domingo, 28 de fevereiro de 2010

Resposta as "Palavras do Maj Brig do Ar Renato Claudio Costa Pereira"

E-mail enviado para o Ricardo Boechat, pelo Major Brigadeiro do Ar Renato Claudio Costa Pereira, Ex- Secretário Geral da OACI (Organização da Aviação Civil Internacional)
Vale perder um tempinho pra ler e entender um pouco mais sobre o reaparelhamento das Forças Armadas Brasileiras, numa conta total que deve chegar próximo dos 50 BILHÕES!!!
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Meu caro Boechat,
Espero que você dê a este meu comentário a mesma atenção com que escutamos o seu comentário no seu muito bom programa todas as manhãs.
Concordo quase sempre com sua visão neste controvertido quadro político em que vivemos, onde as agendas pessoais estão sempre à frente do interesse nacional, ou por pura e simples corrupção ou por projetos de “grupos de interesse” para beneficio próprio.
O Professor Darcy Bessone sempre me dizia que nunca existiu essa figura que chamam de “povo”, mas sim, e apenas, existem esses grupos mais ou menos instrumentados para atingir seus objetivos, ainda que em detrimento de toda uma nação e do seu futuro.
Nesse caso, que podemos batizar de “Contrato Sarkozy/Lula” existem inúmeros e importantes detalhes que nós, bem como toda a população brasileira e francesa não conhecemos suficientemente.
Não se trata apenas de prover recursos orçamentários a um contrato já realizado que, pelo seu valor financeiro, compromete todo um futuro e talvez duas gerações de brasileiros, muitos ainda nem nascidos.
Primeiro, as razões alegadas para tal necessidade são muito nebulosas e, no mínimo, muito estranhas.
“Defender” a Amazônia contra o que? Tráfico de drogas? Ocupação ilegal? Ações militares inimigas?
Tudo isso as nossas Forças Armadas junto com as Forças Policiais e o Ministério Público já o fazem, e pelo visto, satisfatoriamente.
Queiram ou não, só existe, historicamente, uma maneira de defender um território, ou seja, uma ocupação dentro da lei. Quanto mais ocupado mais protegido estará, porque a gente ali instalada defenderá o que é seu, em nome da nação e pressionando governos a ajudá-los nessa tarefa. Foi assim que aconteceu na expansão americana para os territórios do oeste, foi assim com Plácido de Castro na defesa do nosso território do Acre.. Se quisermos defender e proteger a Amazônia então, ocupemos a Amazônia, dentro da lei brasileira antes que estrangeiros o façam dentro das suas leis.
Para a defesa da Amazônia não precisamos nem de submarinos nucleares nem de aviões de última geração . Afinal, quem são esses terríveis inimigos que pretendem atacar aquela região? Se é que eles existem, pode ter certeza que irão devagar ocupando a área e se estabelecendo lá, como os Americanos fizeram com o Texas no fim do século 19. Nesse particular, as ONGs são a estratégia, mas para elas basta a lei brasileira e a Policia, desde que apoiadas por “vontade política”.
É claro que todos vão ter de cumprir a lei, os governos também!
Outro dos motivos alegados para esta corrida armamentista é a defesa e a proteção do famoso “Pré-sal”, senão vejamos:
Primeiro anunciaram a descoberta de jazidas imensas de petróleo. Calcularam a partir do que ainda é misterioso, não só a quantidade de óleo como também “o preço com o qual ele vai ser comercializado”, não sabe Deus quando e com que custo para trazê-lo à superfície. É consenso que ainda que a Petrobrás seja uma das empresas que tem maior experiência em explorar poços profundos, nessa profundidade e “depois” da camada de sal ela é tão inexperiente quanto todas as demais petroleiras conhecidas. Será preciso trabalhar muito e aprender muito ainda. Tudo isso traz consensualmente entre experts internacionais, um prazo de 15 a 20 anos para possibilitar uma exploração tecnicamente viável, apesar de um imenso desconhecimento das condições de viabilidade econômica. Note-se que ainda não existem provas sobre a real quantidade de óleo “esperando” lá em baixo.
Convém refletir que combustível fóssil é poluente por natureza, e com as pressões dos movimentos ecológicos, a tendência é a sua substituição gradual para limpar a atmosfera e retardar o aquecimento global.
As Forças Armadas, especialmente Força Aérea e Marinha de Guerra, receberam esta tarefa a cumprir. Milhares de quilômetros quadrados de mar, onde “se confirmada” a possível exploração dessa “riqueza”, haverá ação militar de inimigos que nos atacarão em guerra total e aberta, para conquistá-la.
Mais uma vez, quem serão estes “piratas” modernos equipados com marinha de guerra e força aérea, equipadas com aeronaves no estado da arte, navios de superfície e submarinos nucleares, equipadas e treinadas na utilização eficiente e eficaz do armamento mais moderno e sofisticado existente no mundo?
Se por acaso tememos uma invasão em grande escala, perpetrada por uma grande potencia nuclear deste, ou de outro planeta, então, esses aviões e esses submarinos servirão tanto quanto serviram o formidável aparelho militar do ditador do Iraque por duas ocasiões em passado recente.
Sempre achei muito engraçado o “temor” do ditador da Venezuela de que a utilização compartilhada de algumas bases militares Colombianas por forças colombianas e americanas fossem utilizadas para um “ataque” à Venezuela.. A tecnologia e o treinamento demonstrados pelas forças americanas no Iraque, deixaram bem claro para todo o planeta que eles poderão “atacar”, se necessário, qualquer ponto da Terra, com máxima força e com mínima perda, a partir das suas bases nos Estados Unidos.
Ainda bem que hoje temos um grande americano como líder dessa capacidade tecnológica e militar!
Precisamos, sim, de uma aeronave capaz de manter nossa Força Aérea capacitada e seu pessoal treinado, e pronto para qualquer sacrifício pela pátria. O mesmo serve à nossa Marinha de Guerra e nosso Exercito, a mais democrática de todas as nossas organizações.
Sim precisamos de aviões de combate, navios de guerra e até tanques e canhões, mas temos de ser muito cuidadosos com o custo a ser imposto a nação brasileira. Nossas forças armadas estudam cuidadosamente e com profissionalismo nossas hipóteses de conflito, e buscam, até mesmo, sem o apoio político, estarem preparadas para essas eventualidades.
Neste contrato “Sarkosy/Lula” ninguém adiantou o ponto mais importante.
E as “armas” com que estes aviões submarinos e helicópteros irão utilizar? Estarão lá, como parte do contrato?
Que armas (canhões, mísseis, torpedos, metralhadoras, bombas, balas, etc...) estarão lá usufruindo dessa “transferência de tecnologia” e em quantidade suficiente para treinamento e reservas de guerra?
Quais os prazos para recebimento dessa tecnologia transferida? Quais as empresas brasileiras que receberão essa tecnologia? Quais as clausulas práticas para comercialização? Qual o envolvimento das nossas universidades, do IME ou do CTA? Etc, etc, etc...
Uma máquina de guerra sem armas serve apenas para enfeite e diversão. Armas são caras e exigem reposição imediata para a manutenção da capacidade militar. Mísseis e bombas, por exemplo, mesmo nas prateleiras dos depósitos envelhecem e perdem capacidade de ação, exigindo manutenção permanente, cuidadosa e cara. Na verdade elas deveriam ser produzidas por nós aqui, depois de termos recebido a tecnologia incorporado essa capacitação à nossa engenharia e ao nosso parque industrial,com prazos e ações muito bem detalhados. Como este acordo/contrato prevê tudo isso?
Ninguém sabe meu caro Boechat!
É constrangedor presenciar nossas Forças Armadas servirem de “banquinho” de campanha eleitoral.
É perigoso perceber que as decisões estão passando ao largo do conhecimento e da razão.
Muita gente tem de explicar direitinho a todos nós o que é isso e o que se pretende afinal.
Finalmente, gostaria de relembrar que as Forças Armadas tem, e devem ter, poder militar, mas sempre utilizá-lo dentro da lei, da ordem e para servir e proteger toda esta nação.

Estarei sempre às ordens para esclarecer qualquer ponto que porventura você queira melhor entender.

Maj Brig do Ar Renato Claudio Costa Pereira
E-mail: rccpereira@gmail.com
Tel: 31 35041004

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Normalmente nem respondo a estas coisas que circulam na net. Desta vez, não me contive.
Discordo frontalmente das opiniões do brigadeiro, quando ele diz que:

1 - O Professor Darcy Bessone sempre me dizia que nunca existiu essa figura que chamam de “povo”, mas sim, e apenas, existem esses grupos mais ou menos instrumentados para atingir seus objetivos, ainda que em detrimento de toda uma nação e do seu futuro.
O povo existe. Ponto. Pode não ter voz, pode ser calado, pode estar alheio, desesperançado com o que ocorre na política. Ou pode estar satisfeito. De fato, o povo não está nos jornais, nas novelas, nas revistas (com as honrosas exceções de sempre: Cartacapital, Caros Amigos, Fórum).
Um exemplo claro desta “falta de povo” foi no “caos aéreo”. Tantas e tantas manchetes e mais manchetes a retratar os atrasos dos voos – que realmente são revoltantes, é claro. Porém, muito mais indignante é o ir e vir habitual da população para o trabalho. E sobre isto, não há absolutamente nenhuma, nenhuma revolta destes mesmos veículos de comunicação (dito PIG) com o escabroso trânsito urbano que diariamente, repito, diariamente, obriga a população humilde a uma dupla jornada, uma no trabalho e outra para ir e voltar, afora as condições humilhantes a que são submetidas: veículos sujos, lotados, quentes, caros, etc. Isto eu nunca vi causar revolta no PIG. Então, realmente o povo não tem voz.
Alguns dizem – na minha opinião com razão – que não existe opinião pública, e sim, opinião publicada.
Agora, dizer que o povo não existe, lá vai uma distância.


2 – A ocupação deve ser feita com pessoas e é isto que garante a segurança do lugar.
O Iraque é cheio de gente. O que não impediu a ocupação deste país...
Só a título de exemplo, o exército mais poderoso do mundo não é o chinês, a despeito de ser, de longe, o mais numeroso.
Outro aspecto: caso ocorra uma invasão, este monte de pessoas que o brigadeiro SUPÕE que defenderão o lugar, farão esta defesa com o que? Paus e pedras?
Mais uma pergunta: as três áreas avaliadas pelos EUA para serem atacadas como vingança pós-11 de setembro, foram o Iraque, uma segunda que não me recordo agora, e terceira foi a tríplice fronteira (entre Brasil, Argentina e Paraguai) que, frise-se, é bem populosa.
Ou seja, a tese do brigadeiro não se baseia nos fatos correntes.


3 - “Defender” a Amazônia contra o que? Tráfico de drogas? Ocupação ilegal? Ações militares inimigas?
Bem, de fato, o brigadeiro está informado que vimos recentemente a reativação da abjeta IV frota pelos Estados Unidos (aquela, mesma, que deu apoio ao escabroso golpe militar, em de abril de 64 em nosso país). Além disso, vemos uma inconteste corrida armamentista em toda a América do Sul, capitaneada, tanto em valores totais, quanto em percentuais, pelo Chile (nossa querida mídia faz querer crer que é a Venezuela o perigo).
Ainda pior de tudo, os EUA estão instalando bases militares na Colômbia – este, sim, um país muito perigoso, que faz fronteira conosco e quer se tornar uma especie de Israel da América Latina. Os EUA também financiam jornalistas – através da CIA – para que falem mal de governos que vão de encontro aos seus interesses. Tais incursões já foram descobertas na Venezuela, Equador e Bolívia.
Ou seja, os EUA não aceitam a democracia destes respectivos países e se infiltram em território alheio tentando derrubar presidentes democraticamente eleitos quando isto lhe convém. A Venezuela é o exemplo inequívoco, em 2002 seu presidente ELEITO foi DERRUBADO por um golpe, e só voltou ao poder devido a pressão popular (interessa muito assistir ao documentário “A revolução não será televisionada”, feito por dois jornalistas estadunidenses, a respeito do golpe – e a participação das empresas de telecomunicações venezuelanas em tal armação).


4 - Se é que eles existem, pode ter certeza que irão devagar ocupando a área e se estabelecendo lá, como os Americanos fizeram com o Texas no fim do século 19. Nesse particular, as ONGs são a estratégia, mas para elas basta a lei brasileira e a Policia, desde que apoiadas por “vontade política
Sempre escuto falar das tais ONG’s na Amazônia. É mais um caso do “enterro de anão”, ou “cabeça de bacalhau”, que ninguém sabe, ninguém viu (pergunte a alguém que já morou no estado do Amazonas – como eu já tive oportunidade de fazer a várias pessoas – para verificar a tal falácia que é este papo de ONG’s).
O problema da Amazônia não é invasão ulterior, tenho certeza. O problema da Amazônia é a destruição a ela causada por nós, brasileiros, e esta destruição se dá por dois motivos principalmente: soja e gado. Ou, chamemos como alguns gostam: o agrobusiness.


5 - Na verdade elas (as armas) deveriam ser produzidas por nós aqui, depois de termos recebido a tecnologia incorporado essa capacitação à nossa engenharia e ao nosso parque industrial,com prazos e ações muito bem detalhados.
Vamos “receber” esta tecnologia como??? Quem vai dar este presente para nós???? Se não COMPRARMOS esta tecnologia, é lógico que ninguém a repassará.
O contrato ainda não foi assinado, mas segundo as esparsas informações que nos chegam, as exigências brasileiras são severas para a transferência de tecnologia, tanto por isto o caça estadunidense e o sueco estão perdendo a disputa, apesar deste último aparentemente ser o melhor dos três. Porque a constituição dos EUA impede a transferência tecnológica de armamentos (o caça dos EUA, claro, tem tecnologia estadunidense, e o sueco tem motor norte-americano).
Afora isto, por questões geoestratégicas, o Brasil escolhe a França como parceiro preferencial no quesito bélico, para ter um aliado diplomático mais firme – ao invés de comprar cada coisa em um lugar e não ter um único aliado potente – e com força para fazer alguma diferença no mundo. É uma opção, não direi aqui que correta ou equivocada. A compra dos submarinos, a escolha da marinha se deu pelos equipamentos franceses. E o governo assim seguiu. Os caças, ao que o major esclarece, a escolha foi do sueco. Não sei se ele considerou os aspectos políticos – que evidentemente contam numa transação como esta.
A ironia é que o major, ao mesmo tempo em que defende a compra do sueco, defende que as coisas devem ser feitas aqui – quando justamente o maior argumento para a compra do caça francês é a maior facilidade na transferência de tecnologia!
Eu, porém, tenho severas dúvidas se a tal transferência de tecnologia irá mesmo, ocorrer, qualquer que seja o caça comprado.
Lembro um caso recente: o governo brasileiro escolheu o modelo japonês de televisão digital, e os japoneses se comprometeram a implantar uma fábrica de semicondutores no Brasil. Não cumpriram a promessa, alegando deficiência técnica por parte da indústria brasileira.
E ficou por isto mesmo.


6 - Sempre achei muito engraçado o “temor” do ditador da Venezuela de que a utilização compartilhada de algumas bases militares Colombianas por forças colombianas e americanas fossem utilizadas para um “ataque” à Venezuela.
Hugo Chávez só assumiu o poder na Venezuela sendo ELEITO – diferentemente de outros DITADORES, como Castelo branco, Costa e Silva, os três da junta militar (!), Médici, Geisel e Figueiredo.
Que ditador é este, que quando perdeu um referendo por 0,8% dos votos acatou o resultado das ELEIÇÕES????????
Que ditador é este, já que todas as suas eleições foram referendadas por observadores internacionais, por todos os países do mundo, pela OEA, pela ONU, etc.?
Que ditador é este que, quando caça as concessões de radiofusão de empresas bandidas, espera que o prazo legal para a qual elas tinham direito de concessão expirasse? Se fosse ditador, chegava lá e tomava de pronto, merecidamente, dado que não eram empresas, eram verdadeiras quadrilhas (novamente oriento a que assistam ao documentário “A revolução não será televisionada”). Se fosse ditador, faria como os gendarmes brasileiros, os bastardos imundos, que caçaram diversos veículos de comunicação (mesmo os que não dependiam de concessão pública – o que Chávez nunca fez), mataram jornalistas (vide o famoso caso Vlado), torturaram a torto e a direito, prenderam e prenderam e prenderam, alheios absolutamente a qualquer decisão da justiça. Chávez nunca fez isto. Seus maiores detratores, entretanto, quando não o fizeram apoiaram quem fez...
O brigadeiro acha “engraçado” o “temor” de Chávez. Nem preciso recorrer a ampla gama de golpes e mais golpes militares promovidos com o apoio precípuo dos EUA na América Latina. Vou ao exemplo mais recente, praticado contra o próprio Hugo Chávez: os EUA JÁ PATROCINARAM um golpe contra ele na Venezuela, em 2002.
Sobre o que a proximidade com os EUA representam, basta que o brigadeiro avalie a pobreza, a miséria, as dificuldades econômicas que a América Central vive. E, a América Central, é justamente a região do mundo em que os EUA mais fizeram o que quiseram, mais isenta de influências externas, que não a dos próprios Estados Unidos.
E a América Central é o desastre que é. Se ele acha que tal presença próxima a nós pode nos beneficiar... Quanto nacionalismo... Graças a Deus, parece que esta visão expressa pelo brigadeiro não parece ser a predominante nas forças armadas – que, com razão, temem os EUA.


7 - O mesmo serve à nossa Marinha de Guerra e nosso Exercito, a mais democrática de todas as nossas organizações.
“Mais democrática de nossas organizações????”. Eu só posso crer que o brigadeiro está fazendo uma piada. Só posso crer.


8 - A tecnologia e o treinamento demonstrados pelas forças americanas no Iraque, deixaram bem claro para todo o planeta que eles poderão “atacar”, se necessário, qualquer ponto da Terra, com máxima força e com mínima perda, a partir das suas bases nos Estados Unidos.
De fato, eles poderão atacar, eles poderão bombardear, eles poderão derrubar o governo, eles poderão fazer muita coisa – mas não ganhar a guerra. Nem preciso recorrer a história recente, como o fiasco do Vietnã. Fico com os desastres atuais: Afeganistão e Iraque. Ou o brigadeiro acha que eles estão tendo sucesso lá????


9 - Que armas (canhões, mísseis, torpedos, metralhadoras, bombas, balas, etc...) estarão lá usufruindo dessa “transferência de tecnologia” e em quantidade suficiente para treinamento e reservas de guerra?
Quais os prazos para recebimento dessa tecnologia transferida? Quais as empresas brasileiras que receberão essa tecnologia? Quais as clausulas práticas para comercialização? Qual o envolvimento das nossas universidades, do IME ou do CTA? Etc, etc, etc...(...)
Como este acordo/contrato prevê tudo isso?
Ninguém sabe meu caro Boechat!

Pois se não sabe da resposta, como escreveu um e-mail inteiro criticando que o melhor caça seria o sueco? Se não sabe quais são foram os termos negociados, como pôde defender um dos caças??? Pode ser, justamente nestes pontos que o caça francês tenha se destacado, ora!!! Eu não sei. Tanto por isto não estou enviando pra Deus e o mundo dizendo que tal caça é o melhor.
Além disso, como se esmiuçar nestes detalhes se o contrato ainda não foi assinado, se ele ainda está em fase de negociação?
E aí poderia se dizer, ah, mas isto não está claro, o governo está escondendo estas informações. Mas se queria o que, que num negócio de tal montante de valor, e envolvendo tecnologia bélica, todo mundo soubesse todos e todos os detalhes de um acordo que ainda está sendo negociado?
É lógico que não, porque isto envolve segurança de estado e é normal que acordos vultuosos, como ocorre em qualquer empresa, ocorram em sigilo. Isto é mais do que comum, não sei como estou tendo que escrever isto.
Vá aos EUA perguntar sobre os detalhes das compras dos seus armamentos antes que os mesmos tenham sido celebrados e verás se obterás resposta.


10 - Outro dos motivos alegados para esta corrida armamentista é a defesa e a proteção do famoso “Pré-sal”, senão vejamos:
Primeiro anunciaram a descoberta de jazidas imensas de petróleo. Calcularam a partir do que ainda é misterioso, não só a quantidade de óleo como também “o preço com o qual ele vai ser comercializado”, não sabe Deus quando e com que custo para trazê-lo à superfície. É consenso que ainda que a Petrobrás seja uma das empresas que tem maior experiência em explorar poços profundos, nessa profundidade e “depois” da camada de sal ela é tão inexperiente quanto todas as demais petroleiras conhecidas. Será preciso trabalhar muito e aprender muito ainda. Tudo isso traz consensualmente entre experts internacionais, um prazo de 15 a 20 anos para possibilitar uma exploração tecnicamente viável, apesar de um imenso desconhecimento das condições de viabilidade econômica. Note-se que ainda não existem provas sobre a real quantidade de óleo “esperando” lá em baixo
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Eu sempre acreditei que o nacionalismo das forças armadas não é nada mais do que fachada, bazófia e dizeres da boca pra fora.
Já tivemos claros exemplos disto ao longo de nossa história. Um grande exemplo foi que, quando os militares assumiram o comando do país à força, qual foi a primeira lei que revogaram? A lei de remessa de lucros, a mais patriótica lei da história brasileira – que obrigava as empresas estrangeiras a repatriar no máximo 30% do lucro obtido aqui, todo o restante deveria ser reinvestido no país. Se eram nacionalistas, por que revogaram uma lei tão nobre como esta???
Quem precisa de exemplo mais evidente do anti-nacionalismo militar que o parágrafo do brigadeiro acima?
Bem, vamos aos fatos: “primeiro anunciaram a descoberta de jazidas imensas”. Queria o que o brigadeiro, que primeiro tirassem o óleo, para depois anunciar a descoberta do mesmo? (talvez acostumado a sombrios governos militares de outros tempos, que não seguiam nem as leis que eles mesmos inventavam, ele não saiba, mas há regras a serem cumpridas hoje, no país, e quando se faz uma descoberta de petróleo, ela TEM de ser comunicada à ANP).
Não se calculam as reservas a partir do que é “misterioso”. A Petrobrás tem amplo conhecimento sobre o assunto, acumulado no decorrer de décadas de exploração, e quando a empresa diz que tal poço tem uma estimativa entre 5 e 8 bilhões de barris, como o de IARA (o primeiro do pré-sal), ela não fala baseada em leviandades. É baseado em experiência, esforço, trabalho, estudo, tecnologia, de uma empresa brasileira, estatal, criada por Getúlio Vargas – aquele que os militares pseudo-nacionalistas queriam derrubar.
Misterioso”, foi o sumiço do jornalista Vladimir Herzog. “Misterioso” foi o sumiço do deputado Rubens Paiva. Misterioso foi o sumiço de Davi Capistrano. Dentre outros tantos e tantos tristes exemplos.
Quando o brigadeiro diz: “Calcularam a partir do que ainda é misterioso, não só a quantidade de óleo como também “o preço com o qual ele vai ser comercializado”, não sabe Deus quando e com que custo para trazê-lo à superfície”, o major chega a ser risível. A mais importante notícia pra o Brasil nos últimos anos, o pré-sal, feita com base nacional, não foi feita com base no “misterioso”, ou com “sabe Deus a que custo para trazê-lo à superfície”, mas sim com base em prognósticos: reservas atuais, consumo, expectativa de crescimento/depreciação de consumo, expectativa de crescimento/depreciação das reservas mundiais, preço projetado, custos operacionais, etc., são variáveis – que tem limites, frise-se, e variáveis estão inseridos em todo e qualquer projeto. Pela “lógica” do brigadeiro, eu jamais poderia começar a construir qualquer tipo de indústria, afinal, como poderei adivinhar o preço do produto quando a fábrica estiver pronta – se estes normalmente seguem preços internacionais? E se os insumos –também seguem preços internacionais – forem mais caros ? Pensando como escreveste, ninguém nunca poderá construir empresa nenhuma, brigadeiro!!!!!
Volto a idéia anterior. Os militares, de nacionalistas, não têm nada. Há um pesadíssimo lobby por parte de empresas petrolíferas multinacionais para que deixemos as coisas como estão: elas podendo se apropriar de nossas riquezas como bem entenderem. Para verem a cara de pau desta turma, três deputados da oposição (dois dos demos e um tucano) apresentaram propostas idênticas contra o monopólio da Petrobras na exploração de óleo do pré-sal, seguindo orientação – como eles mesmos admitiram – de parte de multinacionais (ver http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/09/18/o-lobby-preguicoso/ )
Ou seja, há um pesadíssimo jogo contra a participação do estado na apropriação desta riqueza – que é nossa. Querem que não fique para o Brasil (as multinacionais têm o direito de tentar que o ouro negro fique para elas, e não para nós, é claro – mas nós não podemos deixar que isto aconteça). O que me espanta é que uma pessoa que deveria ser a primeira a defender os interesses do país, um militar, esteja fazendo o jogo das multinacionais (¡elas estão plantando mentiras na mídia dizendo que lá no pré-sal não tem tanto óleo assim! Se lá não tem óleo, porque elas estão tão contrariadas com a mudança na legislação????? ).
Não há nada de “irreal” lá embaixo. Este mesmo lobby, contrário a existência de petróleo em terras brasileiras existiu de quando da criação da Petrobrás. A história se repete. Lembro que Getúlio Vargas se matou poucos dias depois da criação da Petrobrás – justamente por causa da intensa pressão que sofreu por tal ato. Pressão que na época – ironia da história – também era feito pelas multinacionais dos EUA, na época eles eram exportadores de petróleo, portanto não queriam que o Brasil encontrasse a tão sonhada auto-suficiência energética – alcançada agora, no governo Lula.
Há óleo no pré-sal, sim. E muito. Só no campo de Iara, o primeiro do pré-sal, representa cerca de 50% das reservas que encontramos em mais de 50 anos. Acorda, brigadeiro!
Imenso desconhecimento da viabilidade econômica”, não há. Há sim, um “imenso desconhecimento” de quem escreveu este texto - motivado por estar acreditando num “imenso lobby” destinado a retirar esta riqueza brasileira dos brasileiros.
Sobre os “15 ou 20 anos” para “explorar” o pré-sal, outro cálculo redondamente enganado. O óleo começará a ser extraído no máximo daqui a cinco anos (evidente que, aumentará ao longo dos anos), por plataformas já instaladas sobre tais poços.
Outra coisinha: o pico da produção dar-se-á daqui a 15 ou 20 anos, e não da exploração (que é a procura e descoberta dos poços em si), já que a mesma já ocorre hoje. Escrevo isto só para não deixar o texto com termos leigos.


11 - As Forças Armadas, especialmente Força Aérea e Marinha de Guerra, receberam esta tarefa a cumprir. Milhares de quilômetros quadrados de mar, onde “se confirmada” a possível exploração dessa “riqueza”, haverá ação militar de inimigos que nos atacarão em guerra total e aberta, para conquistá-la.
Mais uma vez, quem serão estes “piratas” modernos equipados com marinha de guerra e força aérea, equipadas com aeronaves no estado da arte, navios de superfície e submarinos nucleares, equipadas e treinadas na utilização eficiente e eficaz do armamento mais moderno e sofisticado existente no mundo?
O militar faz pilhéria com si mesmo, ao utilizar termos como “se confirmada”, “riqueza”, “que força”, “pirata”. Tive muita vontade de responder todo o texto com ironia, por causa desta fala, mas me contive.
A riqueza já é confirmada, brigadeiro, hoje se confirma só a magnitude do tamanho, que muito óleo lá existe e que compensa ser explorado, isto já é um fato.
Não vou nem falar das Malvinas, vou me ater ao caso mais famoso. Se o militar se pergunta quem seriam esses “piratas”, basta ver o que os EUA ATUALMENTE fazem com o Iraque – ou brigadeiro, acredita que os yankees invadiram aquele país para “espalhar” a democracia???
O brigadeiro duvida de um ataque como este, sendo que um similar está acontecendo, AGORA, neste exato instante em que escrevo estas palavras, com outra nação. É impressionante. Ele não acredita que isto seja possível, que os EUA inventem uma mentira qualquer como as tais “armas de destruição em massa” que o Iraque NÃO POSSUÍA.


12 - É constrangedor presenciar nossas Forças Armadas servirem de “banquinho” de campanha eleitoral.
Não vi ninguém, absolutamente ninguém observar que o reaparelhamento das forças armadas brasileiras – que, frise-se, estiveram as mínguas em outros governos e estão sendo muito mais bem tratadas neste – possa garantir votos. Ao contrário, até supunha que os militares estariam felizes ao se verem reequipados. É uma visão bastante difícil de ser compreendida.


13 - Finalmente, gostaria de relembrar que as Forças Armadas tem, e devem ter, poder militar, mas sempre utilizá-lo dentro da lei, da ordem e para servir e proteger toda esta nação.
O “sempre” deste parágrafo me trouxe uma pergunta a mente: o golpe militar foi feito dentro da lei?
Graças a Deus, não estamos naquele período, pois, nem este tipo de questionamento feito pelo brigadeiro poderia ser feito (nem mesmo por um militar), e uma resposta como a minha poderia me levar à cadeia, à tortura, ou a morte.
Ainda bem que estes tempos sombrios, onde uma corja fétida de ditadores e torturadores nos governava, acabou.
Melhor que prossigam escrevendo, democraticamente, textos que acredito serem inverossímeis.
Assim, os militares são menos nocivos.

Democraticamente,
Doney C. Stinguel

Bando de torturadores, recrutados entre os criminosos mais eficientes. Dos chefes ao último tira. Dos que formaram o Tribunal de Segurança aos investigadores sem importância. Nomes que dá nojo dizer. Desonra da espécie humana, indignidade vivendo, bestas vestidas de homens, excrescência de podridões, hálito fétido de latrinas. Lama, sujeira, lixo, miséria, chagas podres, carne leprosa, pus de feridas, vômito e escarro, podridão humana, excremento de prostíbulos! Mais vale, amiga, encher a boca de sujeira que pronunciar o nome desses vermes com corações de feras, soltos sobre o Brasil, presença envilecendo a Pátria. Os assassinos! Frios assassinos, covardes assassinos, bestiais e degenerados! Qualquer palavra suja, qualquer imundo substantivo, é doce palavra de poema lírico ao lado desses nomes podres. Leprosos por dentro, a lepra no coração infame.”
(Jorge Amado - Em "Vida de Luís Carlos Prestes - o Cavaleiro da Esperança")

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