São tempos desesperados... estamos
em épocas de histeria coletiva, inclusive a nossa, ditos à esquerda, e
realmente tem sido muito difícil viver entre a vida cotidiana, as obrigações e
as notícias que nos atropelam. Mas quando foi fácil? Estamos como resultado da
luta de classes.
Desde o golpe sobre a presidenta
Dilma, mais um pra história de um país que ainda não se encontrou na civilidade
de ser nação (de si para seu povo), de repente sempre há mais uma notícia,
absurdo, retrocesso à vista; há sempre um novo ataque e, na posição de
passivos, recebemos cada avanço do atraso impactados, raivosos, mas sem forças
para reagir porque nesse processo permanecemos também fragmentados e
enfraquecidos. Nem entre iguais há diálogo.
Tem sido muito duro, sobretudo
para a juventude, suportar a retirada de direitos. Nisso, o que há de pior no
país avança, ataca, manifesta-se livremente numa cortina de maldades que,
enquanto esconde toda a sacanagem mental dos nojentos, aparenta ser apenas
opinião divergente e, no pior de nossos julgamentos, apenas burrice. Não é. Eu
não acredito mais que diante dessa montanha de desastres, existam pessoas
inocentes-burras-atrasadas-iludidas-desnorteadas, essa categoria de gente não
existe mais. Se estamos em tempos de queima de bruxas, de escracho de uma
filósofa, de apoio a racistas confessos, de censura a museus, de naturalização
de estupros, de ração humana e seja lá mais o que for que tem acontecido,
estamos diante do pior lado da humanidade e isso não é só burrice, não sejamos
nós os iludidos... essa gente pensa, se expressa e se multiplica, são fascistas
em potencial e não dialogam porque o ódio que eles sentem contra mulheres,
negros, gays e pobres é substancial e perigoso. São inimigos.
Sobre Temer, o golpe e a corja no
poder, o livro das mutações, um livro oriental de mais de 5 mil anos e que sou
muito apegada e devota, tem um hexagrama muito claro: “os medíocres ocupam
postos que ganharam de maneira ilegítima, mas todos já começam a se dar conta
de que não é o que lhes corresponde”. E de fato, Temer entra pra história como
o mais rejeitado dentre os rejeitáveis.
Nos resta, do nosso lado na luta
de classes, não desanimar com a escuridão dos dias difíceis e disputar essa
consciência que nega a Temer, evitando que escolha um caminho pior, da
repressão e do massacre; evitando que seja cooptada pela violência dos
fascistas que aproveitam essas épocas confusas para crescerem como erva
daninha. Bolsonaro só ganhou espaço agora. Apesar de ser tempos de desânimo e
de pouca ou nula reação de nossa parte, nos contagiar com o fim do mesmo
hexagrama é fundamental: “os inimigos sofrerão uma grande derrota e, a partir
daí, começa um período luminoso.”
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