A inflação medida pelo IPCA, índice de referência para o sistema de metas, subiu 0,48% em março e ouriçou os falcões do mercado financeiro. A alta ficou acima da prevista por analistas e praticamente condenou o Banco Central a cumprir as ameaças da última Ata do Copom de elevar a taxa básica de juro, hoje em 11,25% ao ano, no próximo encontro do Comitê, na terça-feira 15 e quarta 16. Isso porque, no acumulado em 12 meses, a inflação está em 4,73%, acima do centro da meta (4,5%).
O principal motivo para o aumento foram os preços dos alimentos, que avançaram 0,89% em março. Segundo a coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, a crescente demanda mundial por comida, especialmente em países emergentes, explica em grande parte a inflação brasileira, uma vez que tais produtos são commodities, com cotação nas bolsas internacionais.
Uma alta do juro agora seria um balde de água fria nos empresários, que colocariam o pé no freio dos investimentos. Justamente em um momento de franca expansão, o que asseguraria o comportamento dos preços nos futuros. Em 2007, por exemplo, o Produto Interno Bruto (PIB) do País cresceu 5,4% e os investimentos deram um salto de 13,4%.
No mais, de acordo com o modelo seguido pelo BC, existe um intervalo de 2 pontos porcentuais para cima ou para baixo do centro da meta. Há um choque externo, o que justificaria o uso da prerrogativa das bandas cambiais. Ou seja, na pior das hipóteses, não seria nenhum pecado capital a inflação atingir até 6,5% neste ano.
Só que o nome do jogo é outro. O BC ameaçou, o mercado comprou a idéia de que o Copom vai ser durão e as projeções dos juros futuros já embutem uma alta entre 0,25 e 0,5 ponto porcentual na taxa Selic, na quarta 16. Desta vez, porém, o clima político em Brasília não está tão condescendente com Henrique Meirelles. Fontes ouvidas por CartaCapital confiam que, se o juro subir, cabeças vão rolar. A conferir.
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