Há um profícuo debate sobre a transposição da luta virtual para a real, deixando de lutarmos apenas pela internet para irmos às ruas ocorrendo no site do Movimento dos Sem Mídia.
Bem, a internet é algo novo e toda a sua limitação está sendo testada diariamente.
Não é difícil recordar as supostas limitações que foram dadas a certos movimentos. O próprio Lênin (um gênio, frise-se), em certa época, questionou a viabilidade das greves. Era algo novo e ele supôs que o movimento era estanque e que não se conseguiria realizar por este meio uma revolução.
Pois bem, eis que uma greve se torna uma greve geral, e, somada a diversos protestos, compõe-se o caldo que formou a revolução russa, o maior movimento popular de todo o século passado e, com certeza, a mais importante experiência que se contrapôs ao capetalismo que viceja onipresente em nossos dias.
Destarte, considero este debate de imensa valia e não julgo que haverá derrotados, afinal, estamos do mesmo lado.
Somos a minoria, mas estamos unidos.
Julgo, infelizmente, que a internet tem restrições e elas não são pequenas. Penso que a internet pode ser um belo ponto de partida, uma forma de equalizarmos as informações, de modo a termos embasamento em nossa luta, para que não nos tornemos niilistas tolos e fúteis.
Temos em nosso espaço virtual a possibilidade do debate, a forma de atrairmos novas pessoas, novas idéias & ideais, novos caminhos na bifurcação diária que é-nos apresentada.
Aqui, consolidamos de maneira simples e sincera, a informação. E quando nos informamos, podemos construir a nossa razão. “Os abismos estão semeados em nossa rota, a espada está suspensa sobre nossas cabeças, mas, para conjurar todos os perigos, temos a razão; e a razão é a onipotência”, já diria o anarquista Proudhon.
Aqui, construímos e/ou consolidamos nossa razão. Daí pretendermos que a internet seja o ponto de partida e de fim de nosso combate é no mínimo sonhar pequeno.
Na rede temos a possibilidade de darmos apenas o pontapé inicial, mas o movimento se estagna se só fizermos isto.
A esquerda tem uma dificuldade incrível em se disseminar, dado o predomínio maciço dos meios de comunicação conservadores. Isto é histórico, nem quando estávamos dispostos a pegar em armas conseguimos explicitar nossa ideologia à população comum, que dirá agora.
A internet impõe uma nova dificuldade com a qual não estávamos acostumados. Quando estamos em um emprego e a situação nos é difícil, unimo-nos às pessoas que estão dispostas a lutar contra a opressão. Quando estudamos e percebemos o massacre que fazem com as nossas vidas, também nos agrupamos com aqueles que compreendem a realidade que nos cerceia, e não com àqueles que estão mais preocupados em ir à um shopping comprar a roupinha da moda.
Pois bem, em ambos os casos, a nossa própria rotina nos deu a possibilidade de nos unirmos às pessoas com a qual compactuávamos certa disposição. Agora aqui, por incrível que pareça, nossa diversidade que é também uma riqueza, é a nossa principal fragilidade.
Este é o motivo responsável pela baixa presença nos eventos do Movimento dos Sem Mídia (MSM). Muitas rotinas diferentes, muitas expectativas de luta diferentes, pouca possibilidade de contato real...
Por exemplo: sempre que posso lanço petardos nos meus blogs. Afora isto, participo ativamente do movimento sindical em meu emprego. E observo a olhos vistos, pessoas que eram alienadas inexpressivas tornarem-se bravos guerreiros do movimento. Isto eu vejo, isto é a vida real, isto se dá com motivação, com participação, com conscientização, com sangue nas veias, com a realidade se impondo. Eu não vejo isto na net. Vejo aqui pessoas que já tinham uma consciência formada buscarem as informações que lhes são adequadas.
Isto é estanqueidade, isto é a morte.
Outro ponto que julgo errôneo é acreditarmos que a grande mídia está sendo criticada como nunca.
Antes, também havia confrontação contra os grandes veículos midiáticos. Ou, não se lembram das milhares de vozes na luta pelas diretas já: “O povo não é bobo, abaixo a rede globo”, retratando a censura que a globo prestou ao movimento e a toda forma de progressismo (ainda hoje) e durante a ditadura.
Isto na década de 80, sem net, com ditadura... E toda esta conscientização não bastou para que na primeira eleição direta realizada depois da ditadura, o candidato da globo fosse eleito. É um exemplo cabal de que, se nosso movimento não for para as ruas, ele será inócuo (as diretas acabaram sendo conquistadas, depois, por causa da pressão feita nesta época), e, que se não conseguir se manter depois de ter partido pra cima, ele também será ineficaz, pois acabaremos escolhendo outro Collor. Tenho certeza que muitas das pessoas que gritaram palavras de ordem contra a rede globo foram eleitoras de Collor e hoje assistem paquidermicamente às suas energúmenas novelinhas, tem medo do Lula e do MST.
Convém, em minha opinião, coadunarmos os dois esforços, físicos e teóricos para que nosso movimento de conscientização faça-se eficiente.
E outro problema é-me claro. A união. É a força de qualquer movimento que se preze.
E a direita, por incrível que pareça, é unida. Exemplos:
Alguém viu alguma coisa na grande mídia sobre o plebiscito de retomada da Vale?
Sobre a carta de despedida da globo do jornalista Rodrigo Viana?
Sobre a lista de Furnas do PSDB?
Dentre tantos outros esquecimentos convenientes e agressividade comedida contra quem convém.
Então, acredito que seja uma inocência pensarmos que sós, abandonados, possamos construir algo de significância.
Por que o medo dos MSM de utilizarem espaços de sindicatos, por exemplo? Por que o medo de se unir à esquerda? Por que o medo de se aliarem àqueles que já são estigmatizados pela mídia?
Ou há alguém aqui que possua tamanha inocência para pensar que, por não nos unirmos aos sindicalistas, aos movimentos sociais, à esquerda estruturada, alguém deixará de nos caluniar?
Alguém supõe isto?
Ora, eles estão unidos! Por que deveríamos nos abster de lutar com as armas possíveis, sem perdermos nossa identidade e nossa integridade?
Ora, senão, daqui a pouco estaremos também nós a acreditar no que eles falam sobre o MST, sobre sindicatos (eles que tanto querem acabar com o imposto obrigatório), sobre a esquerda!
Temos, evidentemente, de nos unirmos sem mudarmos nossos ideais. O próprio sindicato do qual sou filiado (friso que não sou diretor, apenas mais um membro) foi cooptado pelo governo. O sindicato é filiado à Federação Única dos Petroleiros (FUP), que é ligado à CUT. E, ao invés de lutar pelos petroleiros, mudou de lado. Está sempre do lado do governo. Um escândalo. Mas nós podemos, exemplarmente, evitar esta cooptação. Mostrar a própria esquerda venal o que somos.
Bem, é isto. Vamos juntos, tanto na internet, quanto na rua. Tanto na cabeça quanto nos pés. “Derrota após derrota, até a vitória final”, como diria Che.
Bem, é isto. Vamos juntos, tanto na internet, quanto na rua. Tanto na cabeça quanto nos pés. “Derrota após derrota, até a vitória final”, como diria Che.
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