O Brasil de Mano Menezes entrou em campo nesta terça-feira bem na Suíça, na minúscula cidade de St. Gallen. O estádio tem capacidade para 19 mil pessoas e nem lotou: 15 mil almas testemunharam o jogo da seleção brasileira contra a Bósnia que, se é um time de um nível bem fraquinho, vá lá, ao menos é um fraquinho aceitável - lembrando que Ricardo Teixeira já fez a camisa mais tradicional do futebol enfrentar Estônia, Gabão, Tanzânia e outras seleções obscuras em estádios dignos de romances de realismo fantástico.
Em campo, jogadores que foram crianças nos primeiros anos da gestão de Teixeira na CBF. Alguns, como Neymar, já nasceram sob o escrutínio futebolístico do manda-chuva. E alguns desses foram para a Europa sem antes estabelecerem qualquer vínculo com os clubes brasileiros, como Dani Alves, David Luiz, Marcelo e Hulk. Vê-los em campo pela seleção causa a mesma reação que assistirmos jogos de seleções europeias: um certo distanciamento, como se não fosse a gente que estivesse representado com aquela camisa amarela e verde. E, ressalta-se, isso não é culpa deles. É um problema que a CBF deveria ao menos minimizar ao menos há 20 anos, com a diáspora se intensificou.
Outro fato, essa ainda mais exótico, foi a convocação de Ronaldinho Gaúcho - ou o que sobrou dele. O Gaúcho que encantou o mundo ficou para trás, já faz cinco, seis anos. Foi bem esquisita essa convocação do camisa 10, com aquele jeitão de cláusula de contrato para o amistoso ao estilo "se convocarem o Ronaldinho, pagamos U$ xxx a mais". Foi isso mesmo? Seria a primeira vez? Suspeitas anteriores já ocorreram. E a CBF segue com a boca trancafiada sobre o assunto.
Acabei acompanhando só os melhores momentos do amistoso, vitória do Brasil, 2 a 1, com gol contra nos instantes finais. Os jogadores tinham aquela feição de quem estava lá cumprindo uma chata obrigação sem muito sentido, num lugar que não tinha nada a ver com o Brasil, nem com a seleção, nem com os clubes deles, nem sequer com o próprio futebol - a Suíça está para a modalidade assim como o chocolate está para o Brasil.
O amistoso contra a Bósnia foi um retrato fiel da gestão Ricardo Teixeira à frente da CBF: deve ter rendido uns bons tostões para o cofre da entidade, mas foi opaco, sem carisma, sem qualquer relação com a paixão que é a essência do futebol. Uma seleção brasileira de negócios. Saia da entidade semana que vem ou daqui a 20 anos, é esse o legado que ele deixou ao futebol brasileiro.
Pouca coisa pode ser tão triste para quem gosta de futebol quando este cenário. Nesse ritmo, ver jogo do Brasil em copa do mundo causará uma comoção similar a ver programa de pesca na tevê durante a madrugada. Parabéns, Teixeirão.
Comentário
De fato, o Brasil esta perdendo a Copa do mundo a olhos vistos.
Outra coisa que impressiona é a capacidade de alguns vilões do Brasil se manterem impunes. Ricardo Teixeira é um deles.
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