sábado, 17 de março de 2018

Campanha de Serra em 2010 construiu alicerces do Fascismo Político Pós-Moderno – por Alexandre Tambelli (Jornal GGN)

Quem começou estafratura social brasileira que culminou com o fascismo político e social pós-moderno de hoje foram José Serra do PSDB em dobradinha com a velha mídia capitaneada pela Rede Globo, Veja & Cia. em 2010.
Serra é um candidato marcado pela ausência de carisma para com o eleitorado e utilizador dos bastidores sujos da Política para se beneficiar eleitoralmente via dossiês de campanha contra adversários dentro e fora do partido que é filiado. Ele teve, em 2010, a impossível missão de derrotar a candidata de Lula, Presidente com seus mais 80% de aprovação popular e com Governo exitoso economicamente, socialmente e internacionalmente. Sem contar que o seu partido e sua candidatura representam a plataforma neoliberal semelhante ao que FHC praticou e Temer pratica hoje no Governo, plataforma que explicitada não rende votos no Brasil e plataforma da velha mídia patrocinada, desde há muito, pelo mercado financeiro.
Serra tentou até, no início da campanha eleitoral, se passar por “Zé” o amigo de Lula e o churrasquinho na laje na produção de uma favela Fake em estúdio de publicidade para alavancar sua candidatura. O que não surtiu efeito desejado.
Como perdia dia a dia terreno eleitoral para Dilma nas eleições presidenciais daquele ano, nasceu ali, o início da onda Fascista pós-moderna no Brasil, nasceu via campanha eleitoral de José Serra do PSDB e apoiada numa campanha de ódio e destruição da dignidade e humanidade do adversário político: o PT, disseminada pelos meios de comunicação hegemônicos capitaneados pela Rede Globo de Televisão e revista Veja.
Serra contratou em 2010 um Guru Indiano que havia feito a campanha do candidato republicano nas eleições norte-americanas de 2008 e que seguia a estratégia eleitoral de uma corrente de notícias falsas contra o adversário principal, no Brasil contra o partido, a candidata e quem era o seu cabo eleitoral fortíssimo, respectivamente, o PT, a Dilma e o Lula.
Essa corrente do mal era sinônimo do site de campanha do Serra, onde, lá no site não existia campanha (programa de Governo, propostas) alguma, apenas um campo para preenchimento do e-mail de seus simpatizantes (eleitores) que eram comunicados que receberiam por e-mail informações da campanha do tucano.
A pessoa se cadastrava e recebia e-mails.
Nos e-mails, ao invés de campanha, havia uma coleção de Fake News, que por ter o remetente de uma página Oficial de Campanha se tornava, para muitos, verdade! E que formando uma grande corrente do mal invadiram as caixas de correios de e-mails de milhões e milhões brasileiros.
E o que diziam esses e-mails?
Diziam clássicas mentiras da Internet e do anedotário popular:
1) Dilma foi uma terrorista e assaltante de bancos;
2) Se Dilma vencesse iriam dividir a nossa casa com os pobres;
3) Se Dilma vencesse o comunismo do Foro de São Paulo se instalaria no Brasil;
4) Lula perdeu 1 dedo para receber uma aposentadoria por invalidez;
5) Se Dilma vencesse o MST iria invadir e tomar posse de um monte de fazendas Brasil afora. Etc.
Partindo do site oficial de campanha de José Serra e contando com a boa-fé, ingenuidade de muitos e má-fé de alguns em repassar os e-mails Fake News estava inaugurada a fase onde a disputa Política minimamente civilizada deu lugar para produção de mentiras sobre o candidato e partido opositor e passou-se da disputa entre dois adversários políticos para a disseminação da ideia de que o adversário político de Serra é um inimigo da sociedade brasileira, é um sujeito sem escrúpulos, é um corrupto, um anticristão, não tem dignidade e condição humanas, é violento e antidemocrático e assim por diante. Lembro bem que essas "notícias fakes" na véspera da Eleição estavam afiadas e decoradas como verdadeiras na boca dos eleitores de Serra.
Não à-toa Serra foi apelando para todos os tipos de jogadas rasteiras para tentar ganhar a Eleição em sua dobradinha com a velha mídia, pois não tinha campanha política possível para quem não elaborou um Programa de Governo e sim uma campanha Fake News.
Então, Serra, em dobradinha com a velha mídia, foi o candidato da desconstrução do adversário, do inimigo a ser abatido, não foi um candidato com propostas, mas, o anti petista por excelência, o que pensou vencer pelo ódio, pelo medo e pela mentira.
Daí sua campanha se desenhou no plano das Fake News noticiadas como verdades na Globo, Veja & Cia:
Dilma Terrorista (Ficha Falsa da Dilma) - bandida;
Dilma Abortista - anticristã;
O sensacionalismo da quebra do sigilo bancário da filha Verônica Serra - Dilma sem escrúpulos, envolve até a família de Serra em sua campanha;
A destruição eleitoreira da reputação da Subchefe da Casa Civil de Dilma: Erenice Guerra - Dilma acobertando corrupta ao seu lado na Casa Civil.
A simulação de um atentado violento de petista, o caso da bolinha de papel em passeata no Rio de janeiro – PT e petistas violentos e antidemocráticos.
Da Eleição de 2010 em diante se construiu uma nova forma de agir da direita política representada pelo PSDB em sua dobradinha com a velha mídia, ela não mais agia dentro de mínimas regras do jogo político em uma campanha eleitoral civilizada respeitando humanamente a candidatura petista.
Petista passou a ser inimigo, porque ao perder pela 3 vez consecutiva para ele, não enxergava, o PSDB e seu aliado velha mídia e patrocinadores, perspectivas de voltarem ao Poder tão cedo.
Claro que antes de 2010, em 2005 e a campanha de derrubada de Lula no Congresso via “Mensalão” na voz de Roberto Jefferson para a Renata Lo Prete ou em 2006 e o dossiê dos aloprados com a montanha de dinheiro “petista” na véspera do primeiro turno já se fazia presente a dobradinha velha mídia e direita política, certo? Só que ali tínhamos um jogo sujo eleitoral, mas não, ainda, um processo de inserção da sociedade (o eleitor de e da direita) na transformação do adversário político/ideológico em um inimigo, uma sub-raça, um inimigo a ser abatido e banido socialmente e politicamente como se processou a partir de 2010.
Nós convivíamos tranquilamente com as diferenças ideológicas e quase ninguém queria matar “petista” nem se confundia petista com comunista, bolivariano, se me entendem e não tinha fratura social e Fascismo no convívio social antes daquela Eleição.
Serra foi quem iniciou, em sua campanha eleitoral, o processo inserção na sociedade da lógica do inimigo político, não mais tínhamos ideologias e visões de sociedade e Estado diferentes, éramos divididos em dois grupos, o do bem (honestos, superiores, vencedores por mérito e trabalhadores) – seus eleitores e o do mal (corruptos, inferiores, indolentes e mau-administradores) – petistas e aliados a serem exterminados. Daí para a fratura social continuada foi um pulo.
E se aprimoraram com o tempo as formas de ódio e de produção do inimigo interno dos fascistas (por exemplo: os nordestinos por votarem no corrupto do PT por causa do recebimento do bolsa família), incorporando partes do Judiciário no desafio de vencer o PT e retomar o Poder a qualquer custo.
Surgiram, então, o Julgamento do “Mensalão” e a “maior corrupção da História” e a Lava-Jato e a “destruição da Petrobrás”, todas ações concomitantes com o período de intensificação da campanha eleitoral de 2012 e 2014, que culminaram em 2016 com o Golpe de Estado e a ascensão da extrema-direita e seu candidato Bolsonaro, aceita como ator social relevante no período pré-Golpe, necessária por ser a massa de manobra social, boa parte dela – havia os incautos, que foi legitimar na Avenida Paulista o Impeachment sem crime de responsabilidade da Presidenta Dilma.
De característico do período pós-2010 é o crescimento e manutenção do discurso narrativo eivado de ódio e disseminado diariamente nos microfones da velha mídia e nos submundos da Internet de extrema-direita, colocando os petistas, o Governo Dilma, Lula, Dirceu e o PT como uma “quadrilha” que assaltou e quebrou o Estado brasileiro, enriquecendo os “companheiros” via corrupção desenfreada e que destruiu a maior empresa brasileira: a Petrobrás.
De tanto ódio e Fake News repetidas a exaustão se construiu o caminho para a produção social do Legislativo mais corrupto e sem humanidade da História em 2014, Legislativo que produziu o Golpe do Impeachment fraudulento colocando Temer e sua camarilha para comandar a chave do cofre do Governo Federal.
Criou-se, ainda, este caos econômico e psicossocial e a anarquia jurídico-parlamentar-governamental no Brasil colocando nas redes sociais e nas ruas o monstro do Fascismo.
O monstro do Fascismo nascido da campanha irresponsável de Serra em 2010 e perpetuado até hoje por Veja, Globo, Istoé & Cia. e seus jornalistas amestrados + Joaquim Barbosa, Sério Moro, Dallagnol, etc. a partir de 2012 com a entrada do Judiciário na campanha de destruição do PT para retomada da chave do cofre federal.
Uma perseguição e ódio sem freios ao PT, petistas, Dirceu, Lula e Dilma e, agora, a todas as correntes políticas de esquerda, que ousam vencer as eleições presidenciais no Brasil e a todas as minorias e movimentos civis e sociais com bandeiras progressistas. 
Trazendo para hoje podemos dizer que a morte da Vereadora do PSOL Marielle Franco, negra, homossexual, socialista, nascida na favela, ativista de direitos humanos e sociais é, por assim dizer, resultado desse processo Político Fascista, que se produziu nesta década no Brasil.

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