sábado, 7 de dezembro de 2013

Mandela, Cuba e a hipocrisia da direita

Ver as demonstrações de afeto que diversos líderes mundiais deram a Nelson Mandela mostra como a história é hipócrita.
Tanto aqui no Brasil como lá na África do Sul, os fascistas alcunhavam aqueles que lutavam contra um regime ditatorial de “terroristas”. A si mesmos, obviamente, os combatentes contra os regimes de exceção viam-se como revolucionários.

Porém, agora nenhum dos que chamavam Mandela de terrorista veio repetir seu infame discurso – aqui no Brasil, onde nunca tiveram as asinhas cortadas, os fascistas ainda são saudados pelos kkkoxinhas.

Parece mesmo que não havia quem defendesse o regime horrível do apartheid da África do Sul. Onde estão eles? Em que caverna, em que cova, em que buraco se esconderam?

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Outra coisa a se lembrar é que o regime do apartheid só existiu devido ao apoio internacional de três nações: Estados Unidos, Inglaterra e Israel (sempre eles). 
Toda vez que tiveres alguma dúvida sobre algum fato da política externa, basta ver o que estes três países estão defendendo – eles estão onde sempre estiveram, representam os mesmos interesses e possuem o mesmo conteúdo ideológico, alterando-se minimamente a forma como implementarão sua ideologia.

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Nelson Mandela e Fidel Castro: de acordo com
a direita, dois "terroristas"

Por fim, também foi “esquecido” pelos donos do poder o papel fundamental de Cuba na emancipação dos países africanos. Para auxiliar na resistência contra o exército racista do apartheid, a ilha que não se curva enviou ao longo dos anos 350 mil homens e mulheres a Angola e Namíbia e, no momento mais decisivo do conflito, 50 mil combatentes cubanos auxiliavam o exército de resistência angolano. Segundo o próprio Mandela, a batalha de Cuito Canavale foi o ponto de inflexão essencial na luta contra o apartheid. “Sem a derrota do exército racista em Cuito Cuanavale, nossas organizações nunca teriam sido legalizadas”, afirmou Mandela em sua visita a Cuba, em 1991. E seguiu: “O povo cubano ocupa um lugar especial no coração dos povos da África. A decisiva derrota infligida em Cuito Cuanavale alterou a correlação de forças na região. A derrota das forças agressoras da apartheid destruiu o mito da invencibilidade do opressor branco”.

No blogdangola podemos ler:

Sem dúvida, a luta de libertação da Namíbia também recebia um grande impulso, e dois anos mais tarde, este país também declararia a sua Independência. Entretanto, o governo racista de Botha preocupava-se, pois pela potência e envergadura da estratégia armada por Cuba no sul de Angola chegou a imaginar que as tropas cubanas pudessem dirigir-se rumo ao sul, ou seja, rumo a Pretória. Na fuga, as tropas racistas bombardearam pontes, revelando medo de uma ofensiva rumo ao sul. Enquanto as batalhas ocorriam, com sucessivas derrotas impostas às tropas da África do Sul, ocorriam no âmbito da ONU as famosas negociações em busca de um acordo, negociações em que os representantes dos EUA exibiam toda sua hipocrisia. Mas, há um diálogo que merece ser relembrado, quando o representante do regime racista nestas negociações pergunta ao representante de Cuba, Jorge Risquet, se havia a intenção de uma ação militar rumo ao Sul, a resposta é dessas que entram para os anais de história militar: "Se eu lhe disser que vamos rumo ao Sul isto seria tomado como uma ameaça, se eu lhe disser que não vamos rumo ao sul, isto seria para vocês um calmante". Deixou o racista atônito e confuso. E em outra oportunidade deu o toque de realismo que a arrogância sul-africana não queria reconhecer. "A África do Sul não tem condições de impor na mesa de negociações uma situação de vantagem quando no campo de batalha está sendo fragorosamente derrotada." De fato, os negociadores sul-africanos diziam que se retirariam "para a Namíbia". A história foi diferente, tiveram que sair também da Namíbia.
(...)
Como disse Mandela, em Cuito Cuanavale se deu a virada. Mas, uma virada marcada pela consciência das tropas cubanas de serem a continuidade histórica do internacionalismo proletário, de fazerem reviver o brado heroico de Stalingrado, de retomarem o exemplo revolucionário das massas vietnamitas que também derrotaram os EUA. Para a África Cuba enviou negros, brancos e mestiços alfabetizados, cultos, um exército bem treinado, com consciência socialista, e que não esteve em Angola para rapinar petróleo ou de diamante, como hoje fazem de modo selvagem e assassino as tropas norte-americanas no Iraque. E a solidariedade cubana com a África não se esgotou naquela histórica epopeia militar: hoje milhares de médicos e professores cubanos trabalham em dezenas de países africanos. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o contingente de médicos cubanos na África supera o número de médicos que todos países ricos somados têm hoje naquele continente que tanto rapinaram....Por isso, é indispensável um debate mais aprofundado sobre o papel de Cuba e Angola na luta contra o apartheid, pois, não faz nenhum sentido falar da luta contra o racismo desconhecer esta contribuição, ignorar a dimensão histórica da Batalha de Cuito Cuanavale e, ao mesmo tempo, tomar como exemplo de luta anti-racial o modelo norte-americano, quando foram os EUA os principais sustentadores do apartheid.

Os que apoiaram o regime do apartheid estão no esgoto da história, local fartamente habitado pela direita mundial.

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Tive a oportunidade de conhecer em minha visita a Cuba um dos combatentes que serviu na África. Este me compartilhou que quando findara a batalha em Angola e a revolução conseguira desmantelar o exército racista, eles seguiram para a fronteira da África do Sul, e exigiram o fim do apartheid, senão, a guerra seguiria dentro das fronteiras sul-africanas.
Com suas fortes pressões internas, ausência de apoio internacional e a guerra batendo as portas, a minoria branca sul-africana resolveu ceder e acabar com o apartheid.
Mas este fato você não verá no jornal.

Hoje em Pretória, capital da África do Sul, existe um memorial onde estão gravados 95 mil nomes de combatentes mortos na guerra de libertação. 2107 são cubanos.


P.S: é de se lembrar o papel que a Naspers empresa de telecomunicações com histórico amplo de sustentação do regime racista teve na história sul-africana. Hoje ela é acionista da editora abril, ou seja, esta no lugar certo.

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