Arrecadação baixa leva Serra a pedir doação pessoalmente – por CATIA SEABRA (Folha)
Pressionado por aliados, tucano participará de contatos para obter verba
Até agora, candidato do PSDB diz que recebeu R$ 3,7 mi, um terço do declarado por Dilma, e menos até que Marina
DE SÃO PAULO
Sob pressão de aliados nos Estados, o comando do PSDB pediu que o candidato do partido à Presidência, José Serra, atue pessoalmente na arrecadação de recursos para a campanha eleitoral.
Segundo tucanos, o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), discutiu o tema com Serra numa reunião na noite de segunda-feira. O argumento é que os empresários preferem contato direto com o candidato antes de concretizar as doações.
Porta-voz do partido, Guerra apresentou a Serra uma lista de potenciais doadores para que sejam procurados. Muitos deles já se comprometeram a colaborar, mas ainda não contribuíram efetivamente com dinheiro.
Além de conversar com empresários, Serra deverá intensificar agenda de encontros destinados à arrecadação, como um recente jantar com o setor de siderurgia. De acordo com tucanos, Serra concordou ainda em participar de um evento proposto pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que concentra boa parte do PIB nacional.
Nesse esforço de arrecadação, estão na mira, além das siderúrgicas, também bancos e empreiteiras. Para driblar resistência do setor bancário, Serra escalou um homem do sistema financeiro -Sérgio Silva de Freitas, ex-dirigente do Itaú- para a tarefa de arrecadação. Mas os empresários querem ouvir os compromissos de Serra para a economia.
Pelos cálculos do comando da campanha, já chega a R$ 15 milhões o total prometido. Mas o comitê eleitoral tucano declara ter recebido R$ 3,7 milhões -um terço dos R$ 11,6 milhões registrados por sua principal adversária, Dilma Rousseff (PT). Em sua primeira prestação, Marina Silva (PV) declara ter recebido R$ 4,65 milhões. Ontem, Serra admitiu preocupação com o nível de arrecadação de sua campanha até aqui.
"Preocupa [a baixa arrecadação], mas eu espero que os recursos entrem, porque às vezes tem muito atraso nisso [nas doações]", disse Serra em Heliópolis, uma das áreas mais pobres de São Paulo, durante visita a uma escola técnica e uma AME (Ambulatório Médico de Especialidades), ambas inauguradas por ele quando governador.
Antes de demonstrar preocupação com o nível baixo de seu caixa, Serra chegou a dizer que "não tinha visto isso [o fato de sua arrecadação parcial ser menor que a de suas adversárias]".
Por outro lado, tucanos minimizavam dificuldades na arrecadação, alegando que é natural que as empresas só contribuam após a primeira rodada de prestações.
Afirmam ainda que algumas doações foram endereçadas diretamente ao partido, responsável pelas despesas da pré-campanha. Mas reconhecem que a expectativa de arrecadação é maior para a candidata do governo. O presidente do PPS, Roberto Freire, chega acusar o governo de intimidar empresários. "Com um governo policialesco, a pessoa fica com medo de contribuir para a oposição."
PIRES
Dos Estados, aliados cobram o envio de material para a campanha nas ruas. O coordenador de infraestrutura da campanha, Sérgio Kobayashi, avisa que, a exemplo da montagem de comitês, a produção de impressos dependerá do ritmo de arrecadação de dinheiro.
Colaborou BRENO COSTA, de São Paulo
Salvem o tucano-verde – por Fernando de Barros e Silva (Folha)
SÃO PAULO - Para quem é tucano e precisa de voto, o Rio de Janeiro está longe de ser uma cidade maravilhosa, cheia de encantos mil. No mais recente Datafolha, José Serra tem 25% das preferências na capital fluminense, contra 40% de Dilma Rousseff e 14% de Marina Silva. No Estado do Rio, a situação é um pouco menos ruim: Serra tem 31%; Dilma, 37%; e Marina, 12%. Em 2002, quando foi derrotado por Lula, Serra teve só 21% dos votos no terceiro colégio eleitoral do país.
O PSDB, desta vez, não tem candidato próprio ao governo na terra do Redentor. Apoia Fernando Gabeira, do PV, numa aliança desconfortável que tem ainda DEM e PPS.
Por razões óbvias, Gabeira também é apoiado por Marina, a quem ele oficialmente dá o seu voto. Serra, ali, acaba sendo uma espécie de "amigo do amigo".
Criou-se no Rio um triângulo pouco amoroso, em que dois presidenciáveis partilham o mesmo nome ao governo. Alguém sempre tem um motivo para torcer o nariz.
Anteontem, Gabeira disse, num desabafo, que, se eleito, se sentia livre para "dar uma banana aos aliados". Era uma resposta aos tucanos, que teriam decidido não bancar os custos do programa de TV dos verdes, pelo menos nos termos acertados, uma vez que Gabeira não estaria cumprindo seu papel.
Ontem, Gabeira e Serra estiveram juntos em São Paulo. Tentavam aparar as arestas. A situação, no entanto, é tensa, até porque o governador Sérgio Cabral (PMDB), candidato de Dilma, tem 53% e pode ser reeleito no primeiro turno.
No cerne deste mal-estar, tudo indica insolúvel, está o fato de que Serra e Marina, ambos atrelados a Gabeira, disputam o mesmo eleitorado, o que os números estão a evidenciar. A candidatura Marina faz o tucano sangrar especialmente no Rio de Janeiro. Não é por outra razão que o demista Cesar Maia chama a candidata verde de "Heloísa Helena 2", enquanto Alfredo Sirkis, presidente do PV local, diz ver no tucano um "cavalo paraguaio".
Comentário
Quando um aliado canino como a Folha começa a mostrar os podres desse jeito... é sinal que a campanha de alguém está fazendo (muita) água.
Do grupo, só o Datafolha prossegue impávido, completamente alheio aos fatos, na firme defesa dos interesses da direita nacional.
De qualquer modo, mais adiante terá de assumir seu erro. Não dirá que errou (claro), afirmará que o crescimento da Dilma se deu devido ao maior tempo que ela possui de propaganda eleitoral.
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