segunda-feira, 6 de junho de 2011

Carta aberta à população - por Sérgio Sérvulo (Blog do Nassif)

A crise dos partidos políticos

De Priscila

Caro jornalista,

o jurista Sérgio Sérvulo, ex-vice-prefeito pelo PSB no governo Telma de Souza, na Prefeitura de Santos (SP), um dos advogados de acusação no processo de impeachement do ex-Presidente Fernando Collor, em que atuou junto aos ministros Evandro Lins e Silva e Fabio Konder Comparato, autor de livros sobre Direito Constitucional e Direito Eleitoral; e o ex-vereador Celio Nori, informam a sua desfiliação do Partido Socialista Brasileiro (PSB), por razões explicitadas pela carta abaixo. Aberta à população, a carta será entregue pessoalmente pelos autores ao juiz eleitoral Dr. Afonso de Barros Faro Jr., no próximo dia 7 de junho, às 17h30, na 3 Vara do Juizado Especial Civil, em Santos.

CARTA ABERTA À POPULAÇÃO

Deslifiliando-nos, neste momento, do Partido Socialista Brasileiro, queremos ratificar, publicamente, nosso compromisso com o socialismo democrático. Foi por causa desse compromisso que nos filiamos ao PSB, há muitos anos, é por causa dele que agora nos desfiliamos.

Partidos políticos são canais da representação popular, locais de encontro nos quais, mediante o confronto de ideias, se assentam propostas de políticas públicas, programas consensuais de governo e ações para a conquista e exercício do poder político.

Sempre entendemos que a condição de filiado a um partido político representa clara opção política e compromisso com determinada visão de mundo. Por tais razões, escolhemos o Partido Socialista Brasileiro para nos filiar na década de 80 e nos integrar a outros companheiros que comungavam solidariamente o ideário do Socialismo Democrático.

Após a vitória sobre a ditadura militar, a promulgação da Constituição de 1988 e a conquista do Estado de Direito, reuníamos a expectativa de que, finalmente, os partidos brasileiros passariam , de fato, a representar forças políticas distintas, capazes de dar sustentabilidade à democracia brasileira, recém emergida dos escombros de um dos mais terríveis períodos da história do país.

Ledo engano. À medida em que o tempo avançava e os governos se sucediam, mais e mais os partidos foram se transformando em meros cartórios eleitorais para a concessão de legendas, sob a influência crescente do poder econômico sobre as instituições políticas.

É grande a diferença entre um partido e uma facção. A facção é um ajuntamento de interesses, onde prevalecem as ambições pessoais. A convivência democrática é característica do partido, o autoritarismo a marca da facção.

A crise da democracia representativa faz que os partidos – mesmo os mais ciosos de sua identidade – degenerem em facções. Tendo lutado no PSB pela manutenção de sua identidade partidária, nada mais temos a fazer, agora, dentro dele. A legenda perdeu a sua identidade política, apesar de ostentar o vocábulo socialista que, para ela, nada significa.

Constatando que o PSB não se diferencia do caráter fisiológico reinante – visto assumir sem nenhum pudor a lógica do pragmatismo político-eleitoral, sendo incapaz de responder a si mesmo e muito menos à sociedade sobre o que significa nos tempos atuais o Socialismo Democrático – é chegada a hora de tomar a sofrida decisão de nos desfiliarmos do Partido Socialista Brasileiro, sem contudo abdicar da luta política, como dever e prerrogativa do cidadão.

Santos, 7 de junho de 2011.

Comentário
A questão é que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, altamente beneficiário dos generosos investimentos do governo Lula em seu estado, quer ser presidente da república depois da Dilma. E, para atingir tal objetivo, ele passará por cima de tudo, até mesmo de colegas do próprio partido - como Ciro Gomes.

Há ainda quem denomine como "bloco de esquerda" o PSB, o PC do B (aquele, atual aliado de Kátia Abreu e que tais) e o PDT.
Como diz o famoso chiste de Didi Mocó: "Me engana que eu gosto".

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