segunda-feira, 31 de maio de 2010

Segunda-feira blues

Sobre as notícias de hoje, algumas passadas rápidas e outra nem tanto.
Manchete da folha:

País não está pronto para a nova classe média, diz cientista político

Isto segundo Livro escrito por Bolívar Lamounier, “quadro” famoso do PSDB. Ou seja, o Brasil não está preparado para a nova classe média criada com o governo Lula (são 80 milhões de pessoas ingressando na classe C, de acordo com o autor). O Brasil então está preparado, infere-se, para deixar estas pessoas relegadas a pobreza, as privações, as necessidades extremas, enfim, ao inferno diário a que eram submetidas até então.
Como as coisas parecem ser complementares no universo, vai mais uma, também da folha:

Maioria dos eleitores do PSDB diz ser de direita
De acordo com o Datafolha (eu sei que os número do instituto são pra lá de controversos, vamos abrir uma exceção, entretanto), a maior parte dos eleitores do referido partido são de direita.
Meu queixo cai.
Estou pasmo.
Estou perplexo.
Estou abismado.

Falando sério, a pesquisa indica que: 20% dos simpatizantes do PSDB se consideram de centro-direita, 14% se consideram de direita e 17% se consideram de extrema-direita (fascistas, portanto).
Destarte, a pesquisa denota uma espetacular consciência de classe (a despeito de muitos dos que se consideraram de direita serem vítimas dela sem saber, é claro).
O incrível deste balaio é que o PSDB não se assuma de direita. Ao contrário, Serra recentemente afirmou que era de “esquerda” (!). Mas no Brasil é normal, ninguém se assume como direitista. Até Jorge Bornhausen, a despeito de ter atacado durante toda a vida, com palavras e ações, atos e omissões, a esquerda, jamais se assume de direita. A revistona Veja faz o mesmo. Mente, calunia, distorce, faz o que pode e o que não pode para destruir a esquerda. Mas jamais se assume de direita.


E olhando mais longe, mais uma notícia, daquelas que estarrecem – ou deveriam estarrecer – o mundo.
Ontem, pela enésima vez, Israel comete um massacre. Desta vez, contra forças de ajuda humanitária, barcos que levavam para Gaza comida, remédios, purificadores de água, e coisas afins, inúteis para os interesses de Israel. No barco, além de dezenas de manifestantes pacifistas, estavam ainda um prêmio Nobel da paz e um sobrevivente do holocausto (!).
Israel, porém, agiu como Israel. Assassinou diversos manifestantes, ceifando a vida de mais de dez deles.
Já segundo seu ministro de defesa, o pústula Ehud Barak, pasmem senhores, “o ataque ocorreu em decorrência da violência dos organizadores da frota, o que teria sido uma ‘provocação política’ ao país”, segundo reportagem da folha.
Israel já faz um bloqueio criminoso contra Gaza, porém, o revoltante massacre, frise-se, ocorreu ainda em águas internacionais, e foi parcialmente filmado por uma TV turca.
Pergunto: ¿onde está a senhora Hillary Clinton agora? ¿Onde está o senhor Barack Obama, ganhador do prêmio Nobel da paz (!)?
Vão cobrar providências de Israel, “esclarecimentos”, é claro. Israel deve estar tremendo de medo de tamanho engajamento, de tamanha pressão que o mundo “civilizado” (EUA a frente) exercerá sobre o bandido estado teocrático.
A ONU condenará o ataque. ¿Mas o que Israel acatou de resolução da ONU, além de sua própria criação?

Relembro-me do belíssimo texto de José Saramago:

Das Pedras de David aos tanques de Golias
http://politicanadaimparcial.blogspot.com.br/2009/01/das-pedras-de-david-aos-tanques-de.html

Podemos falar aqui, impotentes, do massacre de Jenin, das bombas de fósforo branco, do bloqueio a Gaza e de muito, mas muito mais.
Entretanto, segundo nos querem fazer crer, isto não importa: o problema do mundo é o Irã. E em menor grau, Cuba, Venezuela, Coréia do Norte e agora, (seguindo orientação de nosso “mentor” de política externa José Serra) a Bolívia.

¿É, ou não é, uma lástima?

P.S: Ah, claro, acusam, e está longe de se provar, que o Irã tenta possuir a bomba atômica. Porém, ironia das ironias, Israel, país infinitamente mais perigoso que este, como bem claro está, já a possui. Durma-se com um barulho desses.

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