A Marina Silva está no PSB, mas há dois anos estava no PV e antes no PT. Entre o PT e o PSB, Marina resolveu fundar um partido, a Rede. O principio da Rede é que não fosse partido, mas virou para Marina fazer ideias não partidárias caberem num partido.
A Marina foi ministra do Meio Ambiente durante quase todo o governo Lula. Saiu dois anos antes de findar o segundo. E saiu por que se viu num embate com a futura candidata do Lula, Dilma. Marina era uma liderança dos movimentos ecológicos, Dilma o nome que Lula escolheu pra continuar seu projeto político.
Foi para o PV e se lançou candidata com vinte milhões de votos à presidente. No PV deu tudo errado pós-eleição. Ao contrário do que possa ter pensado a Marina, o PV não mudou uma linha de sua histórica posição, à direita, à esquerda, ao centro. A Marina não conseguiu nesse partido o espaço que imaginou que teria direito com suas duas dezenas de milhões de votos.
Entre os vinte milhões de votos e a saída do PV, foram dois anos.
É apenas depois de sair do PT, entrar no PV, ser candidata a presidente e sair do PV é que Marina saca a Rede. A pergunta: se a Rede não é casuísmo, por que não veio à existência tão logo a Marina saiu do PT em 2008? Se os procedimentos para a criação desse partido tivessem se iniciado em 2008 ou, tão logo acabou a eleição de 2010, Marina seria candidata agora.
A julgar pelos movimentos políticos de Marina desde que saiu do PT, a impressão que se tem é que a Rede é uma ideia surgida, casuísmo, da inviabilidade de a Marina estar em qualquer partido. Ou seja, a Rede não é uma Idea nova pra novos tempos, a Rede é “o partido” de sempre tentando sugar energias novas numa ideia velha. Isso fica claro na opção da Marina de se filiar ao PSB de Eduardo Campos.
Se o projeto de Marina fosse a Rede, no que essa ideia pode conter de novo, ela deixaria de ser candidata agora e se dedicaria a concretização da Rede no cenário nacional. O que importa não seria ela como candidata, mas o projeto. E o projeto dando certo, ela seria a candidata. Ficaria fora da eleição agora ou, se manteria a distancia promovendo uma eleição paralela, discutindo, palestrando, tematizando e organizando.
Marina não entendeu que seus vinte milhões de votos foram um movimento de uma parte importante da sociedade civil que via nela o vetor pra outras coisas, ideias e atitudes diferentes de tudo aquilo que ai está. A Marina não entendeu que seus votos não são seus, são de uma ideia, de um outro tempo que se quer construir.
Mas Marina tem um problema, não engoliu até agora que saiu do governo do Lula numa derrota para a então ministra Dilma Rousseff. Marina não resolveu seu problema com o PT; é natural, depois de uma vida no partido, uma história juntos, é difícil aceitar, muitos ex-petistas não aceitam também. Isso é compreensível à luz da primeira frase da Marina quando anunciou filiar-se ao PSB; algo como, ‘precisamos acabar com o chavismo que o PT instalou no país, salvar a democracia’. Frase forte. A frase poderia ser, ‘é fundamental para manter a Rede viva, minha aliança com o PSB’.
A frase traz à tona o fato que, mais importante que a Rede é acabar com o chavismo e salvar a democracia. Mesmo que pra isso seja necessário abandonar a Rede, simbolicamente, e embarcar, concretamente, no PSB como filiada. A indignação que tomou conta de sonháticos e marineiros, com a atitude eleitoral e partidária da Marina, é a contra prova de que a sonhática maior nunca teve outra intenção na vida que não ser candidata, ainda que vice, contra o PT de todos os ódios que ela sente e que não conseguiu expelir da alma.
A Rede foi vendida. A Marina não tem plano, objetivo nem nenhum foco, sua trajetória política desde que saiu do PT evidencia isso e; sua filiação ao PSB nas condições colocadas, quando poderia se dedicar ao invento social e político que deu inicio, comprova o que está sendo afirmado. A Rede viverá agora um processo acelerado de apodrecimento por falta de vitalidade e seiva que era produzida pela liderança da Marina. Ou, será o que Marina queria mesmo que ela fosse, um partido político.
Marina será tragada pra dentro da eleição com tudo o que isso significa. Daqui um ano ela poderá não ter quase nada do capital eleitoral e político que amealhou em 2010. Com a Rede paralisada por um ano por falta de liderança, e por tudo o que vai acontecer no cenário eleitoral, ainda mais com Marina numa coligação que pode assumir o papel de oposição maior na eleição, o que pode acontecer não é o novo que a Rede já almejou ser, mas a Marina como a maior voz, ao lado de Eduardo Campos, de uma oposição renovada
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