segunda-feira, 11 de março de 2013

Congresso vira um picadeiro: cadê os partidos? – por Ricardo Kotscho (Balaio do Kotscho)

Daqui a pouco o presidente do Senado, Renan Calheiros, deverá informar o resultado da votação dos royalties. Foi uma lavada: 54 dos 63 senadores presentes e 349 dos 405 deputados derrubaram os vetos da presidente Dilma Rousseff ao projeto de lei aprovado pelo Congresso sobre a nova distribuição dos royalties do petróleo.

Foi a primeira votação e a primeira derrota do governo este ano no Congresso, onde a base aliada de Dilma tem, teoricamente, ampla maioria, tanto na Câmara como no Senado.

Os três Estados produtores - Rio, Espírito Santo e São Paulo -, que terão prejuízos bilionários com a nova lei, já anunciaram que recorrerão ao Supremo Tribunal Federal.

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Deboche, bate-boca interminável, parlamentares aboletados na mesa diretora, cercando e xingando o presidente Renan Calheiros, bancadas se retirando do plenário, vaias, gritos _ um grande picadeiro foi montado no Congesso Nacional, na noite de quarta-feira, durante a votação dos vetos da presidente Dilma Rousseff ao projeto de redistribuição dos royaltines do petróleo.

Ao final de quatro horas de discussões, a esculhambação era geral, e o cenário, desolador. Nem o resultado da votação conseguiram anunciar, mas uma coisa é certa: a derrubada dos vetos levará, mais uma vez, um embate entre o Executivo e o Legislativo para o Supremo Tribunal Federal.

A judicialização da política é apenas sintoma de um problema maior: a falência dos partidos políticos, tanto do governo como da oposição. Qual a posição do PT de Dilma sobre os royalties do petróleo? Do PMDB de Temer, do PSDB de Aécio, do PSB de Eduardo Campos? Estão todos mais preocupados com 2014, ninguém quer entrar em bola dividida.

Cadê os partidos nestas horas em que ninguém é de ninguém, só interessa o aqui e agora, o meu pirão primeiro? O fato é que nessa geléia geral partidária, ninguém mais pensa nos problemas do país do presente, muito menos nos desafios do futuro. Acima de tudo, estão os interesses pessoais, locais, regionais, pela ordem.

"Isso é uma vergonha! Não vamos participar desta sessão", gritou o deputado Hugo Leal (PSC-RJ), enquanto deixava o plenário junto com o restante da bancada carioca.

"Vai lá pra baixo, se não vou suspender a sessão", ordenou Renan Calheiros a Anthony Garotinho (PR-RJ), que chegou a tomar o microfone das mãos do presidente do Senado.

Poucas horas antes, em cerimonia no Palácio do Planalto, a presidente Dilma tinha feito um derradeiro apelo aos parlamentares para defender a destinação dos royalties do petróleo para a educação.

"Vocês me perdoem, mas destinar os royalties do petróleo, as participações especiais e tudo o que o petróleo arrecadar para a educação é condição para o país mudar de patamar".

A presidente falou em vão. Quem está preocupado com isso? No meio da confusão, o mais comportado parecia ser o deputado Tiririca (PR-SP), palhaço por profissão e um deputado exemplar, que se limitava a segurar uma plaquinha em que se lia: "Não ao veto. Royalties para todos!"


Comentário

Também houve recentemente um grande protesto das centrais sindicais em Brasília, onde as principais pautas foram o fim do fator previdenciário e a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais.

Os congressistas, claro, não estavam nem aí para os trabalhadores. Só querem é dinheiro – bem sabemos para que.

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