Daqui 2 semanas, Augusto Nunes será o novo apresentador do Roda Viva. O presidente da Fundação Padre Anchieta, que administra a TV Cultura, resolveu apostar na serenidade, na sensibilidade e no senso de justiça jesuítico do blogueiro da VEJA.
Para quem não o conhece, Gutinho é muito famoso pela finesse com que costuma tratar seus leitores e adversários políticos.
A seguir, apresento um pot-pourri com os melhores momentos do jornalista, demonstrando que a emissora não poderia ter feito escolha melhor.
O cuidado na escolha dos adjetivos para qualificar Lula:
"bêbado", "ladrão", "molusco", "burro", "afanador", "cachaceiro", "larápio" e braço curto"
O jeitinho fofo ao falar da presidenta Dilma:
"O Manual de Dilmês Castiço parece coisa de bebum" , "Dilma é o neurônio solitário"
A sensibilidade ao falar de Rui Falcão:
"mente a 80 piscadas por minuto”(em referência às sucessivas piscadas de Falcão, sequelas da tortura durante a ditadura)
Já aos leitores que discordam do articulista, um tratamento ainda mais amoroso é dispensado na caixa de comentários. Costumam ser chamados de "milicianos", "idiotas" e "animais":
"Deixe de ser cínico, miliciano. Continue apenas idiota"
"Volte para o esgoto, miliciano. Hoje é dia de reunião da quadrilha"
"Não reparem, amigos. Ele está assim porque acabou de conhecer o famoso abraço-de-jegue"
"Não consegui descobrir em que dialeto se expressa a besta quadrada do comentarista"
"Cai fora ou o tratamento vai começar pelo abraço de jegue"
"Cai fora, animal!"
Erros gramaticais só são tolerados se você compartilhar da opinião de Gutinho, caso contrário, será tratado com aquela elegância:
“Desprezível”, miliciana bianca. Com z. “Invés” tem acento. Coloque um “o” entre ‘que’ e ‘está’. E troque o “como” por um “com o”. De nada"
"Não pode escrever “é ciúmes”. Corte o s e tente outra vez. Se errar de novo, não vai escapar da rasteira-do-Pelourinho e da voadora na testa"
"Deveriam também conversar com os alunos sobre o espancamento do idioma, o assassinato da crase e o sequestro da vírgula. Vá estudar"
“Perca”, miliciana? Vá ser imbecil assim em algum blog estatizado"
"Deveria ter aprendido que é “há”, com h, não “a”, de anta"
Quando alguém se esforça em ser polido e educado, mas insiste em discordar do mestre, Gutinho nem termina de ler:
"Quando um miliciano banca o educado, não continuo a leitura do comentário. Tente o anão do bispo"
"Um comentário que começa assim não precisa ser lido até o fim. É coisa de cretino"
O carinho especial com as mulheres:
"Cai fora, miliciana. O dono do cabaré acha que você precisa chegar mais cedo"
O cuidado ao tocar em questões de sexualidade sem ser homofóbico:
"Mas que conversa mais afrescalhada, hein, “rapaz”? Bom codinome para noitadas na calçada do Jockey"
Teve também o afago ao comentarista que lhe rendeu um processo:
"Começo com uma retificação: além de metido a esperto, caipira e jeca, você é um perfeito idiota brasileiro"
Se Gutinho mediar o Roda Viva da mesma forma que administra a caixa de comentários do seu blog, será que veremos entrevistados e entrevistadores sendo chamados de "idiotas" ou sendo ameaçados com o tal "abraço de jegue"?
Bom, o programa promete fortes emoções e certamente alavancará a audiência. Tem tudo para se tornar um Programa Márcia de terno e gravata.
Comentário
Imaginem só a gritaria da imprensa marrom se fosse o contrário, se um jornalista que xingasse o PSDB, os tucanos e a direita em geral, fosse escolhido para apresentar um programa de uma TV pública administrada pelo partido adversário?
Isto sim é que é "aparelhamento". Sem pudores, sem disfarces, sem questionamento algum por parte dos mesmos que dizem que alguns veículos de internet são chapa branca. Que chapa é a cor do Augusto Nunes com relação ao PSDB? Transparente, então?
É uma lástima.
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