quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Apenas um Estado forte conseguirá diminuir as desigualdades - por Assis Ribeiro (Blog do Nassif)

Comentário ao post "O RDC e as concessões públicas"

Nos Estados Unidos o Estado é privado, completamente privado, não faz parte do desejo da América do Sul seguir tal conceito.

Em países de enorme abismo social e desigualdade regional, a presença do Estado é fundamental. Só o Estado forte, com impostos altos, conseguirá levar desenvolvimento à regiões e populações pobres e diminuir as desigualdades, foi assim nos EUA e na Europa..

A onda liberalizante de 90 ferrou com os EUA e com a Europa, mesmo os dois tendo seguido caminhos diferentes. Parece que o desastre dos cobaias da América do Sul não serviu de exemplo.

Esses caminhos fazem parte de um "projeto" bem calculado, intencional, que segue um roteiro predeterminado.

EUA e Inglaterra, fora o Chile, foram os primeiros a se  utilizarem dessas ferramentas em sua plenitude. Eles transferiram tudo para o privado tal como concebe o liberalismo mais radical da escola austríaca.

Os demais países da Europa utilizaram como ponto de partida a forma da "vaselina" onde se transferia para a privada atividades de caráter conceitual público, com a explicação liberal de ineficiência do Estado, e justificava a "fiscalização" do Estado através das agências reguladoras. Transposta a fase inicial, entra-se na fase mais voraz que é reduzir ou mesmo eliminar a "regulação" para que as privadas exerçam livremente o seu instinto animal que mostrou-se predador  e que mais recentemente se mostra autofágico, constatado pelo abismo das economias e das empresas dos países chamados desenvolvidos, cujo exemplo citado por Nassif é magistral; "um incêndio em uma cidade norte-americana, que o Corpo de Bombeiros recusou-se a apagar porque o dono do imóvel não estava com sua taxa em dia."

O Brasil de FHC entrou direto na segunda fase do modelo onde procurou privatizar tudo, e só não conseguiu frente à forte resistência do povo brasileiro, talvez pela nossa própria carência e mais precisamente porque por aqui ainda vigorava forte partido de oposição que contrapunha essa ideias privatizantes.

Se vê com enorme preocupação nos dias atuais, o governo entrando mais uma vez na busca da transferência de atividades consideradas públicas e de responsabilidades do governo como entidade representante de sua população, tais como estradas, portos, aeroportos, etc.

Para aqueles que advogam o novo slogan do liberalismo no seu afã de justificar as privatizações, concessões, o termo gestão, devo lembrar que no Brasil a Petrobrás, o Banco do Brasil, a Caixa econômica, a Vale, Volta Redonda, Itaipu, etc, etc, etc, foram construídas pela  "gestão" do Estado.

O governo parece em desespero em fazer a economia rolar, e este poderia ser um tema explorado por Nassif em um próximo Post.

Inflou os cofres do BNDES, baixou impostos, reduziu preços de energia, concede empréstimos com prazos e juros vantajosos só visto nos governos militares, desonera a folha, abre concessões de todos os lados, corre para todos os lados com o pires nas mãos.

Essas atitudes de desespero nunca dão certo.

É preciso que o governo encare o problema de frente.

Nenhum país está conseguindo fazer as privadas investirem, nenhum.

Portanto, que invista o que for possível com o dinheiro público e não caia na tentação, sempre equivocada, de que as privadas realizarão com competência aquilo que é de responsabilidade pública, e como o termo já está dizendo, responsabilidade pública, é pública e não privada. Então não tente transferir essas responsabilidades para as privadas porque não darão certo.

Que o Brasil siga os exemplos recentes dos EUA e UE para saber o que não fazer, e siga o seu próprio recente exemplo, da era Lula, e os dos demais BRICS para saber o que fazer.

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