Ontem fui palestrar em um evento da Agência do Desenvolvimento de Pernambuco.
O estado virou um canteiro de obras. Refinaria Abreu e Lima, Transnordestina, obras de Suape, investimentos da Petrobras, transposição do São Francisco, eletrificação em todo estado.
Tudo isso atraindo investimentos para quatro novos estaleiros, indústrias alimentícias, como a Sadia, possibilidades objetivas de trazer novos frigorificos, crias polos texteis e de calçados.
A apresentação do presidente da Refinaria foi uma aula de estratégia de desenvolvimento, mostrando onde se pretende avançar aproveitando o conjunto de obras em andamento. Como a ferrovia permitirá levar o diesel para o interior; as unidades fabris que serão atraídas para aproveitar a nova produção, o movimento sincronizado com o Sebrae e FIEP para formar mão-de-obra, a maneira como – pela primeira vez – estaleiros saíram do Rio optando pelo nordeste.
Daí, o incauto abre o Estadão de hoje e o que vê.
1. Na primeira página, a única nota sobre o PAC2: que terá hidrelétrica em área de preservação ambiental. Clique aqui.
2. Vira a folha e se depara com o editorial «O comício do PAC2». Entre outras coisas, diz que «a ministra discursou como se o PAC1 houvesse resultado em realizações importantes». Clique aqui.
3. Vira a página e, na página 4 três matérias. Uma sobre a tal hidrelétrica em área ambiental. Outra, sobre o aumento de investimentos da Petrobras. Matéria positiva ou neutra? Engano. Negativa, dizendo que os investimentos foram aumentados a toque de caixa. Clique aqui.
4. A outra matéria é sobre o programa «Minha Casa, Minha Vida». É inacreditável! O mercado imobiliário atravessa um boom por conta do programa, que mobilizou todas as empreiteiras grandes e médias. As ações dispararam. A matéria é um clássico: «as ações das empresas imobiliárias, que vinham registrando um bom resultado (não diz o motivo, mas provavelmente foi devido ao lançamento do novo caderno imobiliário do Estadão), sofreram queda nos dois dias que antecederam o lançamento da sua fase”. Nao houve desagrado algum, mas apenas um movimento normal de mercado devido ao fato do programa não oferecer vantagens adicionais sobre a primeira fase (e só faltava). Clique aqui.
5. Aí, passa-se por duas páginas de anúncio e vai se dar no artigo da notável especialista em modelos gerenciais, Dora Kramer, que concui de forma definitiva que «falta gerência no PAC» e que isso acabou com a candidatura da Dilma Roussef. Clique aqui.
Mas então tudo o que vi em Pernambuco é miragem. Não há investimentos na Abreu e Lima, na Transnordestina e em um sem-número de obras.
Não, o bravo e objetivo Estadão admite os investimentos.O incauto vai para a página de Economia, onde o jornal finalmente admitirá que tem investimentos. E vem a demonstração cabal de informação objetiva e neutra: «Obras do PAC levam a déficit de R$ 1 bi». Ou seja, nesse nível de objetividade a que chegou o jornalismo brasileiro, não se respeita sequer a conta da padaria: no balanço do Estadão só existe o deve (o quanto se investiu no PAC) mas não o haver (que obras levantou). Clique aqui
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