Nassif, não sei se conhece (e seus leitores), mas há um trabalho sobre contratação de pessoal pelo setor público que é bastante interessante. Pra mim, é útil por mostrar como o debate no Brasil se tornou fulanizado, partidarizado e sobretudo ideologizado.
Ele se chama “O Mito do Inchaço da Força de Trabalho do Executivo Federal” e foi elaborado por Marcelo Viana de Moraes, Tiago Falcão Silva e Patrícia Vieira da Costa.
Os três trabalham na Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento – o que, na minha opinião, não invalida o material, já que trabalha unicamente com fontes oficiais.
Mas o que traz o levantamento?
1) O governo brasileiro tem menos servidores que o governo paulista (em ambos os casos, buscou-se a quantidade de servidores civis do poder executivo): 538,8 mil e 765,8 mil, respectivamente.
2) Mais importante:, a quantidade de servidores civis do poder executivo CRESCEU mais no governo paulista do que no governo federal. Entre 2003 e 2008, aumentou 10,9% no executivo federal, ante 12,85% no executivo estadual paulista – em 2007, por exemplo, aumentou 14,42% em São Paulo (!).
O estudo traz outros dados interessantes, como aquele já conhecido levantado pelo Ipea mostrando que a relação servidor público/população é muito menor no Brasil que na maioria dos países.
Significa que o governo paulista está aparelhando e inchando artificialmente a máquina pública? Não, claro que não. Também não acho que o trabalho sirva para provar que o governo estadual de São Paulo esteja aparelhando a máquina.
Mas por que é tão comum essa acusação (de inchaço e crescimento absurdo de gastos com pessoal) ao governo federal? Os números não mostram, em absoluto, esse quadro supostamente negativo. Ou, pra ser mais exato, se refletem, eles também mostram o mesmo, e até em intensidade maior, no governo paulista. Ou será que o “medidor de inchaço da máquina pública” é rigoroso para o governo federal e flexível em São Paulo?
Ou eu tô confundindo tudo?
Nenhum comentário:
Postar um comentário