A plausibilidade da criação de um novo partido político moderado de direita no Brasil é real, em tese e pela evidência dos fatos. Não deverá ser um fato de pronto, posto que a legislação permite aos atores políticos que tenham tempo para tal. Mas em não ocorrendo a moderação do discurso e das atitudes da atual oposição, com a abertura para novas lideranças, a consolidação do projeto de um novo partido político de oposição será a tendência predominante.
A partir de 2002 formou-se no Brasil um pacto central do tipo social democrata europeu, onde a esquerda passa a ser institucionalizada e a direita cede para programas sociais, com a eliminação progressiva dos extremos políticos. Os ganhos políticos, econômicos e sociais daí decorrentes são evidentes, pelo aumento do PIB, emprego, salários e distribuição de renda, fazendo do Brasil um país mais forte e internacionalmente respeitado.
De 2002 para cá vimos o decréscimo da influência dos atores políticos mais à esquerda do espectro político, com a esquerda mais institucional e moderada cada vez mais representativa desta tendência central brasileira. Certamente que as instituições políticas e sociais vão sendo e têm que ser aperfeiçoadas, com a diferenciação entre as esferas política e criminal, como evidenciado pelo atual trabalho do sistema de segurança do país. Agora, vamos vivenciar a eliminação dos extremos à direita do espectro político, completando o ciclo inicial de formação de um virtuoso pacto central em torno da economia e da política. De um lado, o projeto dos benefícios sociais e da distribuição de renda, do outro lado, do enxugamento do Estado e revigoramento da economia empresarial, renovando-se alternadamente no poder, assim que seus paradigmas se esgotem sucessivamente, e de forma democrática e normalizada.
O país precisa de uma oposição centrada e sensata, que represente significativamente a parcela da população que assim pensa, com a eliminação dos extremismos, onde cada instituição, como os empresários, os partidos, e a imprensa cumprirão o papel social a cada grupo designado. Não que os extremos deixarão de existir, serão vocais, mas não terão à longo prazo a força da imposição de suas idéias, seja à esquerda, seja à direta.
Ricardo Guefes é Ph. D. em Ciências Políticas pela Universidade de Chicago e Diretor-Presidente do Instituto de Pesquisa Sensus
Nenhum comentário:
Postar um comentário