sexta-feira, 10 de agosto de 2007

O Salvador da Pátria

Interessantes são as coisas. Agora que assumiu o ministério da defesa, Nélson Jobim é incensado pela exemplar imprensa nativa como o próprio Salvador da Pátria. Tudo leva a crer, segundo eles, que terá fim o caos aéreo que reina por estas plagas.
Tudo muito interessante. Estranho é notar quem sai e quem entra e porque a troca.

Sai Valdir Pires, político de biografia mais do que impecável, um dos políticos caçados pelo nefasto golpe de 64, governador da Bahia e ministro da Controladoria Geral da União (CGU) no primeiro mandato do governo Lula.
A CGU, como é sabido, foi criado por FHC para esconder os podres que surgiriam com a CPI da corrupção, é um dos órgãos do governo destinados a investigar os gastos e os possíveis desvios de dinheiro que ocorram na esfera pública. Como o Príncipe dos Çábios adorava investigar, este órgão foi criado para ser extinto, com pouco pessoal e recursos para de fato investigar. Até que o Peão-torneiro assumiu a presidência. Aí, o Ignorante resolveu mudar a ordem das coisas, e através de Valdir Pires revitalizou o órgão, que teve seu desempenho sobejamente melhorado, contribuindo muito para a investigação da corrupção em diversos locais país afora.
Foi mandado para o ministério da defesa, porém, sempre teve uma grande restrição por parte dos oficiais saudosos dos desastres dos governos militares. Tanto por falta de dinheiro, como por falta de apoio político, teve sua administração prejudicada por motivos alheios ao seu desempenho particular.
Tem, e teve uma trajetória que incomoda muito, pois é notório que é um político de esquerda.

Já Nélson Jobim é diferente. Grande amigo de FHC, com amplo acesso ao PSDB (partido dos çábios positivistas), foi ministro da justiça do Farol de Alxandria e escolhido por ele para ser ministro do STF (uma clara escolha política).
É de conhecimento até do mundo mineral, como diz o grande jornalista Mino Carta, que o desempenho dos ministros da justiça de FHC foram para lá de pífios. Ano após ano, substituto após substituto, tiveram desempenhos que variaram do ruim ao vergonhoso.
Nélson Jobim foi um dos ministros da justiça de FHC, juntamente com Renan Calheiros, Íris Rezende e Aloysio Nunes Ferreira, todos talhados eximiamente pelo próprio Pai Celestial para ocupar o referido cargo. Jobim foi também o mais político dos presidentes do STF a ocupar tal cargo em toda sua história.

É mais do que sabido que o ministério da justiça, que comanda a polícia federal, mudou drasticamente no governo Lula. Bastou os incompetentes petistas chegarem ao poder para a polícia federal melhorar brutalmente sua eficiência.
Quando Nélson Jobim ocupou tal cargo a polícia federal simplesmente inexistia. O que faz pensar que ele será tão eficiente?

Nada, ele não será eficiente. Simplesmente ele é um político de direita, com acesso à oposição e à imprensa. Logo que assumiu o ministério, partiu rumo a SP, para dar uma entrevista coletiva junto com José Serra, o mais novo especialista em segurança aérea do país.
Aliás, de segurança os tucanos entendem, basta ver o próprio estado de São Paulo.

Pois bem, agora que Jobim assumiu o ministério, o governo diz que liberará mais dinheiro e o ministro terá autoridade para dirigir o ministério e os órgãos que lhe devem subordinação, mas que não o faziam na prática.

É tudo uma lástima. O presidente Lula poderia ter feito isto antes. Além disto, não precisava chamar Jobim. Este só foi chamado porque a crise perigava assumir proporções titânicas e o presidente deduziu que somente um homem de direita conseguiria por panos quentes na situação.

Conseguiu pôr panos momentâneos, porém, isto não bastará para que as crises amainem. A grande imprensa tem raiva do Lula, raiva do PT, raiva de tudo o que eles representam e um distanciamento que beira o nojo para àqueles a quem o governo tem o foco, os pobres.

Logo arrumarão outra crise. Logo o presidente terá de ceder novamente, abrir espaço a concessões. Acorda, Lula. Não adianta dar a mão, esperando que isto os acalme. Eles querem a mão, o braço, o corpo, o bolso e a alma. Não necessariamente nesta ordem.

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