Na semana passada vimos mais uma intervenção brutal da Policia Militar de São Paulo na desocupação de prédios vazios no centro da capital. Nada que não tenha se tornado um clássico em nossa cidade: espancamento, gás lacrimogêneo, fogo. Tudo isso para tirar 200 famílias que viviam em um prédio desocupado havia dez anos.
Em uma imagem sintomática que passou na televisão, um policial entra no prédio e afirma: “Isso aqui mostra bem que eles estavam preparados para enfrentar a gente”.
No caso, “isso aqui” era uma pilha de cocos. Como se sabe, cocos são artefatos bélicos de última geração com poder de letalidade amedrontador. Pergunto-me como o poder público permitiu que tais famílias portassem tantos cocos sem registro de porte de armas.
No entanto, vejam vocês, estamos em campanha eleitoral e nada disso parece ter o menor significado para a maioria dos postulantes a cargos políticos.
Nada sobre o absurdo de existir uma cidade eivada de prédios vazios enquanto parte de sua população continua sem moradia por, muitas vezes, ser incapaz de aguentar os aumentos de aluguel resultantes de especulação imobiliária descontrolada.
Nada sobre uma polícia que reiteradamente mostra tratar a população que luta por condições mínimas de vida digna como uma manada de porcos pronta para o abate.
O nível de uso da violência canina para a defesa da propriedade de alguns poucos e de seu rentismo é tal que ficamos frente até mesmo de pátrias do liberalismo, como o Reino Unido.
Lá, que não é nenhuma república comunista, vale a lei da casa vazia, que permite a pessoas sem moradia ocupar imóveis vazios que servem apenas para a especulação. A coesão social mínima passa por cima do direito à propriedade de alguns.
Mas isso não será objeto de debate por parte de nossos candidatos mais importantes a cargos eletivos.
Eles estão mais preocupados em cantar as “grandes conquistas do passado”, em pregar lutas contra a corrupção dos seus inimigos (enquanto dizem que a corrupção dos seus amigos “não é bem assim”) ou em pregar cândidas uniões nacionais (entre o dono do imóvel e as famílias expulsas? Bem, o dono do imóvel agradece).
Assim, nos preparamos para uma espécie de não-eleição que mostra, no fundo, o esgotamento da capacidade de agir politicamente por parte dos principais atores nacionais.
Nesse regime de esgotamento, sabemos que o sofrimento dos que só tem cocos para se defender continuar onde sempre esteve, ou seja, no silêncio absoluto.
Em uma imagem sintomática que passou na televisão, um policial entra no prédio e afirma: “Isso aqui mostra bem que eles estavam preparados para enfrentar a gente”.
No caso, “isso aqui” era uma pilha de cocos. Como se sabe, cocos são artefatos bélicos de última geração com poder de letalidade amedrontador. Pergunto-me como o poder público permitiu que tais famílias portassem tantos cocos sem registro de porte de armas.
No entanto, vejam vocês, estamos em campanha eleitoral e nada disso parece ter o menor significado para a maioria dos postulantes a cargos políticos.
Nada sobre o absurdo de existir uma cidade eivada de prédios vazios enquanto parte de sua população continua sem moradia por, muitas vezes, ser incapaz de aguentar os aumentos de aluguel resultantes de especulação imobiliária descontrolada.
Nada sobre uma polícia que reiteradamente mostra tratar a população que luta por condições mínimas de vida digna como uma manada de porcos pronta para o abate.
O nível de uso da violência canina para a defesa da propriedade de alguns poucos e de seu rentismo é tal que ficamos frente até mesmo de pátrias do liberalismo, como o Reino Unido.
Lá, que não é nenhuma república comunista, vale a lei da casa vazia, que permite a pessoas sem moradia ocupar imóveis vazios que servem apenas para a especulação. A coesão social mínima passa por cima do direito à propriedade de alguns.
Mas isso não será objeto de debate por parte de nossos candidatos mais importantes a cargos eletivos.
Eles estão mais preocupados em cantar as “grandes conquistas do passado”, em pregar lutas contra a corrupção dos seus inimigos (enquanto dizem que a corrupção dos seus amigos “não é bem assim”) ou em pregar cândidas uniões nacionais (entre o dono do imóvel e as famílias expulsas? Bem, o dono do imóvel agradece).
Assim, nos preparamos para uma espécie de não-eleição que mostra, no fundo, o esgotamento da capacidade de agir politicamente por parte dos principais atores nacionais.
Nesse regime de esgotamento, sabemos que o sofrimento dos que só tem cocos para se defender continuar onde sempre esteve, ou seja, no silêncio absoluto.
Um comentário:
Muito bom!
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