Esta semana viria o “grande” Michel Temer, dar uma palestra aqui em Vitória sobre a reforma política. Claro, não há duvida de que suas ideias a respeito do tema mudam frontalmente a depender dos cargos e emendas que lhe forem concedidas.
Os estudantes, então, aproveitaram para fazer um protesto no Centro de Convenções de Vitória, onde ele (mais uma trupe de políticos que vieram passear na ilha) daria sua palestra. Com a presença dos estudantes (e, creio, uma possível vinculação dos protestos ao seu nome), Michel Temer, alegando uma (falsa) insegurança no local, acabou não proferindo as platitudes que veio aqui dizer. Veio à toa ao estado, indo embora em sequência.
De acordo com um colunista daqui do estado, “a situação (...) deixou todos perplexos e envergonhados. (...) Felizmente o barril de pólvora não explodiu, mas a pergunta que fica é até quando a cidade vai ficar refém dos estudantes?”.
Bem, como sabemos, o barril de pólvora só explode quando alguém toca fogo nele (mandando a tropa de choque massacrar estudantes, por exemplo). Com relação a segunda pergunta, a análise deve ser maior.
Compreendo as falácias das críticas expostas à atuação dos estudantes, já que a impren$a capixaba tanto depende dos anúncios governamentais para se suster.
Porém, não posso deixar de me indignar com a cara de pau de quem escreve ao afirmar que “até quando a cidade vai ficar refém dos estudantes?”. A cidade não esta refém dos estudantes, muito ao contrário, estamos todos reféns, isto sim, de um transporte público absolutamente falido, vergonhoso, caro e ineficiente, que serve para transportar os mais humildes de maneira mais desconfortável e humilhante do que gado – não é brincadeira, um bovino vai muito mais confortável quando transportado do que os trabalhadores!
É evidente que, quando os estudantes, de maneira exemplar, se voltam contra esta situação precária e inaceitável, os veículos de comunicação não ficarão ao seu lado, junto aos desfavorecidos – vá de retro! Ficarão, como sempre, do lado do poder.
A voz da imprensa é a voz de seus financiadores, talvez não haja verdade na história mais provada que esta. É um mero instrumento do capital destinado a alienar as massas.
Não é a toa que, a cada dia que passa, mais e mais a opinião pública real, das ruas, se distancia da “opinião publicada”, já que esta não reflete os anseios da população – a imprensa só tenta dominar a população, jamais dar voz a ela.
Só estando mesmo muito cego (ou sendo muito vendido) para não observar que a cada dia que passa, mais e mais carros são despejados nas ruas porque as pessoas não suportam – com toda razão – andarem neste transporte público ridículo que nos é oferecido. Hoje, se um cidadão atravessa de carroça o centro de Vitória no horário de pico ele não atrasará o trânsito em nada – pois a velocidade do trânsito já é essa, mesma.
E a todo este caos que estamos sendo diariamente submetidos no trânsito (não só extemporaneamente, quando há protestos), qual seria a óbvia solução? A melhoria no transporte público, que as pessoas utilizassem preferencialmente o transporte público como meio de transporte. E quais seriam estas melhorias? Cito vários exemplos: todos os ônibus com condicionadores de ar e com acesso a deficientes físicos, real concorrência entre empresas do setor, estabelecimento de uma quantidade máxima de passageiros em pé, etc.
Porém, quando poderemos observar tais debates na impren$a? Nunca. Agora, quando há algum atraso em voos devido às condições climáticas ou inapetência das companhias aéreas, logo as sanguessugas correm aos aeroportos para colher cenas “dramáticas” de madames indignadas com o atraso. Agora, com relação ao martírio diário a que a população mais humilde é submetida...
Mas, também, quem se importa? Quem escreve na imprensa não anda de ônibus, não é mesmo? Os que lá anunciam possuem seus veículos muito e muito potentes, não é verdade? Porém, lhes falta a perspicácia para observar que qualquer carro, por mais potente, confortável e caro que seja, fica preso no congestionamento como outro qualquer.
P.S: não fiquei nada insatisfeito com o constrangimento a que Michel Temer, o rei do fisiologismo no Brasil foi submetido. Só a presença dele já merecia um protesto maior do que o foi feito.
Um comentário:
Fiz também esta postagem no respectivo blog de quem caluniou os estudantes.
Grande defensor da democracia e liberdade de expressão, este censurou minha postagem.
Essa é a nossa imprensa.
Seria cômico se não fosse trágico.
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