Levy Rules |
Fidelix rules!!
Assim reagiu no Twitter Lobão à diarreia homofóbica de Levy
Fidelix no debate da Record.
Numa tradução livre, Fidelix brilhou.
Você pensa que Lobão não pode ser mais obtuso, mas ele
sempre surpreende e encontra novos limites para a estupidez e o reacionarismo.
Lobão é uma amostra expressiva de como a direita respondeu a
Fidelix. Com embevecimento diante de alguém que disse verdades à “ditadura
gayzista”, um herói que ousou desafiar o pensamento “politicamente correto”.
Levy Fidelix, o candidato que era uma piada até virar uma
infâmia, é, hoje, um ídolo da direita brasileira. Isso mostra o panorama desolador
do conservadorismo nacional.
Roger Moreira, também no Twitter, admirou a coragem de
Fidelix. Quer dizer: Fidelix não foi vulgar, não foi obsceno, não foi idiota.
Foi, para Roger, um exemplo de bravura.
Outro reacionário notório, Reinaldo Azevedo, torturou o
jornalismo e a língua portuguesa ao falar sobre o caso. Ele se referiu a uma
“suposta” homofobia.
Portanto, no Planeta Azevedo, podemos discutir se as
palavras de Fidelix foram – ou não – homofóbicas. Há sempre a possibilidade,
segundo esta ótica peculiar, de que Fidelix tenha elogiado os homossexuais ao
dizer que eles têm que se tratar, mas longe de nós.
O cuidado extremo com que Azevedo se referiu a Fidelix só
vale, naturalmente, para a direita.
Dias antes, eles escrevera, a propósito do caso Petrobras,
que o delator REVELARA – ele usou maiúsculas – coisas terríveis contra Dilma.
O delator não afirmou, não disse. Ele REVELOU. No Planeta
Azevedo, acusações contra adversários de seus patrões não são acusações. São
REVELAÇÕES. Você pula a etapa da investigação, da defesa, da exibição de
provas, se as houver, e da decisão da justiça.
Importante: isto para os inimigos.
Dias atrás, o jornalista Ricardo Kotscho escreveu que a
origem da raiva de Roberto Civita contra Lula reside na diminuição da
publicidade do governo federal para a Abril.
Está errado dizer, segundo o jornalismo decente, que Kotscho
REVELOU. O certo é registrar que Kotscho “afirmou”.
Mas, sejam quais sejam as origens do ódio da Veja a Lula, o
fato é que o jornalismo decente deixou de valer faz muito tempo para a revista,
substituído por uma patética panfletagem sem nenhuma credibilidade senão para
um público limitado de analfabetos políticos.
No caso de Fidelix, outro argumento da direita em favor do
seu bestialógico recorre à liberdade de expressão, como se você pudesse dizer
qualquer coisa e invocá-la.
Em maiúsculas, como Azevedo, Malafaia congratulou Fidelix no
Twitter. “PARABÉNS, LEVY FIDELIX, POR VOCÊ FALAR O QUE PENSA. ESTAMOS EM UMA
SOCIEDADE LIVRE. O ATIVISMO GAY QUER IMPLANTAR A DITADURA DA OPINIÃO! VALEU!”
Bom, pelo menos parece que Mafalaia saiu da fase da
“ditadura bolivariana” para admitir que vivemos numa “sociedade livre”.
Há regras para a liberdade de expressão, como para tudo. Nos
dias de hoje, por exemplo, caso alguém em solo americano se manifeste
publicamente a favor dos Estados Islâmicos irá, rapidamente, para a cadeia.
Um juiz americano colocou isso de forma didática. Imagine um
teatro lotado. Se alguém gritar “fogo”, pode gerar um pânico que leve a mortes.
É inútil invocar depois, na justiça, a liberdade de expressão para poder gritar
“fogo”.
Por mais que os conservadores queiram, Levy Fidelix não foi
destemido, não foi iconoclasta, não foi brilhante.
Foi apenas sem noção, ou, para quem gosta de definições mais
diretas, um perfeito idiota.
Um comentário:
Gostei da explicação: "Um juiz americano colocou isso de forma didática. Imagine um teatro lotado. Se alguém gritar “fogo”, pode gerar um pânico que leve a mortes. É inútil invocar depois, na justiça, a liberdade de expressão para poder gritar “fogo”."
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