Programa de tutoria previa bolsa para alunos tutores e vale-presente para frequentadores de aulas extras
Projeto foi alvo de polêmica depois que Folha revelou que previa prêmio a aluno com mau desempenho
O secretário da Educação, Paulo Renato Souza, decidiu adiar projeto que prevê pagamento de R$ 50, em vale-presente, a estudantes que participarem de atividades de reforço em matemática.
Paulo Renato vai reunir hoje sua equipe para discutir a decisão. "É um projeto que está muito cru. Temos de amadurecer mais, discutir mais com a sociedade. Precisamos convencer as pessoas antes de implantá-lo", disse ontem. "Está havendo polêmica desnecessária."
Os alunos que receberiam o reforço seriam escolhidos entre os que possuem notas baixas, conforme informou a Folha semana passada. O vale-presente buscava incentivar a participação nas atividades, que não seriam obrigatórias.
Educadores criticaram a ideia. Uma das principais ponderações era o fato de premiar alunos com baixo desempenho -o que poderia incentivar as notas baixas.
APOIO
Apesar de suspender o programa, o secretário da Educação afirma que continua apoiando a proposta.
"Ela não é nem minha. É uma proposta do BID [Banco Interamericano de Desenvolvimento] e da Fipe, que já foi testada em vários lugares. Acho que pode ser testada também aqui."
Mesmo apoiando o teste do projeto, Paulo Renato disse que ficará surpreso se o pagamento der resultado. "Seria uma surpresa se esse projeto desse um resultado espetacular. Se funcionar, será uma beleza."
A proposta, chamada Multiplicando Saber, é um projeto-piloto, que pretende atender 1.200 alunos do ensino fundamental. Eles receberiam sessões tira-dúvidas, dadas por 400 bons alunos do ensino médio, duas vezes por semana, por 90 dias.
O pupilo que não faltassem a nenhuma atividade ganharia vale de R$ 50, a serem gastos em livros, CDs ou cadernos. O vale-presente foi instituído devido ao temor de que os alunos tivessem muitas faltas ou até desistissem.
Comentário
O mais impressionante de tudo é que este senhor, Paulo “Gates” Renato de Souza, ainda posa de especialista em educação, dando entrevistas à torto e a direito para criticar a política de educação do governo Lula – para mim, que é justamente o seu maior legado.
Mais do que dobrou o número de estudantes que estão ingressando em universidades federais (com a construção de novas unidades, extensão de campi e o Reuni), mais do que dobrou o número de escolas técnicas, aumentou drasticamente os recursos para a educação básica (via Fundeb), criou o belo programa do Pró-uni, etc.
Já Paulo Renato... Paulo Renato, além desta brilhante ideia de premiar os piores, tem um histórico invejável de greves, gatesmania, etc.
Além, claro, de um dos momentos mais elucidativos da história da política brasileira: ele mandou um artigo para a folha de São Paulo, chamado “tentáculos da reestatização”, em que criticava a compra pelo Banco do Brasil de outras instituições bancárias estaduais. Porém, junto com o artigo que ele enviou por e-mail, foram as mensagens trocadas por ele com o presidente do Bradesco. Ele perguntava se o texto estava “ok”, para podr enviá-lo. Ou seja, utilizava seu espaço de político para criticar um banco público, pedindo a benção do presidente de um banco privado. O neoliberalismo em estado puro.
P.S: a Folha publicou a troca de e-mails e acabou não publicando o artigo. Dias depois, sabendo do acontecido, o artigo foi publicado pelo Estadão. Também lapidar.
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