sábado, 19 de março de 2016

Sobre o fascismo e sua capitã tupiniquim



     Talvez porque a manifestação não contivesse os manipulados pela rede globo, não contivesse fascistas, homofóbicos, golpistas, fanáticos religiosos, racistas, alienados diversos, títeres pedindo golpe militar, talvez porque não tivesse outdoors espalhados pela cidade (¿bancados por quem, mesmo?), não tivesse cobertura ao vivo o dia inteiro dos meios televisivos, talvez porque ainda tivéssemos enfrentado uma bela chuva (com eventuais raios), talvez porque toda sorte de provocações tenham sido feitas contra o grupo que protestava e tenham sido respondidas com bom humor, ou talvez por causa disto tudo somado, uma dessas brasileiras de bem arremessou da varanda de seu apartamento hoje, do alto de um prédio aqui em Vitória, uma bandeja de vidro sobre os manifestantes.
     Como seu prédio era recuado, por sorte, ela não conseguiu acertar nenhuma pessoa.
     Com certeza a madame que praticou esta tentativa de homicídio vai dormir se achando uma heroína pelo seu grande feito.

     Eu não sei se o fascismo transforma as pessoas em monstros, ou apenas revela esta face que já estava ali, mas em estado latente.


     Daí enquanto caminhávamos, e depois, já parado, fiquei pensando a que nível uma pessoa pode ser manipulada para chegar ao ponto de cometer uma atrocidade dessas.
     Meditando sobre a principal responsável por envenenar a mente das pessoas, a grande líder ideológica deste descalabro, a figura histórica mais emblemática da alienação brasileira, é inescapável chegar a rede globo.
     Quando Lênin, mais de cem anos atrás, disse que “os capitalistas chamam liberdade de imprensa a compra dela pelos ricos, servindo-se da riqueza para fabricar e falsificar a opinião pública”, ele resumia a história do império midiático que a família Marinho viria montar.
     Nestes momentos de conflito político as tomadas de posição se evidenciam, e pra mim é cristalino a correção de minhas atitudes – não bastasse todo o resto – por estar do lado contrário da Globo. É bom ter lado e é essencial saber quem esta do seu lado.
     E fiquei pensando mais algumas coisas sobre minha trajetória política, e pude ver que nunca, em nem um mísero momento da minha vida eu estive do mesmo lado da rede globo. A capitã do fascismo tupiniquim nunca conseguiu me manipular, me manietar, me corromper, me envenenar, me lobotomizar, me alienar. Nunca.
     É o tipo de coisa da qual eu sequer posso ter orgulho – posto que seria apenas uma cruel desonra, seria uma chaga irremediável em minha moral se algum dia tivesse sido diferente.

     Com a mácula de estar politicamente do mesmo lado da rede globo eu não vou pro caixão. Podem escrever em pedra.
     E deixo um aviso aos navegantes: se algum dia eu estiver agindo diferente, que me deem um tiro na cabeça.


P.S.: Pode ser pelas costas.

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