentar toda sorte de problemas justamente por este tipo de posicionamento.

Não importa. Àqueles dois reféns, que agora estão em casa por causa deste tipo de postura, são a prova de que tais posicionamentos valem a pena.

Não obstante o que os cães de Washington falam.

PIG trabalha para Dantas - PHA

Segue matéria do Paulo Henrique Amorim sobre Daniel Dantas e seus "nobres" interesses.

Carece dizer: se você não sabe quem é Daniel Dantas, se você não sabe o que este senhor faz, você não entende nada de política brasileira.
Nada.

http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/473001-473500/473402/473402_1.html

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Resumo econômico

Qual é o resumo da economia do Brasil da década de 90? Pra começar, a abjeta alta inflação. A ideologia neoliberal começa a ser implementada com Collor. Depois da abertura indiscriminada da economia, que aconteceu do dia para a noite (!), vem a reestruturação produtiva, que, ao modernizar os parques industriais, demitiu trabalhadores as pencas. Depois, veio o real. Debela a inflação, mas traz consigo uma indefensável valorização cambial e elevadas taxas de juros. Estagna-se a classe média. Gera-se uma queda significativa no nível de emprego. Deteriora-se enormemente o emprego formal. As exportações são pífias. o investimento externo segura o déficit em contas correntes. Mas isto é uma empulhação, afinal, o investimento vem, mas ele vem para lucrar, ou seja, a longo prazo ele tirará muito mais dinheiro que colocará.
Quando ocorre qualquer soluço na economia mundial, pronto: O Brasil é a bola da vez. Não tem segurança nenhuma. Vai quebrar. Resolve ir ao FMI, de calças arriadas, pedir dinheiro. Consegue o dinheiro. Em troca, é recolonizado.

E aí veio o governo Lula, e as coisas começaram a mudar. Não a contento, mas ao menos começaram.

Entrevista - Maria da Conceição Tavares

Bela entrevista na revista "Desafios", segue o caminho das pedras:

http://desafios2.ipea.gov.br/sites/000/17/edicoes/38/pdfs/rd38not01.pdf

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Governo, tremei!

A oposição acaba anda dizendo que não negociará mais com o governo. Homens de bem, tremei!

Mas quando foi que eles negociaram, Deus meu?

Diziam que só aprovariam a CPMF se o governo aceitasse certas imposições. O governo fez tudo, ofereceu a CPMF conjugada a uma reforma tributária, a CPMF por apenas um ano, a CPMF sendo integralmente utilizada na saúde... nada bastou, porque não havia disposição de negociação.

Quando a oposição recebeu esta última proposta, o grande senador Demóstenes Torres pegou o documento que oficializava a proposta e dele fez um aviãozinho.

Fato inconteste da responsabilidade de nossa “oposição responsável”.

Governar é escolher

O atraso na aprovação, pelo Congresso, da proposta de emenda constitucional que prorroga a CPMF, abre buraco inaceitável nas contas públicas brasileiras. E, portanto, não havia mais do que três hipóteses para sanar o problema: aumentar alíquotas, cortar investimentos ou, na visão mais drástica, combinar os dois amargos remédios. Daí a opção pelo aumento das alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras, o IOF, que talvez, por si só, não seja suficiente para cobrir o inteiro do déficit. Pessoalmente, não considero a CPMF o imposto ideal. Afinal, ele se dá em cascata e retira competitividade relativa da economia brasileira, apesar de, no seu aspecto positivo, tributar também pessoas e atividades informais e até ilícitas. Se a CPMF não é ilegal e contribui, sobretudo, para o equilíbrio fiscal, que, obtido a duras penas, vem sustentando a estabilidade, muito pior do que ela é a cobrança maior do IOF. Nessa linha, afirmo, com toda convicção, que o mais nocivo de tudo, todavia, é o rombo de R$ 400 milhões que cada semana de adiamento da aprovação da CPMF acarreta para as contas públicas. Dinheiro não escorre de nenhuma torneira. E nem depende da famosa e tétrica "vontade política", que é, idilicamente, brandida por setores da oposição, quase que num contraponto à realidade dos fatos. "Vontade política" seria a senha para o paraíso. Com ela, aumentar-se-iam todos os salários e eliminar-se-iam todas as penas. Com ela, "o sertão viraria mar e o mar viraria sertão". Com ela, homens públicos irrealistas exercitariam sua "bondade" social sustentada por colunas de papelão. (...)ajuste fiscal é pré-requisito, é coisa básica e é para valer. Em suma: o aumento de alíquotas de IOF virá, temporariamente, para cobrir o vácuo aberto pela frustração parcial de arrecadação da CPMF. Governar, muitas vezes, é escolher entre o desagradável e o desastroso. Governar não deveria ser, jamais, torcer a verdade e tentar iludir a sociedade, nem mesmo nessa época nervosa de disputas eleitorais.

Pensam que se trata de texto do governo?
Não, meus queridos. Isto é um texto do venerável senador Arthur virgílio Neto, àquele que escolheu ir para o lixo da história juntamente com FHC.
Este artigo foi escrito em 2002, para a Folha de São Paulo.
Como mudam as coisas, não é mesmo?

Estes são os melhores exemplos da coerência, da verdade e da integridade da nossa oposição.

Que lástima.

Animais iranianos... - por Luiz Carlos Azenha

Companheiros, sempre que estiver sem tempo, o que deverá acontecer demasiado nos próximos dois meses, não devo conseguir escrever aqui no blog.
Para que o mesmo não fique parado, postarei as melhores notícias que eu tiver lido aqui na rede.
Vejam este coerente texto do Azenha, tratando do coitadinho do Golias:

http://www.viomundo.com.br/bizarro/animais-iranianos-atormentaram-navios-americanos/

Vaias e aplausos - Rubens Ricupero

Este texto foi retirado do site http://www.google.com/notebook/public/03904464067865211657/BDRliSwoQ39WV-vQi , é uma coluna da folha.


AS VAIAS e os aplausos à delegação norte-americana na conferência do clima em Bali apontam para o que está errado no mundo de hoje. Os Estados Unidos foram vaiados pela obstrução ao consenso em tudo, das florestas às metas de redução de gases, passando pela ajuda financeira e tecnológica aos pobres. Quando, no apagar das luzes, decidiram não se opor ao consenso, o alívio fez a sala explodir em aplausos.
Em toda minha experiência de conferências da ONU, jamais vi algo parecido: diplomatas não são líderes estudantis e simplesmente não vaiam nunca. O que ocorreu em Bali foi explosão espontânea de frustração com um país que exerce uma liderança às avessas. A liderança positiva é contribuir com paciência para edificar o difícil consenso; a negativa é limitar-se a obstruí-lo. Os Estados Unidos perderam a capacidade de construir consensos. Em parte, devido ao unilateralismo de visão e ação: invasão do Iraque em violação à Carta das Nações Unidas, por exemplo.
Em parte, por terem perdido a legitimidade moral em razão dos horrores de Guantánamo e outros sinistros locais de prisão e tortura, direta ou terceirizada. Não sendo mais capaz de fazer os outros partilharem de suas percepções das prioridades internacionais e dos métodos para enfrentá-las, Washington passou a isolar-se numa oposição sistemática ao resto da humanidade.
Em contexto diverso, o saudoso embaixador Araújo Castro dizia que o Brasil dos militares, sempre isolado em minoria de dois ou três nas votações da ONU, sofria do "complexo de Greta Garbo": "I want to be alone (eu quero ficar sozinha)".
Esse papel pertence agora aos Estados Unidos, em geral solitária voz discordante da unanimidade do universo em favor do Protocolo de Kyoto, do Tribunal Criminal Internacional, do Tratado de Proibição das Minas Antipessoais etc. A exceção americana se faz sentir na natureza das questões e nos métodos de abordá-las. De parte da solução, os Estados Unidos passaram a ser parte substancial dos problemas contemporâneos.
Nas negociações comerciais de Genebra, os subsídios ianques se converteram em obstáculo pior que os europeus. No aquecimento global, o obstáculo é duplo. Os americanos não se contentam em serem os principais responsáveis pela questão: são também a pedra maior no caminho da solução.
Frustrados com o multilateralismo, que não passa da expressão da democracia em âmbito internacional, os EUA preferem impor seu poder em arranjos com parceiros escolhidos a dedo. Os acordos de livre comércio lhes permitem fazer engolir seus subsídios a países mais débeis, em troca do acesso destes ao mercado ianque. Em clima, organizam reuniões pequenas, como a que o Brasil se apresta a participar, com o objetivo de solapar o processo da ONU. Com isso, desfazem, passo a passo, o sistema político e econômico internacional que eles mesmos haviam criado sob a liderança de Franklin D. Roosevelt no final da Segunda Guerra.
Em "The Second Coming", os melhores não têm nenhuma convicção, os piores estão cheios de apaixonada intensidade, as coisas caem aos pedaços e a anarquia se derrama sobre o mundo. Tudo isso, na intuição poética de Yeats, quando "o centro não é mais capaz de sustentar". As eleições norte-americanas serão capazes de produzir uma "segunda vinda", não como na profecia, mas em termos de um centro regenerado e de uma liderança esclarecida?

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Os banqueiros e seus escudeiros

Para tentar diminuir o impacto da CPMF nos cofres públicos, o governo aumentou a cobrança de IOF, imposto que incidirá especialmente sobre os bancos.
A oposição está irada.
Como, o governo cobrará imposto sobre os bancos? Como? Onde já se viu? Que injustiça! Tadinho deles!
Os banqueiros só tiveram um aumento em seus lucros de 90% no último ano.
Só 90%.

Tadinho deles!

Defendam os banqueiros, querida oposição. Defendam eles!

E o povo... ah não vou incomodar vossos queridos ouvidos com este tipo de palavra, que incomoda-os mais que um palavrão.