Renan Calheiros, presidente do senado, não foi cassado, por enquanto. Absolveu-se, graças a votos do PT (que de maneira imperdoável, se absteve!) e algumas traições da oposição. Espanta-me o PT sujar o seu nome para defender um político como Calheiros. Espanta-me, ainda.
Da oposição, é claro, eu não espero nada. Nada de íntegro, ao menos.
Renan, todavia, não é a figura demoníaca que alguns tentam retratar. Um bom exemplo de que isto é mentira, foi o fato de que, como presidente do senado, impediu que o tão elogiado ministro da defesa Nélson Jobim, a época presidente do STF, juntamente com o presidente da câmara Severino Cavalcanti (quele eleito pela oposição construtiva), assinassem em conjunto uma medida administrativa que quase dobraria o salário das duas casas legislativas. Renan barrou a medida, deixando que os putos fossem conseguir o aumento no plenário, e não por baixo dos panos. Jobim e Cavalcanti sairiam chamuscados, se se importassem com isto. A medida acabou não sendo votada. Renan não precisava deste aumento. Tinha outras fontes de renda, como é sabido.... rs.
Renan não foi cassado, também, porque como ministro da justiça de FHC colecionou preciosas informações sobre grande parte de senadores e ex-senadores, que, agora e sempre, comem na sua mão.
Que Renan é corrupto, isto é sabido por todos. Ninguém consegue com um salário de político angariar honestamente o patrimônio milionário que ele conseguiu. A questão, é que tem de se provar de onde veio o dinheiro roubado. Isto, os senadores que o investigaram, não conseguiram provar peremptoriamente. No máximo, conseguiram afirmar que o dinheiro que ele diz ter conseguido por meio de venda de gado não foi plenamente comprovado. Mas, ora, cabe a eles provar que o dinheiro conseguido por ele é ilícito, e não o contrário! Aí eles se perderam e, a cassação que seria por motivo óbvio, ocorreria sem ter uma prova óbvia.
A coisa que mais me incomoda, disto tudo, é que, caso Renan Calheiros tivesse renunciado a presidência, o caso teria sido abafado. Isto me incomoda. Peguemos o exemplo de Romero Jucá, este líder do governo no senado tanto nos governos FHC quando no de Lula (!). Para ser ministro da previdência do governo, ele não prestou. Capas de jornais, muitas acusações, processos que pesam contra ele (já de algum tempo), escândalo, e tal. Saiu do ministério e voltou pro senado, onde está há muito tempo. Estando lá, a imprensa parou de incomodá-lo. Ué, pra ser senador ele presta, mas pra ser ministro, não? Como? Não deveria ter continuado a pressão? Por que parou?
Na minha opinião, insinuam inadvertidamente que o senado é uma casa, por assim dizer, possuidora de uma luz de cor primária, a qual misturada a outros tons pode facilmente conseguir-se o laranja e o roxo. Todo mundo insinua isto. Inadvertidamente, ou não.
A verdade é que se Renan tivesse renunciado à presidência da casa as coisas teriam ficado muito mais fáceis para ele. Aí é que está a grande diferença entre ser inteligente e ser esperto. Ele só é esperto.
Deixou pra se licenciar depois do processo. Se perdeu nesta.
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