O sargento americano Robert Bates matou na mesma noite, em dois vilarejos afegãos diferentes, 17 pessoas, segundo alguns relatos das autoridades miltares de seu país, ou 16, segundo outras. Entre elas, 9 crianças e 3 mulheres que dormiam.
A discrepância no número de mortos é explicada, de acordo com alguns relatos, por uma das mulheres afegãs estar grávida e, com ela, ir-se também o feto que trazia no ventre.
Com eles, 5 civis e ainda sobraram muitos feridos.
Robert Bates foi imediatamente preso, indiciado, acusado de assassinato e remetido para seu país de origem, onde, segundo uma tradição, a justiça é cega e puxa de um dos pés.
O Exército prontamente decidiu em quanto deveriam ser indenizadas suas vítimas. Com o dinheiro do contribuinte, houveram por bem que a famíla de cada criança ou mulher morta levaria a quantia de US$ 43 mil, uns R$ 78 mil, e os feridos por volta de R$ 21 mil reais.
Sabe-se agora o preço de uma vida afegã. A dos americanos deve ser com a Goldman Sachs.
O sargento já servira por 4 vezes em terras do Afeganistão. Estaria acostumado à barra. Mas não. Numa certa noite da semana que passou, sóbrio, diagnosticou-se (por leigos e companheiros, frisemos) que "deu uma coisa" nele e, vestido para matar, saiu distribuindo seus letais presentinhos.
O soldado americano é o mais bem equipado e também o pior soldado do mundo.
O julgamento do militar será acompanhado à devida distância, conforme é sempre o caso nos Estados Unidos.
Duas coisas nessa história me chamaram a atenção. Primeiro, a maior parte da imprensa americana prefere enfatizar que ele assassinou 16 (17) pessoas, não particularizando que 9 delas eram crianças dormindo e 3 outras mulheres, também entegues aos braços de al-Morfeu.
A outra coisa é o fato de que nunca ouvi falar dos inimigos da maior nação do mundo (vietnamitas, norte-coreanos, panamenhos, talibãs e por aí afora) sofrerem do que foi chamado de "psicose de guerra" e, hoje, leva mais acrônimo do que bala ou granada explodindo no meio da multidão de estrangeiros sempre hostis.
O preço da liberdade é esse e quem paga é aquele que está em dia com seus impostos. O sargento Bates, tudo indica, quando de seu julgamento, deverá pegar a pena máxima para casos como o dele, é meu palpite. Os severos juízes, também militares, deverão dar-lhe uma pena de pelo menos 6 meses de “aconselhamento psicológico” acompanhados de 200 horas de “serviços comunitários”.
No Rio, paraquedistas da reserva comemoraram a “revolução” se 1964 saltando de aviões, em homenagem à redentora data, envoltos no engenho que lhes dá o nome.
Alguns populares, consta, ficaram na orla marítima admirando ou admirando-se do fato. Consta que um ou outro tenha aplaudido.
Desconhece-se quem pagou pelo aluguel do avião, se alugado foi, pelo combustível ou pelos paraquedas utilizados.
Em uma nota, alguém especulou que os festejos, primeiro aéreos e depois terráqueos, foram debitados às suas pensões.
Os paraquedistas ex-revolucionários, limitaram-se, felizmente, a só se atirarem dos aparelhos voadores, poupando assim, ao contrário dos anos 60 e 70, o voo sem nenhum auxílio mecânico de qualquer civil, subversivo ou não. Ninguém, desta feita, foi sacrificado em nome da nobre data.
Para não ficarem atrás, e também no último dia de março, coronéis da reserva, cujas aposentadorias são mais gordas do que as dos paraquedistas, contrataram um avião de propaganda, e fizeram cruzar o céu de anil do Rio primaveril com uma longa cauda amarela ostentando os seguintes dizeres, “Parabéns Brasil – 31/março/64”, seguidos de uma bandeira brasileira.
36 pessoas se queixaram de ter sido usada a palavra “revolução” e não "ditadura militar". 23 ponderaram que a grafia correta da palavra é “revolussão”.
Há sempre inocentes e desavisados olhando para o alto quando o mais interessante sempre se passa ao lado.
Ao menos não foi cometido nenhum erro grosseiro de português nem empregadas, nestes dias de liberdade de imprensa e tanta coisa mais, expressões ora proibidas pelo Dicionário Houaiss eletrônico.
E se tivesse dado na telha da milicalha de apodar o nobre golpe de “Operação Cigano Negro”? Como é que iria ser? Não teria existido nem mesmo como termo de baixo calão. Se do jeito que foi, e como está, mal é lembrada pelo cidadão comum, teria ido parar, com toda certeza, na vala comum do esquecimento em que nos acostumamos a viver.
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