quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Caçavam corrupção, financiados. Agora caçam o nu: eles são a indecência - por Bob Fernandes (Gazeta)


Os homicídios no Brasil beiram os 60 mil por ano há anos, mas o tema dominante é um só, o mesmo.
Movimentos e autodenominados "líderes" encabeçaram protestos contra a corrupção.
Justo e muito necessário.
Mas Movimentos foram financiados por empresários e partidos. Exatamente os que tomariam o poder para a mais escancarada corrupção.
Por isso, e assim, Movimentos e seus líderes tiveram que trocar de moral. Como quem troca de, digamos... camisa.
Guardaram o discurso anticorrupção na gaveta. Junto com as camisas. E as camisetas...
E agora desfilam e berram contra...o nu. Tendo como figura-símbolo dessa moral pudica um ator que ganhava a vida com nu e sexo.
Multidões foram convocadas contra a corrupção. Dos palanques, nem um grito se ouviu em nome dos quase 60 mil mortos pela violência a cada ano.
Pelo contrário. Estavam junto, ao lado de quem já disse: se deveria matar "uns 30 mil" ...que a ditadura não matou.
"A começar por Fernando Henrique", pregou o líder fáscio.
Ultrapassada a barreira macabra dos 60 mil. Foram 61.619 mortos pela violência no Brasil em 2016. Sete homicídios por hora, 1,5 milhão em três décadas e meia.
É a barbárie...É indecente. E quem hoje prega contra o que diz ser "indecência", sobre a matança não disse e não diz um A.
O que fizeram e fazem é pregar por mais armas. Hipócritas e oportunistas em busca de voto fácil. Fazem política demagógica usando a moral, a violência, e os mortos.
Ex-caçadores de corrupção agora caçam o nu. Farsa para que não se perceba o que são e a quem apoiam.
A filósofa norte-americana Judith Butler virá ao Brasil.
Os que diziam caçar corruptos, e agora caçam o nu, querem impedir a vinda da filosofa.
Butler, que no livro "Quadros de Guerra" perguntou já respondendo: "Quais vidas (e mortes) merecem luto público?".
Discordando-se ou não, respeite-se o padrão moral de cada porção da sociedade. Mas não passam de hospedeiros da Moral esses que agora lideram a caça à "indecência".

Estes e estas, sim, de outra maneira, são profundamente indecentes.

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