quarta-feira, 6 de março de 2013

O amor acabou

Quando Joaquim Barbosa se insurgiu contra Gilmar Mendes eu – como muitos outros – fiquei muito satisfeito: finalmente havia um ministro do STF com coragem para se contrapor ao fascista do Mato Grosso do Sul.
Mais adiante, pude perceber que Joaquim Barbosa era arrogante, arbitrário, autoritário e tresloucado. Havia naquele momento defendido uma boa causa, lutado contra um personagem que destrói a credibilidade do judiciário brasileiro, motivado pelos piores interesses e ideais possíveis, mas quando Barbosa se voltasse para o lado que não deveria (e sendo errático como é fatalmente isto ocorreria), acabaria atacando também quem não merecia, cometeria injustiças diversas – e também de maneira radical.
Durante a ação penal 470, vimos isto repetidas vezes. O homem não tinha limites, não necessitava de provas para condenar, não tinha educação nenhuma, dormiu enquanto os advogados faziam a defesa dos réus, atacou duramente quem não concordava integralmente com ele, etc. Enfim, agiu como o desvairado que sempre foi. Ainda assim, foi retratado como herói pela imprensa marrom – apenas porque atendia a determinados interesses.

Eu já havia escrito durante o julgamento deste processo que o Joaquim Barbosa estava somente sendo usado pelos donos do poder. Antes deste julgamento ele era continuamente depreciado pela grande mídia, posto que nestas reviravoltas malucas que apronta, ele também havia batido (com razão) em interesses encastelados.
Porém, em sua agressividade desmedida, ele era o personagem perfeito para a função que os donos do poder desejavam para o julgamento do mensalão (ironicamente chamado de ação penal 470): a de inquisidor. E assim foi feito, surfou na onda da imprensa marrom, foi tratado como um Super-homem, como um Vingador do povo brasileiro. Diversas vezes escrevi que aquele amor era passageiro, os donos do poder apenas se utilizavam do Joaquim Barbosa, mais adiante o amor acabaria, posto que novamente ele se voltaria contra quem quer que fosse, indiscriminadamente. Era um herói com prazo de validade.

Ontem quem assistiu aos jornais pôde perceber a forma como ele foi retratado. Não foi necessário chegar aos sete anos de relacionamento pra crise começar: o amor acabou. Joaquim Barbosa já não presta mais. Será agora avaliado talvez até pior do que de fato seja, será criticado mesmo quando acertar, será desfeita a imagem boa e irreal que haviam construído e, por fim, ainda será retratado como um traidor, uma decepção, uma pessoa que se não era aquilo que se esperava.

Ledo engano. JB esta agindo como sempre agiu – só que já não presta mais.

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