quinta-feira, 5 de abril de 2012

A liberdade selecionada

É sintomática a covarde demissão de profissionais da Revista de História da Biblioteca Nacional (o jornalista Celso de Castro Barbosa e o editor-chefe da publicação, Luciano Figueiredo), porque publicaram uma resenha favorável ao livro A Privataria Tucana.

Bem, a “comoção” com a resenha favorável se principiou com a Folha de São Paulo, que – serrista até a alma – não aceitou que um veículo de comunicação, que jornalistas (ô coisa rara de se encontrar na Imprensa Marrom da qual ela faz parte) publicassem suas opiniões em uma revista – que não é pública.

A Folha não aceitou que publicassem a resenha do livro A Privataria Tucana, que demonstra irrefutavelmente os ganhos que os operadores da privatização obtiveram – especialmente o senhor José Serra e seus apaniguados. Só a Folha pode emitir suas opiniões sobre o que quer que seja. E, só as opiniões dela, só a ideologia reacionária dela, só o partido dela, só o candidato dela, podem ter voz. Os demais (o “resto” pra ela) deve ser exterminados, abolidos, censurados. Demitidos.

Depois, veio o PSDB a reboque da Imprensa Marrom (ou seria a Folha que respondia aos interesses do PSDB? Ah, tanto faz, imprensa marrom, PSDB, é tudo a mesma coisa, mesmo), tecendo críticas e, tentando desbragadamente censurar a publicação.

Qual o argumento? A revista recebe patrocínio da Petrobrás. De fato, é duvidar demasiado da inteligência alheia para utilizar um argumento estapafúrdio destes. A Petrobrás é a maior patrocinadora de eventos do Brasil, investe (desnecessariamente em minha opinião) centenas de milhões de reais anualmente em publicidade. A própria Folha é uma das grandes receptoras destes investimentos – todos os grandes veículos de comunicação o são. Mas para o PSDB, um veículo de comunicação só pode receber publicidade da Petrobrás se for para criticar o PT e falar bem dele. É um argumento tão limpo como o Tietê dos tucanos. Agora, o PSDB não reclama da Folha, da Veja e do Estadão, que possuem milhares de assinaturas feitas pelo governo do estado de São Paulo para tecer loas às suas risíveis administrações.


A dupla “dinâmica” Imprensa Marrom & PSDB, dando grandes mostras do seu apreço pela democracia e pela liberdade de expressão, conseguiram – através de sua influência – a demissão dos profissionais.
É impressionante que façam isto enquanto, simultaneamente, se jactam de serem defensores destas mesmas democracia e liberdade de expressão que ajudam a mutilar.

A verdade, é que o PSDB e a Imprensa Marrom defendem a democracia sem povo, como diria Mino carta. Ou, mais especificamente, defendem que a sua voz reacionária não seja calada, que os seus candidatos conservadores possam ser eleitos. E só. A democracia, a pluralidade, por si sós, não lhes interessam de nenhuma maneira.

Se caso a direita não consiga influenciar suficientemente as eleições e os outros veículos de comunicação para que suas verdades possam ser proferidas, eles rapidamente abandonam a defesa destes pseudo-valores democráticos (pseudo pra eles, claro) e vão – como já o fizeram – se bandear para o lado de uma ditadura qualquer que implemente sua ideologia nefasta. Quiçá dando um golpe militar, quiçá demitindo jornalistas.
Uma lástima.

***

Para resumir o caso do Carlinhos Cachoeira: é simplesmente uma briga pelo controle do Estado.

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