terça-feira, 8 de outubro de 2013

Todos contra o chavismo - por Jornalismo Wando (Yahoo!)

Foto: Dida Sampaio (Estadão)
Como todos já devem saber, nossa guerreira itaú-guarani-kaiowá não conseguiu emplacar o sonho da terceira via, a REDE Sustentabilidade, o partido apartidário. Motivo? Um mega complô arquitetado pelos cartórios governistas em conluio com o espírito imortal de Hugo Chávez.

Foi aí então que todos saíram do apoio do Itaú e dos 16% de Marina nas pesquisas de Marina e seu projeto político diferenciado . O ecológico PEN se ofereceu todo, o conservador PTB flertou, o quase-tucano PPS implorou. Mas quem acabou conquistando o coração de Marina foram os olhos verdes de Eduardo Campos do PSB. Sim, o PSB, uma legenda que leva socialismo no nome, mas que é ligada ao agrobusiness, à Família Bornhausen, ao Ronaldo Caiado, ao Heráclito Fortes e a toda uma turma do bem que vem fazendo a diferença na política nacional.

Definida a decisão do TSE, nossa guerreira passou a mão no telefone e ligou para Dudu:

    - Eduardo, você está preparado para ser presidente do Brasil? Eu vou ser sua vice e estou indo para o PSB - contou Marina, relatando ainda que Campos ficou mudo, mas muito eufórico.

A euforia do socialista é compreensível se levarmos em conta o esforço que tem feito para se desvincular do governo - do qual fez parte por uma década - e criar uma candidatura capaz de impedir a reeleição de Dilma.

Além dos quase 20% de intenções de voto, Campos traz pro partido toda a força política e econômica incorporada por Marina na REDE, ou seja: o Itaú, a Natura, os artistas globais, os amantes da natureza, alguns tucanos, alguns psolistas, os ursinhos carinhosos e todos os usuários da tag #AcordaBrazil.

O cenário vai ficando cada vez mais complicado para o governo que contava com a fatura liquidada no primeiro turno, como apontavam as pesquisas. Essa grande frente oposicionista, que batizei de "Frente itaú-guarani-kaiowá-naturassocialista-pentescotal dos últimos dias", tem tudo pra levar a decisão pro segundo turno.

Apesar de não cumprir regras válidas para todos os partidos, Marina, fera ferida, caiu atirando e discursou como uma clandestina política, vítima da máquina governista:

    — Nós (REDE) somos o primeiro partido clandestino criado em plena democracia. (...) E o PSB é um partido sério. A minha briga, neste momento, não é para ser presidente da República, é contra o PT e o chavismo que se instalou no Brasil
Eduardo Campos instalando o chavismo no Brasil. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

O curioso é que há uma semana, Zé Serra externou a mesmíssima preocupação:

    "A minha prioridade é derrotar o PT, cuja prática e projeto já comprometem o presente e ameaçam o futuro do Brasil"

Incrível como nossos oposicionistas estão afinados na reginaduartização do discurso, não? Mas o que mais me espanta em Marina é a forma corajosa com que afirma:

    "A decisão foi de assumir posição, e a posição é programática não é pragmática"

Marina combate o pragmatismo político levando a REDE pro colo do ex-governista PSB, um partido ligado ao agronegócio tão combatido pela turma da...REDE. Também combate o chavismo se aliando a um histórico parceiro político e econômico de...Chávez. Tá aí o Raul Jungman (PPS) que não me deixa mentir com esse tweet de 2010:

Ao insistir que a aliança não é pragmática, Marina fez muitos se lembrarem de Wanderney, o antigo personagem do Casseta e Planeta que, ao ser flagrado na sauna gay, gritava: "Eu não sou gay! Eu não sou gay! Juro que não sou!".

Comentário
De fato, se dizer ambientalista num regime capitalista - que pressupõe o consumo desenfreado como fundamento de sua existência - é de fazer corar qualquer um que tenha o mínimo de decência.
Não é o caso da Marina e de sua rede.
Outro ponto, chamá-la de guerreira itaú-guarani-kaiowá foi ótimo.

Um comentário:

Sugestão de Livros disse...

Adorei a parte: "reginaduartização do discurso" :)