Há surpresas inesperadas. Não se trata de resultados eleitorais. Estes até que são previsíveis. Basta ouvir várias pessoas, em segmentos sociais diversos, e se captará o resultado de um pleito eleitoral.
Apesar da mutabilidade das ações humanas, podem-se prever determinados acontecimentos futuros. Difícil é captar o pensamento hermético dos membros do Comitê do Premio Nobel.
Particularmente, quando fere o próprio pensamento do instituidor do galardão. Queria Nobel premiar pessoa que tivesse realizado o máximo esforço para a abolição ou redução de exércitos permanentes.
Ora, cinicamente, os países europeus, após a Segunda Guerra Mundial, infringindo tratados, procuraram conceber forças armadas altamente competitivas.
Não tiveram nenhum pudor em usas suas armas contra os mais variados povos do mundo sobre o falso argumento de impor seus elevados conceitos (sic) nas mais diversas regiões do planeta.
Muitas qualidades podem ser conferidas aos europeus e a sua combalida União Européia. Falta, porém, base moral para a concessão de um Prêmio Nobel da Paz à Organização.
A declaração deste último fim de semana parece inverossímil. Quando o antigo primeiro ministro da Noruega anunciou o Nobel da Paz parecia ouvir-se a fala equivocada de um desavisado.
Todas as referências – positivas – podem ser dirigidas aos países europeus, mas, certamente, não se encontram eles capacitados para receber um premio destinado a homenagear a paz.
Um prêmio não pode ser concedido pela mera realização de uma união econômica que teria evitado guerras entre seus integrantes. As guerras modernas têm muitas facetas.
Uma delas é a econômica. Ora, a União Européia possui um arcabouço politicamente frágil, tanto assim que seus críticos mais agudos registram a Europa das nações como uma mera Eurolândia.
Ou seja, a terra do euro, moeda que torna mais forte economicamente os países centrais e levou à pobreza os periféricos, particularmente os meridionais.
Quando povos inteiros saem às ruas e às praças para protestarem contra a política gerada em Bruxelas, sem serem ouvidos, pode-se falar em paz? Que paz é esta onde a maioria nunca é ouvida?
Já se conheceu na história política muitos cenários onde a hipocrisia e o cinismo estiveram presentes, ainda porque ambos são usuais na convivência dos Estados.
No entanto, agora os membros do Prêmio Nobel atingiram o mais alto ponto destes atributos negativos da arte da política. Premiar a União Europeia com o Nobel da Paz é fragilizar a imagem da premiação.
Talvez, no caso tenha ocorrido um ato falho dos julgadores. O instituidor do Prêmio Nobel, Alfred Bernhard Nobel, foi o inventor da dinamite e um próspero fabricante de armamentos de guerra.
Prosperou graças à morte de milhares de pessoas que sofreram os impactos de seus inventos e de suas armas. Exportou equipamentos de morte para todas as partes.
Hoje, os europeus continuam exportando armas para países envolvidos em conflitos regionais e sempre estiveram presentes em situações bélicas por todas as partes, inclusive nesta América do Sul.
Importam e dão guarida a dinheiro sujo originário dos mais diversos tipos de atos ilícitos. Nem sempre colaboram com os demais países na busca da obstacularização destas práticas imorais.
O Prêmio Nobel da Paz, ora concedido, fere os mais elementares princípios do bom senso e da solidariedade entre os povos. Agride os europeus das ruas dos países em crise.
Violou o bom senso médio de todos os povos efetivamente amantes da paz e da solidariedade entre as pessoas. A Academia Sueca perdeu boa oportunidade para não agir apressadamente.
Comentário
O senhor Obama não ganhou? E ganhou assim que assumiu o governo dos EUA – sem tempo, portanto, até para provar que faria um governo pela paz.
De fato, não fez um governo pela paz, muito ao contrário, e seu Nobel, bem como o para a União Européia não passam de piadas de mau gosto.
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