E eis que Salvatore Cacciola volta as baias.... quem se lembra dele? Será que algum tucano se lembra?
Vamos viver, já que recordar...
Gustavo Franco, o neoliberal-mor, homem das contas CC-5 e do início da estratosférica taxa de juro brasileira era o presidente do BC. Ele era contra a desvalorização do real e, contra o câmbio flutuante. O problema era que as contas brasileiras estavam em dissolvência. Com o real valendo quase o mesmo que o dólar, as reservas internacionais haviam minguado e o Brasil estava a beira de dar um calote. Era óbvio que o Brasil necessitava desvalorizar o real, porém, era época de campanha e o Brasil ter uma moeda tão “forte” quanto o dólar era um motivo de orgulho nacional e o precípuo cabo eleitoral de FHC.
O PT (Partido Temível) durante toda a campanha alertou para a necessidade de se desvalorizar o real, porém, o PSDB (partido dos çábios) dizia que os vermelhos estavam era jogando contra o país, como já tinham desacreditado o real em outros tempos. Na verdade, o real estava desacreditado realmente, quando o PT alertou isto. Foi desacreditado pelo Ricupero, desastroso ministro da fazenda. Até que Ciro Gomes assumiu o ministério da fazenda e acertou a coisa toda. Teve um custo este acerto (aumento das importações e quebradeira das empresas nacionais), mas a inflação foi debelada.
Pois bem, FHC não desvalorizou o real e foi reeleito no primeiro turno. 12 dias depois de tomar posse o príncipe desvalorizou a moeda, o que tinha prometido e reprometido e reprometido tão convictamente não fazer na campanha. Foi o segundo maior engodo eleitoral da história (o primeiro foi o plano cruzado).
Mirian Leitão, (a controladora-geral do Brasil, nas palavras de Paulo Henrique Amorim) acreditou que Ele não desvalorizaria a moeda, Roberto Marinho acreditou Nele e outros também. Uso letra maiúscula já que FHC julga-se divino. E muitos concordam. A revista veja, particularmente.
Bem, mas vamos aos detalhes de nossa história, que é o que realmente interessa.
Antes da maxidesvalorização Gustavo Franco foi catapultado do cargo e em seu lugar assumiu Francisco Lopes. Alguém (¿quem será?) começou a vender informações a dois bancos, Marka (do Cacciola) e ao FonteCindam. Os grandes bancos sabiam que o BC necessitava desvalorizar o real e começaram a comprar dólares. O BB e a Caixa (por motivos políticos) foram proibidos de fazê-lo, e tomaram um prejuízo de bilhões de reais. Mais uma que a população teve que arcar.
O banqueiro Salvatore Cacciola tinha informações de que a desvalorização ainda não ocorreria e, não comprou dólares. Este alguém não conseguiu avisar a tempo aos banqueiros do Marka e do FonteCindam que o real seria desvalorizado. O que era óbvio acabou acontecendo, o real foi desvalorizado e estes dois bancos que (assim como inúmeras empresas brasileiras) tinham dívidas em dólares, viram sua dívida duplicar do dia para noite. Acabaram quebrando. Mas, banco no Brasil não pode quebrar! Armínio Fraga, o sweet baby do megaespeculador George Soros havia acabado de assumir a presidência do BC (rotatividade do cargo maior do que a de técnicos de futebol). Ele, juntamente com alguns outros çábios (ou çábias, já que junta-se a ele Tereza Grossi, ex-diretora de fiscalização do BC) decidiram que o país assumisse o prejuízo destes dois bancos. Como? Venderam dólares ao preço anterior da desvalorização. O Brasil, do dia para a noite, perdeu dois bilhões de reais (valores da época). Assim. Simples assim, bilhões de reais se vão e tudo fica por isto mesmo. Justificaram o prejuízo afirmando que havia o risco de uma quebra “sistêmica” nos bancos. Sabe-se lá quem eram os bancos Marka e Fontecindam e qual era a importância destes para a população. Mas banqueiros no Brasil... não são réles mortais...
Cacciola foi ajudado com bilhões de reais. Foi processado e condenado. Mas aí veio Marco Aurélio Mello, o soltador-geral da república, este que tem tantas palavras a dizer sobre corrupção, sobre mensalão, sobre impunidade. Este que acabou de soltar bicheiros que, segundo ele, não estavam numa ação “delitiva”. Os bicheiros tiveram de ser presos novamente pela polícia federal (àquela, criada no governo Lula), em flagrante. Veremos se ele os solta de novo, para que possam bater asas em seus vôos rasantes sobre a política nativa.
Pois bem, Cacciola pegou o hábeas corpus do Marco Aurélio Mello e foi viver na Itália, o que era mais do que óbvio que faria.
Como tem dupla cidadania, ele não pôde ser extraditado. Italianos não são extraditados para serem julgados fora do seu país de origem, assim como brasileiros.
Ao dar uma passeadinha em Mônaco, Cacciola acabou preso pela interpol.
Bem, restam-me dois desejos. O primeiro, ver se alguém que deveria investigar o Brasil aproveitará a oportunidade e quererá responsabilizar quem deu tanto dinheiro do povo aos bancos.
E o segundo, torço para que o processo não caia nas mãos de Marco Aurélio Mello. Este grandecíssimo senhor, nomeado pelo ex-presidente Collor de Mello (seu primo) para o STF. Porque aí, o filme já está batido. Mello soltará o banqueiro e em seguida dará uma entrevista para a mídia se lambuzar com suas palavras sobre impunidade.
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