O governador Eduardo Campos é uma certeza cercada de inúmeras incógnitas.
A certeza é sobre sua capacidade de gestor. Provavelmente é o melhor gestor que apareceu na política brasileira em muitos anos.
Mas não basta.
As incógnitas são de outra ordem.
Por exemplo, em relação à sua abertura para acolher sugestões externas e formas de participação, encanta empresários, porque é aberto para o meio empresarial. E para os demais agentes políticos?
Observadores neutros tem-no como implacável para com os adversários, um estilo que consegue sobreviver em Pernambuco, não no Brasil.
Também nada se sabe sobre seu pensamento econômico.
O governo Dilma Rousseff definiu princípios claros desenvolvimentistas e mostrou coragem para enfrentar os dogmas de mercado. É a primeira presidente da era moderna a explicitar e defender esses compromissos com unhas e dentes, rompendo com um rentismo que se iniciou com Marcilio Marques Moreira (no governo Collor), passou por FHC e Lula e só foi enfrentado na histórica reunião do Copom, de fins de agosto de 2011.
É um ativo nacional, mesmo que as políticas mereçam críticas e possam ser aprimoradas.
Até agora, o discurso de Campos é politicamente inócuo. É a favor de governos com visão estratégica, com foco na gestão, na inovação etc. Ora, são princípios que estão acima (ou abaixo) das grandes definições programáticas. Sendo esquerda, direita, liberal ou intervencionista, qualquer governo racional irá defender a gestão, a inovação e a imortalidade da alma.
Mas o que Campos pensa sobre juros, câmbio, sobre o rentismo, sobre o Banco Central, sobre a proteção à indústria nacional ou sobre a abertura para o capital externo, sobre os “campeões nacionais” e sobre concessões? O que pensa sobre a política, as alianças, a abertura para a sociedade civil e para os movimentos populares?
Em suma, ainda há muito a se conhecer até se decifrar o candidato Campos.
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