O relatório final da Operação Satiagraha afirma que, além de todo o complexo sistema que criou com a finalidade específica de lavar recursos ilícitos, “a organização fez uso de uma série de outras ferramentas, dentre as quais, a corrupção de agentes públicos, a publicação de notícias no interesse da organização, a utilização de lobistas e doleiros, a elaboração de dossiês contra seus inimigos e a tentativa de manipulação da Justiça”. “Algumas condutas claramente violam a lei, como a corrupção, a ameaça, o constrangimento ilegal; outras, como uso de lobistas ou de jornalistas, ficam sujeitas ao debate ético.”
Comentário
Abaixo, a matéria do Fausto Macedo, do Estadão, sobre o relatório Saadi. O parágrafo acima foi retirada dela.
Discordo apenas da questão de restringir os crimes de imprensa ao chamado “debate ético”. Ora, houve clara intenção de manipular a lei, de enganar juizes. Quando Diogo Mainardi entregava o tal relatório italiano a juizes, com clara manipulação de conteúdo, não cometia crime? Quando ele, o Conjur, a Veja atacavam adversários Dantas, não praticavam constrangimento de testemunhas e de críticos? Quando as matérias falsas eram anexadas aos processos de Dantas, não se estava intencionalmente burlando a Justiça? Não pode ser meramente uma questão ética. Há um crime nesse jogo.
Pela matéria, o relatório é muito bem feito. Conseguiu mapear atividades relevantes de Dantas. Falta ainda o debate da mídia. O procurador De Grandis apontou apenas dois jornalistas manjados - e fora da grande mídia - dentro do esquema Dantas. Nem o notório Conjur foi citado.
No relatório Protógenes sobre a mídia havia de fato impropriedades, mistura de jornalistas que procuravam as fontes profissionalmente com outros que exerciam claramente o lobby de Dantas. Mas caberia ao delegado Saadi e ao procurador De Grandis separar o joio do trigo - mas não deixar impune o joio.
Entendo as precauções políticas. Tirando a grande mídia da parada, reduziram uma das grandes pressões contra a Satiagraha. Dantas deixou de ser tabu, a não ser naquelas publicações e para aqueles jornalistas envolvidos até o pescoço com seu lobby.
Evitaram-se algumas injustiças, de envolvimento de jornalistas que estavam atrás de notícias. Mas pouparam criminosos, que utilizaram a mídia para acobertar crimes e constranger testemunhas e juizes.
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